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Estados da Região Norte têm maior proporção de déficit habitacional

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Três estados da Região Norte lideram o ranking de unidades da federação com maior proporção de déficit habitacional em relação ao total de domicílios. Levantamento da Fundação João Pinheiro (FJP), em parceria com o Ministério das Cidades, com base em dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o Amapá lidera a lista, com 18% de déficit.

Em seguida, aparecem Roraima (17,2%) e Amazonas (14,5%). O déficit habitacional representa a quantidade de imóveis ocupados que estão em situação precária, em que há diferentes famílias dividindo residências ou nas quais o pagamento de aluguel nas cidades representa ônus excessivo para o morador.

Em cada um desses estados, o principal motivo para o déficit é diferente. Enquanto no Amapá a maioria dos casos envolve habitação em situação precária, no Amazonas, a coabitação é o principal problema (apesar da situação precária também ser muito relevante). Em Roraima, o problema é o ônus com o aluguel.

“Esses problemas acabam se acumulando nos estados do Norte, onde a produção de moradias e o padrão de urbanização muitas vezes acabam sendo as habitações precárias, como as palafitas. O modelo de produção habitacional sem divisão de cômodos puxa a questão da coabitação. E, por fim, nas capitais, acaba tendo muito problema do ônus dos aluguéis”, explica o pesquisador da Fundação João Pinheiro Gabriel Lacerda.

Com exceção do Tocantins (8,2%), todos os demais estados da Região Norte têm proporção de déficit superior a 10%. Fora da região, apenas o Maranhão (14,4%, a quarta maior proporção nacional) e o Piauí (11,5%) superam esse patamar.

Por outro lado, os estados com menor proporção de déficit entre o total de domicílios são o Rio Grande do Sul (5,9%), Espírito Santo (6,3%) e Pernambuco (6,3%). A média nacional, divulgada em abril, é de 8,3%. 

Em números absolutos, o país tem 6,22 milhões de domicílios em situação de déficit. Mais da metade desse déficit, 3,24 milhões (52,2%), se devem ao ônus excessivo com aluguel urbano, ou seja, quando a renda domiciliar é de até três salários mínimos e o pagamento pela moradia corresponde a mais de 30% dessa renda.

O restante do déficit é explicado por habitações precárias (1,68 milhão ou 27,1%) e por coabitação, ou seja, mais de uma família por domicílio ou mais de duas pessoas por dormitório (1,29 milhão ou 20,8%).

“Um caminho mais óbvio para enfrentar o déficit é a provisão de moradias. Mas não é suficiente. A gente precisa entender que um programa de larga escala como é, por exemplo, o Minha Casa. Minha Vida, não dá conta do problema”, afirma Raquel Ludermir, gerente de Incidência em Políticas Públicas da Habitat para a Humanidade Brasil.

Segundo ela, o Minha Casa, Minha Vida tem meta de 2 milhões de moradias, abaixo do déficit de mais de 6 milhões. Para Raquel, é preciso investir também na melhoria de habitações já existentes.

“São pessoas que estão em situação já consolidada, em domicílios próprios e que precisam, seja de implementação de infraestrutura, seja de melhorias nas edificações, seja de regularização fundiária”.

Em relação ao ônus excessivo dos aluguéis, Raquel explica que há grande concentração de imóveis nas mãos de poucas pessoas. “Aqui a gente remonta a uma questão histórica, à concentração de terras no Brasil e como isso se desdobra hoje no mercado imobiliário. Por um lado, é preciso falar de regulação do mercado de aluguel. Por outro lado, há um desafio muito importante que é a quantidade de imóveis ociosos, vazios e subutilizados. Há mais de 11 milhões de domicílios vagos no Brasil”.

Coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Rud Rafael também chama a atenção para o grande número de domicílios vazios no país.

“O Censo de 2010 apontava que o país tinha 6,07 milhões de imóveis vagos e 5,8 milhões de famílias precisando de moradia. Esse abismo se aprofundou de 2010 a 2022, com 11,4 milhões de domicílios vazios [em 2022], um crescimento de 87%, e o déficit indo a 6,2 milhões, o que mostra um crescimento de aproximadamente 8%. Então, houve certo controle do aumento do déficit e uma escalada vertiginosa do crescimento dos domicílios vagos”.

As unidades da federação com maiores números absolutos de déficit habitacional são os estados de São Paulo (1,25 milhão ou cerca de 20% do total nacional), Minas Gerais (557 mil) e Rio de Janeiro (544 mil). Apesar disso, todos têm a proporção menor que a média nacional, de 8,3%: São Paulo (7,5%), Minas (7,2%) e Rio (8,2%).

Em nota, o Ministério das Cidades informa que os dados da pesquisa são de alta relevância para balizar o desenho da política habitacional do governo federal e auxiliar no direcionamento adequado dos recursos públicos em apoio à população de renda mais baixa do país.

O estudo reforça a importância da retomada de investimentos públicos no setor por meio de políticas públicas como o Programa Minha Casa Minha Vida, acrescenta a nota.

“Nota-se que, desde 2023, com a retomada do MCMV, o atual governo, para enfrentar o déficit habitacional no país, já selecionou a construção de mais de 300 mil moradias subsidias com recursos da União e financiou outras 636 mil casas, ou R$ 93,6 bilhões, por meio do FGTS”, informa a nota.

Fonte: EBC GERAL

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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau

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Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada 

A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.

A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.

Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.

A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.

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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal

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Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada 

O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.

O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.

Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).

As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.

Assinatura eletrônica

O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.

A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.

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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho

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Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada 

Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.

Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.

O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.

Veja vídeo:

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