Brasil
Mulheres ampliam conquista de espaço na ciência nos últimos 20 anos
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem mais de 200 tipos de zoonoses, e mais de 60% das doenças infecciosas humanas têm sua origem em animais

Louise Maranhão: estudos com animais sobre doenças tropicais: ciência na floresta. Foto: Divulgação
Milton Almeida, do ATUAL
Dados do relatório “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil”, lançado em março de 2024 pela editora científica Elsevier-Bori, mostram que a participação de mulheres na ciência brasileira cresceu 29% entre 2002 e 2022. A informação é confirmada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O relatório coloca o Brasil como o terceiro país do mundo com maior participação feminina na ciência, atrás apenas da Argentina (52%) e de Portugal (52%).
A fisioterapeuta Merllin de Souza trabalha com tratamentos clínicos em população negra que sofre com dores lombares crônicas inespecíficas por meio do atendimento e acompanhamento médicos à distância, conhecido como telerreabilitação. O trabalho é também uma atividade de pesquisa.
“Essa atividade faz parte do meu doutorado. Outra preocupação é a nossa contribuição com o que prevê o Estatuto de Igualdade Racial, pela Lei 12.288, de 20 de julho de 2010, que tem como um de seus objetivos fomentar a realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra. É preciso promover a equidade em saúde”, diz Merllin, que é do município de Humaitá (a 696 quilômetros de Manaus) e complementa os estudos na Universidade Harvard (em inglês: Harvard University), nos Estados Unidos.

Merllin de Souza (ao centro) com as amigas Jaiane Vidali (à esquerda) e Rauisa Macena: estudo com população negra. Foto: Divulgação
Segundo a fisioterapeuta, em quase 90% dos casos, as dores lombares têm causas inespecíficas, ou seja, não ocorrem por causa de um acidente e podem dificultar a realização de atividades simples como subir e descer escadas, vestir-se, calçar sapatos e dormir.
“Sentir dores lombares não tem idade. Para a comunidade científica que estuda esse sintoma, a maioria da população adulta terá a presença de dor lombar em algum momento da vida”, diz a pesquisadora.
A 529 km de Manaus, no Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em Tefé, a doutora em Epidemiologia Veterinária, Louise Maranhão, realiza pesquisas sobre doenças que são transmitidas de animais para humanos, ou de humanos para os animais, conhecidas cientificamente como Zoonoses. O trabalho é realizado a partir da coleta e análise de sangue dos animais selvagens e domésticos.
“Geralmente as pessoas associam que trabalhar em ambientes mais remotos, no meio da floresta e com animais selvagens, é uma função masculina, mas é um equívoco. Hoje no Brasil, existem milhares de pesquisadoras renomadas que trilham há muitos anos caminhos árduos e desenvolvendo excelentes trabalhos em diversas áreas do conhecimento. Não é simples por questões muitas vezes de segurança, principalmente, em regiões amazônicas, onde ocorrem tráfico de drogas e pirataria, mas o perigo é para todos os gêneros”, diz a veterinária.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem mais de 200 tipos de zoonoses, e mais de 60% das doenças infecciosas humanas têm sua origem em animais. “Os seres humanos também podem transmitir doenças aos animais”, diz a pesquisadora.
Ainda segundo o relatório, em 2022, 49% da produção científica nacional contava com pelo menos uma autora, o que significa um avanço em relação aos 38% registrados em 2002. Apesar disso, a igualdade de oportunidades para homens e mulheres na ciência ainda está longe de ser plena.
“Em alguns aspectos, o mundo das pesquisas ainda é machista. Ao longo da minha carreira como pesquisadora, eu ouvi: ‘isso não é trabalho para mulher’, porque eu trabalho com resíduos, madeiras, na floresta. Eu ouvia de alguns pesquisadores que, por ser mulher, iria durar pouco tempo nos trabalhos, porque iria me casar e ter filhos cedo. Então, a ciência para as mulheres pode ter um significado mais complicado, mas se a mulher for competente, você se destaca como profissional. Eu amo a minha profissão e tudo o que eu conquistei com ela”, diz Marcela Cavalcanti, mestre em Ciências Florestais e Ambientais pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas), que realiza pesquisa com madeiras da Amazônia.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2022, mostram que a instrução das mulheres com 25 anos ou mais de idade superava a dos homens. Entre elas, 20,7% tinham nível superior completo. Entre eles, essa proporção era de 15,8%.
“O primeiro marido de uma mulher tem que ser uma profissão. Então devemos estudar, ler, ter fé, nos capacitar, nos qualificar, ser persistentes, ter caráter, ser focadas e nos aperfeiçoar de forma pessoal e profissional”, diz Cavalcanti.

Pesquisadora Marcela Cavalcanti: conquista espaço em domínio machista. Foto: Divulgação
Comentários
Brasil
Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli
Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.
A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.
O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.
O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.
“Um cônjuge é suficiente”
No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.
Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.
“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.
“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.
Fonte: CNN
Comentários
Brasil
PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá
Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

Comentários
Brasil
Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF
Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)
Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.
Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.
A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.
Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

Você precisa fazer login para comentar.