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Como fica a relação entre Israel e Irã após a morte de Ebrahim Raisi?

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Ebrahim Raisi, presidente do Irã, morreu em um acidente de helicóptero no último fim de semana
AFP

Ebrahim Raisi, presidente do Irã, morreu em um acidente de helicóptero no último fim de semana

O líder supremo do Irã, o aiatoiá Ali Khamenei, anunciou na segunda-feira (20) que o país teria 5 dias de luto pela morte do presidente Ebrahim Raisi e de outras oito pessoas em um acidente de helicóptero , ocorrido no último domingo (19).

Além de decretar luto, o líder supremo também nomeou o vice-presidente Mohamad Mokhber como presidente interino, que deve preparar eleições presidenciais em 50 dias ao lado dos chefes do Poder Legislativo e Judiciário do país.

Os impactos da morte de Raisi ainda são debatidos por internacionalistas, principalmente no que diz respeito às relações exteriores. Uma das incógnitas é a situação entre Irã e Israel. Entenda:

Israel e Irã

O Irã apoia dois grupos terroristas com os quais Israel está atualmente em combate em duas frentes: o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Faixa de Gaza. Além disso, os rebeldes houthis do Iêmen estão atacando embarcações israelenses no Mar Vermelho.

Durante a guerra em Gaza, que começou em 7 de outubro do ano passado com os ataques do Hamas, Irã e Israel trocaram ataques diretos em abril, um evento sem precedentes.

Em 13 de abril de 2024, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, em conjunto com as Forças de Mobilização Popular do Iraque, o grupo libanês Hezbollah e os Houthis do Iêmen, realizou ataques contra Israel sob o codinome Operação Promessa Verdadeira, empregando drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos.

Após a morte de seu presidente, o Irã deve manter apoio à Palestina e não mudar as suas posições políticas contra Israel. Ainda, o parlamentar israelense Avigdor Liberman, líder do partido de oposição Yisrael Beytenu, afirmou ao site de notícias Ynet que nada nas políticas do Irã no Oriente Médio deve mudar.

“Para nós, não importa, não afetará a atitude de Israel [em relação ao Irã]. As políticas do Irã são definidas pelo líder supremo [aiatolá Ali Khamenei]”, disse Liberman.

Ao The New York Times, Meir Javedanfar, professor iraniano-israelense da Universidade Reichman, em Israel, declarou que os pesquisadores do programa nuclear iraniano e líderes militares são mais importantes para o regime dos aiatolás do que o presidente do país.

“Sua ausência ou presença não teria muito impacto. O mesmo não pode ser dito de um cientista nuclear, trabalhando num programa que poderia produzir uma bomba nuclear para ameaçar Israel”, disse Javedanfar.

Javedanfar afirmou que Raisi não era mais do que “um soldado de infantaria do líder supremo” e “um servo leal, com pouca influência dentro do regime”.

Ao iG , Nathana Garcez, internacionalista e Investigadora Colaboradora na Universidade de Coimbra, diz acreditar que “não deve haver nenhuma mudança muito drástica. O Irã deve continuar apoiando a Palestina independentemente da figura enquanto presidente”.

“Mas, em um contexto geral, acho que a postura do Irã deve ficar mais zelosa em relação a Israel, ainda que o falecido presidente já tinha um perfil de enfrentamento, então vai ser difícil encontrar um outro presidente com o mesmo segmento igual ao de Raisi”, acrescenta ela.

O que acontece após a morte de Ebrahim Raisi?

“A postura agora é de manutenção dentro do governo iraniano neste primeiro momento. A longo prazo, a morte de Raisi não afeta muito a política de Estado, porque ela ultrapassa a figura do chefe de governo”, diz Nathana.

Sobre o sucessor de Ebrahim, a pesquisadora diz que se deve esperar um “sucessor também bastante conservador e que se aproxime das características do Raisi, que era o favorito para se tornar o próximo líder supremo do Irã. Isso indica que um candidato importante nas próximas eleições deve ser o vice-presidente e presidente interino do país, Mohammad Mokhber. Ele é um candidato à sucessão natural, ainda que seja considerado menos conservador do que Raisi”, afirma Nathana Garcez.

A possibilidade de disputas políticas em torno da sucessão não é descartada , visto que alguns nomes já circulam pelo parlamento. Alguns deles são: Saeed Jalili, figura política importante que já desempenhou papéis como negociador-chefe do acordo nuclear e membro do Conselho de Discernimento, e Mohammad Baqer Qalibaf, ex-prefeito de Tehran.

Qual o tipo de regime do Irã?

“O regime do Irã é bastante único no planeta”, diz Nathana.

Segundo a internacionalista, o chefe de Estado é o líder supremo, um aiatolá, que é escolhido pela Assembleia de Especialistas (88 clérigos de grande virtude que ficam em tal cargo por oito anos). O cargo de líder supremo é vitalício e o líder supremo detém poder sobre as forças armadas e a mídia pública, e é o chefe do judiciário. Mas se o Chefe de Estado não é eleito por voto direto, a Assembleia de Especialistas é. Ela, assim como o Parlamento iraniano e o próprio presidente do Irã, são escolhidas por voto direto da população iraniana maior de 18 anos de idade.

O parlamento tem cerca de 290 legisladores e é a instituição responsável pela formulação de leis, assim como pela ratificação de tratados internacionais e elaboração do orçamento público. No entanto, as leis criadas no parlamento ainda passam por um último crivo antes de entrarem em vigor: o Conselho dos Guardiões. O Conselho dos Guardiões é formado por 12 membros, sendo 6 clérigos escolhidos pelo líder supremo e seis juristas escolhidos pelo parlamento. Eles são os responsáveis por analisar se as leis criadas estão de acordo com a Shariah/lei islâmica.

“Cabe mencionar que o papel do presidente no Irã acaba sendo de menor potência em comparação com outras repúblicas presidencialistas, já que o papel de líder do executivo cabe ao líder supremo de acordo com a constituição no Irã. Ainda assim, ele é o segundo político mais importante do país e é responsável pela criação do seu próprio gabinete de governo, com membros responsáveis pela gestão do governo também”, explica Garcez.

Relação entre Brasil e Irã

Os dois países começaram a se relacionar em 1903, evoluindo positivamente ao longo dos anos. Durante a Revolução Islâmica de 1979, os laços comerciais com o Brasil se fortaleceram, fazendo do Irã um importante importador de commodities brasileiras.

No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sob o governo de Mahmoud Ahmadinejad, as relações políticas se estreitaram, fazendo com que Brasília, junto com a Turquia, tentasse um acordo nuclear entre o Irã e o Ocidente. Os Estados Unidos negaram o acordo, mas o Brasil manteve boas relações com o Irã, como tem até hoje.

“O Brasil e o Irã tem relações cordiais e uma série de parcerias econômicas e de projetos de desenvolvimento. A boa relação deve se manter, até pela recente entrada do Irã nos BRICS + (grupo de países de mercado emergente)”, avalia a internacionalista Nathana Garcez.

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Fonte: Nacional

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Dono do Banco Master e ex-presidente do BRB depõem à PF nesta terça

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• Imagem gerada por IA

A investigação sobre fraude bilionária envolvendo o Banco Master colhe, nesta terça-feira (30), os depoimentos do dono do Master, o banqueiro Daniel Vorcaro, do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino.

Os depoimentos à Polícia Federal (PF) serão tomados no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), a partir das 14h.

As oitivas são parte de inquérito, no STF, que apura as negociações sobre a venda do Banco Master ao BRB, banco público do Distrito Federal (DF).

O BRB tentou comprar o Master pouco antes do Banco Central (BC) decretar a falência extrajudicial da instituição, e apesar de suspeitas sobre a sustentabilidade do negócio.

Paulo Henrique Costa foi afastado da presidência da instituição por decisão judicial.

Em novembro, o ex-presidente do BRB e Daniel Vorcaro foram alvos da Operação Compliance Zero, que investiga a concessão de créditos falsos. As fraudes podem chegar a R$ 17 bilhões em títulos forjados.  

As oitivas dos investigados foram determinadas pelo ministro Dias Toffoli e serão realizadas individualmente. Inicialmente, o ministro do STF queria uma acareação entre os envolvidos. Porém, Toffoli definiu, dias depois, que a acareação só deve ocorrer caso a PF ache necessária. Acareação é quando os envolvidos ficam frente a frente para confrontar versões contraditórias.

Apesar do diretor do Banco Central não ser investigado, seu depoimento foi considerado pelo ministro Toffoli de “especial relevância” para esclarecer os fatos, uma vez que o BC é a instituição que fiscaliza a integridade das operações do mercado financeiro.

A defesa do banqueiro Vorcaro informou à Agência Brasil que não vai se manifestar sobre o depoimento porque o processo corre em sigilo.

A defesa do ex-chefe do BRB, Paulo Henrique Costa, por sua vez, informou que não se manifesta antes do depoimento.

O Banco Central também não se manifestou em relação ao depoimento do diretor de fiscalização da instituição.

BRB quis comprar Master

Em março deste ano, o BRB anunciou a intenção de comprar o Master por R$ 2 bilhões – valor que, segundo o banco, equivaleria a 75% do patrimônio consolidado do Master.

A negociação chamou a atenção de todo o mercado, da imprensa e do meio político, pois, já na época a atuação do banco de Daniel Vorcaro causava desconfiança entre analistas do setor financeiro.

No início de setembro, o Banco Central (BC) rejeitou a compra do Master pelo BRB. Em novembro, foi decretada falência da instituição financeira.

Compliance Zero

A Operação Compliance Zero é fruto das investigações que a PF iniciou em 2024, para apurar e combater a emissão de títulos de créditos falsos.

As instituições investigadas são suspeitas de criar falsas operações de créditos, simulando empréstimos e outros valores a receber. Estas mesmas instituições negociavam estas carteiras de crédito com outros bancos.

Após o Banco Central aprovar a contabilidade, as instituições substituíam estes créditos fraudulentos e títulos de dívida por outros ativos, sem a avaliação técnica adequada.

O Banco Master é o principal alvo da investigação instaurada a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

Na nota, o BRB afirmou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando, regularmente, informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas [às negociações de compra do] Banco Master”.

Fonte: Conteúdo republicado de AGENCIA BRASIL - NOTÍCIAS

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Acre terá R$ 5,7 bilhões em obras e 3 mil casas pelo Minha Casa, Minha Vida até 2027

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Investimentos do Novo PAC vão da nova Maternidade de Rio Branco ao linhão elétrico entre Feijó e Cruzeiro do Sul; transferências federais ao estado cresceram 29% em relação a 2022

Serão investidos R$5,7 bilhões para acelerar a saúde, a educação, a cultura, a sustentabilidade, o transporte e a infraestrutura do Acre, segundo publicação. Foto: captada 

O Acre terá R$ 5,7 bilhões em investimentos até 2030 por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), abrangendo setores como saúde, educação, cultura, sustentabilidade, transporte e infraestrutura. Além disso, até 2027, a expectativa é de que 3 mil acreanos recebam a chave da casa própria por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal.

Entre as principais obras previstas estão a construção da nova Maternidade de Rio Branco, no Segundo Distrito; o linhão de transmissão de energia entre Feijó e Cruzeiro do Sul, com 277 quilômetros de extensão; e a restauração da BR-364. Até 2030, serão 250 empreendimentos em todo o estado.

Em 2024, o governo federal transferiu R$ 9,9 bilhões para complementar o orçamento do estado e das prefeituras acreanas, valor 29% maior que o repassado em 2022, último ano do governo Bolsonaro.

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Acre cria sistema e centro integrado para monitoramento ambiental e combate ao desmatamento

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Lei sancionada pela governadora em exercício Mailza Assis formaliza estruturas já existentes na Secretaria de Meio Ambiente; governo garante que não gerará aumento de despesas

A publicação, assinada pela governadora em exercício Mailza Assis (PP) foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). Foto: captada 

Foi sancionada nesta terça-feira (30) a lei que cria o Sistema Integrado de Meio Ambiente e Mudança do Clima (SIMAMC) e o Centro Integrado de Inteligência, Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (CIGMA) no Acre. A publicação, assinada pela governadora em exercício Mailza Assis (PP), também institui o Grupo Operacional de Comando, Controle e Gestão Territorial, com foco no fortalecimento do combate ao desmatamento e às queimadas.

Segundo o governo, a medida não implica aumento de despesas, uma vez que o CIGMA já está em funcionamento dentro da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), carecendo apenas de institucionalização legal. A lei visa integrar e otimizar ações de monitoramento, inteligência e gestão territorial no estado, ampliando a capacidade de resposta a crimes ambientais.

A publicação ocorreu no Diário Oficial do Estado (DOE) e representa mais um passo na estruturação da política ambiental acreana, em meio a discussões nacionais sobre clima e preservação.

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