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Menina de 7 anos com autismo lança seu primeiro livro e tem mais 14 prontos: ‘Todos com uma essência’, diz pai

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Laura de Oliveira Mota é autista, tem altas habilidades em linguagem e sua principal forma de comunicação é através da escrita. Este é o primeiro livro da pequena a ser lançado.

Laura de Oliveira autografa seu primeiro livro: “As aventuras do kiwi – A fome”. Foto: Hellen Monteiro/g1

Com apenas sete anos, a acreana Laura de Oliveira Mota já tem muitas histórias para contar. Isto pelo menos é o que mostram os seus 14 livros prontos. A pequena é definida por todos que convivem com ela como uma ‘criança de poucas palavras’, mas os pais contam que ela se comunica através da escrita e cria histórias com começo, meio, e fim, em poucas horas.

Laura está no 2º ano do ensino fundamental, é autista e o transtorno foi descoberto pelos pais de primeira viagem há cerca de um ano. Além de inventar histórias completas, a criança ainda faz o designer das imagens do livro com o seu tablet.

“Até descobrirmos, a Laura chorava muito, um choro incontrolável. Levamos ela no psicólogo para entender porque ela chorava tanto e na segunda consulta, a psicóloga já disse que era autismo”, diz Márcio Bento Mota, de 35 anos, pai da criança.

Com o laudo confirmando o Transtorno do Espectro Autista (TEA), veio também a informação de que a menina tem altas habilidades, principalmente em linguagem. A partir de então, em maio deste ano, os pais buscaram acompanhamento no Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), e aguardam o parecer final detalhando todas as altas habilidades da filha.

“É linguagem, construção de história mesmo. Na semana passada, ela criou três histórias em um dia. Todas as três vão virar livro. E aí vai só criando livro. Ela consegue criar história com início, meio e fim, bem rápido. Todas com uma essência, uma moral e a gente entrega o aplicativo para ela, o tablet, e ela constrói toda a parte gráfica”, explica o pai.

O servidor público fala que após o diagnóstico, a criança evoluiu até mesmo no desenvolvimento de suas atividades rotineiras. Atualmente, os pais descobriram uma nova forma de lidar com Laura evitando frequentar locais com muito barulho, além de adaptarem algumas coisas, como a hora do banho, e as interações sociais.

A neuropsicóloga Vanderly Onorato, que foi uma das profissionais que avaliou a criança, disse que em uma bateria com 15 testes, o caso de Laura foi considerado raro, já que ela superou 93% de outras crianças da mesma idade.

“São avaliados a compreensão verbal, organização perceptual, memória operacional e velocidade do processamento dela. Ela passou pelo teste que ele é titulado como Teste de Inteligência Mundial que foi criado nos Estados Unidos e classifica as pessoas que entram nas universidades, emprego, tudo é baseado em cima dessa escala Wechsler de inteligência”, declara.

Laura teve o apoio dos pais para virar escritora e já ter tantos livros prontos. Foto: Arquivo pessoal

Primeiro livro

A servidora pública Rayane Siqueira de Oliveira, 35 anos, é mãe da pequena escritora e esclarece que o processo para que o livro ‘As Aventuras de Kiwi – A fome’ ficasse pronto foi difícil e precisou ser feito aos poucos. Os custos para a publicação e certificação do registro dos direitos autorais foi todo arcado pela família.

“Fomos fazendo aos poucos, entendendo cada parte do que precisava, parcelando e agora já temos o primeiro livro pronto e outro que fica pronto [impresso] agora em agosto”, afirma ela.

O pai relata que ao ver a primeira vez a história da filha, percebeu que havia algo diferente e perguntou à mãe se ela queria publicá-lo. Ela disse que sim e a partir de então, os dois assistiram vídeos na internet para aprenderem a mexer com a parte gráfica, e assinaram um aplicativo para que ela própria pudesse criar as artes dos livros.

“A gente entrega o aplicativo pra ela, o tablet, e ela constrói toda a parte gráfica. Geralmente, ela passa cinco, seis dias pra construir. Ela constrói tudo no programa. Nesse primeiro livro é a história do Kiwi, que é o pássaro, ele é símbolo da Nova Zelândia. O autista tem geralmente um hiperfoco, e ela tinha o foco nesse pássaro, por isso colocou ele nas histórias”, frisou.

Laura ganhou dos pais uma pelúcia do animal que foi protagonista de seu primeiro livro: o kiwi. Foto: Rita Pontes/CBN Rio Branco

O pai de Laura contou que não sabia nada sobre técnicas de design gráfico. No Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação, conheceu o pai de outra aluna do local que ofereceu um curso para que ele pudesse diagramar corretamente os livros da filha. Segundo ele, a primeira obra foi feita de forma totalmente amadora, mas o segundo exemplar já foi fruto dos seus novos conhecimentos adquiridos.

O método da pequena Laura para a criação de suas histórias funciona da seguinte forma: primeiro ela faz ele completo, à mão, depois faz todo o processo digitalmente. O pai só faz a finalização para que possa ser impresso.

Mota destaca que o primeiro manuscrito foi revisado apenas por ele e a esposa, mas o segundo livro recebeu a correção das professoras do NAAH/S. “Agora a gente está indo para uma versão profissional. Esse segundo livro foi revisado por duas professoras do NAAHS e o bibliotecário”, complementa.

Dois livros já estão totalmente prontos, outros 13 devem ser publicados posteriormente. Foto: Arquivo pessoal

Os outros 14

O primeiro livro de Laura, já publicado, conta a história do kiwi que descobre que algo está dando fome nos kiwis (aves não voadoras da Nova Zelândia) do mundo inteiro. A descrição da história enuncia que “Ameaçado de extinção, esse bravo guerreiro convida seus amigos para descobrir esse mistério e acabar com a fome”.

No entanto, essa é só a primeira obra. A menina já tem outros 14 livros escritos.

São eles:

  • As Aventuras do Kiwi – A fome – publicado
  • As Aventuras do Kiwi – O Meteoro – publicação em agosto
  • A Seringueira
  • O Dólar
  • A Injeção
  • A Risada
  • Perdido na Neve
  • A Viagem
  • A Fila 1
  • A Fila 2
  • A Fila 3
  • Um Dragão em Tanto
  • As Aventuras de Meteorito
  • O Mistério da Fênix
  • Aviões de Guerra

Os pais de Laura disseram que ela não deve parar por aí, já que todos os dias produz novos contos.

A neuropsicóloga, Vanderly Onorato, foi prestigiar o lançamento o livro de Laura. Foto: Arquivo pessoal

Acompanhamento no NAAH/S

O Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) está vinculado à Divisão de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE-AC), oferecendo serviços educacionais especializados no que diz respeito à investigação e ao atendimento dos alunos com características de altas habilidades/superdotação (AH/SD) e à formação continuada dos profissionais que atuam na educação básica, ofertando, também, cursos livres à comunidade.

Jeane Lira Jucá, chefe do NAAH/S-AC, esclarece que o local tem como objetivo identificar e atender os alunos com tais características na educação básica.

“O objetivo do núcleo é identificar o aluno com AH/SD e atendê-lo de forma pedagógica, ou seja, o aluno adentra o Núcleo para um processo de investigação e, uma vez que são confirmadas as características consistentes de AH/SD, ele passa a receber atendimentos de enriquecimento curricular e/ou extracurricular até o final do ensino básico”, diz.

A professora mestra Valdineia da Luz Machado, é quem acompanha Laura nesses três meses no NAAHS e relata que ela é uma criança extremamente criativa, que se expressa, e dá voz a essa expressão, principalmente literária, nas suas criações e nas suas invenções. Ela diz que Laura é muito imaginativa e muito rápida em suas produções.

“As ideias fluem da cabeça dela com uma certa rapidez e agilidade, e a imaginação dela é sem limites. Ela escreve rápido e ela cria histórias com muita facilidade. Sobre todo esse conjunto de fatores que ela traz, que ela mostra, há indícios, fortes indicadores de altas habilidades. Por ela não ser uma pessoa muito verbal, a gente entende que a escrita é a forma em que ela encontra de se comunicar, de ela mostrar como ela vê a vida, como ela vê os seus personagens”, explica.

Valdineia ainda afirma que após ela entrar no NAAH/S, ela passou a desenvolver técnicas na hora da escrita. Antes, ela criava uma história única. Agora, ela cria parte 1 e parte 2 da história.

“Houve, sem dúvida nenhuma, um avanço muito grande nessa orientação da história, na sequência de fatos, na relação que ela estabelece entre um fato e outro, além de a porção textual ter aumentado também. Hoje a Laura escreve muito mais do que ela escrevia há três meses atrás, em termos de mais detalhes, de mais contextualização, de mais caracterização das personagens, então já existe uma condição mais rica na sua produção”, comenta a professora.

Locais para adquirir o livro:

  • Loja física: Livraria Paim – Endereço: Rua Rio Grande do Sul, nº 182 – Bairro: Centro – Cidade: Rio Branco/Acre.
  • E-mail: [email protected]
  • Contato: (68) 99903-0907 – Márcio Mota (Pai)
  • Rede social da escritora: @lauraautora2

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Morador em situação de rua é esfaqueado no pescoço em Rio Branco

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Um homem de 50 anos, identificado como Edilmo Inácio Pereira, foi vítima de um ataque a faca na noite desta quinta-feira (25) no bairro 6 de Agosto, em Rio Branco. Ele caminhava pela Rua Seis de Agosto quando foi abordado por um homem armado com uma faca, que desferiu um golpe no pescoço da vítima.

Edilmo conseguiu caminhar até um posto de combustíveis próximo, onde desabou com intenso sangramento. O SAMU foi acionado e o levou ao Pronto-Socorro de Rio Branco, onde deu entrada em estado estável, mas com risco de agravamento.

A Polícia Militar esteve no local e iniciou as investigações, que agora seguem com a Polícia Civil, que busca identificar e prender o autor do crime.

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Acre deve arrecadar R$ 6,4 bilhões em impostos em 2025, aponta Impostômetro

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Valor representa 0,16% da arrecadação nacional e supera em R$ 500 milhões o total de 2024; até 25 de dezembro, contribuintes já pagaram R$ 6,3 bilhões

Em comparação até o fim de novembro de 2025, os recursos recolhidos por prefeituras, governo estadual e União somavam R$5,8 bilhões no estado. Foto: captada 

A arrecadação de impostos municipais, estaduais e federais no Acre deve alcançar cerca de R$ 6,4 bilhões em 2025, segundo estimativa do Impostômetro, ferramenta mantida pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O valor corresponde a aproximadamente 0,16% de toda a arrecadação nacional.

Comparativo anual:
  • 2025 (previsão): R$ 6,4 bilhões

  • 2024 (realizado): R$ 5,9 bilhões

  • Até 25/12/2025: R$ 6,3 bilhões já arrecadados

  • Até novembro/2025: R$ 5,8 bilhões acumulados

Principais tributos pagos pelos acreanos:
  • Impostos sobre produção e circulação: ICMS e ISS

  • Tributos sobre renda: Imposto de Renda (pessoa física e jurídica)

  • Impostos sobre propriedade: IPTU e IPVA

  • Taxas de comércio exterior e outros encargos

Destinação dos recursos:

Os valores arrecadados são utilizados para:

  • Custeio da máquina pública (salários e manutenção)

  • Financiamento de obras e infraestrutura

  • Execução de programas governamentais

  • Pagamento de servidores públicos

  • Quitação de dívidas do estado e municípios

O crescimento da arrecadação reflete tanto a expansão da atividade econômica no estado quanto a melhoria na eficiência da cobrança tributária. Entretanto, especialistas alertam que o Acre continua com uma das menores participações na arrecadação nacional, refletindo suas limitações econômicas estruturais e baixa densidade populacional.

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Cânticos de fé e acolhimento transformam Natal de pacientes no PS

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Foto: Cedida

Corredores do Pronto-Socorro de Rio Branco foram tomados por um som diferente do habitual nesta quarta-feira (24). Em meio à rotina intensa da unidade, servidores se reuniram para realizar um cântico natalino, levando música, palavras de fé e gestos de acolhimento a pacientes e profissionais que permanecem em serviço durante a data.

A iniciativa, que já se tornou tradição, tem como propósito aproximar o verdadeiro significado do Natal de quem passa esse período longe de casa. Para muitos pacientes, a internação na véspera da data simboliza medo e solidão. Para os servidores, é o desafio de cumprir o dever de cuidar enquanto a família celebra à distância. O cântico surge, então, como um gesto simples, mas carregado de sensibilidade, capaz de aquecer corações e renovar esperanças.

Para o gerente de Assistência do Pronto-Socorro, Matheus Araújo, a ação representa uma forma de humanizar ainda mais o atendimento e fortalecer os vínculos dentro da unidade.

“O Natal fala sobre amor, cuidado e presença. Sabemos que muitos servidores passam essa data longe de suas famílias e que muitos pacientes gostariam de estar em casa. Esse momento é para lembrar a todos que eles não estão sozinhos, que aqui existe acolhimento, humanidade e compromisso com o cuidado”, destacou.

A programação percorreu diferentes setores do hospital e contou com a participação de servidores da gestão, do corpo de enfermagem, supervisores e colaboradores do Núcleo de Atendimento ao Servidor (NAST). A organização da ação é feita de forma voluntária e colaborativa, com recursos arrecadados entre os próprios profissionais, que se mobilizam todos os anos para tornar o momento possível.

Além do simbolismo, o cântico também revela o outro lado do cotidiano do pronto-socorro: o cuidado que vai além da técnica e alcança o emocional e o espiritual. Em um cenário marcado por desafios e dias difíceis, a iniciativa ajuda a reforçar para a população que, diariamente, a unidade trabalha com dedicação, empatia e compromisso com a vida.

A enfermeira emergencista Jonnyka Lima, que atua na linha de frente do atendimento, ressaltou o impacto do momento tanto para os pacientes quanto para os profissionais.

“Esse momento toca profundamente quem está aqui dentro. Para o paciente, é um alívio no coração; para nós, profissionais, é uma renovação de forças. Às vezes, tudo o que alguém precisa é ouvir uma música, uma palavra de carinho, sentir que não foi esquecido. O Natal nos lembra exatamente isso: cuidar do outro também é um ato de amor”, afirmou.

Após a apresentação, as reações falavam por si. Olhares emocionados, sorrisos tímidos, lágrimas discretas e palavras de gratidão marcaram o encerramento da ação. Muitos pacientes relataram que precisavam exatamente daquela música ou daquela mensagem. Entre os servidores, o sentimento era de comunhão e fortalecimento coletivo.

Em meio à urgência, ao cansaço e aos desafios diários, o cântico reafirmou que o Natal pode acontecer em qualquer lugar, inclusive dentro de um hospital e que, onde há cuidado, há também humanidade, esperança e amor.

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