MP vai investigar caso de criança que foi infectada com HIV durante transfusão de sangue no Acre

Caso foi divulgado pelo Governo do Acre por meio de nota na quinta (22). Promotora deve se posicionar na segunda-feira (26).

Gerente do Hemoacre, Elba Luiza, afirma que todos os exames necessários foram feitos no sangue doado e lamentou caso de criança infectada (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

Ministério Público do Acre (MP-AC) informou que deve abrir um inquérito civil para investigar o caso de uma menina de 4 anos, que foi infectada com o vírus HIV após receber uma transfusão de sanguede um doador no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre (Hemoacre), em Rio Branco.

O caso foi divulgado por meio de nota, na quinta-feira (22), e assinada pelo secretário de Saúde do Acre, Gemil Junior, e pela gerente-geral do Hemoacre, Elba Luiza. Os órgãos de saúde afirmam que o caso é uma “fatalidade” e não divulgaram a data em que ocorreu o episódio.

A assessoria de imprensa do MP-AC informou que a promotora Alessandra Marques, que está respondendo pela promotoria Especializada de Defesa da Saúde deve se posicionar sobre o caso somente na segunda-feira (26), mas confirmou o início das investigações.

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A gerente do Centro, Elba Luiza, durante entrevista ao Jornal do Acre 1ª Edição desta sexta-feira (23) explicou que a triagem clínica é feita para avaliar se o doador está dentro do perfil determinado pelo Ministério da Saúde.

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As situações questionadas na entrevista servem para proteger o doador e os pacientes. Porém, algumas pessoas podem omitir informações.

“É importante que as pessoas não procurem doar sangue no Hemoacre após se expor a alguma situação de risco e, por medo de estarem infectadas, buscarem a doação para fazer os exames de triagem [e testar se estão infectadas ou não]. Se a pessoa mente na entrevista, nega ou omite informações, ela pode prejudicar a vida de uma pessoa, o que provavelmente aconteceu com essa doação”, lamentou Elba.

Na nova triagem, os doadores que não passaram credibilidade devem ser vetados. A gerente afirma que a entrevista feita atualmente já é rigorosa, mas deve ser ainda mais intensificada.

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Em nota, o governo também lamentou o caso e disse que a criança está recebendo todo o suporte necessário.

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“Respeitosamente, o Estado reitera solidariedade e atenção à pequena paciente e sua família. Todos os esforços possíveis serão feitos pela recuperação da saúde, a valorização da vida e a esperança do melhor futuro dessa criança”.

Hemoacre diz que vai deixar triagem de doadores mais rigorosa após criança ser infectada com HIV em transfusão

O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre (Hemoacre), em Rio Branco, afirma que vai deixar a triagem de doadores ainda mais rigorosa. A informação foi confirmada pela gerente do Centro, Elba Luiza, durante entrevista a reportagem.

Elba explicou que a triagem clínica é feita para avaliar se o doador está dentro do perfil determinado pelo Ministério da Saúde. As situações questionadas na entrevista servem para proteger o doador e os pacientes. Porém, algumas pessoas podem omitir informações.

“É importante que as pessoas não procurem doar sangue no Hemoacre após se expore a alguma situação de risco e, por medo de estarem infectadas, buscarem a doação para fazer os exames de triagem [e testar se estão infectadas ou não]. Pois isso, isso acontece. Se a pessoa mente na entrevista, nega ou omite informações, ela pode prejudicar a vida de uma pessoa, o que provavelmente aconteceu com essa doação”, lamentou Elba.

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Na nova triagem, os doadores que não passaram credibilidade devem ser vetados. A gerente afirma que a entrevista feita atualmente já é rigorosa, mas deve ser ainda mais intensificada.

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“É melhor perder doador na entrevista, do que trabalhar com doadores de quem a gente não percebe muita credibilidade. Até porque a entrevista depende muito da pessoa, se a pessoa quiser mentir ela vai negar, mas vamos trabalhar ainda mais a importância do doador não fazer isso. A entrevista é muito rigorosa, mas quando acontece um caso desse o que já era rigoroso ficou mais ainda”, afirmou.

A gerente explicou ainda como teria ocorrido a contaminação da criança, apesar de os exames feitos na bolsa de sangue do doador terem sido negativos. Segundo ela, o sangue estava na janela imunológica, período de até 7 dias em que a pessoa se expôs ao vírus, mas o organismo ainda não não tinha anticorpos suficientes, ou a carga viral era baixa e o exame não detectou.

“Por exemplo, uma pessoa que se expõe a uma situação de relação sexual sem camisinha e vem doar sangue até 7 dias depois, o exame vai dar um resultado falso negativo. A não ser que a pessoa tenha tido uma contaminação muito grande, mas, em geral, não vai dar [resultado positivo]”, explicou.

O doador, segundo Elba, havia feito três doações durante o ano de 2017 e em todas a sorologia foi negativa. Ela lembra que soube que o homem estava infectado quando ele procurou uma unidade de saúde para fazer um exame rápido e não acreditou no resultado do exame afirmando que era doador.

O sangue que infectou a criança foi doado em novembro de 2017 e a busca do homem por um centro de saúde foi feita menos de um mês depois, o que, segundo Elba, pode caracterizar que ele se envolveu em uma situação de risco.

“Se você é doador, tem perfil de doador e busca um centro de saúde para fazer um teste rápido em menos de um mês, alguma coisa está errada. Mas, a questão não é essa, não estou avaliando ele, a questão é que as pessoas precisam ter seriedade para doar sangue, é uma responsabilidade muito grande, não mentir, não negar informação”, reiterou.

Criança infectada

O Hemoacre afirma que todos os exames necessários foram feitos no sangue doado pelo homem em novembro do ano passado e todos os resultados foram negativos. No entanto, após serem informados de que ele fez um exame rápido com resultado positivo, o Centro decidiu fazer um novo exame e mais uma vez a sorologia foi positiva.

“A bolsa dele foi liberada porque todos os testes deram não reativos. Com isso, tomei as medidas necessárias, fomos rastrear para saber quem havia recebido a transfusão, todo o protocolo”, afirma.

Após conseguir identificar a menina, o Hemoacre entrou em contato com o médico dela e fez o exame de sorologia em Rio Branco e deu negativo. Porém, encaminharam as amostras e mandamos para Teste de Ácido Nucleico (NAT), em Brasília, onde foi confirmado que a criança estava infectada.

“O doador já foi diretamente para o serviço ser tratado, não teve contato conosco. O segundo teste dela deu um soro conversão, a sorologia deu reativa e o NAT dela foi para a Brasília e confirmou realmente. Mais uma vez comuniquei para todos os secretários, nos reunimos até a notícia chegar até a mãe”, relatou.

Em uma, nota divulgada pelo Governo do Acre na quinta-feira (23), os órgãos de saúde afirmaram que um infectologista e um oncologista acompanham o tratamento da menina para enfrentar a doença junto com os procedimentos oncológicos. Além disso, os órgãos de saúde manifestaram “apoio humanitário à pequena paciente e sua família”.

Ainda na nota, o governo do Acre diz que, apesar de toda a tecnologia no Acre, há uma margem de risco “sendo uma realidade dos acidentes transfusionais”. E afirma que isso “cobra de todos muita responsabilidade de um fato tão sensível”.

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Publicado por
G1 Acre