Brasil
Lula critica militares e diz que só conversará com Forças Armadas se for eleito
“O que nós vamos fazer com as Forças Armadas é ela cumprir o seu papel constitucional”, disse o ex-presidente

Por Caio Junqueira
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os militares em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (16) e disse que só se sentará para conversar com eles quando for eleito presidente. Membros das Forças Armadas rejeitam publicamente o retorno de Lula, em razão das condenações do petista na Lava Jato. O ex-presidente teve as condenações anuladas pelo Supremo após o juiz Sergio Moro ser considerado parcial pela Corte.
“O que nós vamos fazer com as Forças Armadas é ela cumprir o seu papel constitucional. As Forças Armadas existem para garantir a soberania nacional contra possíveis inimigos internos. Ela tem que tomar conta das nossas fronteiras, das nossas fronteiras terrestres, das nossas fronteiras marítimas. Ela tem que tomar conta do nosso espaço aéreo e ela precisa proteger o povo brasileiro. É isso que ela tem que fazer. E não se meter em política. Se quiser se meter em política, tira a farda, vai virar um cidadão comum e pode ser candidato a qualquer coisa, nós já tivemos”, disse.
Lula também criticou o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e disse que os militares “pensam que são superiores”. “Eu ouvi dizer o Pazuello, quando ele foi na CPI, disseram uma futrica, não sei se é verdade, porque nem tudo que sai na imprensa é verdade também, dizendo que o Pazuello ameaçou ir de farda pra amedrontar os senadores. É assim que eles pensam, eles botaram na cabeça que eles são superiores, eles botaram na cabeça que eles são mais honestos e a CPI tá mostrando o que aconteceu com a quantidade de coronéis que, em nome de institutos, de ONGs, estavam montando uma verdadeira quadrilha de comprar vacina. Eu não tenho conversa com os militares. Não há por que conversar com o Ministério Público, não há por que conversar com a Polícia Federal, eles são instituições do estado, eles têm funções a cumprir e têm que respeitar o regulamento e a constituição. É isso”, afirmou.
O ex-presidente afirmou ainda que somente conversará com militares se for eleito. “Quando eu ganhar, eu vou conversar porque, aí, eu vou ser chefe deles e vou dizer o que eu penso e qual é o papel deles. Porque a democracia definitivamente não comporta um estado civil governado por quase 6 mil militares que estão em postos de confiança no governo Bolsonaro. Agora, isso acontece também não é por mérito do Bolsonaro, não. É por incompetência do Bolsonaro. É por incompetência. Quando o cidadão é incompetente ele tenta se escudar na coisa que ele acredita ser o forte. De um lado são os milicianos, ele adora. Ele adora ter relação com essa gente. São milicianos, é aposentado da Polícia Militar, são aposentados das Forças Armadas e eu, sinceramente, acho que o que ele tá fazendo com as Forças Armadas é um desprestígio à instituição Forças Armadas. E eu quero que elas sejam fortes, estejam bem armadas, bem preparadas pra não deixar ninguém meter o bedelho aqui. O que não pode é um presidente da república ficar dando emprego que é da área pública, civil, ficar colocando militar da reserva. Tem mais coronel e mais general dentro do governo do que nos quartéis. Isso tá errado e é por isso que eu sou favorável ao projeto de lei da nossa deputada do Acre, da Perpétua, para que a gente proíba esse tipo de coisa. Você sabe, Laercio, que hoje tem mais militar no governo do que durante os 23 anos de regime militar.”
No dia 4 de agosto, a reportagem revelou que Lula prepara uma manifestação pública para tentar se aproximar dos militares. O ex-ministro da Justiça e do STF Nelson Jobim foi escalado para tentar fazer essa interlocução, mas vem encontrando dificuldades. Segundo petistas, isso irritou Lula, que resolveu então criticar abertamente militares.
A rejeição dos militares é baseada nas condenações pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva além dos processos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, todos ligados à operação Lava Jato. O ex-presidente foi condenado em segunda instância e chegou a ficar preso por 580 dias.
Militares da ativa e da reserva com que a CNN conversou disseram que a fala de Lula nesta segunda agrava uma situação de aproximação que já era difícil. Militares rejeitam o retorno de Lula para o Palácio do Planalto, sob o argumento de que se trata de alguém condenado por corrupção que só teria, na visão deles, sido absolvido em um movimento do Judiciário para trazer à arena eleitoral alguém capaz de vencer o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau
Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada
A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.
A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.
Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.
A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.
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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal
Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada
O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.
O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.
Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).
As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.
Assinatura eletrônica
O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.
A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.
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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho
Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada
Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.
Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.
O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.

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