Acre
Com fábrica de tacos falida em Xapuri, último funcionário espera nova chance de emprego
Governo do Acre fracassou em todas as tentativas de repassar o empreendimento à iniciativa privada; até a energia elétrica está cortada

Fábrica de tacos é um fracasso monumental a ser investigado por envolver verba de empréstimo ao Estado do Acre
Ao se aproximar da terra natal do ex-líder seringueiro Chico Mendes, Xapuri, quem trafega pela BR-317 vê o grande galpão com alguns pedaços de madeira expostos ao sol. O local servia como um dos símbolos do tempo áureo da pretensa economia da floresta nos governos dos petistas Jorge Viana e Binho Marques, agora apenas a imagem da falência do setor madeireiro no Acre.
A única presença humana é do vigilante contratado para evitar o furto das últimas peças da fábrica e não permitir que visitantes incômodos registrem a decadência do local. A pequena vila com casas para abrigar os trabalhadores sofre com a deterioração. Aos poucos, a ação do sol e da chuva vai destruindo tudo.
Sem energia, o segurança tem como distração a companhia de Daniel Nascimento, 36, um paraense de Santarém e que veio para o Acre em 2010, na segunda tentativa feita pelo governo de salvar o empreendimento. À época, a fábrica foi entregue a um consórcio de três empresas acreanas.
Mesmo não tendo nada a mais fazer, Nascimento ainda usa as mesmas roupas dos tempos de trabalho quando a fábrica de tacos funcionava. A blusa verde com logomarca do consórcio, a calça jeans e as botas brancas que ele ainda usa passam a impressão de que algo ali dentro ainda funciona. Ele é especialista na secagem da madeira, uma das fases do processo de produção dos tacos, peças de madeira usadas no piso.
A fábrica de tacos foi apresentado na propaganda oficial como uma iniciativa política do governo Jorge Viana de fortalecimento da economia florestal, conhecida como “florestania”. O objetivo era usar as árvores retiradas de projetos de manejo para seu beneficiamento industrial, e a exportação com o selo verde para os mercados internacionais, tornando o Acre referência na exploração sustentável da Amazônia.
Desde 2006, porém, a fábrica não vingou. A primeira empresa a explorá-la operou por pouco mais de um ano. Uma das razões para da inviabilidade era o fornecimento de energia. “A fábrica tem um sistema de produção próprio a partir da queima de biomassa, mas não havia matéria-prima suficiente para esta geração”, afirma Nascimento.
Com isso, a madeira beneficiada precisava ir para estufas em Capixaba, distante 100 km de Xapuri, para a secagem. “Na volta, a madeira ficava exposta à umidade, o que tirava a qualidade de todo o material, tornando o produto menos competitivo”, diz. A fábrica está fechada há quase dois anos.
Na última tentativa de salvá-la, em 2013, o governo repassou o empreendimento para um empresário do Amazonas, mas que também desistiu da empreitada. “Há muito tempo já não se produzia tacos aqui. A fábrica estava servindo apenas como uma grande serraria”, lembra o ex-funcionário.
Daniel Nascimento agora se formou em curso técnico de Gestão Ambiental pelo Instituto Federal do Acre (Ifac), e aguarda a oportunidade de ser chamado para um novo emprego, deixando, de vez, a fábrica de tacos jogada à sorte, e já sem a memória de seu último trabalhador com a farda dos tempos em que algo ainda funcionava por ali.
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Acre
Rio Acre sobe quase três metros em 24 horas em Rio Branco após chuvas intensas
Mesmo com elevação expressiva, nível do rio permanece abaixo das cotas de alerta e transbordo, segundo a Defesa Civil

Foto: Sérgio Vale/ac24horas
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Acre
Ameaça de desbarrancamento leva Defesa Civil a retirar família de residência

Foto: Defesa Civil de Rio Branco/divulgação
Uma família precisou ser retirada de uma residência localizada na avenida Dorva Caminho, no bairro Areal, em Rio Branco, na quarta-feira (17), após o registro de ameaça de desbarrancamento durante a forte chuva que atingiu a capital acreana.
De acordo com as informações repassadas, o risco foi identificado em meio às ocorrências provocadas pelo grande volume de chuva que caiu ao longo do dia, elevando a instabilidade do solo em áreas consideradas vulneráveis. Diante da situação, a Defesa Civil Municipal realizou a retirada preventiva dos moradores para evitar possíveis acidentes.
O órgão, no entanto, não informou para onde a família foi levada, nem o número de pessoas que habitavam a residência. Também não há detalhes sobre danos estruturais no imóvel ou se o local seguirá interditado.
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Acre
Rio Branco registra mais de 100 mm de chuva em 24 horas e entra em alerta

Foto: Sérgio Vale
Rio Branco registrou um volume de chuva superior a 100 milímetros nas últimas 24 horas, segundo dados da aferição oficial do município. O acumulado foi de 108,4 milímetros, resultado de uma precipitação que se estendeu por cerca de 12 horas ininterruptas.
O volume elevado é considerado significativo para o período e contribuiu para a ocorrência de pontos de alagamento em diferentes áreas da cidade. Diante do cenário, a Defesa Civil Municipal intensificou o monitoramento de igarapés e passou a vistoriar áreas classificadas como de risco.
De acordo com o órgão, as ações têm caráter preventivo e visam acompanhar a elevação do nível dos cursos d’água, além de identificar possíveis situações que possam colocar moradores em risco.
A Defesa Civil segue em alerta e orienta a população, especialmente quem vive em áreas vulneráveis, a ficar atenta às condições climáticas e acionar o órgão em caso de necessidade.


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