Cotidiano
Covid-19: mais de 11,3 milhões de doses de vacina foram aplicadas pelos municípios em moradores de outras cidades
Em média, a cada seis doses aplicadas no Brasil, uma foi em quem se deslocou para se vacinar
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que mais de 11,3 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas pelos municípios em moradores de outras cidades. Em média, essas pessoas viajaram 252 quilômetros para se imunizarem. De acordo com a nota técnica “Deslocamento da população em busca de vacina”, a cada seis doses aplicadas no Brasil, uma foi em quem se deslocou para se vacinar.
O gerente de logística, Sérgio Ferreira Félix, e sua esposa, a corretora imobiliária, Rosana Paula Barbosa, viajaram cerca de 250 quilômetros da cidade onde moram, Cachoeira de Minas (MG), até São Paulo capital, onde também possuem uma residência, para que pudessem garantir a vacinação contra a Covid-19. Segundo ele, a imunização em Minas Gerais está muito atrasada em relação ao território paulista.
“Eu e minha esposa nos vacinamos em São Paulo capital. E optamos por tomar aqui, porque está bem mais adiantado. No dia em que nós tomamos, com 47 anos de idade, em São Paulo, em Minas não estavam vacinando 60 anos ainda, principalmente o município onde a minha esposa tem residência”, relata Sérgio.
São Paulo foi um dos municípios que mais recebeu pessoas de outras cidades para tomar a vacina contra a Covid-19. Segundo a nota técnica da Fiocruz, divulgada no final de junho, a capital paulista aplicou 257.159 doses em indivíduos de seis municípios vizinhos: Guarulhos (101.681 doses), Osasco (37.751), Santo André (35.236), Diadema (27.119), além de moradores de outras capitais como Rio de Janeiro (12.118), Salvador (5.526), Belo Horizonte (3.985), Curitiba (3.961) e Brasília (3.802).
O professor Christovam Barcellos, membro do Observatório Covid-19 da Fiocruz, avalia os motivos para as pessoas se deslocarem em busca da vacina.
“É muito comum as pessoas se vacinarem no município onde trabalham e não no município onde residem. Uma pessoa que mora na Baixada Fluminense, está passando no Rio de Janeiro, ela se vacina no Rio. Algumas cidades, onde a vacinação é mais ampla e têm mais postos de vacinação, estão atraindo pessoas de outros municípios do entorno, principalmente nas regiões metropolitanas”, comenta.
Outra cidade cuja vacinação está sobrecarregada por moradores de outros municípios é o Rio de Janeiro. Segundo a nota técnica da Fiocruz, a capital fluminense aplicou 156.256 doses em moradores de municípios vizinhos, como Duque de Caxias (47.507), Nova Iguaçu (32.028), São João de Meriti (28.873), Niterói (25.282) e Belford Roxo (22.566), além das capitais de São Paulo (7.047) e Brasília (3.855).
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informa que “o índice de doses aplicadas em pessoas residentes em outras cidades ou estados é de cerca de 10%, entre D1 e D2. Para se vacinar, não é exigido comprovante de ser morador local. O SUS é universal e é legítimo que as pessoas possam se vacinar em todo o território nacional sem restrição devido ao endereço. Porém, o ideal é que as pessoas tomem as vacinas, incluindo a da Covid-19, na unidade mais próxima de sua residência”.
SUS
De acordo com a nota técnica da Fiocruz, esse “turismo de vacina” indica uma falha no esforço nacional de imunização, que deveria vacinar a população de maneira homogênea, com proporções similares nos municípios para grupos prioritários e por idade.
Em nota, o Ministério da Saúde esclarece que “o acesso aos serviços de saúde, incluindo a vacinação contra a Covid-19, deve ser garantido à toda população brasileira, sem discriminação, conforme os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
No entanto, a pasta ressalta que “o SUS é tripartite, por isso estados e municípios têm autonomia para seguir com a estratégia local de vacinação, conforme as demandas regionais”.
O professor Christovam Barcellos comenta que não faz parte dos princípios do SUS recusar vacinas aos cidadãos, nem mesmo pedir comprovante de residência.
“O SUS tem uma lógica territorial tradicional. As pessoas costumam ser cadastradas adscritas aos postos de saúde dos bairros onde moram. O SUS nunca teve a postura de impedir a atenção de pessoas que moram em outros municípios. Isso é contra os princípios do SUS de igualdade, de universalização, de gratuidade. Então, pedir comprovante de residência, é até interessante para fazer estatísticas, mas não pode servir de impedimento para vacinação.”
O secretário executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Mauro Junqueira, reforça que o acesso à saúde por meio do SUS é universal e direito de toda a população, mas ressalta a importância de cada um buscar a unidade de saúde mais próxima, para não atrapalhar o planejamento das secretarias municipais de saúde.
“Entendemos que a disponibilidade de vacina é pequena ainda e que, quando divulgam a vacinação em idades diferentes de uma região para outra, haja naturalmente a vontade do cidadão de procurar aquele local. Isso atrapalha e dificulta o planejamento da gestão local. Então, não deve ocorrer. As pessoas devem aguardar que a sua unidade defina o processo de vacinação, que vai chegar para toda a população”, orienta.
Segundo Mauro Junqueira, o município pode exigir comprovante de residência caso a demanda por vacinas de moradores de outras localidades extrapole a quantidade de doses disponíveis.
“O município é um ente autônomo. Tendo em vista que moradores de outras cidades estão migrando para se vacinar, ele pode pedir alguma documentação, até para garantir o direito da sua população. O SUS é universal, mas se houver uma migração, precisa ter uma nova repactuação com a CIB (Comissão Intergestores Bipartite), para definir esse fluxo e tentar garantir um maior número de vacinas”.
Vacinômetro
Segundo o Ministério da Saúde, 77.631.596 pessoas já tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e 27.641.567 receberam a dose de reforço. Os dados são da noite do dia 4 de julho de 2021, disponíveis no site Pátria Vacinada.
O professor Christovam Barcellos comemora a adesão dos brasileiros ao Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19.
“O ‘turismo de vacina’ claro que é prejudicial à organização do sistema de saúde. Mas ele também mostra uma adesão enorme da população à vacina. Muita gente está viajando porque quer tomar vacina; isso é muito positivo”. Segundo levantamento do Datafolha, feito em meados do ano passado, nove em cada 10 brasileiros querem se vacinar contra o coronavírus.
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UAP inicia 1ª Copa Kids de Futsal com torneio para categorias de base Sub 8, 10 e 12 em Cobija
Campeonato reúne jovens atletas das categorias Sub-8, Sub-10 e Sub-12 no Coliseu Cerrado da universidade; competição marca o desenvolvimento do futsal infantil na fronteira

A iniciativa complementa o calendário esportivo local que já conta com competições estaduais no lado acreano. Foto: captada
O Coliseu Cerrado da Universidade Amazônica de Pando (UAP) em Cobija foi palco do início da primeira edição da Copa Kids de Futsal, competição que mobiliza jovens talentos das categorias Sub-8, Sub-10 e Sub-12 neste fim de semana. O torneio representa um importante marco para o esporte infantil na região fronteiriça.
Detalhes do Evento:
- Primeira versão do campeonato dedicado exclusivamente às categorias de base
- Jogos realizados nas dependências da UAP, principal centro esportivo da região
- Competição organizada para fomentar a prática esportiva desde a infância
“Esta copa é o começo de um projeto maior para revelar novos talentos e formar cidadãos através do esporte”, destacou um dos organizadores. A iniciativa complementa o calendário esportivo local que já conta com competições estaduais no lado acreano.
As partidas continuarão nos próximos fins de semana, com premiação prevista para as três categorias. Pais e torcedores lotaram as arquibancadas no primeiro dia, demonstrando o crescente interesse pelo futsal infantil na tríplice fronteira.
Veja vídeo com TVU Pando:
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Vice-governadora Mailza Assis entrega 1º centro diagnóstico municipal com 40 exames gratuitos em Porto Walter
Estiveram presentes o deputado federal Zezinho Barbary, o presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Nicolau Júnior, o deputado Luiz Gonzaga, e a secretária municipal de Saúde, Ana Flávia Melo entre outros

Foram investidos R$390 mil reais, destinados pelo ex-deputado Flaviano Melo e pelo deputado Eduardo Veloso. Para a obra, foram investidos recursos próprios da saúde. Foto: internet
Em um marco inédito para a saúde pública de Porto Walter, o prefeito César Andrade e o vice Guarsônio Melo inauguraram neste sábado (12) o primeiro Centro de Diagnóstico da história do município, que passa a oferecer 40 tipos de exames gratuitos à população. O novo espaço promete ampliar o acesso a serviços de saúde e desafogar as demandas por atendimentos especializados.
A solenidade de inauguração contou com a presença de importantes autoridades do Estado, entre elas, a vice-governadora do Acre, Mailza Assis, que destacou a parceria do governo em fortalecer a saúde nos municípios do interior.
Para o prefeito, a inauguração representa um marco histórico. “Um sonho pessoal realizado. Em 33 anos de Porto Walter, estamos fazendo história. Quem ganha é a população. Estou feliz e realizado”, disse César Andrade.

O primeiro Centro de Diagnóstico da história do município, que passa a oferecer 40 tipos de exames gratuitos à população. Foto: cedida
Também estiveram presentes o deputado federal Zezinho Barbary, o Presidente da Câmara, Rosildo Cassiano, vereadores, o presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Nicolau Júnior, o deputado Luiz Gonzaga, o vice-prefeito Guarsonio Melo, e a secretária municipal de Saúde, Ana Flávia Melo, que ressaltou que o centro é fruto de muito planejamento.
“Com esse centro, nossa população não precisará mais se deslocar até Cruzeiro do Sul ou Rio Branco para exames simples, ou especializados. Isso representa economia, agilidade e mais cuidado com as pessoas”, enfatizou a secretária.
Para a compra dos equipamentos, foram investidos R$390 mil reais, destinados pelo ex-deputado Flaviano Melo e pelo deputado Eduardo Veloso. Para a obra, foram investidos recursos próprios da saúde.

“Um sonho pessoal realizado. Em 33 anos de Porto Walter, estamos fazendo história. Quem ganha é a população. Estou feliz e realizado”. Foto: assessoria
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Cruzeiro do Sul perde seu maior construtor de escolas: morre aos 86 anos o ex-prefeito Pedro da Silva Negreiros
Ícone da educação e da redemocratização no Vale do Juruá, seu legado transformou gerações; velório ocorre na Câmara Municipal
A manhã deste domingo (13) entrou para a história de Cruzeiro do Sul com a partida de Pedro da Silva Negreiros, ex-prefeito que faleceu aos 86 anos vítima de parada cardíaca. Nascido em 20 de fevereiro de 1939 no Seringal Boa Vista, às margens do rio Paraná dos Mouras, Negreiros foi o arquiteto do maior projeto educacional do município nos anos 1980-90.
Da seringa à prefeitura: uma trajetória épica
Sua vida refletia a própria história do Acre:
- 1985: Assumiu como prefeito interino durante a transição democrática
- 1989-1992: Eleito pelo voto direto, transformou a educação municipal
- Legado: Construiu mais escolas que todos os antecessores juntos
“Meu pai acreditava que só a educação tira o seringueiro da invisibilidade”, emocionou-se a filha Maria Rosemere, secretária de Educação na gestão 2017-2020.
O homem por trás do cargo
Casado por 62 anos com a professora Carminha Silva Negreiros, deixou três filhos que seguiram seu exemplo no serviço público. Francisca das Chagas (Simone) lembra:
“Em casa, ele era o mesmo homem simples da roça – só trocava o facão pela caneta quando ia trabalhar”.
Repercussão e homenagens
O governador Gladson Cameli destacou: “Deixa um legado de amor e trabalho que marcará para sempre nossa história”. A prefeitura de Cruzeiro do Sul decretou luto oficial de três dias, enquanto a Câmara Municipal prepara sessão solene póstuma.
Últimas informações:
Velório: Câmara Municipal de Cruzeiro do Sul a partir das 14h
Sepultamento: Segunda-feira (14), no Cemitério Municipal
Homenagem Permanente: Biblioteca Municipal será rebatizada em sua memória
O Legado de Negreiros em Números
18 escolas construídas em sua gestão
72% aumento no IDEB municipal entre 1989-1992
1º prefeito a equipar todas as unidades com merenda escolar
Último gestor nascido em seringal a comandar a cidade
O governador Gladson Cameli se manifestou nas redes sociais com uma mensagem de pesar:
“Recebi com tristeza a partida do senhor Pedro da Silva Negreiros, ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, homem simples, de coração generoso e profundamente comprometido com sua terra e seu povo. Deixa um legado de amor, trabalho e dedicação que marcará para sempre nossa história. Minha solidariedade à dona Carminha e filhos.”
A cidade perde não apenas um ex-prefeito, mas um de seus filhos mais ilustres, homem de fala mansa, convicções firmes e uma vida dedicada ao bem comum.
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