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Na véspera do julgamento do mensalão, Dirceu diz que decisão de amanhã não será ‘o último capítulo’

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Condenado no processo do mensalão, ele afirmou que vai pedir revisão criminal e apelar a cortes internacionais

Ex-ministro foi entrevistado pelo presidente da Fundação Perseu Abramo, economista Márcio Pochmann

Tatiana Farah – O Globo

José Dirceu pretende apelar a cortes internacionais - Foto: Divulgação/Internet

José Dirceu pretende apelar a cortes internacionais – Foto: Divulgação/Internet

SÃO PAULO – Na véspera de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir se aceitará apreciar os embargos infringentes, o ex-ministro José Dirceu, do PT, afirmou nesta terça-feira que a decisão de amanhã não será o “último capítulo” de seu julgamento sobre o mensalão. E anunciou que deve pedir revisão criminal e apelar a cortes internacionais para reverter a condenação por formação de quadrilha e corrupção ativa.

Em entrevista à Fundação Perseu Abramo, transmitida ao vivo pela entidade petista, Dirceu afirmou que passou os últimos oito anos, desde que foi demitido da Casa Civil, como um “exilado” e que foi “obrigado a trabalhar como consultor e advogado”.

Dirceu se disse vítima de setores políticos do país que, segundo ele, sentem “inveja” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governo petista:

– Fui escolhido para ser um pouco símbolo desse ressentimento, mágoa e de um ódio contra nós que não é natural.

O ex-ministro deu mostras de que não acredita que será aceito pelo STF o embargo infringente que será julgado amanhã e que poderia reverter sua condenação. Ele disse que continuará lutando:

– Isso não vai acabar com a sentença do STF. Isso não vai acabar. Quero repetir que vamos trabalhar ainda com a revisão criminal e as cortes internacionais.

Ao presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista Marcio Pochmann, Dirceu disse que sua vocação é a política e não a consultoria que tem prestado a diversas empresas no país:

– Eu lutei esses oito anos. Não parei de lutar um minuto. Fizeram tudo para eu não poder trabalhar, para eu viver como um exilado. Fui obrigado a ser consultor advogado, nunca foi a minha profissão.

O ex-ministro negou ter cometido os crimes que lhe são atribuídos no processo do mensalão:

– Evidentemente que cometi muitos erros, mas não os de que me acusam – disse o ex-ministro, que concluiu: – Fico indignado quando dizem que eu vou fugir do Brasil.

A entrevista da fundação petista durou cerca de uma hora e vinte minutos. Apesar da proximidade da decisão do STF, Márcio Pochmann ignorou a questão e apenas, no último bloco, destinado a perguntas da audiência, o economista abordou o tema, perguntando ao ex-ministro como ele se sentia, sendo um “homem de partido, homem de Estado”, com a situação.

Oposição perdeu o discurso

O ex-ministro disse ainda que a oposição perdeu o discurso e que o governo petista não é “refém” da coalizão política. Dirceu excluiu o PMDB, principal aliado político do PT, da coalizão de “centro-esquerda” que, em sua opinião, deve orientar a política nacional, e citou apenas PSB, PCdoB e PDT.

– A direita brasileira está sem discurso neste momento. Está com um discurso do passado. Não consegue pensar o Brasil como ele é agora. Tem, sim, complexo de vira-latas. Falta a ela esse sentimento nacional – disse Dirceu, afirmando que a coalizão em torno do PSDB não vê a importância do país na política regional e que também não tem “sentimento popular”:

– É avessa ao povo, é elitista. O governo (do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) não fez a revolução social que nos fizemos nos últimos 11 anos.

Dirceu defendeu a reforma política e disse que o “grito das ruas” pede pelo plebiscito, ideia aposentada pela presidente Dilma Rousseff depois da má repercussão. Para o ex-ministro, apesar de avanços do governo, a população pede novos direitos sociais. Segundo ele, “felizmente a juventude brasileira tem novos sonhos”.

– A democracia representativa está em crise de representatividade e de legitimidade. É um sistema político dominado pelo poder econômico – afirmou Dirceu ao defender a reforma política, com financiamento público exclusivo de campanha e o voto em lista: – Precisamos de uma reforma politica, eleitoral e institucional. É preciso discutir o poder do Senado.

A entrevista foi transmitida ao vivo pelo site da fundação petista.

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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

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Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli

Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.

A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.

O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.

O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.

“Um cônjuge é suficiente”

No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.

Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.

“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.

“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.

 

Fonte: CNN

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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá

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Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

Como resultado da ação, o delegado Charles Corrêa e o policial Daniel Lima das Neves foram afastados cautelarmente de suas funções. Em um dos endereços alvo, a PF apreendeu mais de R$ 1 milhão em espécie e cerca de € 25 mil. Uma pessoa foi presa em flagrante por posse de arma de uso restrito.

As investigações tiveram início após a identificação de movimentações bancárias suspeitas, incompatíveis com os rendimentos declarados pelos investigados. Segundo a PF, empresários e agentes públicos atuantes na região de fronteira estariam envolvidos na ocultação de recursos provenientes do comércio ilegal de ouro.

A corporação identificou ainda que joalherias de diversos estados transferiam valores para um posto de combustíveis em Oiapoque. O estabelecimento, por sua vez, repassava o dinheiro a um agente público local, reforçando os indícios de lavagem de capitais.

A PF também apurou movimentações superiores a R$ 4,5 milhões feitas por servidores públicos sem justificativa econômica. Para disfarçar a origem ilícita dos recursos, teriam sido usadas empresas de fachada.

Os investigados podem responder pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato — somadas, as penas ultrapassam 60 anos de prisão.

A operação contou com apoio da Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Amapá no cumprimento das medidas judiciais.

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Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF

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Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)

 

Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.

Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.

A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.

Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

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