Acre
Informação, prevenção e acolhimento são o caminho para combater o avanço do HIV e AIDS no estado
Preconceito, receio e estigmas são reações frequentes quando o tema é o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), precursor da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a Aids.
Neste mês é realizada a campanha Dezembro Vermelho, dedicada à prevenção da infecção e o combate à HIV e Aids, campanha importante para colocar a população acreana a par das formas de evitar contrair a doença.
“Qualquer pessoa, independente da sua classe social, cor, gênero ou orientação sexual, está sujeito a ser infectado, caso não se cuide”, explica o coordenador do Núcleo Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Jozadaque Beserra.
E assim, com informação adequada, é possível prevenir e combater a infecção, e sobretudo, tratar bem as pessoas que já testaram positivo para o vírus.

Uso de preservativo diminui risco de adquirir Infecções Sexualmente Transmissíveis. Foto: José Caminha/Secom
Nesse contexto, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), tem feito o seu papel. Desde 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids, o Núcleo Estadual de ISTs, reforça a aplicação de testes rápidos nos exames de rotina em todos os municípios.
“As ações são feitas o ano todo, mas é enfatizada na campanha Dezembro Vermelho, que conscientiza sobre a infecção”, reforçou Jozadaque.

Jozadaque Beserra, coordenador do Núcleo Estadual de ISTs. Foto: Neto Lucena/Secom
Atenção Humanizada
Para contribuir com o atendimento, a rede pública oferta o Serviço de Assistência Especializada (SAE), na Fundação Hospital do Acre (Fundhacre), em Rio Branco, com ações de prevenção e acolhimento à população.
“No SAE o paciente tem uma equipe especializada multidisciplinar, com consultas, exames, medicamentos, preservativos e toda uma linha de cuidado para que o mesmo se sinta acolhido e engajado”, explicou a médica infectologista, Cirley Maria de Oliveira Lobato.

Médica infectologista, Cirley Lobato. Foto: Acervo Pessoal
O serviço social do SAE, por exemplo, é primordial quando se trata de pacientes com ISTs. O atendimento no setor ocorre em livre demanda, sem precisar de agendamento prévio.
“A intenção é fazer com que o paciente receba atendimento de qualidade, tanto no nosso sistema como em outro da rede, conforme seja necessário”, informou a assistente social Charlene Brilhante.

Assistente Social atende pacientes em livre demanda, no SAE. Foto: José Caminha/Secom
Dados e Cuidados
No Acre, o registro de HIV em adultos foi de 1667 casos entre 2018 e 2023, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). No mesmo período, foram contabilizados 99 óbitos devido complicações da Aids, e 133 gestantes foram diagnosticadas com o Vírus da Imunodeficiência Humana.
Entre os casos que mais exigem atenção, estão os de crianças em risco de contato com o vírus durante a gestação, e no pós parto de mães com HIV ou Aids. De acordo com o Sinan, cinco crianças testaram positivamente para a infecção, nos anos de 2018, 2021 e 2023.

Profissionais coletam exames no SAE. Foto: José Caminha/Secom
Em casos de risco, ao nascer, preferencialmente de parto cesárea, a maternidade encaminha o bebê para acompanhamento no SAE a fim de que “tenha a menor chance de contaminação”, explicou a assistente social Charlene Brilhante, informando ainda que “a mãe não poderá amamentar para diminuir os riscos”.
Dessa forma, o sistema público, com apoio do governo federal, garante a distribuição de fórmula infantil, gratuitamente, até o 6º mês de vida do recém-nascido.

Sistema público garante fórmula para bebês, em casos de mães com HIV. Foto: José Caminha/Secom
“A mãe recebe fórmula suficiente para dar tempo de chegar ao dia da consulta com a pediatra, e aqui é entregue uma caixa com seis latas de 800g, na assistência social”, acrescentou Charlene.
Aids, uma questão de prevenção e tratamento
Atualmente, não há uma indicação de quando irão surgir os primeiros sintomas da Aids após o primeiro contato com o vírus HIV. “As manifestações clínicas dependem do grau de comprometimento da defesa do paciente”, lembrou a Dra. Cirley Lobato.
A infectologista reforçou ainda que ter o HIV não é a mesma coisa que ter Aids: “Tem pacientes que são portadores do vírus e não apresentam nenhum sintoma. Já na fase de Aids, o paciente vai apresentar infecções oportunistas como tuberculose, diarreia, perda de peso, entre outros”.

Enfermeira Mariangela Guimarães atende pacientes com casos de Tuberculose. Foto: José Caminha/Secom
Respondendo pela gerência geral do SAE, a enfermeira Mariangela Guimarães reafirma o perigo da Tuberculose em pacientes com HIV. No entanto, se o diagnóstico e o tratamento são feitos de forma precoce, e se tem a adesão do paciente com HIV, “dificilmente ele evolui para Aids e outras complicações”, completou Lobato.
Prevenção e testagem
O primeiro passo para prevenir o avanço do vírus é a conscientização e mudança de comportamento. Com o uso do preservativo, acompanhamento médico e exames de rotina, incluindo testes rápidos de HIV e outras ISTs como Hepatites Virais e Sífilis, é possível prevenir.

Testes rápidos contribuem na identificação das infecções. Foto: José Caminha/Secom
“A primeira conversa é quase sempre com a gente, na enfermagem. Faço a primeira consulta com o paciente, fazemos a triagem e o teste rápido, e então ele já pode iniciar as demais consultas e tratamento com medicações, conforme necessário”, explicou a enfermeira do SAE, Gorete Soares.

Enfermeira Gorete Soares também aplica testes rápidos no SAE. Foto: José Caminha/Secom
Medicação Pré e Pós Exposição
No SAE, entre outras medicações, há dois modelos de medicações para atender a pessoa em vulnerabilidade ou que foi exposta ao HIV e Aids, a PrEP e a PeP.
A Profilaxia Pré Exposição, PrEP, envolve o uso diário de medicamentos antirretrovirais para prevenir a infecção pelo HIV em pessoas vulneráveis ao vírus, como usuários de entorpecentes, “trabalhadores do sexo e pessoas que tem como parceiro alguém que foi infectado pelo HIV”, explicou a infectologista, Cirley Lobato.

Medicação preventiva, PrEP, é ofertada gratuitamente para a população. Foto: José Caminha/Secom
Por outro lado, a Profilaxia Pós Exposição, PeP, é uma medicação utilizada após qualquer situação em que exista a exposição ao HIV, como rompimento do preservativo ou casos de abuso sexual. “A medicação age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo, por isso é importante iniciar o tratamento dentro do prazo de até 72 horas”, destacou.

Medicação é distribuída e monitorada por meio do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom), do Ministério da Saúde. Foto: José Caminha/Secom
Caso o vírus se estabeleça, o uso da medicação é para a vida toda, como explica o farmacêutico do SAE, Aldemir Fernandes: “O paciente faz o cadastro e recebe a medicação de forma gratuita. Temos estoque suficiente para atender a quem precisa”, garantiu.

Farmacêutico Aldemir Fernandes, do Serviço de Assistência Especializada. Foto: José Caminha/Secom
Cuidados Especiais
Para manter os cuidados essenciais, o SAE também disponibiliza local para coleta de diversos exames. Um dos objetivos é acompanhar a carga viral do paciente, se está detectável, ou indetectável – quando há preservação do sistema imune e o paciente não transmite o vírus.

Técnica de laboratório, Francisca Silva, coleta exames de pacientes. Foto: José Caminha/Secom
Além disso, o Hospital Dia, setor especializado do SAE, funciona durante toda a semana para acolher pacientes que necessitam de atendimento emergencial. “Temos pacientes que começam a tomar a medicação e sofrem com reações adversas. Aqui, podemos atendê-los e prestar melhor assistência”, explicou José Augusto Araújo, do apoio administrativo do Sae.

Hospital Dia atende pacientes atingidos por ISTs. Foto: José Caminha/Secom
Além da capital, as cidades de Cruzeiro do Sul e Sena Madureira já possuem unidades do Serviço de Assistência Especializada. Em Brasileia, o hospital local possui um setor específico para atendimento e distribuição de medicação e fórmula infantil.
Aids tem tratamento, preconceito também
Na década de 80, a doença foi associada, erroneamente, a homossexuais, perpetuando preconceitos contra pessoas de diferentes gêneros e orientações sexuais. “Já palestramos sobre o assunto e vimos a falta de informação e prevenção, principalmente entre os jovens”, explica Isabele Singui, acadêmica de medicina e interna no Hospital Dia.

Médica Francileide Rocha, enfermeira Alessandra Assis, e internas Isabele Singui e Danielle Klayn. Foto: José Caminha/Secom
“O maior problema que temos é a aceitação do diagnóstico pelo paciente por causa do estigma social. É um desafio que a gente enfrenta e mostra a importância da conscientização e prevenção”, relatou a interna Danielle Klayn.
Nesse sentido, o Núcleo Estadual de ISTs tem qualificado os profissionais que estão na linha de frente de testagem e atendimento aos pacientes. “O que queremos é incentivar a testagem e combater esse estigma”, concluiu o coordenador do Núcleo Estadual de IST, Jozadaque Bezerra.
- Enfermeira Gorete Soares também aplica testes rápidos no SAE. Foto: José Caminha/Secom
- Jozadaque Beserra, coordenador do Núcleo Estadual de ISTs. Foto: Neto Lucena/Secom
- Medicação é distribuída e monitorada por meio do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom), do Ministério da Saúde. Foto: José Caminha/Secom
- Técnica de laboratório, Francisca Silva, coleta exames de pacientes. Foto: José Caminha/Secom
- Médica Francileide Rocha, enfermeira Alessandra Assis, e internas Isabele Singui e Danielle Klayn. Foto: José Caminha/Secom
- Medicação preventiva, PrEP, é ofertada gratuitamente para a população. Foto: José Caminha/Secom
- Enfermeira Mariangela Guimarães atende pacientes com casos de Tuberculose. Foto: José Caminha/Secom
- Médica Francileide Rocha, enfermeira Alessandra Assis, e internas Isabele Singui e Danielle Klayn. Foto: José Caminha/Secom
- Uso de preservativo diminui risco de adquirir Infecções Sexualmente Transmissíveis. Foto: José Caminha/Secom
- Técnica de laboratório, Francisca Silva, coleta exames de pacientes. Foto: José Caminha/Secom
- Hospital Dia atende pacientes atingidos por ISTs. Foto: José Caminha/Secom
- Farmacêutico Aldemir Fernandes, do Serviço de Assistência Especializada. Foto: José Caminha/Secom
- Hospital Dia atende pacientes atingidos por ISTs. Foto: José Caminha/Secom
- Sistema público garante fórmula para bebês, em casos de mães com HIV. Foto: José Caminha/Secom
- Médica infectologista, Cirley Lobato. Foto: Acervo Pessoal
- Assistente Social atende pacientes em livre demanda, no SAE. Foto: José Caminha/Secom
- Profissionais coletam exames no SAE. Foto: José Caminha/Secom
- Testes rápidos contribuem na identificação das infecções. Foto: José Caminha/Secom
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Acre
PGE publica diretrizes para concessão de auxílio financeiro a procuradores e servidores

Foto: Procuradoria-Geral do Estado do Acre
A Procuradoria-Geral do Estado do Acre (PGE) publicou, nesta sexta-feira, 5, duas portarias que estabelecem as diretrizes para concessão de bolsas de auxílio financeiro e ressarcimento destinados à participação de procuradores e servidores em eventos de capacitação no exercício de 2026. As medidas constam nas portarias PGE nº 816/2025 e PGE nº 817/2025, ambas assinadas pela procuradora-geral do Estado, Janete Melo d’Albuquerque Lima de Melo.
Bolsa para Procuradores – Portaria PGE nº 816/2025
A Portaria nº 816 estabelece o valor máximo do auxílio financeiro para participação dos procuradores no 52º Congresso Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, que será realizado de 9 a 12 de novembro de 2026, em Curitiba (PR), promovido pela ANAPE. O valor fixado é de R$ 10 mil, destinado a custear inscrição, transporte, hospedagem e alimentação, conforme prevê a Resolução PRES/CPGE nº 10/2010.
Segundo o documento, todos os procedimentos referentes à seleção e concessão do auxílio serão regulamentados pelo Centro de Estudos Jurídicos da PGE, seguindo os critérios previstos na normativa interna da instituição. O pagamento será feito pelo Fundo Orçamentário Especial da Procuradoria, conforme legislação vigente.
Bolsa para Servidores – Portaria PGE nº 817/2025
A Portaria nº 817 define as regras para concessão de auxílio financeiro voltado aos servidores do quadro de apoio da PGE que participarem de cursos, seminários e eventos de qualificação profissional ao longo de 2026. O valor máximo para essas bolsas será de R$ 2.500 por servidor, cobrindo inscrição, deslocamento, hospedagem e alimentação.
A concessão obedecerá critérios de proporcionalidade conforme o número de servidores em cada órgão interno:
órgãos com até 5 servidores: 1 bolsa disponível;
órgãos com 6 a 10 servidores: 2 bolsas;
órgãos com mais de 10 servidores: 3 bolsas.
Os eventos deverão ter relação direta com as atribuições exercidas pelos servidores em suas unidades de lotação. A seleção será preferencialmente feita por edital, considerando a disponibilidade financeira do Fundo Orçamentário Especial e o número de interessados.
Planejamento e transparência
As duas portarias se baseiam no Programa Anual de Capacitação 2026 da PGE, já aprovado e previsto no Plano Plurianual 2024–2027, além da proposta orçamentária do Estado para o próximo ano. Os documentos destacam ainda a política de valorização profissional e a necessidade de promover gestão por competências e capacitação contínua.

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Acre
Acre tem sexta-feira de tempo instável e risco de chuvas fortes em todas as regiões do estado
Previsão indica clima abafado, alta umidade e precipitações pontuais, algumas intensas, de leste a oeste do Acre; temperaturas variam entre 22°C e 32°C.

Foto: Sérgio Vale


























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