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O El Niño vem aí: fenômeno deve chegar forte e ‘causar’ no clima do planeta

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Quando o El Niño está ativo a água do oceano na zona equatorial está mais quente
Imagem: Cortesia de William Patzert

Ajit Niranjan


A desaceleração dos ventos sobre o Oceano Pacífico desencadeia uma cadeia de eventos que pode resultar em fortes chuvas na Califórnia, ondas de calor na Europa e secas que devastariam as colheitas do Brasil à Indonésia. Alguns cientistas esperam exatamente esse cenário em 2023, embora eles tenham cautela de afirmar que não podem saber com certeza se isso se concretizará até maio.

Um estudo publicado nesta quarta-feira (19) – que usa métodos estabelecidos, mas não foi revisado por pares – estima que o clima quente padrão do El Niño tem 90% de chances de retornar neste ano.

“Previmos que será um evento de moderado a forte – acima de 1,5°C”, afirmou o principal autor do estudo, Josef Ludescher, do Instituto de Pesquisa do Impacto Climático de Potsdam, na Alemanha.

Ocorrendo posteriormente a três anos de clima frio padrão do La Niña, tais mudanças tornariam as ondas de calor mais quentes e interromperiam os padrões climáticos em todo o mundo. Há tempos, cientistas lutam para descobrir qual é o papel desempenhado pelas mudanças climáticas.

“O El Niño é responsável por muitos extremos”, afirmou Regina Rodrigues, oceanógrafa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Todos os países, de uma forma ou outra, são afetados”, acrescentou a pesquisadora que não participou do estudo.

Como funcionam os fenômenos El Niño e La Niña

El Niño e La Niña são nomes para padrões complexos de ventos e temperaturas no Oceano Pacífico. Os ventos no oceano podem ter três fases. A primeira é neutra, e eles sopram do leste para o oeste. Outra é o El Niño, onde eles desaceleraram ou até param. E, a terceira é a La Niña, onde sopram mais forte.

Dá para pensar no Oceano Pacífico, que cobre um terço da Terra, como uma banheira de água fria com um ventilador próximo das torneiras. Ao abrir a torneira de água quente por alguns poucos segundos e ligar o ventilador, a brisa jogará um jato de água quente para o fim da banheira. Nos anos normais, é assim que os ventos empurram o calor da América do Sul para a Ásia.

Mas, durante o El Niño, mudanças no calor e na pressão desligam o ventilador. A água quente permanece na região da torneira, acumulando mais água quente no meio da banheira – na realidade, no oceano e próximo da América do Sul. Isso impulsiona a evaporação e a formação de nuvens em locais que normalmente não são esperados.

“De repente, há grande quantidade de chuva perto da costa do Peru”, exemplifica Erin Coughlan de Perez, autora do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pesquisadora do Centro Climático da Cruz Vermelha. “São despejos de água sem precedentes num local que costuma ser bastante seco.”

Os efeitos do El Niño se estendem acima do Oceano Pacífico e pelo resto do mundo. Eles alteram as rotas das correntes de jato – ventos fortes muito acima do solo – que viajam pelo planeta guiados pelas chuvas.

“As nuvens altas cutucam a atmosfera e desencadeiam ondas [atmosféricas]. Isso perturba o clima em todos os lugares”, detalha Rodrigues.

As mudanças climáticas e El Niño e a La Niña

O El Niño e a La Niña são fenômenos naturais. Os cientistas ainda não entendem completamente suas causas, mas sabem, pelos recifes de corais e pelos anéis das árvores, que eles sempre variaram. Há alguma evidência de que eles ficaram mais fortes – eventos mais fortes do El Niño foram registrados nas últimas poucas décadas -, mas não está claro se isso é apenas casual.

O IPCC descobriu que há “pouca confiança” de que o aquecimento global já tenha mudado os eventos do El Niño. Alguns modelos de computador mostram o fenômeno mais forte no futuro, enquanto outros o veem ficando mais fraco.

Mas o IPCC também descobriu que os efeitos dos eventos extremos do El Niño e da La Niña provavelmente serão mais fortes à medida em que o planeta esquentar.

Como o ar mais quente pode absorver mais umidade, o mesmo evento El Niño significa que mais chuva cai localmente, afirma Ludescher. O ar pode conter 7% a mais de vapor de água para cada 1°C que o planeta esquentar. Ao queimar combustíveis fósseis e destruir as florestas, a humanidade já aumentou a temperatura da Terra em 1,2°C desde a Revolução Industrial.

Impactos do El Niño e La Niña nas mudanças climáticas

As temperaturas da superfície global aumentam 0,1°C durante os anos de El Niño. Nos anos de La Niña, elas caem na aproximadamente no mesmo padrão. Isso ocorre porque menos água fria é puxada das profundezas do oceano próximo ao Peru durante o El Niño, deixando mais água quente na superfície. Isso aumenta a temperatura das superfícies.

Se o El Niño retornar em 2023, as temperaturas médias globais podem ultrapassar 1,5°C – o nível no qual os líderes mundiais prometeram tentar conter o aquecimento global até o final do século. Ainda assim, a longo prazo, um aumento nas temperaturas pelo fenômeno não tornaria a humanidade menos propensa a alcançar suas metas climáticas, que dependem do corte da emissão de gases do efeito estufa. Mas o calor extra pode, a curto prazo, prejudicar as pessoas, plantas e animais.

Os recifes de corais, por exemplo, devem diminuir de 70 a 90% se o aquecimento global passar de 1,5°C. Ultrapassar esse limite, mesmo que por pouco tempo, poderia ter consequências permanentes. “Alguns corais podem não sobreviver a isso. E se eles estiverem mortos, eles não voltam”, pontua Ludescher.

Por que El Niño e La Niña são importantes?

Muitas previsões meteorológicas sazonais dependem da previsão correta de fase – e de força – do El Niño e da La Niña. A informação pode ser muito útil para todos, desde planejadores urbanos a agricultores.

“Isso não é apenas interesse teórico: é uma informação útil”, afirma Perez. Serve, por exemplo, para governo locais fazerem planos de alerta precoce para ondas de calor e criar sistema de proteção para idosos, que correm maior risco de morrer. “Isso é sobre nós e nossa preparação, e como sobrevier num mundo em aquecimento”.

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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau

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Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada 

A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.

A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.

Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.

A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.

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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal

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Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada 

O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.

O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.

Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).

As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.

Assinatura eletrônica

O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.

A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.

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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho

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Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada 

Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.

Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.

O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.

Veja vídeo:

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