Acre
Grupo de jovens no Acre cria movimento na contramão da política envelhecida do país
O grupo não tem sede própria. As reuniões são feitas nas casas dos próprios integrantes, sem espaço para discurso partidário.

No Acre, o movimento nasce relativamente robusto. Conta com 50 jovens de diferentes formações e ideias (Foto: Luciano Tavares)
Por Luciano Tavares
O movimento Acredito aposta em novas lideranças e surge em um contexto de descrédito dos partidos políticos no país. O movimento avança em 10 estados do Brasil, entre eles o Acre. Foi idealizado por jovens brasileiros que estudaram em Harvard.
No Acre, o movimento nasce relativamente robusto. Conta com 50 jovens de diferentes formações e ideias, mas ideias inovadoras que foge da prática da política envelhecida. O advogado Gabriel Santos e o estudante Jardel Cunha conduzem o Acredito local.
No sábado passado, eles foram às ruas do centro de Rio Branco e levaram mudas de plantas frutíferas para trocar com motoristas por lixo do carro. A boa prática ambiental foi bem aceita e elogiada nas redes sociais.
O grupo não tem sede própria. As reuniões são feitas nas casas dos próprios integrantes, sem espaço para discurso partidário.
Em entrevista ao ac24horas, Gabriel Santos explica o que é o Acredito e o trabalho do movimento no Acre no atual contexto político em ano eleitoral.
Leia a entrevista:
ac24horas: Em nível nacional o Acredito surge como uma alternativa ao modelo da política viciada. No Acre, essa é a ideia?
Gabriel: Sim. O objetivo do Acredito é fornecer uma alternativa para que pessoas se mobilizem e ocupem os espaços que antes não poderiam ocupar. Isso vai dos espaços públicos à política. O momento é de renovação e os movimentos que surgem no país têm um papel fundamental nesse processo.
ac24horas: Como chega o Acredito no Acre? Tem ligação com a Rede, partido que você integra?
Gabriel: O Acredito é um movimento suprapartidário. Ou seja, comporta pessoas que estão partidos políticos (em diversos deles) e pessoas que não estão. Ele está presente em 10 estados da federação, em todas as regiões do país. Não é um movimento da Rede. E sim da sociedade. Não negamos a importância dos partidos, mas defendemos que existe vida e participação social para além deles também.
ac24horas: O Acredito reúne apenas jovens?
Gabriel: De forma alguma. O Acredito é uma plataforma aberta, onde todos que queiram se engajar e dar sua parcela de contribuição para a sociedade são bem-vindos.
ac24horas: E essa bela ideia de trocar o lixo do carro por mudas… Quais as outras causas do Acredito?
Gabriel: A troca de lixo que estavam nos carros por uma mudinha de planta é, sobretudo, um ato simbólico. Mostra, primeiramente, que com pequenas ações podemos promover grandes mudanças e, além disso, conscientiza a população da importância da boa destinação do lixo, promovendo uma nova percepção ambiental. Nossa meta é fazer uma ação de conscientização por mês até dezembro. Cada mês um tema diferente. Mas não nos resumidos a ações simbólicas. Temos uma agenda com uma série de atividades para esse ano. Como por exemplo, um ciclo de palestras que promova o ensino básico de política institucional nas escolas.
ac24horas: Em um Estado como o nosso em que tudo parece ter a política partidária no meio, é possível ações sem envolver partidos?
Gabriel: Como disse, não negamos os partidos. Mas apesar de fazer parte de um, reconheço que são instituições burocráticas e à beira da falência da representatividade. É preciso criar novos mecanismos e espaços onde as pessoas estejam à vontade de dar sua contribuição sem se sentirem pressionadas ou preteridas.
ac24horas: O Acredito conversa sobre candidaturas?
Gabriel: Sim. O Acredito nasce com um propósito claro: renovar a maneira de se fazer política no país. E um dos meios mais eficientes de se fazer isso é potencializando candidaturas de jovens por todo país, que acreditem nos ideais democráticos da liberdade, igualdade e justiça. Pretendemos lançar 30 candidaturas nas 5 regiões do país, tanto para as assembleias legislativas, quanto para a Câmara Federal. Para uma pessoa ser escolhida como candidata do movimento, ela precisa ser submetida a rigoroso processo seletivo, firmando termos de compromisso de defender causas como o combate à corrupção, a defesa da transparência e da democracia.
ac24horas: Qual a visão de vocês sobre o atual modelo de gestão do Estado?
Gabriel: Acreditamos piamente que é preciso refundar a República com novas ideias e modelos de governança. Qualquer gestão que não tenha responsabilidade fiscal, que apele ao clientelismo e não fomente um espaço saudável para geração de renda está cometendo erros gravíssimos. É preciso olhar para aquilo que o Brasil tem de melhor para oferecer. Boas práticas na educação, saúde e segurança são necessárias e existem, basta saber procurá-las.
ac24horas: Onde estará o Acredito nas eleições? Participando do Fla x Flu político ou vai acompanhar tudo da arquibancada?
Gabriel: Nem na arquibancada, nem no Fla X Flu. Estará protagonizando a boa política. Ao lado daqueles que pretendem colocar seus nomes à disposição para lutar por um país mais justo, livre e democrático. E mais, estará fazendo o que faz hoje: continuar defendendo que política não se resume às eleições. E que participação cidadã não se resume ao voto. É preciso mais. É preciso intensificar a democracia e a forma que a sociedade lida com a política. É para que isso estamos aqui.

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Acre
Justiça determina que governo do Acre nomeie 20 policiais penais em Sena Madureira
De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP)

Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784). Foto: captada
Saimo Martins
A Vara Cível da Comarca de Sena Madureira determinou que o Governo do Acre convoque e nomeie, em até 30 dias, pelo menos 20 aprovados no concurso da Polícia Penal (Edital 001/2023 – SEAD/IAPEN) para atuarem na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). A decisão, assinada pelo juiz Caique Cirano de Paula, atende a pedido de tutela de urgência ajuizado pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) em Ação Civil Pública.
A medida foi tomada após uma série de inspeções do Ministério Público, através do promotor Júlio César Medeiros, da Defensoria Pública e do próprio Judiciário apontarem um cenário crítico na unidade prisional, marcado por déficit de servidores, violações de direitos básicos e risco iminente à segurança.
Déficit de servidores e violações de direitos básicos
De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP). Entre as violações identificadas estão a irregularidade no banho de sol — que chega a ocorrer apenas uma vez por mês — precariedade no fornecimento de água, problemas na qualidade da alimentação, ausência de equipe de saúde adequada e inexistência de Grupo de Intervenção, único caso no Estado.
Relatórios da Defensoria Pública e do Juízo da Execução Penal reforçaram a grave situação, caracterizada pelo Ministério Público como expressão local do Estado de Coisas Inconstitucional reconhecido pelo STF no sistema prisional brasileiro.
Concurso com vagas abertas e aprovados sem nomeação
O concurso da Polícia Penal previa 261 vagas, e 308 candidatos concluíram o curso de formação. No entanto, apenas 170 foram convocados até agora. Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784).
O diretor da unidade informou que seriam necessários, no mínimo, 30 novos servidores, sendo 16 para formação do Grupo de Intervenção e 12 para reforçar a equipe educacional.
Decisão determina ações imediatas
Na decisão, o juiz afirma que não há violação ao princípio da separação dos poderes, uma vez que o Judiciário apenas determina o cumprimento de obrigações legais já previstas. O magistrado destacou a urgência diante do risco à integridade física de internos e servidores, além das violações massivas de direitos fundamentais.
Segundo ele, o Ofício nº 7.499/SMCRI00, expedido pelo Juízo da Execução Penal e que estabeleceu prazos curtos para regularização do banho de sol, atendimento em saúde e fornecimento de água potável, evidencia a gravidade da situação. O juiz ressaltou que a normalização dessas atividades depende diretamente de efetivo de segurança suficiente para garantir a movimentação dos presos e a ordem interna. Ele apontou que a privação crônica de banho de sol, a ausência de assistência à saúde e as falhas no fornecimento de água elevam o risco de instabilidade interna a níveis perigosos. A falta de um Grupo de Intervenção, conforme observou o Ministério Público, transforma a UPEM em uma “bomba-relógio”, ameaçando a segurança de servidores, internos e da população. O magistrado concluiu que, diante do histórico de violência, rebeliões e evasões no sistema prisional acreano, o Poder Judiciário, provocado pelo Ministério Público e apoiado em recente atuação da Defensoria Pública, não pode se omitir frente à evidente falha do Poder Executivo na implementação das políticas penitenciárias necessárias.
O Estado deverá adotar uma série de medidas no prazo de 30 dias, conforme determinação judicial. Entre elas está a nomeação de pelo menos 20 policiais penais aprovados e formados no concurso, para atuação imediata na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). Também deverá ser criado e capacitado um Grupo de Intervenção, composto por no mínimo 16 policiais penais.
A decisão determina ainda que as vagas de estudo oferecidas aos internos sejam ampliadas de 40 para 80, além da obrigatoriedade de garantir banho de sol diário com duração mínima de duas horas, conforme prevê a Lei de Execução Penal (LEP). Outro ponto imposto é a regularização do fornecimento de água potável, que deverá ocorrer pelo menos três vezes ao dia, com horários fixos divulgados em todos os blocos da unidade.
O magistrado ainda determinou que o Estado realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, assegurando uma reserva técnica para situações emergenciais. Em caso de descumprimento das medidas, foi fixada multa diária de R$ 10 mil, limitada a 30 dias.
“Realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, a fim de garantir o fornecimento de água potável, no mínimo, três vezes ao dia aos internos, em horários fixos, com fixação do cronograma de liberação de água sendo afixado em todos os blocos, com manutenção de reserva técnica de água para situações emergenciais. Fixo, a título de astreintes, multa diária no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), limitada a 30 (trinta) dias”, diz a decisão.
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Acre
Acre tem 152 obras federais paradas, com R$ 1,2 bilhão paralisados durante governo Lula, aponta TCU
Dados atualizados até abril de 2025 mostram que saúde e educação concentram maior número de obras interrompidas; causas das paralisações não são detalhadas no painel do tribunal

O Ministério das Cidades reúne 31 obras suspensas, impactando projetos de habitação e urbanização. O DNIT contabiliza 12 interrupções em frentes relacionadas à malha viária e logística estadual. Foto: captada
O Acre convive com 152 obras federais paralisadas, que somam cerca de R$ 1,2 bilhão em investimentos represados, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU) atualizados até abril de 2025. As áreas de saúde e educação são as mais afetadas, com 50 e 32 obras interrompidas, respectivamente.
O levantamento, foi consultado na última quarta-feira (3), não detalha os motivos das paralisações, mas revela um cenário crítico para a infraestrutura e os serviços públicos no estado. No Ministério da Saúde, as obras paradas incluem unidades básicas, estruturas intermediárias e equipamentos que, se concluídos, ajudariam a desafogar o sistema hospitalar e ampliar o acesso à população.
Já o Ministério da Educação tem paralisadas 32 obras, como escolas, creches e outros equipamentos essenciais para regiões com carência de vagas e infraestrutura limitada.
Outros órgãos também aparecem com números expressivos: o Ministério das Cidades tem 31 obras suspensas (habitação e urbanização), e o DNIT contabiliza 12 paralisias que afetam a malha viária e a logística estadual. Completam a lista o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (11 obras), Ministério do Esporte (9), Funasa (3), Ministério da Agricultura e Pecuária (2), além do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e o Ministério do Turismo, com 1 obra cada.
A falta de detalhamento sobre as causas — que podem incluir entraves administrativos, questões jurídicas, falhas de execução ou falta de repasse de recursos — dificulta a análise e a busca por soluções para retomar investimentos essenciais ao desenvolvimento do estado.

A leitura das informações revela que os setores de saúde e educação, pilares essenciais do atendimento direto à população, concentram o maior número de obras interrompidas no estado. Foto: captada
O Ministério da Educação, com 32 obras que incluem escolas, creches e outros equipamentos educacionais. A interrupção desses projetos impacta diretamente a expansão da oferta de ensino e o atendimento a crianças e jovens em regiões onde a carência por infraestrutura permanece elevada.
O levantamento do TCU também aponta paralisações em outras pastas relevantes. O Ministério das Cidades acumula 31 obras interrompidas, incluindo projetos de urbanização e habitação. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) aparece com 12 obras, afetando frentes ligadas à malha viária e logística do estado.
Distribuição por pasta ministerial
- Saúde: 50 obras paralisadas (unidades básicas, estruturas intermediárias)
- Educação: 32 obras (escolas, creches, equipamentos de suporte)
- Cidades: 31 obras (habitação e urbanização)
- DNIT: 12 obras (malha viária e logística)
- Integração Regional: 11 obras
- Esporte: 9 obras
Impactos diretos
- Saúde: Sistema hospitalar não é desafogado
- Educação: Déficit de vagas e infraestrutura permanece
- Logística: Transporte de insumos e atendimento a municípios isolados comprometido
Falta de transparência
- Causas: Painel não detalha motivos das paralisações
- Entraves: Dificuldade em identificar problemas administrativos, jurídicos ou financeiros
Apesar do impacto econômico e social gerado pela interrupção dos investimentos, o painel do TCU não detalha os motivos que levaram cada projeto à condição de paralisação, deixando abertas questões sobre problemas contratuais, falhas de execução, falta de repasses ou entraves administrativos.
As paralisações refletem um problema crônico na execução de obras públicas no Acre, estado historicamente dependente de investimentos federais. A falta de explicações oficiais sobre as causas das interrupções dificulta a busca por soluções e prolonga o sofrimento da população que aguarda por serviços essenciais.
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Acre
Prefeito de Rio Branco anuncia Natal com árvore maior, drone show e iluminação em LED em todas as regionais
Tião Bocalom apresentou as novidades do “Acender das Luzes do Natal de Vida, Esperança e Dignidade 2025” e garantiu decoração em bairros e programação cultural intensa, com Festival de Drones marcado para 20 de dezembro

Bocalom também adiantou que o município prepara atividades especiais para o Réveillon, mantendo o padrão dos anos anteriores. Foto: captada
O prefeito Tião Bocalom apresentou, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (5) na Praça da Revolução, as principais novidades da decoração e programação natalina de Rio Branco para 2025. Com o tema “Natal de Vida, Esperança e Dignidade”, o evento trará iluminação em LED e uma árvore de Natal 4 metros maior que a do ano passado.
— Agora trabalhando com muito LED. A nossa árvore de Natal esse ano tem 4 metros a mais do que o ano passado. A população vai ver, vai ficar muito bonito — afirmou Bocalom.
A iluminação não se restringirá ao Centro: todas as dez regionais da cidade receberão itens decorativos reutilizados de anos anteriores, e avenidas importantes serão embelezadas com novos equipamentos. O prefeito relacionou o investimento ao espírito natalino e ao compromisso da gestão com a população.
A programação cultural prevê cantatas, corais locais, artistas regionais e, como ponto alto, o Festival de Drones, marcado para o dia 20 de dezembro.
— Eu prefiro gastar o dinheiro com o Festival de Drones, que tem o quê? 3, 4 anos que o mundo conheceu esse trabalho, do que gastar com um artista só que sempre está vindo aqui para o Acre levando o nosso dinheiro embora — declarou Bocalom.
As luzes natalinas permanecerão acesas até 10 de janeiro, e o município prepara também atividades especiais para o Réveillon. Sobre o transporte público durante o período festivo, o prefeito adiantou que a gestão divulgará em breve os detalhes para garantir mobilidade e segurança.

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