Geral
Morte de Edmundo Pinto e de outros governadores, incluindo seus vices, mostram uma espécie de maldição

29 anos do assassinato de Edmundo Pinto: relembre mortes de outros governadores
POR TIÃO MAIA
Nesta segunda-feira (17), dia em que o assassinato do governador Edmundo Pinto completa 29 anos, a data chama à reflexão para o fato de que os cargos de vice ou de chefe do Executivo, embora ambicionados por todos os políticos, podem carregar alguma maldição. Em 59 anos de elevação do Acre à condição de Estado, de 16 governadores que chegaram ao poder, exatamente a metade morreu, de causas naturais ou assassinato, como o caso de Edmundo Pinto.
Os vices, ao que parece, deram mais sorte: de 12 que ocuparam o cargo nesses quase 60 anos, oito estão vivos – embora dois deles, Romildo Magalhães e José Fernandes do Rego, estejam muito doentes. O vice atual, Wherles Fernandes, também não anda muito bem depois de ter contraído o vírus da Covid-19 e vir reclamando de muitas sequelas.
O único caso de morte violenta entre governadores do Acre foi o de Edmundo Pinto, um crime até hoje não totalmente esclarecido. A polícia paulista encerrou o caso apontando para o crime de latrocínio, o roubo seguido de morte. De acordo com a conclusão do inquérito, Edmundo Pinto dera o azar de ter se hospedado no hotel Della Volpe Gardem Hotel, um dos mais luxuosos da Rua Frei Caneca – paralela à Avenida Paulista-, no coração da maior capital do país. Ali, sempre segundo a polícia paulista, um empregado forneceu cópias das chaves para três bandidos que, na virada do dia 16 para 17 de maio, sábado para domingo, invadiram os apartamentos e cometeram roubos aleatórios.
Consta que, antes de entrarem no apartamento onde estava o governador acreano, assaltaram o executivo John Franklin Jones, hóspede do apartamento 714 e funcionário do banco norte-americano Northeast, o qual teria sido amarrado com fios de telefone. Mesmo assim, teria sido o tal executivo que conseguiu alertar às autoridades, em seu pais, usando os dedos dos pés para discar o telefone, para denunciar, através do FBI, nos EUA, que estava acontecendo no Brasil. Enquanto o executivo se esforçava para denunciar o caso, os bandidos teriam chegado até o quarto onde estava Edmundo Pinto. Eles entraram sem arrombamento.
Exames cadavéricos mostraram que Edmundo Pinto, antes de ser atingido com dois tiros, reagiu e trocou socos com os agressores. Foi o que denotou as unhas cheias de pele dos agressores e um dente quebrado na boca do governador, que sempre teve orgulho de sua dentição. No quarto ao lado, dormia o ajudante de ordens de Edmundo Pinto, Capitão PM Marcos Wisman. Apesar do barulho a luta corporal entre o governador e sus agressores, além do estampido de dois tiros, o homem que deveria proteger o governador, disse não ter ouvido nada. Culpa do volume da TV, na qual ele via um filme, disse depois à polícia. Deveria ser um cinéfilo o militar porque, momentos antes, Edmundo Pinto, o próprio capitão e Luiz Carlos Piestchman, então chefe do gabinete civil que acompanhava o governador naquela viagem, viram, num cinema nos arredores do hotel, o filme “O cabo do medo”, com Robert de Niro.
A polícia considera a hipótese de crime político, motivado por disputas partidárias no Acre ou pelo fato de Pinto estar envolvido no episódio de malversação de verbas do FGTS, que também envolveu o ex-ministro Antônio Rogério Magri. Pinto deveria depor amanhã na CPI do Congresso sobre o caso. Três quartos no mesmo andar do hotel eram ocupados por funcionários da construtora Odebrecht, que realiza obra investigada pela CPI. A então presidente do Tribunal de Justiça do Acre, Miracele Borges, que assumira o governo na ausência do governador e do vice Romildo Magahães, disse que Pinto vinha recebendo ameaças de morte. Outra hipótese da polícia é latrocínio porque foram roubados de Cr$ 500 mil a Cr$ 600 mil do governador e US$ 1.500 do hospede norte-americano.
A polícia Civil de São Paulo, no entanto, trabalhou de imediato com a hipótese de motivação política no assassinato. A família de Edmundo Pinto, como o ex-vereador Rodrigo Pinto, filho do governador e que hoje mora no exterior, sustenta que a morte foi por motivação política, pela tomada do poder no Estado.
É aqui que entra a figura do então vice-governador Romildo Magalhães. Governador e vice eram do mesmo Partido (o PDS) e haviam sido deputados juntos. Embora parecidos, ambos eram muito diferentes no estilo e na forma de fazer política. Enquanto Edmundo Pinto era afável, inclusive com adversários, Magalhães fazia o estilo explosivo, ameaçando e trocando sopapos com quem não gostava, entre eles jornalistas. “Eu não queria assumir em tais condições”, disse Romildo Magalhães ao ser elevado ao poder enquanto om cadáver de Pinto baixava à sepultura.

Ex-vice-governador Romildo Magalhães/Foto: reprodução
Na atualidade, o ex-vice que se tornou o 11º governador do Estado vive recolhido e doente numa mansão do residencial Ipê, em Rio Branco, Portador de diabetes em elevado grau, não sai de casa e pouco fala com as pessoas que o procuram, alegando sempre motivos de doença. Há quem diga que, além das doenças físicas, Romildo Magalhães sofre de depressão desde que um de seus filhos, o mais novo e provavelmente o mais amado, foi preso por assaltos em Rio Branco como um dos bandidos de maior periculosidade do Acre.
Outro ex-vice-governador que não está nada bem, admitem seus amigos e familiares, é José Fernandes do Rego, vice-governador de Joaquim Macedo (período de 1979 a 1983), que também foi homem forte no Estado como secretário de Desenvolvimento Agrária. Teria sido dele a ideia de implantação dos chamados Naris (Núcleos Rurais Integrados), que consistia em pequenas agrovilas no entorno das cidades.
Pois o homem forte do governo Macedo, que anos depois também seria pessoa de confiança dos governos da era petista, principalmente na administração de Tião Viana (de 2010 a 2018), está com mal de Parkinson e, aos 77 anos de idade, não reconheceria nem mesmo os filhos. Na semana passada, esteve internado, engasgado – ele já teria dificuldades até para engolir alimentos.
Iolanda Fleming ou Iolanda Lima, que foi vice-governador de Nabor Júnior, de 1983 a 1986, quando também assumiu o governo e se tornara a primeira mulher a governar um Estado na história do país, também não estaria bem de saúde. Com idade avançada, a ex-dama-de-ferro, como era chamada, tem sofrido desmaios em praça pública e se recolheu em casa. Nabor Júnior, beirando os 90 anos de idade, vai bem de saúde, um dos poucos fisicamente bem e lúcido. Flaviano Melo, deputado federal e cria política e Nabor Júnior, anda amparado numa bengala com visíveis sinais de cegueira no olho direito, depois de ter sido vítima de um AVC (Acidente Vascular cerebral), nos anos 90, quando era senador da República, após deixar o governo do Acre.
Dos vices vivos e com saúde, o Acre registra Binho Marques, que também foi governador de (2007 a 2010), César Messias, que foi vice do próprio Binho Marques e no primeiro mandato de Tião Viana, e Nazaré Araújo, vice do último governador petista, de 2014 a 2018. O vice do então governador Jorge Viana, Édson Cadaxo, que havia sido vice de Flaviano Melo (de 1987 a 1990), que se tornaria governador titular também de 1990 a 1991, também faleceu, de causas naturais.
Vices como Omar Sabino da Costa participaram de mais de um Governo. Ele fora vice de Jorge Kalume (1968 a 1971) e de Geraldo Mesquita (de 1975 a 1979). O vice de Wanderlei Dantas (de 1971 a 1975) foi o advogado Alberto Barbosa. O governador José Augusto de Araújo, eleito em 1962 como o primeiro governador constitucional do Estado, que foi apeado do cargo dois anos depois e seu sucessor, Edgard Pedreira de Cerqueira, que tomou o poder no início da ditadura militar, não tiveram vices, função que não havia previsão na constituição estadual na época. Araújo e Cerqueira também morreram, no Rio de Janeiro.
Quem ver, na atualidade, o vice-governador Wherles Rocha agindo como inimigo do atual governador Gladson Cameli a fim de enfraquecê-lo para depois poder tomar seu lugar, conhecendo o mínimo da história acreana, conclui que governar o Acre pode ser também uma tarefa perigosa. Que o digam os vices e os governadores que perderam a vida ou que ainda lutam para escapar de doenças implacáveis.
Comentários
Geral
Rio Tarauacá sobe mais de 3 metros em 24 horas e começa a atingir as primeiras áreas da cidade

O Rio Tarauacá registrou elevação superior a três metros em apenas 24 horas e já começou a atingir as primeiras áreas urbanas do município. A rua Simão Leite Damasceno foi a primeira a ser alcançada pelas águas após a elevação repentina do nível do rio.
De acordo com o prefeito Rodrigo Damasceno, na sexta-feira, 26, o rio estava com 6,64 metros. Na última medição realizada neste sábado, 27, o nível chegou a 9,62 metros, ultrapassando a cota de transbordamento no município, que é de 9,50 metros.
“Estamos acionando toda a nossa equipe para ficar monitorando a situação e, se for o caso, iniciar as ações necessárias”, afirmou o prefeito.
Segundo ele, as equipes da Defesa Civil e da Assistência Social do município estão acompanhando de perto o cenário. A expectativa é que o rio comece a dar sinais de vazante a partir da manhã deste domingo.
VEJA O VÍDEO:
Comentários
Geral
Defesa Civil emite alerta de alto risco de inundação no Acre neste domingo

Foto: Sérgio Vale
A Defesa Civil do Acre emitiu um alerta de alto risco hidrológico para este domingo, 28, diante da previsão de fortes chuvas em Rio Branco e em outras regiões do estado. O aviso aponta alta possibilidade de transbordamento do Rio Acre e de seus principais afluentes, o que pode provocar inundações em áreas urbanas e rurais.
De acordo com o órgão, o cenário é de atenção máxima, especialmente nas localidades ribeirinhas e em áreas historicamente atingidas por cheias. A previsão indica volumes elevados de chuva, capazes de provocar elevação rápida dos níveis dos rios.
Em Rio Branco, a situação já é considerada crítica. O Rio Acre encontra-se aproximadamente meio metro acima da cota de transbordamento, medindo 14,40m ao meio-dia, com vários bairros atingidos e os abrigos começaram a ser montados no Parque de Exposições Wildy Viana.
A Defesa Civil reforça que a população dessas áreas deve permanecer atenta aos comunicados oficiais e seguir as orientações de segurança.
O alerta permanece válido enquanto persistirem as condições de chuvas intensas previstas para o estado.
Comentários
Geral
Regularização fundiária beneficia quase 40 mil pessoas e reforça protagonismo feminino

A entrega de títulos definitivos de propriedade no Acre vai além da garantia documental e representa um impacto social direto para milhares de famílias. Levando em consideração dados do IBGE, que apontam que na região norte a média é de três pessoas por família, o número de títulos entregues pelo governo do Estado alcança um benefício indireto para quase 40 mil pessoas, que passam a viver com mais segurança jurídica, dignidade e acesso a políticas públicas.
A regularização fundiária assegura direitos fundamentais, fortalece a cidadania e possibilita que famílias tenham acesso a crédito, investimentos, herança legal e valorização de seus imóveis. Cada título entregue representa uma transformação concreta na vida de quem há anos aguardava o reconhecimento oficial de sua moradia ou área produtiva.

Esse trabalho segue os princípios da Lei nº 13.465, de 2017, conhecida como Lei da Regularização Fundiária, que trata da regularização urbana e rural em todo o país. A legislação estabelece, de forma clara, a preferência pela mulher no registro do título de propriedade, especialmente quando ela é chefe de família, reconhecendo seu papel central na manutenção e organização do lar.
A escolha do governador Gladson Camelí (PP) e da vice-governadora Mailza (PP) de montar um time majoritariamente feminino para conduzir esse processo no Acre reforça o compromisso com a Constituição Federal e com a promoção da justiça social. À frente do Iteracre está uma mulher, Gabriela Câmara, acompanhada por mulheres em posições estratégicas, como a chefia do cadastro, do patrimônio, do gabinete, da regularização urbana e da regularização rural. Um time forte, técnico e sensível à realidade das famílias acreanas.

Os dados nacionais reforçam a importância dessa política. Segundo o Censo do IBGE 2022, o Brasil registrou cerca de 7,8 milhões de mulheres vivendo com filhos sem a presença do cônjuge ou de outros parentes. Esse tipo de composição familiar estava presente em 11,6% das famílias em 2000 e passou para 13,5% em 2022, demonstrando que, a cada ano, mais mulheres assumem a chefia dos lares brasileiros.
Nesse contexto, a política de regularização fundiária executada no Acre ganha ainda mais relevância ao garantir que essas mulheres tenham seus direitos assegurados, promovendo autonomia, segurança e estabilidade para milhares de famílias. A entrega de títulos, portanto, não é apenas um ato administrativo, mas uma ação concreta de transformação social e valorização do papel da mulher na construção de um Acre mais justo e regularizado.

Você precisa fazer login para comentar.