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Exclusivo: Lava Jato queria prender Gilmar Mendes e Toffoli, diz hacker à CNN
O hacker contou que acessou os celulares do presidente Jair Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do vereador pelo Rio Carlos Bolsonaro. Disse que pouco viu ali, uma vez que eles direcionavam as conversas para um chat privado.

Por Caio Junqueira, CNN
O hacker Walter Delgatti Neto afirmou, em entrevista exclusiva ao CNN Séries Originais, que a Operação Lava Jato tinha por objetivo prender os ministros do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli e Gilmar Mendes.
“Eles queriam. Eu não acho, eles queriam. Inclusive Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Eles tentavam de tudo pra conseguir chegar ao Gilmar Mendes e ao Toffoli, eles tentaram falar que o Toffoli tentou reformar o apartamento e queria que a OAS delatasse o Toffoli, eles quebraram o sigilo do Gilmar Mendes na Suíça, do cartão de crédito, da conta bancária dele, eles odiavam o Gilmar Mendes, falavam mal do Gilmar Mendes o tempo todo.”
Delgatti ficou conhecido como o hacker de Araraquara (SP), após ter divulgado conversas privadas de procuradores com o ex-juiz Sergio Moro, em meados do ano passado. A entrevista exclusiva para o programa CNN Séries Originais foi exibida neste domingo (20).
Delgatti disse também que, pelas conversas dos ministros do Supremo, era possível concluir que alguns deles queriam ajudar a operação.
“O [ministro do STF Luís Roberto] Barroso, eles tinham um laço bem próximo. O Barroso e o Deltan [Dallagnol, ex-procurador da Lava Jato] conversavam bastante, (sobre) vida pessoal. Inclusive o Barroso, em conversas, auxiliava o que colocar na peça, o que falar. Um juiz auxiliando, também, o que deveria fazer um procurador.”
Conversas eram apagadas
Delgatti relata que acessou o celular de quatro ministros do STF. No de Alexandre de Moraes não havia mensagens.
“Ele apagava tudo. Tive acesso também ao e-mail dele, tinha, inclusive, o livro novo dele. Eu apenas baixei o livro para ler, mas…. Tinha conversas em e-mail, mas era entre eles [ministros do STF], era conversa de processo, que não tinha interesse. Era conversa formal. Acredito que era, inclusive, o assessor dele que mandava o e-mail, não ele. Já quanto ao Telegram, não tinha conversa nenhuma, ele apagava todas.”
O hacker contou também que acessou, na mesma madrugada, os celulares do presidente Jair Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do vereador pelo Rio Carlos Bolsonaro.
Disse que pouco viu ali, uma vez que eles direcionavam as conversas para um chat privado.
“As conversas deles eram apagadas. Eles apenas diziam que era para ir para o chat secreto, pois o chat secreto. Uma pessoa que acessa a sua conta não consegue acessar a conversa do chat secreto.”
Sem pagamento por mensagens
O hacker afirmou que ninguém pagou pelas mensagens capturadas.
“Não, ninguém pagou. No começo, eu até pensei [em ganhar dinheiro com as mensagens], para ser bem sincero. Mas comecei a entender o que eu estava fazendo. A Manuela [d’Ávila, ex-deputada federal], assim que eu comecei a conversa com ela, ela perguntou: ‘o que você quer por isso? Quanto você quer por isso?’ Eu disse que não queria nada em troca e que ia enviar, e queria apenas justiça. Foi quando ela me passou o contato do Glenn [Greenwald, jornalista americano fundador do site The Intercept, que divulgou trechos das conversas hackeadas].”
Delgatti diz que Glenn nunca ofereceu dinheiro pelas mensagens.
Ele conta ainda que chegou ao jornalista Gleen Greenwald por meio de Manuela d’Ávila.
“Eu enviei um áudio da conversa que é a voz de um procurador falando coisas irregulares. Ela ouviu esse áudio, foi quando ela teve interesse. Lembro que ela não respondia. Enviei o áudio e fui tomar café da manhã. Quando eu voltei, tinha 25 ligações dela. Desesperada.”
Famosos hackeados
Depois do primeiro acesso, o hacker conta ter ficado obcecado em acessar a todo instante as mensagens.
“Essa época eu estava sem dormir, eu estava empolgado com tudo e fiquei cego, comecei a enxergar somente isso. Eu pensava nisso, eu sonhava com isso, eu acordava pensando nisso, eu fazia isso, eu ia para a aula com o celular, com o Telegram conectado, lia conversas.”
Relata ainda ter acessado celulares de personalidades. “Que eu me recordo: Neymar, William Bonner, Ana Hickman, Luciana Gimenez. Muitos eu não me lembro agora.”
Foco não era Lava Jato
O hacker afirma também que o foco do hackeamento, no começo, nunca foi a Lava Jato.
“Eu não tinha como foco a Lava Jato. Se eu tivesse, teria conseguido antes. A Lava Jato seria o último lugar que eu pensei que ia encontrar irregularidades. Eu pensava: ‘Aqui tem, mas a Lava Jato não vai ter!”
Após acessar os celulares dos investigadores, conta sua frustração: “Quando eu tive acesso, acabei me decepcionando, vi que o crime estava sendo cometido entre eles.”
Para Delgatti, o foco da operação Lava Jato sempre foi o ex-presidente Lula.
“O foco era o Lula, mas os empresários, também, e outros políticos, ou diretores da Petrobras que eles mantinham presos até a pessoa falar. Exemplo: o Léo Pinheiro. Eles falavam: ‘Se ele enviar, fizer a delação e não falar do Lula, não será aceita’. Tinha conversa assim.”
Nega, contudo, interesse político na divulgação. “No começo não [tinha interesse político]. Quando eu vi o que fizeram com o ex-presidente Lula, que eu vi que era uma injustiça e entendi que ele estava preso como eu fiquei preso em Araraquara, eu pensei. Exemplo: o fato que o prendeu não existe. Foi a mesma coisa que fizeram comigo.”
Pressão para delatar
Após sua prisão, Delgatti detalha que sofreu pressão para fazer delação premiada.
“Fui pressionado o tempo todo. Desde o primeiro dia. O delegado falava: ‘Olha, faça uma delação, conte a verdade, vamos esclarecer isso que eu te solto’. Eles davam a entender que a delação, caso eu fizesse, só seria homologada se eu falasse do Glenn. Todas as vezes, eles queriam que eu falasse do Glenn.”
Crises na vida pessoal
Sobre sua vida pessoal, Delgatti conta ter sofrido muito por ter sido abandonado pela mãe.
“Eles [os pais] se separaram e eu fui morar com a minha avó materna. Essa briga de quem fica, quem não fica, como se fosse uma peteca, e ela [a mãe] acabou me colocando na casa da minha vó, no portão da minha avó, com mala e tudo, com roupa, e eu fiquei lá. Acabei ficando lá por compaixão. Com o tempo e depois, com 19, 20 anos, indo em psicólogos e psiquiatras, eles disseram que abalou muito, que afetou muito a minha personalidade. Eu não converso com a minha mãe, até hoje, eu não consigo conversar com ela. Eu vejo ela e saio correndo. Me dá um pânico e eu saio correndo, eu não posso ver ela, seria como se ela fosse um inimigo gigantesco.”
Sobre sua rotina, ele diz que toma remédios porque tem crises de pânico e transtorno de déficit de atenção.
“Começo a ler, eu li uma página, a segunda, na terceira eu esqueci a primeira. Com a medicação, eu consigo resolver isso. Fico muito hiperativo, eu não consigo falar, eu penso muito mais rápido do que eu falo, eu travo na hora de falar. Mexo a perna, o braço, e não consigo ficar parado. Tem tudo isso. Fora isso, tem a questão do pânico.”
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Brasil
Brasil alcança a liderança global na produção de carne bovina em 2025, segundo o USDA
Resultado reflete o fortalecimento contínuo do sistema nacional de defesa agropecuária, conduzido pelo Mapa, com destaque para a criação do Banco Brasileiro de Antígenos da Febre Aftosa
O Brasil foi reconhecido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) como o maior exportador de carne bovina do mundo em 2025. A conquista reflete o fortalecimento contínuo do sistema nacional de defesa agropecuária, conduzido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que investiu em:
- prevenção estratégica
- vigilância sanitária; e
- ampliação da força de trabalho.
O marco ocorre após o reconhecimento internacional do país como livre de febre aftosa sem vacinação, certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Para o ministro Carlos Fávaro, “a força desse sistema permite conquistas históricas. Ser reconhecido pelo USDA como o maior produtor mundial de carne bovina é um orgulho brasileiro”.
Os resultados refletem a adoção de medidas estruturantes que elevam o nível de segurança sanitária da produção agropecuária, ampliam o acesso a mercados internacionais e fortalecem a confiança do Brasil junto a parceiros comerciais mais exigentes.
Medidas
Entre as principais iniciativas está a criação do Banco Brasileiro de Antígenos da Febre Aftosa, medida que fortalece a capacidade de resposta rápida a eventuais emergências sanitárias. O repositório assegura a disponibilidade imediata de antígenos para a produção de vacinas, caso necessário, em consonância com as práticas internacionais recomendadas pela OMSA.
Além da prevenção, o Mapa avançou no reforço das ações de fiscalização e inspeção sanitária. Portarias publicadas no Diário Oficial credenciaram as primeiras empresas para apoiar atividades de inspeção ante mortem e post mortem em animais destinados ao abate. Os serviços serão executados por médicos-veterinários contratados, sob supervisão de auditores fiscais federais agropecuários (AFFAs), sem alteração das competências legais do Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Paralelamente, o Ministério promove a convocação de novos servidores aprovados em concurso público, para fortalecer a presença do Estado em ações de vigilância e controle sanitário em todo o país.
“Isso mostra a robustez do sistema, mostra que o Brasil está preparado, porque as crises sanitárias são cada vez mais recorrentes”, ressaltou Fávaro.
Banco Brasileiro de Antígenos da Febre Aftosa
A implantação do Banco Brasileiro de Antígenos da Febre Aftosa representa um avanço estratégico na biossegurança e na proteção da pecuária nacional. O repositório segue recomendações da OMSA e conta com parcerias do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e da empresa argentina Biogénesis Bagó.
“Estamos fazendo a nossa parte ao investir no banco de antígenos. É um investimento que garante a continuidade de um processo extraordinário que o Brasil conseguiu alcançar”, afirmou o ministro Carlos Fávaro.
Segundo o presidente do Tecpar, Eduardo Marafon, “a criação do banco brasileiro de antígenos evidencia a nossa marca de prevenção, precaução e atenção permanente à agropecuária brasileira. O modelo adotado é moderno e eficiente, ao garantir a manutenção de um estoque estratégico de antígenos”.
Com investimento de R$ 48 milhões, a iniciativa prevê a produção de até 10 milhões de doses, capazes de viabilizar de imediato a fabricação de vacinas em situações emergenciais e assegurar a distribuição ágil conforme demanda do Mapa. “Este é um sonho que sonhamos há muito tempo, cuidadosamente planejado e agora executado”, destacou o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart.
Os antígenos produzidos serão submetidos a rigorosos testes de controle de qualidade, sob supervisão do Governo Federal, a fim de assegurar eficácia, segurança e confiabilidade do material armazenado.
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Brasil
Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 62 milhões neste sábado

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O concurso 2.954 da Mega-Sena sorteia na noite deste sábado (20) prêmio estimado de R$ 62 milhões. Ninguém acertou as dezenas no sorteio passado, realizado na quinta-feira (18).
As apostas podem ser feitas até as 20h (horário de Brasília) de hoje, em qualquer lotérica do país ou pela internet, no site ou aplicativo da Caixa.
Para o bolão, o sistema fica disponível até as 20h30 no portal Loterias Caixa e no aplicativo Loterias Caixa.
A aposta simples, com seis dezenas, custa R$ 6.
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Brasil
TST determina manutenção de 80% do efetivo durante greve dos Correios

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
A ministra Kátia Magalhães Arruda, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), determinou nesta sexta-feira (19) que os trabalhadores dos Correios mantenham 80% do efetivo em atividade durante a greve da categoria, iniciada na última terça-feira (16).
A medida liminar foi concedida a pedido da estatal contra os sindicatos que representam os funcionários. Em caso de descumprimento, será aplicada multa diária de R$ 100 mil por sindicato.
A greve está concentrada em nove estados (Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
No entendimento da ministra, o serviço postal tem caráter essencial e não pode ser paralisado totalmente. Além disso, Katia Arruda ressaltou que a greve foi deflagrada em meio ao dissídio coletivo que tramita no TST.
Os funcionários reivindicam a aprovação de um novo acordo coletivo de trabalho, reajuste salarial e soluções para a crise financeira da estatal, que vai precisar de um empréstimo de R$ 12 bilhões, garantidos pelo Tesouro, para cobrir os recentes prejuízos.
Os Correios informaram que todas as agências estão abertas e que a empresa adotou medidas de contingência para minimizar os impactos para a população.


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