Brasil
Maioria dos municípios não elaborou plano contra a pobreza
Pesquisa mostra que, de 173 localidades, 100 não desenvolveram plano para enfrentar o problema
Rafael Moraes Moura, da Agência Estado
BRASÍLIA – Principal aposta da presidente Dilma Rousseff no combate à pobreza extrema, o programa Brasil Sem Miséria esbarra em um obstáculo constatado por pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM): a falta de planos municipais para enfrentar o problema. De acordo com levantamento da entidade, 58% dos municípios pesquisados ainda não produziram o Plano Municipal de Superação da Extrema Pobreza, uma ação prevista em cartilha divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
A pesquisa, a que o Broadcast Político teve acesso, foi feita com uma amostra aleatória de 173 municípios de todas as regiões e portes populacionais, ao longo dos últimos dois meses. O apoio das cidades ao programa, “vendido” como vitrine social do governo Dilma, é considerado fundamental pelo Palácio do Planalto para encontrar as cerca de 700 mil famílias ainda não cadastradas no Brasil Sem Miséria.
Do total de municípios pesquisados, 100 – ou 58% da amostra – responderam que ainda não criaram um plano municipal de superação da extrema pobreza. Pior: apenas 9% garantiram que já o concluíram. Cerca de 22% afirmaram que o programa está em andamento e 11% não souberam responder.
Dos 100 municípios que não têm o plano municipal de combate à miséria, há 22 localidades gaúchas, 12 catarinenses e 11 paulistas (Caçapava, Caiuá, Conchas, Coronel Macedo, Echaporã, Guarantã, Laranjal Paulista, Lençóis Paulista, Orlândia, São Joaquim da Barra e Tapiraí).
“Quando o prefeito faz um plano, precisa envolver a comunidade, porque se não executar as ações previstas, é cobrado depois. Na área social, você não faz nada sem as prefeituras”, afirma o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. “A União só assume a propaganda, mas não há orientação nem recursos efetivos do governo federal para os planos.”
Segundo a cartilha do governo, cada administração municipal “conhece a fundo” as características da miséria em seu território e, com base nessas informações, pode elaborar seu plano municipal de superação da extrema pobreza. “Quanto mais cedo a Prefeitura se debruçar sobre a estratégia para superação da extrema pobreza, mais rápido obterá resultados e mais chances terá de administrar um município sem miséria”, informa a cartilha.
A pesquisa da CNM, no entanto, rebate o governo. “Não é fornecida qualquer metodologia ou orientação específica sobre como elaborar o Plano Municipal, seja na cartilha, seja em qualquer outro material do governo”, diz o estudo.
Sem informação. O levantamento mostra que 41% das cidades pesquisadas dizem não estar recebendo informações do governo federal sobre o conteúdo dos planos. Outros 36% municípios afirmaram que estão sendo informados e 23% não souberam responder.
A Confederação Nacional dos Municípios entrou em contato com prefeitos por e-mail e telefone. Depois, recebeu respostas dos funcionários designados pelas autoridades – na maioria dos casos, quem prestou as informações foram os secretários de Assistência Social.
Quando questionados se haviam fortalecido a estratégia de “busca ativa” para localizar e incluir no Cadastro Único todas as famílias extremamente pobres, 77% dos municípios informaram que adotaram essa estratégia. No entanto, apenas 52% disseram estar recebendo apoio do governo federal para a busca ativa.
Críticas aos gastos dos Centros de Referência de Assistência Social também pontuam o levantamento da CNM. Segundo a pesquisa, 98% dos municípios afirmaram possuir esses centros, que executam serviço de atendimento a famílias. A entidade alega, porém, que o repasse federal não é suficiente para a manutenção dos centros e as prefeituras acabam assumindo parte dos gastos.
Parceria. Procurado pelo Broadcast Político, o Ministério do Desenvolvimento Social informou que, graças às parcerias com as prefeituras, o Brasil sem Miséria está cumprindo todas as suas metas. “Os municípios podem lançar suas estratégias próprias de superação da extrema pobreza, mas o mais importante é que atuem em sintonia com os Estados e com o governo federal nessa tarefa”, disse a nota do Ministério.
A pasta destacou que o governo federal promoveu, em janeiro, um encontro com 1.000 prefeitos e secretários para discutir o tema e tem levado servidores públicos especializados para atendimento às cidades interessadas em “saber mais sobre o desenho e a implementação de um plano municipal para a superação da extrema pobreza”.
Para o Ministério do Desenvolvimento Social, outra importante medida foi o lançamento de materiais impressos para apoiar as administrações municipais, como a cartilha “O Brasil sem Miséria no seu município.”
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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli
Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.
A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.
O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.
O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.
“Um cônjuge é suficiente”
No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.
Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.
“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.
“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.
Fonte: CNN
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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá
Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

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Brasil
Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF
Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)
Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.
Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.
A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.
Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

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