Brasil
Confira o perfil dos brasileiros convocados para a Copa do Mundo
Os nomes foram divulgados durante entrevista na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
O treinador Tite, da seleção brasileira de futebol, anunciou hoje (14) os nomes dos 23 jogadores que deverão disputar a Copa do Mundo Rússia 2018. Os nomes foram divulgados durante entrevista na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Sem Daniel Alves, afastado da lista por causa de uma lesão no joelho direito, Tite escolheu Danilo e Fágner para a lateral direita.
Conheça os jogadores escolhidos por Tite:
Goleiros
Alisson (Roma)
Alisson Becker nasceu em Novo Hamburgo (RS), tem 25 anos e 1,93 m de altura.
Começou a carreira no Internacional de Porto Alegre, onde jogou de 2013 a 2016, quando foi vendido para o Roma, da Itália.
Ainda pelo time gaúcho chamou a atenção do então técnico da seleção brasileira, Dunga, e foi convocado pela primeira vez em 2015.
Seu primeiro jogo pelo Brasil foi contra a Venezuela, em partida válida pelas eliminatórias da Copa.
No prêmio The Best, concedido pela Federação Internacional de Futebo (Fifa) em setembro do ano passado, Alisson foi considerado o oitavo melhor goleiro do mundo.
Ederson (Manchester City)
Ederson Santana de Moraes era, até pouco tempo, desconhecido dos torcedores brasileiros que não acompanham o futebol em outros países. Isso porque só atuou profissionalmente na Europa.
No Brasil, Ederson passou pelas divisões de base do São Paulo, mas não foi aproveitado pelo clube. Ele então decidiu tentar a sorte em Portugal, onde foi contratado pelo Benfica, em 2009.
No time português, mostrou qualidade no gol e passou a interessar a vários clubes, entre eles, o Manchester City, da Inglaterra, que pagou cerca de 40 milhões de euros.
O paulista é considerado o segundo goleiro mais caro da história do futebol, perdendo apenas para o italiano Gianluigi Buffon. Atualmente, Ederson é titular absoluto e muito celebrado pela torcida do City.
Ederson nasceu em Osasco (SP), tem 24 anos e 1,88 m de altura. No prêmio The Best, ficou entre os 15 melhores goleiros do mundo, empatado com outros seis goleiros na nona posição.
Cássio (Corinthians)
Cássio Ramos, de 30 anos e 1,95 m de altura, nasceu em Veranópolis (RS). Iniciou a carreira profissional no Grêmio, em 2005, mas teve poucas oportunidades no time titular, e acabou vendido para o PSV, da Holanda, em 2007, com 20 anos.
No país europeu, jogou também no Sparta Rotterdam, mas não se firmou como titular em nenhuma das duas equipes.
Em 2012, voltou para o Brasil, contratado pelo Corinthians. Foi no clube paulista que se destacou. Na Libertadores daquele ano fez defesas fundamentais, que ajudaram a garantir o título da competição, sob o comando de Tite. Também foi destaque no Mundial Interclubes de 2012, quando o clube de São Paulo venceu o Chelsea por 1×0.
Laterais
Fagner (Corinthians)
Fagner Lemos, de 28 anos, nasceu em São Paulo. Começou no Corinthians em 2006, mas em 2007 deixou o clube e passou pelo Vitória, da Bahia, e o PSV, da Holanda, mas sem sucesso.
Quando chegou ao Vasco, em 2009, foi conquistando a confiança do treinador e da torcida. Em 2011, foi campeão da Copa do Brasil pelo clube carioca.
Em 2012, deixou o Vasco e foi para o Wolfsburg, da Alemanha. Passou dois anos no clube e retornou ao Brasil, para o Vasco.
Em 2014, voltou ao Corinthians e foi campeão brasileiro no ano seguinte. Ganhou novamente a competição em 2017, quando foi eleito, em várias premiações, o melhor lateral-direito do país.
Danilo (Manchester City)
Danilo Luiz da Silva tem 26 anos e nasceu em Bicas (MG). No América de Belo Horizonte iniciou a carreira e se transferiu para o Santos em 2010.
Em 2011, foi campeão da Libertadores pelo time paulista, jogando ao lado de Neymar e Paulo Henrique Ganso.
No ano seguinte, foi para o Porto, de Portugal, onde se destacou na posição e chamou atenção do Real Madrid, que o contratou em 2015. Em julho de 2017, foi vendido ao Manchester City, da Inglaterra.
Marcelo (Real Madrid)
Considerado pela imprensa especializada como o melhor lateral-esquerdo do mundo na atualidade, Marcelo Vieira da Silva Júnior foi revelado pelo Fluminense.
Ele começou nas categorias de base do tricolor e subiu para o time profissional em 2005. Em 2007, se transferiu para o Real Madrid.
No clube madrilenho, foi se destacando pouco a pouco e hoje é um dos pilares da equipe, com Cristiano Ronaldo (Portugal) e Toni Kroos (Alemanha).
No prêmio The Best, Marcelo foi escolhido lateral-esquerdo do “time ideal”, composto por jogadores de vários países.
É a quarta vez que ele é eleito para o time ideal. Marcelo nasceu no Rio de Janeiro (RJ), tem 29 anos e vai para sua segunda Copa do Mundo.
Filipe Luís (Atlético de Madrid)
Filipe Luís é mais um dos casos de jogadores que só ficaram conhecidos pela maioria dos brasileiros após uma sequência de boas atuações na Europa.
Nasceu em Jaraguá do Sul (SC) e tem 32 anos. Começou no Figueirense em 2003, mas no ano seguinte foi para a Holanda, onde jogou pelo Ajax.
Em 2005, foi para a Espanha. Depois de uma passagem pelo Real Madrid B, foi contratado pelo La Coruña. Depois de quatro anos, passou a jogar pelo Atlético de Madrid.
Teve bom desempenho na capital espanhola e chamou a atenção do Chelsea, da Inglaterra, que o contratou em 2014.
No entanto, ficou só um ano no clube londrino e voltou para o Atlético de Madrid. Pela seleção brasileira, Filipe Luís teve um período de titularidade quando Dunga era o treinador, em 2015 e 2016.
Zagueiros
Miranda (Internazionale)
João Miranda de Souza Filho nasceu em Paranavaí (PR), tem 33 anos e foi revelado pelo Coritiba. Logo, foi jogar no Sochaux, da França, e no ano seguinte, em 2005, foi adquirido pelo São Paulo.
Pelo tricolor paulistano, conquistou o tricampeonato brasileiro. Em 2011, mudou-se para o Atlético de Madrid, da Espanha.
Foi campeão espanhol na temporada 2013/2014 e começou a ser chamado com mais frequência nas convocações para a seleção. Atualmente, Miranda joga na Internazionale, da Itália.
Marquinhos (PSG)
Marcos Aoás Corrêa nasceu em São Paulo (SP), tem 23 anos e foi revelado pelo Corinthians. Jogou no clube paulista em 2011 e parte de 2012.
No segundo semestre de 2012, ainda com 18 anos, foi para o Roma, da Itália. Teve uma ascensão rápida que, em julho do ano seguinte, foi vendido para o Paris Saint-German, da França.
No time francês, apesar de zagueiro, tem jogado com mais frequência como lateral-direito. Estreou pela seleção brasileira em 2013 e foi titular do time campeão olímpico, nos jogos do Rio de Janeiro, em 2016.
Thiago Silva (PSG)
Thiago Silva nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e está com 33 anos de idade. No início da carreira passou por clubes como Palmeiras, de São Paulo; Juventude, do Rio Grande do Sul e Dínamo Moscou, da Rússia.
Na Rússia, teve um problema grave de saúde e retornou ao Brasil, em 2006, sendo contratado pelo Fluminense.
Foi no Rio de Janeiro que se destacou e, no fim de 2008, foi vendido para o Milan, da Itália, onde se consolidou como um dos melhores zagueiros do mundo. Em 2012, foi para o Paris Saint-Germain.
Foi convocado para a Copa de 2010, mas não chegou a entrar em campo. Em 2014, foi titular e capitão do time.
Após a vitória nos pênaltis contra o Chile, nas oitavas de final, foi criticado por ser considerado emocionalmente instável para um capitão.
Pedro Geromel (Grêmio)
Chamado de “Geromito” pela torcida do Grêmio, Pedro Geromel foi eleito melhor zagueiro em atividade no futebol brasileiro.
Nasceu em São Paulo, tem 32 anos e 1,90 m. Jogou na divisão de base em clubes de São Paulo, mas estreou profissionalmente em Portugal, no Desportivo de Chaves, time da segunda divisão do país.
Na metade de 2005, foi contratado pelo Vitória de Guimarães, time da primeira divisão do campeonato português.
Geromel jogou também pelo Colônia, da Alemanha, e pelo Mallorca, da Espanha, até chegar ao Grêmio, em 2014. É o pilar da defesa do time campeão da Libertadores do ano passado e jogará sua primeira Copa do Mundo.
Meio-campistas
Casemiro (Real Madrid)
Carlos Henrique Casemiro nasceu em São José dos Campos (SP) e tem 26 anos. Foi revelado pelo São Paulo em 2010 e destaque na seleção brasileira de base, na mesma geração de Neymar e Phillipe Coutinho.
O Real Madrid comprou em 2013. O time espanhol, no entanto, o emprestou para o Porto, de Portugal.
Em junho de 2015, o Real Madrid trouxe Casemiro de volta ao elenco e atualmente é titular da equipe, considerada uma das mais fortes do mundo.
Fernandinho (Manchester City)
Fernando Luiz Roza é paranaense de Londrina e tem 33 anos. Iniciou sua trajetória profissional no Atlético Paranaense, em 2001.
Em 2005, foi transferido para o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Ganhou projeção internacional quando passou a jogar pelo Manchester City, da Inglaterra, em 2013.
Fernandinho parte do grupo que disputou a Copa do Mundo de 2014. Começou a competição como reserva, mas ganhou a vaga de titular a partir das oitavas-de-final, após entrar no segundo tempo do jogo contra Camarões, ainda pela primeira fase, e deixar o meio-campo mais dinâmico e ofensivo.
Paulinho (Barcelona)
José Paulo Bezerra Maciel Júnior, ou apenas Paulinho, nasceu em São Paulo (SP) e tem 29 anos. Despontou nacionalmente no Corinthians, em 2010.
Paulinho fez parte do time campeão brasileiro em 2011 e campeão da Libertadores em 2012 e campeão mundial de clubes no mesmo ano.
Em 2013, Paulinho foi para Totenham, da Inglaterra. E de lá, em 2015, conseguiu ser transferido para o Guangzhou Evergrande, da China.
Dois anos depois, foi jogar no Barcelona. Paulinho esteve no grupo que disputou a Copa de 2014, tendo sido titular em cinco dos sete jogos da seleção no torneio.
Fred (Shakhtar Donestk)
Frederico Rodrigues Santos, de 25 anos, nasceu em Belo Horizonte. Jogou nas divisões de base do Atlético Mineiro, mas começou profissionalmente no Internacional de Porto Alegre.
Um ano e meio depois, foi contratado pelo Shakhtar Donestk. Está no time ucraniano desde então. Foi convocado para a seleção brasileira pela primeira vez em 2014, para amistosos em novembro.
Fred esteve no elenco da seleção que disputoua Copa América de 2015, no Chile, quando o time foi eliminado pelo Paraguai nas quartas-de-final.
Renato Augusto (Beijing Guoan)
Renato Augusto tem 30 anos e nasceu no Rio de Janeiro. Foi revelado no Flamengo, onde se destacou no time profissional como um camisa 10 clássico.
Ele logo chamou a atenção do mercado europeu e foi vendido para o Bayer Leverkusen, da Alemanha, em 2008.
Ficou na Alemanha por quatro anos, onde teve bom desempenho e passou a ser convocado para a seleção brasileira.
No final de 2012 decidiu voltar para o Brasil e assinou com o Corinthians, onde ficou até o fim de 2015. No ano seguinte, foi para o Beijing Guoan, da China.
Pela seleção, fez parte do time campeão olímpico de futebol, nos jogos de 2016.
Philippe Coutinho (Barcelona)
Philippe Coutinho, 25 anos, nasceu no Rio de Janeiro. Foi revelado pelo Vasco da Gama, onde se destacou ainda nas categorias de base.
A qualidade do jovem jogador despertou o interesse da Internazionale, da Itália, que o adquiriu antes mesmo dele passar a jogar pelo time principal do Vasco. Como era menor de idade, Coutinho continuou no clube carioca.
Ele jogou no time principal do Vasco um ano, de 2009 a 2010. Em julho de 2010, quando completou 18 anos, foi para a Itália.
Depois de passar pela Espanha, Coutinho, no início de 2013 foi vendido ao Liverpool, da Inglaterra, e virou ídolo da torcida inglesa e peça-chave do time. No início de 2018 foi vendido por cifras milionárias ao Barcelona, da Espanha.
Willian (Chelsea)
Willian Borges da Silva começou sua carreira no Corinthians e foi vendido ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, na metade do ano de 2007. Jogou seis anos no país e foi um dos destaques.
Depois de uma rápida passagem pelo Anzhi, da Rússia, foi para o Chelsea, da Inglaterra. No clube inglês, atua com regularidade e foi um dos destaques do time na conquista do campeonato nacional, na temporada 2016-2017.
Pela Seleção Brasileira, foi convocado pela primeira vez em 2011. Fez parte do grupo que disputou a Copa de 2014 e a Copa América em 2015. Willian nasceu em Ribeirão Pires (SP) e tem 29 anos.
Atacantes
Douglas Costa (Juventus)
Douglas Costa, de 27 anos, e nasceu em Sapucaia do Sul (RS). Começou sua trajetória no Grêmio, onde jogou até 2009.
No início de 2010 foi para o Shakhtar Donetsk. Ficou quatro anos e meio na Ucrânia, até se transferir para o Bayern de Munique, da Alemanha.
Atualmente, Douglas Costa joga na Juventus, da Itália, após dois anos na Alemanha. Chegou a ser convocado para os Jogos Olímpicos de 2016, mas se lesionou e foi cortado da equipe.
Taison (Shakhtar Donetsk)
Taison Barcellos Freda tem 30 anos e nasceu em Pelotas (RS). Chamou atenção pela habilidade no primeiro clube que defendeu profissionalmente, o Internacional.
Em 2010, foi para o futebol ucraniano. Primeiro, defendeu o Metalist e, dois anos depois, foi para o Shakhtar Donetsk, onde permanece até hoje.
Taison teve poucas oportunidades na seleção brasileira, sendo convocado pela primeira vez em 2016, para disputa de jogos das eliminatórias da Copa.
Roberto Firmino (Liverpool)
Roberto Firmino, 26 anos, nasceu em Maceió (AL). Jogou nas categorias de base do CRB, mas iniciou sua trajetória profissional pelo Figueirense, de Santa Catarina.
Jogando pelo time catarinense chamou a atenção do Hoffenheim, clube da Alemanha. Transferiu-se para lá no início de 2011 onde jogou até a metade de 2015.
Seu futebol chamou a atenção de Dunga, então técnico da seleção brasileira. Foi convocado para amistosos em novembro de 2014 e, no ano seguinte, fez parte do elenco que ficou em quinto lugar na Copa América 2015.
Gabriel Jesus (Manchester City)
Gabriel Jesus, de 21 anos, nasceu na cidade de São Paulo (SP). Iniciou a carreira profissional no Palmeiras, em 2015.
Foi destaque da equipe no ano seguinte, quando o Palmeiras conquistou o campeonato brasileiro.
Em 2017, foi para o Manchester City, da Inglaterra. No clube inglês, se destacou logo na chegada, com boas atuações e gols importantes.
Passou ser convocado frequentemente para a seleção brasileira em 2016. Fez parte da equipe campeã olímpica nos jogos do Rio de Janeiro.
Neymar (PSG)
Considerado a maior revelação do futebol brasileiro da última década e um dos melhores jogadores do mundo na atualidade, Neymar da Silva Júnior surgiu como uma promessa de craque ainda aos 16 anos, no Santos.
Em 2009, com 17 anos, era o principal jogador do time. O Santos conseguiu manter o jogador no país até a metade de 2013, mesmo ele já sendo um destaque mundial.
Naquele ano foi vendido ao Barcelona, onde ficou por quatro anos. Conquistou títulos importantes no time catalão, como a Uefa Champions League e o Mundial Interclubes.
Em 2017, o Paris Saint-Germain pagou o equivalente a R$ 821 milhões para tirá-lo da Espanha.
Pela seleção brasileira, jogou a Copa de 2014 até se lesionar nas quartas-de-final contra a Colômbia. Fez parte da equipe campeã olímpica nos jogos do Rio de Janeiro. Nasceu em Mogi das Cruzes (SP) e tem 26 anos.
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Brasil
Pesquisa revela que rios do Acre passaram a ser alternativas do tráfico internacional de drogas
Juruá e Acre, além de outros 12 rios da Amazônia, passaram a ser utilizados com mais frequência por causa da lei do abate de aeronaves. A ação do tráfico fez explodir a violência na Amazônia, incluindo o Acre
Tião Maia, ContilNet
O aumento na taxa de homicídios em Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, o segundo maior município do Estado do Acre, no período de 2005 a 2020, foi como uma explosão em termos de violência: 595% em 15 anos.
A taxa saiu de 4,3, de 1996 a 2004, para 30, no período de 2005 a 2020, o segundo maior índice da região Norte do país. O primeiro ficou com Eirunepé, município do Amazonas, que tem uma população estimada em 33 mil habitantes. Entre 1996 e 2004, a média da taxa de homicídios de pessoas acima de 1 ano era de 3,7 por 100 mil habitantes. Mas, entre 2005 e 2020, esse número explodiu: 34 homicídios a cada 100 mil habitantes – um aumento vertiginoso de 819%.
Além de terem em comum a situação geográfica, Cruzeiro do Sul e Eirunepé, embora estejam em estados diferentes, são banhadas pelo mesmo rio, o Juruá, um dos afluentes do Rio Amazonas. Assim como esses dois, existem outros quatorze rios identificados por pesquisadores brasileiros como os “rios de cocaína”, por servirem de rota para o tráfico que envolve Brasil, Peru, Colômbia e Bolívia. São eles: Abunã, Acre, Amazonas, Caquetá, Envira, Içá, Japurá, Javari, Juruá, Madeira, Mamoré, Negro, Purus, Tarauacá, Uaupés e Xié.
O resultado da pesquisa está publicado na revista Piauí deste mês, com base em estudos sobre Interdição Aérea, Tráfico de Drogas e Violência na Amazônia Brasileira, produzido por pesquisadores do Insper e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), com a participação do IZA (Institute of Labor Economics), da Alemanha.
Uma versão resumida em português foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano sustentável para a Amazônia.
Cerco ao transporte de droga pelo ar fez aumentar uso dos rios, mostra pesquisa
De acordo com a publicação, a hipótese para o aumento da violência que atinge pequenos municípios na região amazônica banhados por essas águas tem uma explicação: com o cerco aos aviões, intensificou-se o uso de barcos no escoamento da droga.
A mudança no transporte do entorpecente aconteceu depois de 2004, ano em que o governo brasileiro colocou em prática uma política de interdição aérea, aprovada ainda em 1998. Com a nova lei, a Força Aérea Brasileira (FAB) foi autorizada a abater aeronaves suspeitas de transportar drogas vindas dos países vizinhos. Assim, a migração para os rios foi uma estratégia dos criminosos para fugir da fiscalização policial.
O escoamento pela água, um meio de deslocamento mais demorado, exige uma dinâmica própria e influencia as comunidades atingidas, argumentam os estudiosos. Os longos trajetos, por exemplo, levam os criminosos a empregarem diferentes barqueiros, contratarem pessoas para fazer a segurança do carregamento, fornecer equipamentos, estocar a droga, entre outras funções. “Isso acaba trazendo a atividade ilegal para uma proximidade muito maior com a população local”, diz Rodrigo R. Soares, professor titular da cátedra Fundação Lemann no Insper e líder da pesquisa.
Mudanças na logística fizeram explodir a violência em cidades ribeirinhas
As estimativas do estudo indicam que a mudança na logística para movimentar a droga ocasionou, entre 2005 e 2020, 27% do total de 5.337 mortes em 67 cidades da região Oeste da Amazônia margeadas pelos dezesseis “rios de cocaína”. Elas têm menos de 100 mil habitantes, estão longe das grandes cidades e do cruzamento de rodovias, o que diminui as chances de as mortes estarem relacionadas a disputas fundiárias ou desmatamento ilegal. A prevalência de óbitos acontece entre homens de 20 a 49 anos, por uso de arma de fogo ou faca.
Os estudos mostram que o Brasil possui cerca de 8 mil km de fronteira com três países que concentram o plantio de coca na região, que está dividido da seguinte forma: Colômbia (61%), Peru (26%) e Bolívia (13%), segundo o relatório mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês). Até o começo dos anos 2000, as principais rotas de escoamento passavam pela América Central e Caribe ou iam diretamente para norte-americanos e europeus, onde estão os maiores compradores.
A Amazônia brasileira começou a aparecer nesse mapa em meados dos anos 2000. O Brasil, que até então figurava na décima posição em volume de cocaína apreendida, atualmente é o terceiro colocado, atrás de Estados Unidos e Colômbia, apontam dados da UNODC de 2021. Foi nessa mesma época que o governo brasileiro investiu para aumentar o controle das fronteiras e do espaço aéreo na Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do planeta e tem baixa densidade populacional: cerca de 5,6 habitantes por km².
Uma das medidas para inibir o tráfico veio em 2004 com a chamada Lei do Abate. A medida foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma longa discussão no Congresso e com as Forças Armadas. A lei sinalizava que o governo estava disposto a “combater, com as armas adequadas, a invasão de nossas fronteiras por quadrilhas internacionais de narcotraficantes”, afirmou o então ministro da Defesa, José Viegas Filho.
Àquela altura, o país montava uma infraestrutura própria para agir nesse campo – havia pouco controle sobre o espaço aéreo da Amazônia, o que facilitava voos carregados de drogas vindos de países andinos. Em 2002, o Sistema de Vigilância da Amazônia e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam) entraram em operação sob a justificativa de aumentar a vigilância e o controle do tráfego aéreo, das fronteiras, monitorar comunicações clandestinas, rotas de tráfico e contrabando, além de identificar pistas escondidas e garimpos ilegais. Anos mais tarde, em 2005, o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta IV) iniciava suas atividades em Manaus.
Assim que a Lei do Abate passou a valer, a FAB diz ter registrado uma redução imediata de 32% no número de voos irregulares. O primeiro relato de interceptação de avião suspeito veio a público em 2009, quando uma aeronave vinda da Bolívia foi alvo de disparos de advertência pelos militares brasileiros após o piloto se negar a obedecer. Depois dos tiros, o avião, que carregava 176 kg de pasta base de cocaína, pousou numa estrada de terra em Rondônia.
O estudo liga a interdição aérea ao volume da droga apreendida. Com a migração de parte do comércio ilegal para os rios e estradas, o Brasil dobrou a quantidade de cocaína detida por mar, terra e ar entre 2004 e 2005: foi de 7,7 toneladas para 15,7 toneladas, segundo estatísticas divulgadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) à época.
No entanto, a estratégia usada para dificultar o tráfico de drogas pelo ar pode ter estimulado um novo problema. Segundo o estudo dos pesquisadores brasileiros, a geografia da floresta favoreceu a rápida adaptação do narcotráfico. A análise indica que a violência nas cidades ao longo das vias acessadas mudou de padrão depois da Lei do Abate. O estudo também aponta o aumento de mortes por overdose, sinalizando maior presença de drogas em circulação. “Observamos que diversos municípios com zero casos de overdose antes de 2005 passaram a ter episódios esporádicos desde então”, afirmam os pesquisadores, alertando ainda para a provável subnotificação de casos.
Disputa pelo monopólio do tráfico na região entre facções criminosas
Os pesquisadores alertam que é praticamente impossível enfrentar o problema numa região do tamanho da Amazônia, maior que a União Europeia, apostando só na presença ostensiva da polícia ou das Forças Armadas. “Tem que pensar em algum uso de tecnologia que seja capaz de acompanhar isso e gerar alertas que acionem uma reação”, sugere a pesquisa, citando drones, radares móveis e melhor coordenação entre os órgãos de fiscalização e autoridades dos países vizinhos. Outra ação vital é oferecer às comunidades locais alternativas que gerem renda, preservem a floresta e o modo de vida tradicional, a fim de evitar o envolvimento dos moradores com o narcotráfico e impedir possível “entrincheiramento de algum grupo criminoso ali na região que consiga um monopólio”.
A disputa pelo monopólio do tráfico de drogas na Amazônia sugerida pela pesquisa foi diagnosticada pelo Fórum de Segurança Pública em um relatório de 2022, citado no estudo sobre os “rios de cocaína”. A análise do Fórum abordou o interesse de facções do Sudeste, como o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital, o PCC, de São Paulo, pelo controle da região entre 2015 e 2016. O relatório cita ainda que “algumas facções locais compreenderam melhor os mecanismos de funcionamento das redes ilegais através da Amazônia”.
Esse fenômeno suscitou o surgimento de organizações regionais, como a Família do Norte, no Amazonas. Cientes disso, os estudiosos do Insper e da USP compararam os homicídios ocorridos após 2015, tentando identificar algum aumento de óbitos a partir da interferência das facções. Os números mostram que a taxa de mortes se manteve similar durante todo o período a partir de 2004, quando a restrição aérea foi implementada.
Por fim, os pesquisadores ressaltam que, além dos esforços brasileiros para conter o crime organizado, é imprescindível uma cooperação internacional, “principalmente na região andina, para garantir uma abordagem coordenada ao tráfico de cocaína, com maior troca de informações e práticas de segurança transnacional”.
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Com repasses de R$ 32,5 milhões, Acre chegou a 98% de execução de recursos da Lei Paulo Gustavo, diz governo federal
Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais
O Acre foi um dos estados que mais se destacou na execução dos recursos da Lei Paulo Gustavo, com mais de 98% do montante recebido sendo investido na cultura local. Ao todo, o estado e seus 22 municípios executaram R$ 32,5 milhões, sendo R$ 23,86 milhões direcionados ao setor audiovisual e R$ 8,68 milhões para diversas outras manifestações culturais, como música, dança, pintura e artes digitais.
Entre os municípios acreanos, Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais e R$ 1,27 milhão em outras áreas culturais. As cidades de Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá e Feijó também se destacaram na execução dos recursos, contribuindo para o fortalecimento da cultura no estado.
A Lei Paulo Gustavo, sancionada em 2022, foi criada para apoiar o setor cultural durante a pandemia de Covid-19. Inspirada no legado do humorista Paulo Gustavo, que faleceu em decorrência da doença, a lei destinou recursos a estados, municípios e ao Distrito Federal, com o objetivo de ajudar artistas e produtores culturais a manterem suas atividades durante a crise. Com uma execução recorde, a lei se consolidou como o maior investimento direto na cultura na história do Brasil, promovendo o fortalecimento da economia criativa e a valorização das expressões culturais locais.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez questão de ressaltar a importância da Lei Paulo Gustavo para o desenvolvimento cultural e social do Brasil. “A lei é responsável pelo desenvolvimento econômico, social e artístico ao injetar recursos financeiros nos municípios e estados, gerando emprego, renda e dignidade para o nosso povo. A cultura está diariamente na vida dos brasileiros, e por isso leis de incentivo, como a Paulo Gustavo, são fundamentais para fomentar e evidenciar a diversidade da nossa gente e as diferentes formas de se fazer cultura”, afirmou.
Em nível nacional, os recursos da Lei Paulo Gustavo somaram R$ 3,93 bilhões, o maior investimento na história do país para o setor cultural. Com uma execução recorde de 95% dos recursos, a lei se consolidou como um importante pilar de apoio à cultura, especialmente em um momento tão desafiador como a pandemia de Covid-19.
O Acre, ao lado de outros estados que também se destacaram, como o Espírito Santo e o Paraná, é exemplo de como a aplicação desses recursos tem gerado impacto positivo na economia e na vida das pessoas. A execução eficiente no estado mostra como é possível investir em cultura e fortalecer a identidade local, ao mesmo tempo em que se geram novas oportunidades para a população.
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Brasil
Governo Federal propõe expansão do crédito consignado para trabalhadores do setor privado
Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional
O Governo Federal anunciou a criação de uma proposta legislativa que visa expandir o acesso ao crédito consignado para os cerca de 42 milhões de trabalhadores com carteira assinada (CLT) no Brasil, especialmente aqueles com dificuldades de acesso a este tipo de financiamento. A principal novidade da proposta é a criação de uma plataforma que permitirá aos bancos e instituições financeiras consultar diretamente o perfil de crédito dos trabalhadores por meio do eSocial, o sistema eletrônico obrigatório que reúne informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais dos empregados de todo o país.
O crédito consignado, uma das modalidades de empréstimo mais populares no Brasil, tem as parcelas descontadas diretamente da folha de pagamento do devedor. Essa modalidade oferece juros mais baixos em comparação com outros tipos de crédito, sendo amplamente utilizada por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Atualmente, a legislação permite que trabalhadores com carteira assinada acessem o crédito consignado, mas a exigência de convênios entre empresas e bancos dificulta a adesão de pequenas e médias empresas, limitando o acesso ao serviço.
O projeto foi discutido em uma reunião com o presidente Lula, os ministros Haddad e Luiz Marinho, além dos presidentes de cinco dos maiores bancos públicos e privados do país, incluindo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Durante o encontro, ficou claro que a proposta busca eliminar a necessidade de convênios entre as empresas e os bancos, facilitando a oferta de crédito para trabalhadores de diversos setores, independentemente do porte da empresa em que trabalham.
Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional, conforme indicou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
As regras sobre o limite do crédito consignado, como o teto de 30% da renda mensal do trabalhador comprometida com o empréstimo, deverão permanecer inalteradas. Além disso, os trabalhadores poderão utilizar até 10% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a multa por demissão sem justa causa para o pagamento das parcelas, caso se desliguem da empresa.
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