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No AC, 1º centro público que atende autistas tem mais de 300 cadastros em 3 meses
Profissionais estão sendo capacitados para atender crianças autistas de 2 a 12 anos na capital. Cadastros e entrevistas estão sendo feitos.
Por Tácita Muniz, G1 AC — Rio Branco
Inaugurado há três meses, o primeiro centro público de atendimento ao autista do Acre começou a cadastrar os pacientes diagnosticados com o transtorno para que recebam tratamento pela rede pública municipal de saúde.
O espaço, que funciona em anexo à Policlínica Barral y Barral, prevê mais de 3 mil atendimentos mensalmente. Neste primeiro momento, pouco mais de 110 pacientes devem ser atendidos, segundo a coordenadora do centro, Rucilene Félix.
Ela também explica que a equipe, composta inicialmente por 12 profissionais, está passando por qualificação e a previsão para os atendimentos, de fato, ocorrerem é janeiro do ano que vem. Desde que foi inaugurado, o centro já registrou 360 cadastros.
Apesar dos ajustes, a Associação Família Azul considera a inauguração um marco histórico no atendimento aos autistas. Além disso, as mães acreditam que o suporte é estendido também à elas, que muitas vezes se sentem perdidas.
Qualificação
O centro foi uma promessa feita em 2016, quando o prefeito Marcus Alexandre ainda estava a frente da gestão. E só foi possível devido a um investimento de aproximadamente R$ 406 mil de convênio com o Ministério da Saúde, por meio da Caixa Econômica Federal, e outros R$ 27 mil provenientes de recursos próprios.
Como a inauguração foi em agosto, a equipe que vai atender na unidade, além de passar por capacitação, também está fazendo uma triagem dos pacientes que devem ser atendidos.
Cadastro e carteira
Neste primeiro momento, as famílias passam por entrevistas e também completam um formulário socioeconômico. É importante destacar que a unidade vai atender pacientes de 2 a 12 anos e é um centro de reabilitação que não faz diagnósticos.
Nestes três meses, cerca de 360 cadastros foram feitos. Além disso, o centro também disponibiliza a carteira de identificação de autistas. Já esse serviço é disponível para pacientes de todas as idades.
“Só que é importante destacar que esse centro não faz diagnósticos. A gente recebe os pacientes com laudos fechados de autismo”, explica Rucilene.
“Estamos aguardando uma qualificação, que é o mais importante para que os profissionais tenham condições de fazer o atendimento correto. Temos a intenção de começar o atendimento em janeiro”, explica.
Atualmente, a equipe multidisciplinar é composta por 12 profissionais entre fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
“Aqui essas crianças terão atendimento psicológico, todas as terapias, fisioterapias e a integração sensorial. As crianças selecionadas terão acesso a tudo que necessitam”, garante Rucilene.
Paralelo ao atendimento no centro, a prefeitura também alugou uma chácara para oferecer a equoterapia, que é um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação e busca o desenvolvimento biopsicossocial.
‘Um sonho, um avanço’
Para as mães, o espaço e o funcionamento dele quer dizer esperança. Enquanto aguardava para fazer o cadastro do filho, Lúcia Saraiva contou que teve que largar tudo para tratar o pequeno Francisco Wriel, de 5 anos.
Há dois anos, ele tem o laudo de autismo leve, mas Lúcia, que fazia marmitas para vender, teve que sair da sua cidade natal em Tarauacá, no interior do estado, para buscar melhor qualidade de vida para o filho.
“Hoje eu sou desempregada mesmo por conta do tratamento do meu filho. Como não tinha tratamento na minha cidade, vim pra cá. Não tenho como pagar tudo que ele precisa”, conta.
Ela conta que adotou Wriel desde que ele nasceu e, conforme o menino ia crescendo, percebeu um comportamento diferente do de outras crianças.
“Sempre achei que meu filho era diferente. Ele era muito calado, gordo. Para se ter uma ideia, com 9 meses, ele pesava 12 quilos e também não olhava no meu olho. Era disperso, não dava confiança pra ninguém”, relembra.
Atualmente ela mora de favor na casa de um amigo em Rio Branco. Além de Wriel, ela adotou recentemente outro menino de dois anos que, segundo ela, também dá sinais de ser autista. O menino mais novo já passa pelo processo de diagnóstico da condição.
Há poucos meses, ela também conseguiu um benefício social para o Wriel. Com isso, ela ajuda nas contas de luz e alimentação da casa que a acolheu. Para ela, ter todos os atendimentos em um só lugar economiza tempo e ampara as mães.
“A gente ter tudo aqui é um sonho. Nosso dia é corrido, porque temos que escolher, muitas vezes, em ir para a terapia ou tentar buscar uma consulta. E aqui eles podem ter tudo isso em um lugar só. Penso que é um sonho, um avanço”, diz.
Juliano tem 5 anos e recebeu o laudo de autismo há cinco meses. A mãe dele, Alcilene Souza conta que não tem sido fácil entender como lidar com o filho e acredita que o centro é uma forma de acolher essas famílias.
“Pra mim foi tudo de bom, vai ajudar a gente, porque nem a gente sabe cuidar direito. É de grande importância”, resume.
A mesma dificuldade de Alcilene é também de Rosângela Santiago. Mãe de 3 filhos, um deles, Pablo Gabriel, de 6 anos, é autista e hiperativo.
Depois de exaustivas consultas, ele foi diagnosticado este ano. Para ela, o centro deve orientar também as mães e informar mais sobre a condição de seus filhos.
“Eu quero que ele desenvolva e aprenda limites, por que é difícil lidar. O centro serve de apoio, porque tem hora que a gente não sabe como lidar, a gente ensina, mas eles não acatam. Chega um ponto que a gente fica perdida”, desabafa.
Vale lembrar que a lei determina que pessoas autistas também devem ser atendidas prioritariamente, tanto em locais públicos ou privado. Inclusive, houve determinação para que todos esses estabelecimentos incluíssem o símbolo do autismo nas placas de prioridade.
Algumas mães reclamam que em filas, inclusive de unidades de saúde, esse direito não é respeitado.
‘Marco histórico’
Para a Associação Família Azul, o primeiro centro público para atender autistas no estado é um avanço. Atualmente, segundo o presidente da associação, Abrãao Púpio, 450 famílias compõem o grupo no estado.
Além disso, cerca de 200 pessoas estão passando pelo processo de diagnóstico do autismo.
“Não vai suprir a demanda, mas é um marco histórico. É o primeiro centro público na capital e nosso sonho é que comecem logo os atendimentos”, diz.
O presidente diz ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no Acre se tenha cerca de 6,5 mil autistas sem o diagnóstico. Para ele, esse é um empecilho para os avanços no tratamento, mas ter um espaço para os atendimentos é um progresso no estado.
“A dificuldade de se obter o laudo médico impossibilita o cadastramento. Impossibilita o acesso a outras terapias, mas o centro é importantíssimo. Porque aí vamos poder discutir a ampliação de vagas e conseguir fundos para mais investimentos”, finaliza.
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Nova frente fria chega ao AC nesta semana e temperatura atingirá 18ºC, diz Friale
O pesquisador Davi Friale divulgou em seu site O Tempo Aqui, nesta segunda-feira (10), uma nova previsão de diminuição das temperaturas na próxima semana.
Além disso, o “mago” destacou que até o próximo domingo (16) haverá calor abafado, chuvas, possibilidade de temporais e tempo seco e ventilado.
Na quarta-feira (12), mais uma frente fria chegará ao Acre, a partir do fim da tarde, mas será na quinta-feira que os ventos serão mais intensos, devido à penetração de mais uma onda de frio polar, declinando levemente a temperatura.
“Desta vez, a massa de ar frio não será intensa no Acre. As temperaturas, ao amanhecer, de quinta-feira e de sexta-feira, deverão oscilar entre 18 e 20ºC, em Rio Branco, Brasileia e demais municípios do leste e do sul do estado”, comentou.
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IBGE: mais de 12% dos acreanos já sofreram violência psicológica, física ou sexual
A pesquisa apontou que 68 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram agressão psicológica nos 12 meses anteriores à entrevista, ou seja, 11,5% da população
IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta segunda-feira (10) os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.
O Acre figurou em muitos cenários. Um deles foi o de violência psicológica, física ou sexual. Pelo menos 12,4% da população já foi alvo de uma das agressões.
Os dados apontam ainda que 72 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram os tipos de violência destacados, nos 12 meses anteriores à entrevista.
“O percentual de mulheres que sofreram alguma violência foi de 14,0% e o de homens foi de 10,8%. Considerando a faixa etária, a prevalência de casos de violência é mais acentuada nas populações mais jovens: de 18 a 29 anos (16,5,0%); de 30 a 39 anos (8,9%); de 40 a 59 anos (13,5%) e 60 anos ou mais (6,9%). As pessoas pretas (20,2%) e pardas (10,9%) sofreram mais com a violência do que as pessoas brancas (14,6%), diz o órgão.
Outro resultado preocupante tem a ver com o afastamento das atividades laborais e habituais em decorrência da violência sofrida. 9 mil pessoas foram afetadas – o que representa 12,9% das vítimas de violência, seja psicológica, física ou sexual. As mulheres foram mais atingidas do que os homens, com 18,3% e 5,4%, respectivamente.
Violência psicológica
A pesquisa apontou que 68 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram agressão psicológica nos 12 meses anteriores à entrevista, ou seja, 11,5% da população.
O percentual de mulheres vitimadas foi maior do que o dos homens, 12,9% contra 10,1%, respectivamente. A população mais jovem (18 a 29 anos) sofreu mais violência psicológica do que a população com idade mais elevada (60 anos ou mais), 15,4% contra 6,9%. Mais pessoas pretas (18,0%) e pardas (10,2%) sofreram com este tipo de violência do que pessoas brancas (13,4%).
“Considerando o rendimento domiciliar per capita, o grupo com menor rendimento apresentou um percentual maior de vítimas: 15,2% das pessoas sem rendimento até 1/4 do salário mínimo, em comparação a 10,5% das pessoas com mais de 5 salários mínimos”, destaca a pesquisa.
Violência física
A PNS estimou que 17 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência física nos 12 meses anteriores à entrevista, o que representa 2,8% da população. O percentual de vítimas do sexo feminino foi de 3,4%, enquanto o dos homens, 2,2%.
Violência sexual
Para as pessoas que responderam que não sofreram agressão sexual nos últimos 12 meses, foi perguntado se ela sofreu essa violência alguma vez na vida. Considerando essas duas perguntas, estima-se que 25 mil pessoas de 18 anos ou mais de idade foram vítimas de violência sexual, independentemente do período de referência, o que corresponde a 4,3% desta população, 2,6% dos homens e 5,9% das mulheres.
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