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Desmazelo arquitetônico: o desastroso PPCub aprovado e que ameaça o futuro de Brasília

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Desmazelo arquitetônico: o desastroso PPCub aprovado e que ameaça o futuro de Brasília
Caio Barbieri

Desmazelo arquitetônico: o desastroso PPCub aprovado e que ameaça o futuro de Brasília

O que seria para garantir segurança do tombamento do projeto original de Lúcio Costa, o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília, conhecido como PPCub , acabou desagradando e virou alvo de críticas e polêmicas na capital federal.

A recente aprovação do novo texto pela Câmara Legislativa ( CLDF ), no dia 19 de junho, gerou controvérsias e preocupações, uma vez que, segundo os críticos, o plano vai de encontro aos princípios arquitetônicos e urbanísticos que nortearam a construção da cidade e que, ainda hoje, garantem qualidade de vida aos moradores da região central da cidade.

Dentre as principais críticas ao novo PPCub está o aumento do gabarito dos hotéis na região das asas Norte e Sul, permitindo a construção de edifícios com até 12 andares em terrenos onde até então recebem prédios de até três andares.

Essa mudança tem gerado preocupações quanto ao impacto no trânsito e na infraestrutura da região, além de levantar questões sobre a especulação imobiliária e a perda da identidade arquitetônica de Brasília.

Além disso, a autorização para construções em lotes no setor Oeste do Eixo Monumental tem gerado debates intermináveis, especialmente em relação à destinação de áreas verdes e à preservação do cerrado. A expansão urbana desenfreada e a falta de planejamento têm sido duramente criticadas por urbanistas, arquitetos e ambientalistas.

A situação se agrava com a possível perda de vegetação do cerrado às margens do Lago Paranoá, onde novos empreendimentos imobiliários estão previstos para serem construídos, com possibilidades de moradia e até de hospedagens em flat service . Há ainda a possibilidade do funcionamento de funerárias em postos de combustíveis na área central, inclusive nos eixinhos Norte e Sul, e a regularização de hotéis, pousadas e motéis nas vias W3, o que é completamente refutado pelos moradores da região.

A falta de regulamentação e fiscalização por parte das autoridades locais tem sido apontada como um dos principais problemas na gestão do crescimento urbano da capital. Além disso, o texto aprovado, também potencializa os poderes do Governo do Distrito Federal (GDF) em definir os critérios para a mudança das destinações das áreas, como a instalação de comércio dos setores de embaixadas, até então exclusivos para atividades de países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas.

Aprovado com uma ampla maioria, embora sem unanimidade, o texto segue agora para a sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB), que analisará ponto a ponto das mudanças aprovadas pelos distritais a partir do texto original encaminhado pelo Executivo local.

Ao GPS|Brasília , durante entrevista, o emedebista revelou ter a intenção de vetar alguns dos pontos polêmicos, como motéis na W3, a construção de um camping no fim da Asa Sul e ainda a exploração econômica de terrenos nas proximidades do Eixo Monumental. Contudo, Ibaneis defendeu o aumento de gabarito dos hotéis no centro de Brasília.

“Nada acontecerá sem um estudo de impacto, especialmente que contemplem estacionamentos subterrâneos”, disse. O chefe do Palácio do Buriti também adiantou que haverá a cobrança da Outorga Onerosa de Alteração de Uso (Onalt), para que os proprietários não sejam beneficiados com a possível supervalorização dos terrenos, caso a medida seja sancionada.

Integrantes da oposição anunciaram, recentemente, que devem questionar na Justiça o novo texto aprovado pela Câmara Legislativa (CLDF). Dentre os argumentos, a aprovação célere, a falta de tempo para analisar cada uma das emendas apresentadas e, ainda, a ameaça ao tombamento da capital federal, com o título dado, em 1989, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Os críticos e defensores da preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília ainda apontam que o texto atual, da forma como foi aprovado, favorece apenas a especulação imobiliária e também coloca em risco a qualidade de vida, o meio ambiente e, especialmente, o acesso da população ao Lago Paranoá, por exemplo.

Com a caneta na mão, Ibaneis Rocha decidirá o futuro de Brasília, que depende de um planejamento urbano responsável e comprometido com a preservação da nossa história, da identidade original e, claro, da necessidade inegável de se garantir um ambiente saudável e seguro para as futuras gerações brasilienses.

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Fonte: Nacional

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Saúde e nutrição com Clayton Camargos: seis benefícios do abacate

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Saúde e nutrição com Clayton Camargos: seis benefícios do abacate
Clayton Camargos

Saúde e nutrição com Clayton Camargos: seis benefícios do abacate

Esqueça a maçã: um abacate por dia pode realmente manter o médico longe de você! Quer prefira espalhá-la no pão integral, misturá-lo na salada ou comê-la inteira com um pouco de sal, essa fruta é repleta de benefícios para a saúde, além de ser delicioso.

Eis 06 benefícios do abacate, de acordo com a ciência:

1. Podem auxiliar à diminuição do risco de doenças cardiovasculares:

Um estudo publicado em abril de 2022, no Journal of the American Heart Association, descobriu que aqueles que comiam ao menos duas porções de abacate por semana tinham um risco 16% menor de doenças cardiovasculares frente aos não consumidores. Esses participantes também tiveram um risco menor de abrir quadros de doenças coronarianas.

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35352568/

2. Podem beneficiar à saúde intestinal:

Estudo publicado em 2021, no Journal of Nutrition, examinou o impacto dos abacates ao intestino humano, e concluiu que os participantes consumidores de um abacate por dia tinham uma maior concentração de enterobactérias saudáveis, além de uma flora mais diversa e com maior capacidade de conter processos inflamatórios e doenças crônicas não transmissíveis.

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32805028/

3. Podem ajudar a reduzir a gordura intra-abdominal visceral:

Um estudo de 2021, publicado por pesquisadores da Universidade de Illinois, registrou que mulheres que consumiam uma abacate por dia tiveram redução em sua gordura abdominal visceral profunda. Uma quantidade elevada desse tipo de tecido adiposo regionalizado pode aumentar o risco de diabetes tipo II, tornando essa redução significativa.

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34191028/

4. Podem manter baixos os níveis de LDL:

Em 2019, cientistas publicaram que ingerir um abacate por dia levou a níveis mais baixos de lipoproteína de baixa densidade (LDL), também conhecida como “colesterol ruim”. Eles chegaram até essa conclusão examinando a concentração sérica de partículas de LDL no sangue dos indivíduos pesquisados, cuja diminuição ocorreu após a introdução do consumo diário de abacate na dieta desses participantes.

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31616932/

5. Podem ajudar a prevenir o câncer de boca:

Essa fruta também pode ser positiva para a saúde bucal. Um estudo de 2008, publicado na Seminars in Cancer Biology, registrou que certos nutrientes das abacates podem ajudar a interromper o crescimento de células pré-cancerígenas presentes nos cânceres intra orais – ou até mesmo extermina-las completamente.

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18416986/

6. Podem nos tornar mais inteligentes:

Em um estudo de 2017, publicado na NeuroImage, encontraram-se ligações entre os ácidos graxos monoinsaturados presentes no abacate e a rede neural responsável pela inteligência geral. Os pesquisadores associaram esses ácidos graxos à rede de atenção dorsal, conectada à resolução de problemas e tarefas que requeiram mais atenção e habilidades específicas.

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28821393/

Além de tudo isso, caso você precise de mais um empurrão para adicionar essa fruta à sua lista de compras, os abacates contêm concentrações relevantes de nutrientes essenciais, incluindo vitaminas do Complexo B, C, E e K, minerais como magnésio, manganês, cobre, zinco, potássio e ferro, e ainda ácido graxo monoinsaturado – oleico – o mesmo presente no azeite de oliva.

79% da sua composição é por fibras predominantemente solúveis, que aumentam o tempo de absorção dos nutrientes e da sensação de saciedade. Além disso, favorecem a saúde da microbiota intestinal, reduzem os níveis séricos de glicose, e do colesterol total e suas frações.

Cabe destacar que a abacate porta muito pouco açúcar e, portanto, baixo índice glicêmico, sendo uma ótima alternativa para dietas que demandem a contagem ou restrição de carboidratos.

De outra parte, por ser um alimento de alta densidade energética, uma porção de 100 g tem 160 Kcal, deve-se calcular seu consumo a partir das necessidades individuais de cada paciente, contemplando à prescrição componentes como sexo, idade, peso, estatura, composição corporal, atividades física e de vida diária, disponibilidade digestória, e também outras questões clínico-nutricionais.

Você tem alguma dúvida sobre saúde, alimentação e nutrição? Envie um e-mail para [email protected] e poderei responder sua pergunta futuramente.

Nenhum conteúdo desta coluna, independentemente da data, deve ser usado como substituto de uma consulta com um profissional de saúde qualificado e devidamente registrado no seu Conselho de Categoria correspondente.

Clayton Camargos é sanitarista pós graduado pela Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz. Desde 2002, ex gerente da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) do Ministério da Saúde. Subsecretário de Planejamento em Saúde (SUPLAN) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Consultor técnico para Coordenação-Geral de Fomento à Pesquisa Em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde. Coordenador Nacional de Promoção da Saúde (COPROM) da Diretoria de Serviços (DISER) da Fundação de Seguridade Social. Docente das graduações de Medicina, Nutrição e Educação Física, e coordenador dos estágios supervisionados em nutrição clínica e em nutrição esportiva do Departamento de Nutrição, e diretor do curso sequencial de Vigilância Sanitária da Universidade Católica de Brasília (UCB). Atualmente é proprietário da clínica Metafísicos.

CRN-1 2970.

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Fonte: Nacional

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Festas Play, BalanSoul e Criolina agitam festival no Parque da Cidade

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Festas Play, BalanSoul e Criolina agitam festival no Parque da Cidade
Redação GPS

Festas Play, BalanSoul e Criolina agitam festival no Parque da Cidade

Aguardado na cidade, o Festival Vibrar 2024 está prestes a agitar Brasília de 15 a 18 de agosto no Parque da Cidade e promete quatro dias de intensa atividade cultural, gastronômica e musical.

Além de grandes nomes da música brasileira e internacional, o evento contará com as festas Play, BalanSoul e Criolina, cada uma com sua identidade própria em um segundo palco, garantindo que a música e a festa não parem.

Produtor da festa Play, que acontece no dia 16 de agosto, Ktuh destacou a importância de participar de um festival que celebra a cultura local.

“Para a Play, é essencial estar no Vibrar, compartilhando nossos 16 anos de tradição com um público diversificado. Preparamos um time de DJs bem completo: além de mim, Ruiz Lopes, Gabi Buzzi, Spot e Tobias. A nossa promessa é passar por todas as vertentes do rock e gerações da festa, sem deixar a pista parada! São mais de 6 horas da melhor curadoria de rock da cidade. Estamos animados para uma noite memorável com artistas como Vanessa da Mata, Alice Caymmi e Céu”, disse.

Chicco Aquino, produtor da festa BalanSoul, que acontece no dia 17 de agosto, ressaltou que “o Vibrar é uma vitrine rica para a BalanSoul, que trará um line-up diverso e inédito, repleto de RnB, Brasilidades, Pop e Hip Hop, estilos que ecoam no coração do festival. A festa vai chegar junto com 5 atrações – além de mim, Miranda, Janna, Tamenpi (Só Pedrada Musical) e DJ A em um line up diverso e inédito. Estamos muito animados em fazer parte desse momento!”.

Já Rodrigo Barata, da festa Criolina, que acontece no dia 18 de agosto, frisou a importância de estar conectado com um evento que valoriza a diversidade musical.

“A Criolina representa uma marca de movimentação cultural há duas décadas em Brasília. No Vibrar, apresentaremos um set que resume nossa história e pesquisa musical. Vamos contar histórias de várias cenas da música brasileira, das antigas e das atuais, de vários locais do Brasil, das coisas contemporâneas, do som raiz e das misturas com música eletrônica também, das músicas das periferias e dos centros urbanos”, afirmou.

Além das festas temáticas, o Vibrar 2024 contará com mais de 30 atrações, incluindo Duda Beat, Vanessa da Mata, Planet Hemp, Nação Zumbi, entre outros. Com dois palcos principais e uma variedade gastronômica, o evento oferecerá uma experiência completa para até 6 mil pessoas na pista e mais mil no camarote.

A Limonada Project, famosa feira de exposição brasiliense, estará presente no evento para valorizar a economia local e reforçar a representatividade da cidade.

“Estamos trabalhando com uma curadoria linda de produtores locais, vamos exaltar as marcas de Brasília e mostrar o que tem de melhor na nossa cidade. É muito importante somar com eventos como o Vibrar que pensam e vibram de uma forma criativa, no intuito de fomento que possam agregar diversas áreas”, disse Gracilene de Bessa, à frente da iniciativa.

Um dos organizadores do evento, Renato De Luca sublinhou a importância do Vibrar 2024 em fortalecer os laços comunitários através da música em Brasília, proporcionando diversão e entretenimento para os moradores da cidade.

Os ingressos estão à venda na Bilheteria Digital, com valores a partir de R$ 45. A classificação indicativa é de 16 anos, com acesso permitido para menores acompanhados.

Serviço:

Vibrar 2024

Data: 15 a 18 de agosto de 2024

Local: Parque da Cidade (Praça das Fontes)

Horário: 16h às 02h

Ingressos: Bilheteria Digital

Classificação indicativa: 16 anos, menores acompanhados dos responsáveis também têm acesso ao evento

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Fonte: Nacional

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Com programação voltada à diversidade, Masp inaugura 3 novas mostras

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O Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, abre ao público nesta sexta-feira (5) três novas exposições que dialogam com o tema Histórias da Diversidade LGBTQIA+, escolhido para ser trabalhado pela instituição neste ano.

A primeira delas é uma coleção da artista norte-americana Catherine Opie, um dos principais nomes da fotografia internacional contemporânea e que fica em cartaz até o dia 27 de outubro. Chamada de Catherine Opie: o gênero do retrato, a exposição apresenta 63 fotografias de suas séries mais emblemáticas e que foram desenvolvidas ao longo de mais de três décadas de trabalho. A curadoria é de Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida.

Opie é precursora na discussão sobre questões de gênero. “Catherine Opie é uma artista que surgiu ali na cena californiana, onde estudou nos anos 80. Ela inicia com prática muito diversa, fazendo fotografias de arquitetura e análises sobre a sociedade e a cultura americana. Catherine fazia parte de um coletivo de pessoas lésbicas, trans, travestis e gays que estavam vivendo ali a experiência de uma vida urbana, noturna, sobretudo em São Francisco. Decide então começar uma série de retratos, no sentido de registrar mesmo, de transformar em imagem essa experiência social que estava vivenciando”, contou Giufrida, em entrevista à Agência Brasil.

Em suas fotografias, a artista retrata diversas expressões e subjetividades de indivíduos e coletivos que se identificam com gêneros e orientações sexuais diversas, especialmente pessoas queer. “Ela foi pioneira em perceber, registrar e transformar essa experiência em uma galeria, usando o sentido clássico que o retrato tem na história da arte”, afirmou o curador.

Por isso, a curadoria pensou em dar nova abordagem à apresentação dessas imagens, fazendo um diálogo com o próprio acervo artístico do museu. “Catherine estava dialogando com toda a tradição do retrato, na questão da pose, da cor chapada ao fundo, dos objetos que aparecem nas fotografias. E temos aqui no Masp um conjunto significativo dos maiores retratistas da história ocidental. Então, a gente decidiu misturar e justapor alguns retratos dela [feitos por Opie] a retratos aqui da coleção do museu”, explicou Giufrida.

“Procuramos estabelecer diálogos humorados, críticos ou algumas vezes ácidos, com 21 obras da nossa coleção que também vão entrar na exposição. Por isso a exposição se chama O Gênero do Retrato, porque a artista está lidando tanto com essa tradição do motivo do retrato na história da arte, como também subvertendo essa tradição trazendo discussões sobre corpo, sexualidade e identificação de cada um”, disse o curador.

Lia D Castro

A segunda mostra, que fica em cartaz até o dia 17 de novembro, traz os trabalhos da artista e intelectual Lia D Castro, que tem sua primeira mostra individual em um museu.

Lia D Castro: em todo e nenhum lugar tem curadoria de Isabella Rjeille e de Glaucea Helena de Britto e apresenta 36 obras da artista, a maioria delas pinturas de caráter figurativo e que exploram cenários onde o afeto, o diálogo e a imaginação são importantes ferramentas de transformação social. “A artista trabalha com pintura, instalação e fotografia. Trabalha com diversas mídias e tudo isso faz parte de um projeto que ela vem desenvolvendo, no qual se utiliza da prostituição, do trabalho do sexo, para investigar questões relacionadas à masculinidade, à cisgeneridade e à branquitude”, disse Isabella Rjeille.

São Paulo (SP) 04/07/2024 - O Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, abre ao público nesta sexta-feira (5) três novas exposições que dialogam com o tema Histórias da Diversidade LGBTQIA+, escolhido para ser trabalhado pelo museu neste ano de 2024.  Foto: Lia D Castro_Carlos_Davi/CABREL/Masp/Divulgação São Paulo (SP) 04/07/2024 - O Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, abre ao público nesta sexta-feira (5) três novas exposições que dialogam com o tema Histórias da Diversidade LGBTQIA+, escolhido para ser trabalhado pelo museu neste ano de 2024.  Foto: Lia D Castro_Carlos_Davi/CABREL/Masp/Divulgação

São Paulo – A escritora e compositora Lia D Castro mostra seus trabalhos no Museu de Arte de São Paulo (Masp) – Foto: Lia D Castro/CABREL/Masp/Divulgação

Por meios desses encontros com homens cisgêneros, em sua maioria brancos e heterossexuais, que produz seus trabalhos. “A maioria dos trabalhos que a Lia desenvolve e que estão na exposição é feita de forma colaborativa, junto com seus clientes que são, majoritariamente, homens brancos, autodeclarados heterossexuais, de classe média e alta e que a procuram para o trabalho do sexo. A Lia vai trabalhar com esses rapazes na elaboração do trabalho. A pintura não é um fim, mas um meio”, explicou a curadora.

Os clientes não são apenas pintados: eles mesmos participam de toda a concepção do trabalho, sugerindo como gostariam de ser retratados e até assinando as obras feitas em conjunto com a artista. “Ela fala que não quer representá-los, mas apresentá-los de uma maneira em que eles também tenham  voz ativa”.

Em entrevista à Agência Brasil, a artista contou que, antes do retrato, ela costuma perguntar a seus clientes questões que geralmente são direcionadas a pessoas LGBT+ ou negras: “Quando você se percebeu branco? E quando se descobriu cisgênero ou heterossexual?”. Com isso, ela subverte questões sobre raça, gênero e sexualidade.

“No meu processo inicial de pesquisa, vou usar da prostituição como meio de comunicação e de ponte até chegarem esses meninos. No terceiro ou quarto encontro, a gente começa a escrever sobre o trabalho que está por trás ou além da prostituição. Quero saber quem são eles, o que fazem. E aí vou fazendo algumas perguntas também mais relacionadas à branquitude, quando eles descobriram que são brancos e o que é ser branco em relação a outros povos não brancos dentro do Brasil. Meu foco é falar sobre a branquitude do homem brasileiro. O trabalho passa por esse processo de prática de sexo, pela entrevista e depois vou perguntar a eles se eles têm interesse em ir para museus”, explicou.

Durante esse processo, Lia contou que também foi se “autodescolonizando”. “Fui entendendo o quanto meu corpo era objetificado. Fomos educadas para ver o mundo com os olhos de um homem branco e odiar como pessoas brancas. Chamo isso de retina colonial. Uma das funções da retina é captar a imagem e transformá-la de acordo com a memória que ela tem sobre essa imagem. Fomos educadas a ver o mundo com os olhos de um homem branco. E como podemos tirar esses véus, essas camadas? Durante esse processo, fui tirando todas essas escamas da branquitude e as memórias da masculinidade branca, porque isso é compulsório”.

Em sua obra, Lia apresenta um processo criativo marcado por escolhas que são sempre coletivas: da paleta de cores à assinatura das obras. Nos trabalhos, a artista também se retrata: enquanto os homens estão nus, ela encontra-se vestida, tendo seu corpo coberto por esparadrapos, na contramão da tradição histórica da pintura ocidental, em que a grande maioria dos nus é feminina.

“Meu trabalho é organizar os desejos dessas pessoas. Então, eles vão escolher suas poses, a paleta de cores e vão também assinar. Eu não os represento, eu os apresento. Eles estão na assinatura, estão em suas escolhas afetivas. Quando falo do Davi, não falo dele como objeto. O Davi existe, ele está ali pela assinatura, pelo seu DNA e por sua memória afetiva de escolha”, disse.

Afeto, aliás, é uma das palavras-chave para entender o trabalho da artista. “Muitas vezes, ela aparece na série junto com eles. Outras vezes eles estão sozinhos, no sofá. Ou, às vezes aparecem com a cabeça sobre o colo dela, ela lendo um livro. O livro é algo muito recorrente na obra da Lia”, lembrou a curadora. “Tem essa construção que a Lia cria, esse lugar de vulnerabilidade e intimidade. Ambos ali estão numa situação de vulnerabilidade, nesse lugar de intimidade, mas também tem esse espaço possível para abordar as questões de maneira muito afetuosa e transformadora”, acrescentou. 

Além das pinturas, a exposição vai apresentar fotografias de registro do processo utilizado por Lia. Há também um caderno de desenhos com anotações mais teóricas e desenhos feitos pela artista, com técnicas preparatórias para pintura.

Ventura Profana

A última mostra, que pode ser vista até o dia 18 de agosto, será apresentada na sala de vídeo do museu e se dedica aos trabalhos da artista visual, pastora, cantora, escritora e compositora Ventura Profana. A curadoria é de David Ribeiro.

“Ventura Profana trabalha com muitas linguagens como audiovisual, música, intervenções artísticas. Ela tem uma linguagem bastante múltipla. Esse trabalho artístico é imbuído de um sentido missionário, religioso, espiritual. Antes de se intitular como artista, escritora, cantora e compositora, Ventura costuma se colocar em primeiro lugar como pastora missionária, ou seja, ela é uma pessoa que está nesse desejo, nesse interesse, de comunicar uma palavra de fé e de transformação e que está buscando construir ou apresentar muitas possibilidades de vida, especialmente para corpos dissidentes, pessoas trans, travestis, racializadas”, disse o curador.

Assim como em um trabalho missionário, a artista busca ressignificar os símbolos e valores da doutrina cristã, combatendo a visão opressora e fetichista que reproduz a exploração de corpos negros e travestis. “Isso é o que Ventura chama de teologia da transmutação, um pensamento espiritual, filosófico ou moral em que a artista pastora divulga e transforma todas as violências e sentimentos de desprezo na base de construção de uma nova vida”, explicou Ribeiro.

Nessa mostra serão apresentados quatro vídeos inéditos: A maior obra de saneamento, O poder da trava que ora, Procure vir antes do inverno e Para ver as meninas e nada mais nos braços. “Eles representam, com bastante vigor, esse pensamento espiritual, religioso e filosófico da artista pastora”, resumiu o curador. Além dos vídeos, o Masp vai promover, no dia 17 de julho, às 19h, em seu canal no YouTube, um bate-papo com a artista e o curador.

Mais informações sobre as três exposições podem ser obtidas no site do museu, que tem entrada gratuita todas as terças-feiras e também na primeira quinta-feira do mês.

Fonte: EBC GERAL

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