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Especialista em neurociência: ‘Criança tem que passar mais tempo brincando do que com telas’
Quando a criança brinca de casinha, futebol, ela aprende a interagir e a usar sua memória, desenvolver sua linguagem e socializar, por exemplo. É necessário ter mais tempo destinado às brincadeiras analógicas do que à tecnologia.
Mesmo para uma geração que aprende a lidar com as telas antes mesmo de falar, a revolução tecnológica pode esperar a idade correta, diz Katia Chedid. A especialista em neurociência aplicada à educação da Fundação Bradesco atenta ainda para os benefícios das brincadeiras analógicas e do afeto na primeira infância. Ela é uma das convidadas do Festival LED, realizado pela Globo e Fundação Roberto Marinho, em parceria com a Editora Globo e apoio da Fundação Bradesco. O evento será sexta e sábado, com transmissão aberta do Globoplay.
Se o futuro terá cada vez mais tecnologia e telas, não é razoável pensar que é natural que as crianças tenham que aprender a lidar com elas?
Sim, é natural, mas vale seguir as recomendações da OMS, que sugere o uso de telas só depois de 2 anos de idade, começando com 1h por dia. E vai aumentando esse tempo conforme a criança cresce. Mas você vai encontrar autores que dizem que até os seis anos não deveria ter nenhum tempo de tela. E vale lembrar: temos que contar com o tempo que eles já mexem com telas no dia a dia. O uso da TV, por exemplo, já é uso de tela.
Que ganhos cognitivos estão associados a brincadeiras analógicas?
Quando a criança brinca de casinha, futebol, ela aprende a interagir e a usar sua memória, desenvolver sua linguagem e socializar, por exemplo. É necessário ter mais tempo destinado às brincadeiras analógicas do que à tecnologia.
Como estimular isso num mundo tão conectado?
Os pais devem ofertar tintas, papéis, lápis de cor, massinhas, a criança pode e deve brincar com brinquedos não-estruturados, como quando amarra dois gravetos e cria uma boneca ou usa uma caixa de papelão para fazer um carrinho. Tudo isso trabalha criatividade e imaginação. Quanto mais ela tiver o que fazer, o que criar, melhor.
Como as telas impactam o desenvolvimento cerebral?
A criança recebe todo estímulo de cores e informações pelo uso de telas por um período, mantém aquela excitação da liberação dos neurotransmissores, e depois que a tela é retirada e ela vai brincar, essa atividade passa a não ter tanta graça. Ela fica entediada e deixa de desenvolver as funções cognitivas e habilidades socioemocionais que são adquiridas durante as atividades analógicas.
Está sendo muito difundido a ideia de educação respeitosa. Uma das técnicas é dar opções para crianças. Em vez de mandar arrumar o quarto, o pai oferece a possibilidade de arrumar agora ou pouco tempo depois. Isso tem amparo na neurociência?
Não conheço um estudo tão específico para essa situação, mas é uma forma bastante interessante de ensino e de modelos de respeito. A ação terá que ser feita, mas você respeita o tempo ou o como fazer, dando opções sempre limitadas.
Esse é um modelo permissivo?
Não. Ele não deixa brecha para escolher entre o fazer ou não. E não é também uma ordem direta, que às vezes é até agressiva: “você tem que arrumar seu quarto”. É uma forma mais negociada de como fazer ou quando fazer. Algo que dá margem para escolha da criança, mas os deveres em si não são negociáveis. Ela não diz “você pode não arrumar seu quarto”. Na verdade, ela dá escolha de quando e como.
Qual o impacto do afeto na primeira infância?
As pesquisas mostram que receber mais afeto, por pais e professores, na primeira infância gera melhor desempenho acadêmico e adultos mais felizes, com menos índices de ansiedade e depressão.
O que é afeto na escola?
É o professor acreditar nos alunos, fortalecendo esses estudantes com base na realidade deles, ter expectativas justas para crescimento, sem rótulos ou limitações. No fim, é o vínculo e a segurança que um grupo de professores traz para o aluno que o ajuda a aprender.
Algumas pesquisas têm apontado a pausa como fundamental para a aprendizagem. Como aplicar isso em sala de aula?
Estudos dizem que a gente presta no máximo 20 minutos de atenção. Com o uso excessivo de telas, isso caiu para 7 minutos atualmente. Prestar atenção é algo que se aprende e deve ser ensinado. Mas é necessário, depois desse esforço, ter as pausas para o cérebro. E é isso que pode acontecer nas aulas. Não é ficar sem fazer nada, é fazer alguma atividade diferente, intercalar atividades, como 20 minutos de um exercício mais focado, uma leitura, e depois 5 a 10 minutos de atividades mais lúdicas e assim garantir que seu aprendizado seja melhor. São pausas curtas, não necessariamente é preciso um intervalo maior.
O que uma boa creche tem?
Material que estimule a coordenação motora, professores que se vinculem aos alunos e sejam respeitosos, um lugar que proporcione a saúde mental, crescimento e desenvolvimento, além de música, comida saudável e um lugar confortável para dormir.
E o que não pode ter?
Pessoas estressadas, só passar conteúdo achando que as crianças não precisam ter horário de brincadeira, não ter horário reservado para sono, não ter comida saudável, não entender a criança de forma individual e coletiva.
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PRF prende homem com 6 mil maços de cigarro contrabandeados após perseguição na BR-317, em Rio Branco
Suspeito tentou fugir a pé, invadiu casas e comércios, mas foi detido após cerco; carga veio da fronteira com a Bolívia

Na vistoria do veículo, foram encontradas caixas contendo cigarros contrabandeados, totalizando seis mil maços. O automóvel e o material apreendido foram recolhidos. Foto: captada
Um homem foi preso na última terça-feira (16) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) após ser flagrado transportando 6 mil maços de cigarros de origem estrangeira na BR-317, em Rio Branco. A carga, vinda da fronteira com a Bolívia, foi descoberta durante ação de fiscalização que resultou em perseguição e fuga do condutor.
Ao avistar a viatura, o motorista desobedeceu à ordem de parada e fugiu em alta velocidade, parando cerca de 1 km depois para tentar escapar a pé. Ele invadiu estabelecimentos comerciais e residências, mas foi localizado e contido após cerco das equipes. O veículo e os cigarros foram apreendidos.
O detido e os produtos foram encaminhados à Polícia Federal em Rio Branco, onde foram adotados os procedimentos legais. Além do crime de contrabando, também foi registrada a violação de domicílio, em razão da invasão de imóveis durante a fuga. A PRF divulgou o caso nesta quinta-feira (18).
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Frentista reage a assalto, é baleado de raspão na cabeça e sobrevive em posto de combustíveis de Rio Branco
Crime ocorreu no bairro Joafra; vítima foi socorrida pelo SAMU e estado de saúde é estável

O frentista Francisco Alcimar Lima de Oliveira, de 36 anos, ficou ferido após reagir a uma tentativa de assalto na noite desta quarta-feira (17), em um posto de combustíveis localizado na rua Lua, no bairro Joafra, em Rio Branco.
De acordo com informações apuradas no local, por volta das 21h30, um casal chegou ao Auto Posto Joafra em uma motocicleta e parou ao lado de uma das bombas, simulando ser cliente. Logo em seguida, o condutor anunciou o assalto. Durante a ação criminosa, o frentista reagiu e entrou em luta corporal com os suspeitos, vindo a cair sobre a motocicleta usada na fuga.
No meio da confusão, um disparo de arma de fogo foi efetuado e atingiu Francisco de raspão na cabeça. Após o tiro, os criminosos fugiram do local sem levar dinheiro ou qualquer objeto, tomando rumo desconhecido.
Mesmo ferido, o frentista conseguiu caminhar até a loja de conveniência do posto, onde pediu ajuda. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado e enviou uma ambulância de suporte avançado. A vítima recebeu os primeiros socorros no local e foi encaminhada ao Pronto-Socorro de Rio Branco.
Segundo a equipe médica, Francisco deu entrada na unidade hospitalar com estado de saúde estável. Policiais Militares do 1º Batalhão estiveram no local, colheram informações sobre os suspeitos e realizaram buscas na região, mas ninguém foi preso.
A ocorrência foi registrada e o caso será investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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Justiça autoriza retorno de envolvido em rebelião ao presídio do Acre

A Justiça Federal autorizou o retorno do detento Cleidivar Alves de Oliveira ao sistema prisional do Acre, após reavaliar o prazo inicialmente fixado para sua permanência no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Segundo a reportagem da TV 5, a transferência foi realizada de forma sigilosa e com esquema de segurança reforçado, em aeronave da Polícia Federal, sob escolta de agentes penitenciários federais. Por determinação judicial, Cleidivar foi encaminhado novamente ao presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves, localizado na capital do estado.
Cleidivar Alves de Oliveira estava entre os 14 detentos transferidos para presídios federais em 27 de setembro de 2023, após a rebelião registrada em junho do mesmo ano no presídio de segurança máxima do Acre. O motim durou cerca de 15 horas e resultou na morte de cinco internos, sendo dois deles decapitados.
Segundo as investigações policiais, o grupo transferido foi apontado como responsável pela rebelião. Conforme a denúncia, Cleidivar, apontado como líder da facção, teve participação ativa na organização e execução do motim. Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Acre por cinco homicídios, além do envolvimento direto na rebelião.
Com o retorno de Cleidivar ao sistema prisional acreano, a expectativa das autoridades é que outros detentos também sejam reconduzidos ao estado. A exceção são Rogério Mendonça e Davidson Nascimento, que fugiram do presídio federal de Mossoró em fevereiro do ano passado e só foram recapturados após cerca de 50 dias de buscas intensas.

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