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Novo medicamento reduz em até 35% a progressão do Alzheimer em estágio inicial
Avanço obtido no tratamento da doença com o donanemabe pode ser limitado, ponderam especialistas

Tratamento reduziu quantidade de placas amiloides, associadas ao Alzheimer
FREEPIK
Um estudo clínico em fase final mostrou a eficácia do medicamento donanemabe, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, na desaceleração da progressão da doença de Alzheimer. Os resultados, publicados nesta segunda-feira (17) no Jama (Jornal da Associação Médica Americana), trazem esperança de que o novo tratamento para essa condição neurodegenerativa possa estar disponível em breve.
Chamado de Trailblazer-ALZ 2, o estudo envolveu 1.736 pacientes com idade entre 60 e 85 anos e diagnóstico de Alzheimer em estágio inicial e foi conduzido em 277 centros de pesquisa de oito países.
Os participantes foram divididos em dois grupos, sendo que a metade deles recebeu o donanemabe por via intravenosa a cada quatro semanas durante um período de 72 semanas. A outra metade recebeu placebo, também por via intravenosa. Nenhum participante sabia de qual braço do estudo fazia parte.
Os pesquisadores avaliaram a mudança na pontuação do iADRS, uma escala que mede a cognição e a função diária dos pacientes.
Os resultados revelaram que o grupo que recebeu donanemabe apresentou uma redução de 35,1% na progressão da doença na população de baixa/média patologia de tau e uma redução de 22,3% na população combinada. Esses números indicam uma desaceleração significativa do Alzheimer com o uso do medicamento.
A proteína tau é uma substância associada à formação de emaranhados neurofibrilares, outra característica neuropatológica encontrada na doença de Alzheimer.
A gravidade da patologia de tau pode variar entre os indivíduos, sendo classificada como baixa, média ou alta, dependendo da quantidade e distribuição das proteínas tau detectadas em exames de imagem.
Além disso, o donanemabe demonstrou reduzir a quantidade de placas de amiloide no cérebro dos participantes. Cerca de 80% dos pacientes tratados com a nova droga alcançaram a remoção dessas placas, um marco importante no tratamento da doença de Alzheimer.
As referidas placas são depósitos anormais de uma proteína chamada beta-amiloide que se acumulam no cérebro de pessoas com a doença de Alzheimer.
Essas placas interferem na comunicação entre as células cerebrais, causando danos nos neurônios e levando a problemas de memória e cognição.
Reduzir ou remover essas placas é um objetivo importante no tratamento da doença, pois se acredita que isso possa retardar a progressão da doença e melhorar os sintomas.
Outro ponto importante do estudo foi uma troca planejada para placebo após 24 ou 52 semanas em indivíduos que tomavam o medicamento e cujos exames de imagem mostrassem uma remoção suficiente de beta-amiloide, o que ocorreu em cerca de metade dos pacientes aos 12 meses.
O artigo mostra que o donanemabe apresentou alguns efeitos adversos relacionados a anormalidades em exames de imagem, como edema/efusão ou micro-hemorragias e depósitos de hemosiderina — substância que é liberada quando há sangramento ou danos nos tecidos.
Três mortes foram consideradas relacionadas ao medicamento entre os participantes que desenvolveram anormalidades graves de imagem relacionadas à amiloide ou sangramento e inchaço cerebral.
A maioria dos eventos adversos, entretanto, foi geralmente leve e autolimitada, mas estes devem ser monitorados cuidadosamente durante o tratamento, acrescentam os pesquisadores.
Por fim, os autores afirmaram que o donanemabe é um medicamento promissor para desacelerar a progressão da doença de Alzheimer.
Em um editorial, também publicado nesta edição do Jama, os médicos Eric W. Widera, Sharon A. Brangma e Nathaniel A. Chin comentaram o avanço que o donanemabe pode representar, mas esclareceram que ese ainda está longe de ser um tratamento revolucionário.
“Essa ligeira diminuição na piora é pequena quando vista em valores absolutos. No entanto, retardar a progressão em um quarto ou meio ano, como visto com o donanemabe, permite que alguém permaneça no CCL [comprometimento cognitivo leve] ou demência leve por um pouco mais de tempo. Além disso, 47% dos participantes no grupo de baixa/média patologia de tau que receberam donanemabe foram considerados estáveis com base na pontuação da CDR-SB [Escala de Avaliação Clínica da Demência] em um ano, em comparação com 29% dos participantes que receberam placebo. Para alguns, isso pode ser considerado clínica e pessoalmente relevante”, escreveram.
Em outro editorial, no Jama, Jennifer J. Manly, professora de neuropsicologia no Gertrude H. Sergievsky Center e no Taub Institute for Research on Alzheimer’s Disease and the Aging Brain, e Kacie Deters, professora no Brain Research Institute, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, salientam que o donanemabe foi bom em remover as placas amiloides no cérebro, mas não teve um efeito clínico forte o suficiente.
Elas observam que, durante o estudo, as pessoas que receberam o medicamento tiveram um declínio menor na cognição e na função diária em comparação com as que receberam placebo, mas todas ainda apresentaram declínio.
O tratamento foi mais eficaz em pessoas com baixa/média patologia de tau, mas não foi tão eficiente em pessoas com um determinado tipo de gene chamado APOE4 — variante genética que aumenta o risco de desenvolver Alzheimer.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), atualmente 55 milhões de pessoas vivem com demência em todo o planeta, das quais entre 60% e 70% têm Alzheimer.
Com o envelhecimento da população, estima-se que a demência poderá atingir 78 milhões de pessoas daqui a oito anos e 139 milhões até 2050.
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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli
Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.
A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.
O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.
O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.
“Um cônjuge é suficiente”
No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.
Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.
“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.
“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.
Fonte: CNN
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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá
Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

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Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF
Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)
Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.
Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.
A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.
Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

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