Acre
Nº de desaparecimentos cresce mais de 4% no Acre e ultrapassa média de um caso por dia em 2023
Total de pessoas localizadas caiu entre 2022 e 2023, e ficou em 32 casos. Média de desaparecidos a cada 100 mil habitantes no estado continua acima do índice nacional, segundo o Anuário da Segurança Pública.

Com aumento no número de desaparecidos, o MP criou um banco de dados on-line. Foto: g1
O número de desaparecimentos registrados no Acre cresceu mais de 4%e ultrapassou a média de um caso por dia em 2023, segundo dados do Anuário da Segurança Pública, divulgados na última semana. De acordo com o levantamento, 400 pessoas foram declaradas desaparecidas no estado. Em 2022, o número ficou em 383 desaparecidos.
Com isso, considerando um ano de 365 dias, o estado teve média de 1,09 desaparecidos por dia. Enquanto isso, o número de localizados teve uma queda brusca, com diminuição de 66%: foram apenas 32 pessoas localizadas no ano passado, contra 95 em 2022.
Ainda conforme o estudo, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a média de desaparecidos a cada 100 mil habitantes no estado, que foi de 48,2 continua acima do índice nacional, que ficou em 39,5.

Fonte: Anuário da Segurança Pública/Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Considerando a taxa a cada 100 mil habitantes, o Acre teve o terceiro maior índice da região Norte, atrás de Roraima (81,4) e Rondônia (68,6).

Fonte: Anuário da Segurança Pública/Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Banco de dados e campanhas
Em 2023, o aumento no número de desaparecimentos no estado já havia sido detectado. O Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública mostra que os registros de desaparecidos no estado aumentaram em 57% entre 2021 e 2022.
As informações sobre pessoas localizadas foram fornecidas por cada estado. No entanto, não foi possível apurar como o registro é feito: qual o documento de base (por exemplo, boletim de ocorrência); se diz respeito a pessoas localizadas vivas ou mortas; se o encontro está ou não vinculado a eventos de desaparecimento previamente reportados; a que ano se refere o desaparecimento eventualmente antes reportado, ou seja, em que ano essa pessoa foi dada como desaparecida. Em 2022, 15 pessoas foram encontradas e em 2021 apenas nove foram achadas.
Assim, os registros de pessoas localizadas nos anos de 2021 e 2022 não correspondem, necessariamente, aos casos de pessoas desaparecidas registrados no referido período. A taxa de registros de desaparecimentos a cada 100 mil habitantes no estado é maior do que a nacional, que é de 32.

“Saudade: essa dor pode acabar” dá visibilidade ao drama vivenciado pelas famílias. Foto: Reprodução/MP-AC
Por conta disso, desde o começo daquele ano, o Ministério Público do Acre (MP-AC) começou a tomar algumas medidas como forma de acompanhar esses casos mais de perto. Em janeiro, o órgão lançou a campanha “Saudade: essa dor pode acabar”, para dar visibilidade ao drama vivenciado pelas famílias, sensibilizar a sociedade sobre o problema, além de divulgar informações sobre como proceder diante dessas situações.
Como uma forma de reforçar ainda mais essas buscas e chamar atenção para esses índices, o MP disponibiliza um canal para que o cidadão possa fazer o registro de pessoas desaparecidas. A novidade está disponível no endereço eletrônico.
Para fazer a comunicação, basta ter em mãos o boletim de ocorrência em que o desaparecimento tenha sido comunicado.
“O MP faz parte de um programa que é nacional, chamado Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID), que criou um sistema, que é interligado entre os estados, que chama Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid). Em grande parte do país, os MPs que fazem a alimentação do sistema, então recebemos essas informações a partir de registro da ocorrência policial e fazemos a inserção dentro do sistema. Mas, aqui no estado customizamos esse sistema nacional para criar a possibilidade do cidadão comum fazer a inserção dessas informações dentro do sistema nacional sem precisar que os servidores do MP façam essa ponte. Estamos trabalhando para dar maior agilidade a essa informação”, explica a promotora Marcela.
Com isso, qualquer cidadão comum que tenha registrado um boletim de ocorrência de desaparecimento consegue inserir esses dados no sistema. Porém, é importante destacar que esse sistema não substitui a investigação da Polícia Civil, apenas cria um fluxo e um banco de dados para esses perfis, que podem ser acessados por órgãos de outros estados.
“Quando a pessoa registra o boletim na delegacia, ela está comunicando uma situação que pode ser criminosa ou não, aquele desaparecimento pode ser fruto de um crime e a polícia precisa iniciar os seus trabalhos. O que o MP vai fazer é tentar auxiliar esse trabalho de localização dessa pessoa”, diz.
A promotora explica ainda que assim é possível fazer um levantamento de informações no Acre e uma checagem em campo através do NAT.
“Agora com o sistema nacional, os MPs de outros estados podem receber uma informação que uma pessoa foi localizada lá e podem fazer uma busca das características dessa pessoa dentro do sistema nacional. Porque, às vezes, a pessoa é localizada em outro estado sem documentação ou desorientada. Enfim, estamos no início da inserção de informações nesse sistema e começando o trabalho de divulgação para criar uma teia de relacionamentos entre MP, Polícia Civil, para troca de informações no tocante aos casos de desaparecidos”, explica a coordenadora.
Para a promotora Marcela, esse canal não é só uma forma de agilizar, mas de dar comodidade às famílias dessas pessoas que desapareceram.
“O canal hoje é uma comodidade para que a pessoa não precise ir ao MP presencialmente pedir esse auxílio. A gente já recebe via sistema e o que a gente precisa, a partir de agora, é ampliar a busca por essas informações.”

Fonte: Anuário do Fórum de Segurança Pública
Criar fluxo
Com esse canal, vai ser possível ainda iniciar a criação de um fluxo em um local onde reúne informações sobre esses casos. Ao acessar o endereço eletrônico, o usuário será direcionado para a página do Sinalid. Ao escolher o Acre no mapa do Brasil, aparecerá um formulário, que deverá ser preenchido com os dados solicitados.

Ítalo Souza da Costa desaparecido em Cruzeiro do Sul. Foto: Arquivo pessoal
“Na verdade, é um banco de dados, que vai abrigar essas informações. O que a gente precisa saber é o que cada instituição fez, se na polícia teve instauração de inquérito; se no MP houve instauração de procedimento para apurar. Como núcleo de apoio técnico, dou apoio para buscar esses dados, mas não tenho possibilidade de instaurar um procedimento para localizar pessoas, porque meu núcleo é um núcleo de apoio”, explica.
A ideia, segundo ela, é avançar e, futuramente, abrir esse sistema para portas de entradas em hospitais e rede de saúde.
“Para que possam comunicar dentro do sistema também o aparecimento de pessoas que não estejam identificadas, porque o sistema é para pessoas desaparecidas ou sem identificação, então pode ser que nas redes de saúde tenhamos pessoas que estejam lá sem identificação e que sejam desaparecidas para as famílias. É um fluxo que, a cada dia, estamos ampliando essa campanha para que abarque outras instituições e que colabore com a família e sociedade na localização dessas pessoas,” afirma.

Polícia criou grupo especial para investigar casos de desaparecimentos em Cruzeiro do Sul em 2019. Foto: Arquivo pessoal
‘A gente sobrevive’
Algumas famílias não conseguem respostas e passam, muitas vezes, anos sem saber o que de fato aconteceu. É o caso da técnica em enfermagem Maria da Glória. O filho dela, Ítalo Souza da Costa, está desaparecido desde o dia 28 de abril de 2023 após sair da casa da tia no bairro Remanso em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre.
Costa saiu de casa no bairro Telégrafo na noite do dia 27 de abril, por volta das 20 horas, e foi para a casa da tia, onde ficou ingerindo bebida alcoólica até a madrugada. Depois disso, a informação repassada à família é que o rapaz saiu dizendo que logo voltaria, mas não deu mais notícias. Ele deixou para trás o celular e a carteira.
Os meses sem saber o que de fato aconteceu com o filho deixam Maria da Glória com a sensação de sobrevivência.
“Não consegui ter nenhuma informação. Não tive resposta até agora. A palavra correta seria sobreviver, porque isso não é vida. Era meu único filho e tudo que eu podia fazer, que consigo fazer, que é andar, ir atrás, eu continuo fazendo. Mas, infelizmente foge do meu controle”, lamenta.
‘Nada supre o vazio’
Quem vive essa angústia há mais anos é a família de Rairleny Ganum da Silva, que sumiu junto com o idoso Arnaldo Reis Praxedes no dia 2 de junho de 2016, em Rio Branco. A estudante e o idoso tinham um relacionamento, inclusive, eram pais de um menino de 4 anos, na época.
No dia do sumiço, Praxedes foi até a casa da namorada buscá-la para fazer uma faxina na casa dele. Do bairro Eldorado, onde Rairleny morava com a família, o idoso levou a namorada, a mãe dela e a cunhada, Rairla Ganum, até o Centro da capital acreana. Rarifa e Rairla ficaram em uma loja e Praxedes saiu com Rairleny para a casa dele.
Essa foi a última vez que o casal foi visto. No dia seguinte, 3 de junho, o veículo de Praxedes foi encontrado incendiado no Ramal do Pica Pau, na Estrada do Amapá. Na época, a polícia falou que a casa do aposentado foi invadida e dois televisores furtados.

Rarifa Nunes acredita que a filha Rairleny Ganum está viva e espera ela voltar para casa após cinco anos. Foto: Arquivo pessoal
Em junho de 2021, a mãe da jovem, Rarifa Nunes, contou que acredita que a filha ainda estivesse viva. Na época, fazia cinco anos de desaparecimento dela.
“Para mim, ela está viva e espero ela voltar. Não sei o que aconteceu. Quero uma resposta, porque não estão procurando ela. Tem alguém no cativeiro com ela, alguém está segurando ela”, disse emocionada Rarifa naquela época.
Atualmente a mãe da jovem tem 56 anos e cuida do filho de Rairleny, que tem 11 anos. A outra neta é criada pelo pai e tem nove anos. Rairla Ganum, irmã da jovem desaparecida, conta que em todos estes anos a mãe tem se apoiado na fé e que os filhos choram com saudade da mãe.
“Os filhos dela choram, sentem saudade da mãe deles. É até difícil falar, porque a gente se emociona, porque os filhos sentem falta e sofrem muito, eles eram muito novos. O menino era maior, mas a menina só lembra dela porque mostramos fotos. Só quem convive e passa por isso sabe a angústia que é, o sofrimento que é. Nada vai preencher esse vazio de não ter a certeza do que aconteceu. O que mantém minha mãe em pé é a fé em Deus de um dia poder saber o que aconteceu”, desabafa.
Para a promotora que coordena o NAT, Marcela Ozório, é justamente para ajudar e dar voz a essas famílias que o Ministério Público tem se empenhado e se engajado na temática dos desaparecidos.
“À medida que formos avançando nessas etapas que estabelecemos a respeito desse público desaparecido a gente vai informando, porque, na verdade, pouco se fala dos desaparecidos, pouco se fala dessa cifra tão alta de pessoas que estão desaparecidas em todo o Brasil. Hoje estamos tentando jogar luz à essa questão também porque é pouca explorada, tanto que não existe fluxo entre as instituições para buscar essas pessoas que estão desaparecidas. Nós constatamos através dos registros que o nº de desaparecimentos vem aumentando nos últimos anos, em vários sentidos, e o MP tem que dar atenção para essa área e é isso que a gente está tentando agora fazer, que é um trabalho que vai envolver várias etapas”, finaliza.

Rairleny Ganum desapareceu em 2016 — Foto: Arquivo Pessoal
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Acre
Vídeo: Trabalhador é alvo de atentado a tiros e facada no Segundo Distrito de Rio Branco
Vítima foi atacada ao chegar em casa no loteamento Praia do Amapá e conseguiu buscar socorro por conta própria
O trabalhador Jaércio Martins, de 38 anos, foi vítima de uma tentativa de homicídio na noite desta segunda-feira (26), no loteamento Praia do Amapá, no Segundo Distrito de Rio Branco.
De acordo com testemunhas, Jaércio chegava em frente à própria residência, dirigindo um caminhão, quando foi surpreendido por integrantes de uma organização criminosa. Os suspeitos efetuaram vários disparos de arma de fogo contra o veículo, na tentativa de atingir a vítima.
Na sequência, um dos criminosos se aproximou e desferiu um golpe de faca que atingiu o peito esquerdo do trabalhador. Após o ataque, os suspeitos fugiram do local.
Mesmo ferido, Jaércio conseguiu se deslocar até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito, onde recebeu os primeiros atendimentos. Em razão da gravidade do ferimento, ele foi transferido por uma ambulância de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Pronto-Socorro de Rio Branco.
Segundo a equipe médica, o estado de saúde da vítima é considerado estável. A Polícia Militar não chegou a ser acionada para atender a ocorrência.
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Acre
Sesacre aponta números e ações que marcaram a saúde pública do Acre em 2025

Foto: Reprodução
A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) divulgou um balanço destacando números e ações que marcaram a saúde pública acreana ao longo de 2025. De acordo com os dados apresentados, o ano foi caracterizado pela ampliação do acesso aos serviços e pela interiorização dos atendimentos especializados.
Entre os principais resultados, a Sesacre informou a realização de mais de 27 mil atendimentos por meio do programa Saúde Itinerante, que levou serviços de saúde a municípios do interior do estado. Outro dado destacado foi a execução de mais de 12 mil cirurgias pelo programa Opera Acre.
O balanço também aponta a retomada de centros cirúrgicos, ampliação da oferta de exames, fortalecimento da rede hospitalar e avanços considerados históricos na área da oncologia. Segundo a secretaria, houve ainda recorde de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ao longo do ano.
A Sesacre mencionou, ainda, a implantação de programas voltados ao atendimento de urgência e à redução da mortalidade, como o Conecta Coração e o AVC – Segundos Importam, voltados para situações críticas em que o tempo de resposta é determinante.
Os dados foram divulgados em um vídeo publicado nas redes sociais da secretaria, que apresenta um resumo das ações realizadas em 2025 e projeta a continuidade das iniciativas para o próximo ano.
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Acre
Nível do Rio Acre se aproxima dos 11 metros após fortes chuvas na capita

Foto: David Medeiros
As fortes chuvas que atingem Rio Branco nas últimas horas provocaram alagamentos em diversos pontos da cidade e elevaram rapidamente o nível do Rio Acre. Entre as áreas mais afetadas estão a Estrada do Calafate, a região da Igreja da Pista do Poço e a Baixada da Sobral, especialmente nos bairros Boa União e Plácido de Castro, onde a água invadiu várias residências.
Durante acompanhamento ao vivo feito pela equipe, foi constatado que, apesar de uma breve trégua na chuva, o volume de água nos rios segue aumentando. Imagens mostram que o nível do Rio Acre se aproxima dos 11 metros e continua em elevação, embora, até o momento, a Defesa Civil Municipal ainda não tenha divulgado boletim oficial atualizado.
Na região da Ponte Metálica, a força da correnteza chamou atenção pelo grande volume de balseiros descendo pelo rio, indicando que a chuva atingiu toda a bacia hidrográfica.
Mesmo diante da situação de risco, moradores dos dois lados do rio aproveitaram a cheia para pescar. Durante a transmissão, duas pescadoras foram flagradas capturando peixes da espécie pintado. Segundo elas, apesar de alguns peixes serem pequenos, a pescaria rendeu o suficiente “para garantir o caldo”.
Outro episódio inusitado chamou a atenção durante a cobertura. Um homem foi visto dormindo sobre um dos pilares da Ponte Metálica, próximo à marca de medição do Rio Acre, onde há registro histórico de até 16 metros. Mesmo com o fluxo intenso de veículos sobre a ponte, o homem permaneceu dormindo tranquilamente, despertando surpresa entre os que acompanhavam a transmissão.
A equipe segue monitorando, em tempo real, os pontos de alagamento pela capital acreana. Novas informações sobre o nível do Rio Acre e ações da Defesa Civil devem ser divulgadas a qualquer momento.







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