Acre
“Não é apenas salão de beleza, unhas e maquiagem”, diz psicóloga sobre o Dia Internacional da Mulher
A especialista comentou assuntos como: aborto em decorrência de estupro, mulher no mercado de trabalho e legislação
Doutora em Psicologia Clínica e representante da luta pelos direitos, Madge Porto Cruz, falou sobre os desafios no cenário estadual, nacional e nos países externos a respeito do engajamento das mulheres militantes

Madge Porto Cruz, doutora em Psicologia Clínica (Foto: cedida)
COM EVERTON DAMASCENO
É celebrado e comemorado no dia 8 de março, o dia Internacional da Mulher, data que teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. A partir do evento traumático, a dia foi consagrado por um grupo militante estadunidense.
Em todos os países, vários paradigmas são debatidos e discutidos por mulheres que compõe a luta pela igualdade de gênero e inserção no mercado de trabalho, além do combate à violência doméstica contra a categoria.
Em entrevista concedida na manhã de quarta-feira (7), a doutora em Psicologia Clínica e representante da luta pelos direitos da mulher no Acre, Madge Porto Cruz, falou sobre os desafios no cenário estadual, nacional e nos países externos a respeito do engajamento das mulheres militantes em busca de bem-estar, segurança e equidade.
“Ainda não chegamos onde queremos. Precisamos enfrentar muitos preconceitos, estereótipos e crenças distorcidas, principalmente no que se refere a um governo fascista que não está a favor das mulheres”.
O mercado de trabalho e a luta do feminismo
A professora comentou ainda o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), dando conta de que as mulheres ganham menos que os homens no país, mesmo sendo maioria com ensino superior.
“É uma realidade que está na cara. Nas empresas privadas, que contratam mulheres para ocupar os mesmos cargos dos homens, com salários inferiores, isso é mais explícito ainda. Não podemos nos omitir. Isso é desrespeitoso e cruel”.
Madge também salientou o ‘engano’ das pessoas em confirmar que nos setores públicos, os salários são iguais, tanto para homens quanto para mulheres.
“De fato, o valor é igual. Muito embora, desconsideram que a mulher tem uma dupla jornada de trabalho e se ocupa de alguns afazeres que, culturalmente, foram impostos a ela, como cuidar de casa, zelar pelos filhos, cozinhar para o marido e etc. Portanto, o homem trabalha menos e a mulher se ocupa mais”.
Em relação ao rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos e razão de rendimentos, por sexo, entre 2012 e 2016, as mulheres ganham, em média, 75% do que os homens ganham. Isso significa que as mulheres têm rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos no valor de R$ 1.764, enquanto os homens, R$ 2.306.

“Ainda não chegamos onde queremos”, disse (Foto: Reprodução)
A pesquisa confirma ainda a desigualdade existente entre mulheres brancas e negras ou pardas.
“Não somos donas do próprio corpo”
Porto, ao discutir o tema do aborto e feminicídio, informou que a mulher, atualmente, foi ensinada que não é dona do próprio corpo, devido “uma legislação limitada” que não se ocupa de atender as necessidades emergentes da classe.
“Além de leis que ainda engatinham para a resolução de conflitos preocupantes que afetam o bem-estar da mulher, temos um governo fascista que reforça a violência contra a mulher, não dando a ela a possibilidade de garantir sua segurança”.
Madge afirmou que os casos de não direito ao aborto, em decorrência de estupro, não dando a mulher o direito de escolher se vai ou não receber a criança, configura retrocesso: “Quando a mulher é obrigada a ter um filho, mesmo depois de ser violentada, sem o desejo de conceber a criança, é desrespeitoso. Não se avalia a dor, o sofrimento, mas ‘as obrigações sociais’”.
“É dia de luta por direitos”
Ao final da entrevista, a psicóloga concluiu:
“Não é apenas dia de salão de beleza, maquiagem, flores e bombons. É dia de ir aos lugares aonde geralmente a mulher vai com maior frequência e rebater os retrocessos e preconceitos, em busca de direitos e garantir melhorias. Somos mais do que imaginam que somos”.

Madge Porto Cruz é professora da Universidade Federal do Acre (UFAC), doutora em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB), mestra em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Psicóloga Especialista em Psicologia Clínica, Graduada em Psicologia pela (UFPE). É também pesquisadora, vinculada aos grupos de pesquisa: Saúde Mental e Gênero (UnB) e Direito, Sociedade e Meio Ambiente (UFAC).
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Acre
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Acre
Acre recebe novo alerta de chuvas intensas com risco potencial

Em dias de chuva é preciso redobrar as medidas de segurança ao conduzir veículos. Foto: Eduardo Gomes/Detran
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso de chuvas intensas com grau de perigo potencial para o Acre. O alerta teve início às 9h23 desta segunda-feira (29) e segue válido até 23h59 de terça-feira (30).
De acordo com o Inmet, estão previstas chuvas entre 20 e 30 milímetros por hora, podendo chegar a até 50 milímetros por dia, acompanhadas de ventos intensos, com velocidade variando entre 40 e 60 km/h.
Apesar de classificado como de baixo risco, o aviso aponta possibilidade de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos em áreas urbanas e descargas elétricas durante o período de instabilidade.



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