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Morre aos 95 anos Nelson Mandela, ícone antiapartheid da África do Sul

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Primeiro presidente negro sul-africano era símbolo da resistência contra o regime de segregação racial. Mandela morreu em decorrência de uma infecção pulmonar

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Da redação, com iG

O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela morreu nesta quinta-feira (5), aos 95 anos, em sua casa, em Johanesburgo, anunciou o presidente do país Jacob Zuma. “A nação perdeu seu maior filho”, disse em pronunciamento. O admirado líder sul-africano que se tornou símbolo da resistência negra e da luta contra o apartheid (regime de segregação racial) havia sido internado no dia 8 de junho em um hospital de Pretória para tratar uma recorrente infecção no pulmão, mas continuou o tratamento em casa a partir de setembro.

“Madiba”, apelido pelo qual é conhecido na África do Sul, era particularmente vulnerável a problemas respiratórios desde que contraiu tuberculose durante os 27 anos em que ficou preso sob o apartheid. Em 2001, ele se recuperou de um câncer de próstata.

Em meses recentes, o ícone da luta antiapartheid foi internado várias vezes, tendo recebido a última alta médica em 6 de abril, depois que os médicos drenaram fluidos de sua região pulmonar após diagnosticarem pneumonia.

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Afastado da vida pública desde 2004, sua última aparição pública ocorreu em julho de 2010, durante a final da Copa do Mundo em Johanesburgo. Em julho de 2011, ele se mudou para uma casa em Qunu, lugar onde passou sua juventude, acompanhado de uma equipe médica.

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Mesmo longe da política e apesar da aparência cada vez mais frágil, Mandela continuou sendo uma figura importante para os sul-africanos, muitos dos quais consideravam o carismático líder uma representação do chefe de Estado ideal.

Filho do chefe de uma tribo conhecida como thembu, Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 19 de julho de 1918, no território de Transkei, em Cabo Oriental. Estudou em escolas metodistas e em 1942 formou-se advogado pela Universidade da África do Sul.

Dois anos depois, ao lado dos amigos Oliver Tambo e Walter Sisulo, fundou a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA), partido criado em 1912 para lutar pelos direitos políticos dos negros na África do Sul.

Em 1948, o Partido Nacional, rival do CNA, chegou ao poder e colocou em vigor o regime de separação racial conhecido como apartheid. Quatro anos mais tarde, Mandela tornou-se vice-presidente do CNA defendendo a resistência pacífica ao apartheid.

Mas depois que um grupo de manifestantes foi massacrado em Sharpeville, em 1960, ele dirigiu uma campanha de desafio ao governo sul-africano e suas políticas. Um ano depois, Mandela foi um dos fundadores do braço armado do CNA.

A campanha contra o governo foi executada por meio de ampla desobediência civil e sabotagem à economia do país. Como resultado, o CNA foi banido e Mandela foi preso. Em 1964, foi sentenciado à prisão perpétua por sabotagem.

Durante o julgamento, uma declaração de Mandela entrou para a história como seu testemunho político: “Estimo o ideal de uma sociedade livre e democrática, na qual todas as pessoas convivam em harmonia e com oportunidades iguais. Esse é um ideal ao qual pretendo dedicar minha vida e que pretendo alcançar. No entanto, se for preciso, esse é um ideal pelo qual estou disposto a morrer.”

Vida pessoal tumultuada

A dedicação à causa representou obstáculos para a vida pessoal de Mandela. “Quando sua vida é uma batalha, como a minha foi, resta pouco espaço para a família”, escreveu, em autobiografia publicada em 1995. “Esse sempre foi o meu maior arrependimento.”

A primeira das três mulheres de Mandela, Evelyn Ntoko Mase, deu um ultimato ao marido em 1955: escolher ela ou o partido. O líder escolheu a política e, no mesmo ano, o casal encerrou um relacionamento de mais de uma década.

“Não podia desistir da luta, e ela queria que minha devoção fosse apenas a ela e à família”, escreveu Mandela na obra “Longo Caminho para a Liberdade”. “Nunca deixei de admirá-la, mas não conseguimos fazer nosso casamento dar certo.”

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No mesmo livro, o ex-presidente assume ter sido um pai “distante”. Foi Evelyn quem criou os quatro filhos, dos quais apenas Makaziwe, nascida em 1953, está viva. Seu nome é em homenagem a uma irmã que morreu aos nove meses, em 1947. Mandela e Evelyn também perderam os filhos Madiba Thenberkile, que morreu em um acidente de carro em 1969, aos 25 anos, e Makgatho, que morreu de aids em 2005, aos 55 anos. Evelyn morreu em 2004, aos 82 anos.

Da prisão à presidência

Mandela se casou pela segunda vez em 1958, com Winifred Nomzamo Zanyiwe Madikizela. Winnie, como ficou conhecida, é ativista pelos direitos dos negros e também membro do CNA, tendo ocupado diferentes cargos no partido.

O casal teve duas filhas: Zenani, nascida no mesmo ano do casamento, e Zindziswa (Zindzi), que tinha apenas 18 meses quando seu pai foi preso, em 5 de agosto de 1962.

Foram 27 anos encarcerado na ilha Robben, na Cidade do Cabo, durante os quais, segundo Mandela, “Winnie foi um indispensável pilar de apoio e conforto”. Foi de mãos dadas com a mulher que o líder deixou a prisão, em 11 de fevereiro de 1990.

A libertação foi concedida pelo presidente Frederick Willem de Klerk, que legalizou o CNA e com quem Mandela negociou a transição da África do Sul para a democracia.

NYT: Disputa por Mandela transforma seu legado em troféu na África do Sul

Durante esse período, o líder enfrentou problemas em seu casamento, pois a postura de Winnie em relação à minoria branca que dominou o país durante o apartheid era menos conciliatória que a do marido. Além disso, ela foi acusada de infidelidade e de ter encomendado sequestros e assassinatos durante a luta contra o apartheid.

O anúncio da separação foi feito em 1992, apenas dois anos depois de o líder ter voltado à liberdade. Mandela alegou “motivos pessoais” e o crescimento das divergências entre os dois em “inúmeras questões”.

Em 1993, Mandela e o presidente De Klerk receberam o prêmio Nobel da Paz pelas negociações multipardiárias. No mesmo ano a África do Sul realizou as primeiras eleições abertas a todos os cidadãos, que elegeram Mandela como o primeiro presidente negro do país.

Como chefe de Estado, ele usou seu carisma e prestígio para evitar um confronto aberto entre negros e brancos, criando a Comissão de Verdade e Reconciliação, órgão encarregado de investigar os crimes cometidos pelos dois lados durante a luta travada em torno do apartheid.

Mandela não buscou a reeleição e deixou o poder em 1999, quando Thabo Mbeki foi eleito seu sucessor. Ao se afastar da vida pública, em junho de 2004, pouco antes de seu 86º aniversário, disse a seus compatriotas: “Não me chamem. Eu chamarei vocês.”

Graça Machel

Desde então, Mandela levava uma vida tranquila em Johanesburgo ao lado da terceira mulher, a moçambicana Graça Machel, 65 anos. Ex-ministra de Educação e Cultura de seu país, ela é uma respeitada ativista pelos direitos de mulheres e crianças.

Graça também é viúva de Samora Machel, ex-presidente de Moçambique, morto em um acidente de avião em 1986.

Mandela e Graça assumiram o relacionamento em 1996 e se casaram dois anos depois, no dia em que o sul-africano completou 80 anos. Desde então, a moçambicana passou a acompanhar o líder em suas viagens humanitárias e se tornou sua grande companheira.

Em uma entrevista ao jornal “The Washington Post”, Machel disse que era “muito fácil” amar Mandela. “A parte mais maravilhosa da nossa história é o fato de termos passado por experiências dolorosas, para então nos conhecermos”, afirmou.

Em novembro de 2010, Graça recebeu uma homenagem da Universidade de São Paulo (USP), em nome do marido. O líder, que já não fazia viagens internacionais, foi reconhecido com o título de Doutor Honoris Causa, maior homenagem concedida a alguém que não fez carreira na USP.

Em seu discurso de agradecimento, Graça disse “thank you very much” imitando a voz grossa do marido. Depois da brincadeira, afirmou estar emocionada e garantiu que Mandela receberia o título com “grande honra” por causa da participação das universidades na formação dos jovens.

“A lei da natureza implica que ele poderá não apenas se retirar da vida pública, mas também deixar este mundo”, afirmou, em seu discurso. “Seu maior desejo é sentir que as instituições e a juventude, em particular do Hemisfério Sul, continuarão as lutas justas e criarão um mundo de igualdade para todos.”

Com reportagem de Luísa Pécora e informações do The New York Times

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Mega da Virada: Veja os números mais sorteados na história do concurso especial

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A Mega da Virada 2025 deve pagar um prêmio estimado em R$ 1 bilhão, o maior valor já oferecido na história do concurso especial. As apostas estão abertas desde 1º de novembro e podem ser feitas até as 20h do dia 31 de dezembro. O sorteio também será realizado no último dia do ano, às 22h.

Para participar, o apostador pode escolher de 6 a 20 números entre os 60 disponíveis no volante ou optar pela Surpresinha, modalidade em que o próprio sistema seleciona as dezenas automaticamente. (leia mais abaixo)

Além de apostar de forma aleatória, há quem prefira se guiar por padrões e estatísticas da loteria. Nesse contexto, surge uma pergunta comum entre os jogadores: quais são os números que mais vezes já apareceram nos sorteios da Mega da Virada?

Segundo a Caixa Econômica Federal, o número 10 é o mais recorrente na história do concurso, tendo sido sorteado em cinco edições até agora.

Em seguida aparece as dezenas 5 e 33, que já saíram quatro vezes. Outros números também se destacam, como mostra a tabela abaixo:

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Mercado teme insegurança jurídica se STF reverter liquidação do Maste

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Especialistas do mercado financeiro que acompanham o dia a dia do Banco Central veem com preocupação a maneira como o Poder Judiciário tem lidado com o caso do Banco Master.

Decretada no dia 18 de novembro pela autarquia reguladora do sistema financeiro, a liquidação extrajudicial do Master se deu em meio a uma fraude de R$ 12 bilhões. Na tentativa de manter sua liquidez, a instituição criou carteiras de crédito e fundos falsos, sem lastro, e tentou revendê-los para manter seus cofres.

Na última semana, o ministro Jhonatan de Jesus, do TCU (Tribunal de Contas da União), ordenou que o Banco Central apresente os fundamentos técnico-jurídicos da liquidação, questionando uma cronologia atípica do processo decisório.

Ex-diretor de Política Monetária do BC e presidente do Conselho de Administração da JiveMauá, Luiz Fernando Figueiredo é enfático ao apontar que os questionamentos levantados são “fora de propósito”.

 

Fonte: CNN

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Cinco pessoas morrem em acidente de carro em Goiás; três eram PMs

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Acidente aconteceu no município de Firminópolis (GO), na tarde desta quarta-feira (25)

Grave acidente envolveu dois veículos • Reprodução/Corpo de Bombeiros Militar de Goiás

Três policiais militares estão entre as cinco vítimas de um grave acidente, nesta quinta-feira (25), na GO-164, altura do km 397, no município de Firminópolis, Goiás. Os agentes estavam de folga no momento do acidente.

Segundo o CBMGO (Corpo de Bombeiros Militar de Goiás), dois veículos tiveram uma colisão frontal entre um automóvel de passeio e uma caminhonete, as vítimas do acidente ficaram presas nas ferragens. No carro de passeio estavam quatro pessoas, todas com ferimentos graves.

As mortes foram confirmadas no local pelo médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Na caminhonete, duas vítimas foram socorridas pelo Samu e encaminhadas para atendimento hospitalar, sendo posteriormente confirmado um óbito na unidade de saúde.

O Governo de Goiás confirmou a identidade dos três PMs que morreram:

  • Robson Luiz Fortuna Filho – 31 anos;
  • Renato da Silva Duarte – 32 anos;
  • João Paulo Marim Guimarães – 32 anos.
Soldado Robson Luiz Fortuna Filho • Reprodução/Polícia Militar

Soldado Robson Luiz Fortuna Filho • Reprodução/Polícia Militar

Soldado Renato da Silva Duarte • Reprodução/Polícia Militar

Soldado Renato da Silva Duarte • Reprodução/Polícia Militar

Soldado João Paulo Marim Guimarães • Reprodução/Polícia Militar

Soldado João Paulo Marim Guimarães • Reprodução/Polícia Militar

O Governador Ronaldo Caiado também lamentou a morte dos agentes e das outras duas vítimas.

“Neste momento de dor, manifesto minha solidariedade a todos os familiares, amigos e irmãos de farda, estendendo também minhas condolências às famílias das outras vítimas atingidas por esse acidente”, escreveu Caiado.

As equipes do CBMGO atuaram no desencarceramento das vítimas, retirando os corpos das ferragens e encaminhando ao IML (Instituto Médico-Legal).

A PMR (Polícia Militar Rodoviária) assumiu a ocorrência, ficando responsável pelo controle do tráfego e pela adoção dos procedimentos legais necessários.

 

Fonte: CNN

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