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‘Me deixou dois anjinhos’, diz marido de grávida de gêmeos que morreu com Covid-19 após parto
Jovem de Macatuba (SP), de 23 anos, teve complicações no parto e não resistiu; os filhos prematuros Guilherme e Gustavo se recuperam no hospital.

Marido de jovem grávida de gêmeos que morreu com Covid-19 diz que bebês o dão forças — Foto: LHC Photo Studio/Divulgação
Por Júlia Nunes*, G1 Bauru e Marília
“Quando uma mãe morre no parto, ela vira anjo e está nos protegendo”. Essa frase é de Diego Rodrigues, de 24 anos, que perdeu a esposa de 23 anos, paciente de Covid-19, após o parto de emergência de gêmeos.
Diego, morador de Macatuba, no interior de São Paulo, desabafa que sua vida transformou de uma hora para outra e os filhos recém-nascidos o dão forças para continuar.
“Eu estou muito abatido, não tiro ela da cabeça, mas sei que Deus tem um plano pra nossa vida. Deus permitiu que ela deixasse dois anjinhos para eu cuidar, para me dar forças. Chorei tanto quando vi eles pela primeira vez, foi a coisa mais linda”, lembra Diego.

Diego e Larissa se conheceram no ano passado em Macatuba — Foto: Arquivo pessoal
Larissa Blanco estava de 35 semanas de gestação dos gêmeos Guilherme e Gustavo quando deu à luz em um hospital particular de Botucatu (SP). Os meninos testaram negativo para coronavírus e permanecem internados em recuperação, pois nasceram prematuros.
“Me deu um alívio de ver eles bem. Os dois meninos vão precisar muito de mim e eles sempre vão ouvir histórias e saber da mamãe que tiveram. Todo mundo a amava”, conta Diego.
Segundo a prefeitura, Larissa testou positivo para coronavírus no dia 12 de junho. Diego contou que ela apresentou sintomas de gripe dias antes, mas só precisou ser internada na última sexta-feira (26).
No sábado à noite, ela foi transferida para Botucatu e entrou em trabalho de parto. “Eu fui na sala de cirurgia e eles já estavam tirando o primeiro bebê. Ela olhou para aquela carinha maravilhosa e eu fiquei todo emocionado, era o sonho dela”, lembra o marido.

Larissa deu à luz meninos gêmeos em hospital de Botucatu — Foto: Arquivo pessoal
Diego contou que o segundo bebê nasceu em seguida, depois de uma pequena complicação. Ele achava que tudo estava bem e se despediu da esposa para acompanhar as crianças. Mais tarde, Diego recebeu a notícia de que Larissa tinha tido uma hemorragia e precisou fazer transfusão de sangue.
“Ela teve uma hemorragia e não estava conseguindo conter. Depois ela teve uma parada cardíaca e precisou fazer transfusão de sangue. Por volta das 6h, me avisaram que ela não aguentou e tinha falecido. O médico disse que por causa da Covid, o corpo dela não conseguia cicatrizar”, explicou o pai dos gêmeos.
Diego também tinha testado positivo para coronavírus, mas não está mais transmitindo o vírus. Por isso, pôde acompanhar o desenvolvimento dos filhos no hospital até eles estarem prontos para receberem alta.
Recordações
Diego e Larissa se conheceram no ano passado em um aniversário surpresa que amigos em comum planejaram para a jovem. Três dias depois, eles começaram a namorar.
“Foi Deus que colocou ela na minha vida, meu pai e minha mãe chamavam ela de filha. Depois, passou um tempinho e descobrimos que ela estava grávida. Ficamos super felizes”, conta Diego.
A gravidez tornou-se ainda mais especial com a notícia de que o casal iria ter gêmeos. Segundo Diego, desde aquele momento, eles começaram a se planejar.
“Quando ela me ligou e explicou que eram dois ‘coraçõezinhos’ começou aquela alegria. A gente fez de tudo por ela, ela nunca ficou triste. Ela tinha um olhar e um sorriso que contagiava todo mundo. Ela me mudou. Com ela, eu construí uma família, me tornei homem”, admite Diego.

Jovem de Macatuba, grávida de gêmeos, morreu após complicações da Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal
Para deixar gravado esse momento da vida e a alegria do casal, Larissa e Diego fizeram um ensaio fotográfico dias antes do parto. As fotos da gravidez são, agora, maneiras de relembrar os momentos bons.
“Ela sempre foi uma pessoa maravilhosa, sempre vai estar nos nossos corações. Não quero pensar em coisa ruim, vou pensar nos momentos bons. Eu fico vendo as fotos e vídeos dela sorrindo, é nisso que eu vou me apegar”, declara o jovem.
* Colaborou sob supervisão de Mariana Bonora.
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Mutirão do Serasa de negociação de dívidas com bancos está disponível nos Correios

- Serasa e mais de 50 bancos se unem para reduzir a maior causa de endividamento do país.
- Mutirão emergencial Desbanca Serasa oferece descontos de até 97%.
- 35 milhões de brasileiros somam 65 milhões de dívidas contraídas com bancos.
- Ação entre Serasa e bancos disponibiliza 400 milhões de ofertas para negociação até 30 de junho.
- Cartão de crédito é o principal motivo de dívidas com o sistema bancário.
- Uso de Pix para pagar dívidas bancárias possibilita nome limpo na hora.
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Velha guarda do PT acreano se reúne para debater “reconstrução do estado” e futuro partidário
Ex-governadores Jorge Viana e Binho Marques, além de outras lideranças históricas, discutem estratégias para retomar o projeto da “Florestania” em encontro em Rio Branco
Em um clima de nostalgia e projeção política, a velha guarda do Partido dos Trabalhadores do Acre – que governou o estado por 20 anos consecutivos – se reuniu nesta segunda-feira (16) na residência do ex-governador Jorge Viana, atual presidente da ApexBrasil. O encontro contou com figuras emblemáticas do petismo acreano, como o ex-prefeito de Rio Branco Raimundo Angelim, o ex-deputado federal Nilson Mourão, o ex-governador Binho Marques e o vereador André Kamai.
Com um café da manhã servido de fundo, o grupo debateu o que Viana classificou como “os tempos difíceis que o Acre vive” e traçou estratégias para “reconstruir o estado e retomar vitórias como na época da Florestania”. O ex-governador destacou o caráter afetivo e político do encontro:
“Foi momento de reencontro, escuta e partilha. Pude abraçar velhos amigos, trocar ideias, ouvir cada companheiro presente. Também senti a ausência de tantos que não puderam vir, mas telefonei para outros”, relatou Viana.
O encontro marca o reaproximação das principais lideranças do PT acreano em um momento crucial, quando o partido busca se reorganizar após sucessivas derrotas eleitorais. O objetivo declarado é construir unidade interna e preparar as bases para um projeto político que retome o ideário da “Florestania”, marca do governo petista no estado.
Com 2026 no horizonte, o PT sinaliza que pretende reocupar espaço político no Acre, possivelmente com nomes experientes de seu quadro histórico. O encontro desta segunda-feira foi o primeiro passo concreto nessa direção.
“Como já fizemos no passado. Minha passagem na prefeitura, no governo e no senado deixou um legado de realizações e profundas mudanças no no Acre. Graças a Deus, conseguimos transformar sonhos em realidade e fazer nossa terra viver tempos de prosperidade”, disse.
Viana ainda diz ter esperança de seguirem todos juntos. “Com coragem, trabalho e compromisso de lutar novas mudanças e transformações na vida do povo acreano outra vez”, finalizou.
Viana é um dos fundadores da “florestania”, ou “governo da floresta”. O termo, criado por um grupo de políticos que compôs a Frente Popular do Acre (FPA) no fim da década de 1990, esteve no centro de seguidas administrações petistas, de 1999 a 2018.
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Fachin critiza ativismo judicial do STF e defende respeito ao Legislativo
Ministro que assumirá a presidência da Corte em setembro afirma que invasão da seara do Congresso gera “repulsa” e desequilíbrio institucional; declaração ocorre em meio a polêmicas sobre judicialização da política

O ministro Edson Fachin afirmou que “não é legítimo o Supremo invadir a seara do legislador”. Foto: STF/Assessoria
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, futuro presidente da Corte a partir de setembro, afirmou nesta segunda-feira (16) que não é legítimo o STF “invadir a seara do legislador”. A declaração, feita durante o lançamento de um livro em comemoração aos seus dez anos no tribunal, foi interpretada como uma crítica velada ao ativismo judicial que tem marcado a atuação do Supremo nos últimos anos.
“O Supremo não tem feito outra coisa a não ser invadir a seara do legislador, que é o Congresso, e tem causado grande repulsa nas pessoas que se preocupam com o equilíbrio institucional”, disse Fachin, segundo relato do comentarista Cláudio Humberto, do Jornal Gente (Rádio Bandeirantes). A fala surge em um momento de tensão entre os Poderes, com o STF frequentemente no centro de decisões que impactam diretamente a agenda política.
Indicado ao STF pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e associado à chamada “bancada da esquerda” na Corte, Fachin tem histórico de ativismo político, o que torna sua declaração ainda mais significativa. Analistas questionam se o discurso representa uma autocrítica, um posicionamento isolado ou uma tentativa de moderar a imagem do tribunal diante das crescentes críticas.
O paradoxo Fachin
Perfil: Integrante da chamada “bancada da esquerda”, indicado por Dilma Rousseff em 2015
Discurso: Crítica à judicialização da política contrasta com sua trajetória de decisões progressistas
Timing: Declaração ocorre três meses antes de assumir a presidência do STF
Análise do contexto
Especialistas ouvidos pelo Jornal Gente destacam a ambiguidade do posicionamento:
Autocrítica? Fachin já votou por decisões que ampliaram competências do STF
Sinalização política? Discurso pode buscar reduzir tensões com o Congresso
Preparação para a presidência? Tentativa de reposicionar a Corte como árbitro, não ator político
“O STF tornou-se protagonista em detrimento do Legislativo, e isso desequilibra o jogo democrático”, avaliou o comentarista Cláudio Humberto, questionando se a fala representa genuíno mea culpa ou estratégia de imagem.
Impacto institucional
A declaração chega em momento sensível:
- STF tem 57 processos com potencial para legislar sobre temas em tramitação no Congresso
- Taxa de rejeição à Corte atingiu 41% em pesquisa recente do Datafolha
- Fachin herdará casos explosivos como investigações sobre orçamento secreto e reformas estruturais
Para Cláudio Humberto, a ambiguidade da fala deixa dúvidas: “Não ficou claro se a intenção era criticar [o STF] ou um aceno aos críticos”. O comentarista reforçou que o protagonismo político do Supremo “não faz bem à democracia”, ecoando um debate que ganha força entre juristas e parlamentares.
O episódio reacende a discussão sobre os limites da atuação do Judiciário e o risco de judicialização excessiva, tema que deve dominar os debates institucionais nos próximos meses, especialmente com a iminente ascensão de Fachin à presidência do STF.
Com informações de Cláudio Humberto/Jornal Gente (Rádio Bandeirantes)