Acre
Novo protesto: Cobija fechará suas fronteiras com o Acre nesta segunda-feira, a partir das 5h
Por Wanglézio Braga
A população de Cobija, capital do Departamento de Pando, na Bolívia, decidiu mais uma vez cruzar os braços e fechar as fronteiras com o Brasil pelo Acre, entre as cidades de Epitaciolândia e Brasileia. O movimento, liderado por sindicatos, associações e a comunidade social, ocorre em resposta à crise do abastecimento de combustível, inflação desenfreada e o aumento exorbitante no preço dos produtos da cesta básica e da carne nos mercados locais.
A interdição está programada para iniciar às 6 horas da manhã (horário de Cobija) e 5 horas (horário do Acre) desta segunda-feira (17). A decisão de fechar completamente as “trancas” não tem um horário definido para ser suspensa, o que pode prejudicar o fluxo de mercadorias, turistas e trabalhadores que cruzam a fronteira diariamente. O movimento começará com uma grande marcha do Monumento dos Heróis da Guerra de Bahia.
Diante da incerteza, muitos brasileiros que estavam na Bolívia a passeio ou a trabalho receberam o alerta para atravessar a fronteira ainda na noite deste domingo (16), evitando transtornos e a impossibilidade de retorno. Enquanto isso, nos postos de combustíveis de Cobija, a situação beira o desespero: motoristas estão dormindo nos veículos para garantir um lugar na fila, e a presença policial tem sido reforçada para evitar tumultos. Nos poucos postos que ainda possuem gasolina e diesel, há filas quilométricas de carros, motos e caminhões médios, refletindo o impacto da crise no cotidiano da população.
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ICMBio fecha o cerco contra criadores de gado na Resex Chico Mendes
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realiza neste final de semana entre sábado e domingo, 07 e 08, uma operação de fiscalização na Reserva Extrativista Chico Mendes, com o apoio de forças de segurança, para combater o desmatamento ilegal e a criação irregular de gado em áreas protegidas, em Xapuri (AC). A ação integra uma mobilização nacional e ocorre em pontos considerados críticos da reserva.
O videomaker do ac24horas, Kennedy Santos, esteve no Seringal Maloca, onde funciona uma base do ICMBio, e conversou com Carla Lessa, gerente regional do instituto, que explicou os objetivos e procedimentos da operação. Segundo ela, a ação foca em áreas onde já houve notificações e autuações, mas que continuam sendo desrespeitadas por moradores.
“É importante a gente contextualizar que a Reserva Extrativista Chico Mendes foi criada na década de 90. Ela envolve sete municípios, são cerca de 5 mil famílias que conhecem o uso do território, o limite do uso do território. A gente tem um acordo com as comunidades, que é o plano de utilização, onde tem regras e solicita-se autorização para desmate, para uso do território. E a gente tem, em paralelo com as ações sociais e econômicas, a fiscalização como atribuição do ICMBio. No processo de fiscalização, a gente autua, multa, embarga a área e, em algumas situações, a gente notifica para retirada do gado. Essas ações muitas vezes são feitas pela equipe local, só que quando a situação extrapola, que é o que infelizmente tem acontecido, a reserva Chico Mendes hoje configura como a mais desmatada na Amazônia, a gente precisa de algumas ações mais enérgicas de retirada desse gado. E é isso que a gente está começando a fazer aqui, mas com alvos específicos, onde, repito, tem ações judiciais, tem ações de saída de moradores irregulares, reiteradas notificações para retirada de gado e não cumpridas. Então, nesse momento aqui, o foco são esses alvos, não especificamente só aqui em Xapuri, mas são alvos com essa característica”, explicou.
Questionada sobre o número de pessoas notificadas, Carla Lessa afirmou que são muitas e que a fiscalização se concentra em moradores que fazem uso inadequado do território. “O número exato de pessoas notificadas são muitas. Infelizmente, muitos moradores utilizam de forma inadequada o seu espaço, a sua colocação. A unidade tem um plano de utilização que define o percentual da área que é usada e a forma como deve ser usada. Não é proibido o gado, o problema é que você não pode extrapolar conforme o tamanho da sua área, o tamanho da sua colocação, o limite. Essas pessoas são notificadas, são multadas, são aconselhadas a não reutilizar, deixar regenerar a área que eles mataram. Isso tem sido feito continuamente, mensalmente, nas ações da Unidade de Conservação. E, repito, aqui a gente está só vindo em casos extremos, onde realmente a situação chegou às vias judiciais ou de forma administrativa, foram reiteradas solicitações de retirada do gado e descumprimento por parte do autuado”, ressaltou.
Durante a visita da equipe de reportagem, foi possível observar animais sendo isolados em algumas localidades. A gerente explicou como será feita a destinação desse gado apreendido. “Uma vez que a gente determina que o gado está apreendido, esse gado passa a ser responsabilidade do ICMBio, em parceria com o Idaf, que é o órgão sanitário responsável, que quantifica os animais, avalia a situação sanitária e cabe ao ICMBio dar a destinação final do gado. Então, esse manejo agora é de responsabilidade nossa”, destacou.
Ainda segundo Carla Lessa, o levantamento do número total de animais e propriedades envolvidas está em andamento. “A gente está levantando e o Idaf está aqui, desde ontem, fazendo esse levantamento para nós. A gente não tem esse dado claro porque é um levantamento contínuo. Então, a gente tem algumas prioritárias, sim, mas é um trabalho que vai continuar ao longo do ano, que o objetivo final, realmente, é reduzir o desmatamento na reserva Chico Mendes”, finalizou.
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“Essa novela precisa acabar! O nosso partido é acre”, afirma Nicolau Júnior
Deputados estaduais, liderados pelo presidente de ALEAC, Nicolau Júnior, percorrem a BR 364 pra gritar por socorro
“Precisamos de união e de um esforço conjunto para mudar a história da BR 364. Com o compromisso de todos teremos força para melhorar a vida do nosso povo”.

Foto: Sérgio Vale
Essa foi a mensagem do presidente da Assembleia Legislativa, Nicolau Júnior, ao final da caravana de deputados estaduais, federais e do senador Petecão, além de lideranças da sociedade civil organizadas e prefeitos, que percorreram entre quinta e sexta, a BR 364 para fiscalizar as condições da estrada.
A mobilização é mais do que importante e válida. O movimento da Comissão Parlamentar Permanente em Prol da BR 364 é mais do que necessário. E unir as forças políticas do Acre é o único caminho para que, de forma definitiva a situação, e para que se possa resolver esse problema crônico que é a BR 364.

Foto: Sérgio Vale
“Por aqui passa não só a produção de metade dos municípios do Estado. Esta estrada é o caminho para quem precisa de atendimento médico na capital, ou em Cruzeiro do Sul e podem ter certeza: as boas condições de trafegabilidade da estrada podem ser a diferença entre viver e morrer para quem precisa de atendimento de emergência. Do jeito que está, lamentavelmente, a BR 364 se torna uma sentença de morte, para quem precisa de socorro”, afirmou com veemência o presidente Nicolau Júnior.
Ao final da caranava, após 14 horas de viagem, já no sábado pela manhã, no CEANOM, em Cruzeiro do Sul, com todas as lideranças reunidas, foi assinado um documento conjunto que será entregue ao Governo Federal, em que é destacada a importância social e econômica da BR 364.

Foto: Sérgio Vale
“Precisamos da união de todos, inclusive dos nossos parlamentares que podem ajudar com suas e mendas parlamentares, destinando-as para as obras de reconstrução da BR. Não é hora de brigas políticas e ideológicas. Essa novela tem que acabar de uma vez por todas. É hora de pensar no nosso maior partido que é o Acre”, finalizou o presidente da ALEAC, Nicolau Júnior.
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Relatório internacional alerta: região MAP (Acre, Madre de Dios e Pando) aqueceu 1,8°C em 34 anos com graves impactos climáticos
Estudo trinacional revela seca extrema no Acre, poluição do ar 7 vezes acima do seguro e previsão de crises ainda piores; desmatamento e emissões são apontados como causas principais

Rio Acre em Assis Brasil está praticamente seco. Foto: Arquivo/Defesa Civil de Assis Brasil
Um alerta divulgado por especialistas do Peru, Brasil e Bolívia chama a atenção para os efeitos das mudanças climáticas na região MAP, composta por Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia). O documento destaca o aumento de 1,8 °C na temperatura média anual da região nos últimos 34 anos e os impactos associados, como prolongamento da seca, aumento de queimadas e risco para a saúde da população.
Segundo o levantamento, entre outubro de 2024 e março de 2025, o estado do Acre foi um dos mais afetados pela seca na Amazônia, com vários municípios enfrentando entre três e quatro meses de seca severa, extrema ou excepcional. Em março de 2025, todos os municípios acreanos estavam sob condição de seca fraca, segundo o Índice Integrado de Secas (IIS) do Cemaden.
O relatório também aponta que a média de partículas finas (PM2.5) no ar, registradas em cidades da região MAP durante setembro de 2024, ultrapassou os 100 µg/m³. O valor é muito superior ao limite diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde (15 µg/m³). A exposição prolongada a esse tipo de poluição pode reduzir a expectativa de vida da população local.
Entre as causas apontadas para o agravamento do clima estão o desmatamento, a emissão de gases de efeito estufa e as mudanças nos padrões de chuva. Além disso, o relatório prevê que os próximos anos poderão registrar secas ainda mais severas se não forem adotadas medidas eficazes de mitigação.
O estudo documenta:
• Aquecimento acelerado: +1,8°C na temperatura média desde 1990
• Seca histórica: Acre teve municípios com até 4 meses de seca extrema em 2024/2025
• Ar tóxico: Partículas finas (PM2.5) atingiram 100 µg/m³ – 7 vezes acima do limite da OMS
Situação no Acre (dados de março/2025):
Todos os 22 municípios em seca (mesmo que “fraca”)
Período crítico entre outubro/2024 e março/2025
Previsão de secas mais intensas nos próximos anos
Riscos à população:
Redução da expectativa de vida pela poluição
Aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares
Escassez hídrica e perdas agrícolas
“Estamos vendo a crise climática se materializar na Amazônia. O Acre foi um dos epicentros desse desequilíbrio em 2024”, alerta o pesquisador brasileiro envolvido no estudo.
Causas e soluções:
O documento aponta como principais responsáveis:
- Desmatamento acelerado
- Emissões de gases do efeito estufa
- Mudanças nos ciclos de chuva
E recomenda ações urgentes de:
Controle do desmatamento
Políticas de adaptação climática
Sistemas de alerta precoces
O documento destaca a importância estratégica de áreas protegidas e terras indígenas da fronteira, como o Parque Nacional Alto Purus (Peru), a Reserva Extrativista Alto Juruá e a Reserva Chico Mendes (Acre), além da Reserva Manuripi (Pando). Essas áreas desempenham papel fundamental na regulação hídrica e na conservação dos ecossistemas.
Como medidas urgentes, os pesquisadores recomendam a atualização de planos de contingência, investimentos em educação climática, fortalecimento de redes de monitoramento ambiental e políticas integradas entre os países da região. O alerta foi assinado por representantes de universidades, centros de pesquisa, órgãos ambientais e organizações civis dos três países.
Com projeções de agravamento nas próximas décadas, o relatório serve como alerta para governos e população sobre os limites da resistência da floresta – e das comunidades que dependem dela.
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