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Acre

Com distribuição da Caderneta do Adolescente, governo reforça e alerta para importância da vacinação contra HPV

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Caderneta física voltou a ser entregue e traz informações sobre saúde, desenvolvimento e sexualidade. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Com o retorno da distribuição física da Caderneta de Saúde do Adolescente pelo Ministério da Saúde (MS), o governo do Acre tem reforçado campanhas e ações para aumentar o acesso dos jovens ao documento, que, além de acompanhar a vacinação, também é um diário de informações importantes e reúne dados sobre desenvolvimento, saúde e sexualidade.

As ações, implementadas pelo Núcleo de Saúde do Adolescente e Jovens da Secretaria de Saúde do Estado (Sesacre), têm como foco  conscientizar os jovens sobre a importância da vacinação e também da responsabilidade  sexual, prevenindo, inclusive, a gravidez na adolescência.

O próprio adolescente pode acompanhar seu esquema vacinal. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Desde que foi retomada a distribuição, em maio deste ano, a Sesacre enviou mais de 10,5 mil exemplares para as unidades básicas de saúde de Rio Branco, regional do Juruá, Alto Acre e Baixo Acre.

“A caderneta de saúde do adolescente é uma importante ferramenta de comunicação, vigilância e prevenção à saúde. Por meio dela, o profissional de saúde deve abordar o crescimento e desenvolvimento do adolescente, a atualização do calendário vacinal e o direito sexual reprodutivo. A Sesacre vem seguindo a orientação do Ministério da Saúde e o nosso objetivo é fortalecer as ações de promoção e prevenção na saúde dos adolescentes no estado”, explica Luciana Freire, coordenadora estadual da Saúde do Adolescente da Sesacre.

Todo o material é encaminhado à rede municipal de saúde. Quando o adolescente chega para atualizar a vacina, por exemplo, é informado sobre a caderneta, que passa a ser seu documento oficial para calendário vacinal e também outras informações. Há espaço para que o jovem acompanhe o índice de massa corporal (IMC), informações sobre saúde, sexualidade e informações úteis de canais de denúncia de violência sexual e trabalho infantil, entre outras.

Vacinação contra HPV

O Estado tem tido um olhar mais atento à baixa cobertura da vacina HPV, que tem como público-alvo meninas e meninos de 9 a 14 anos, visando protegê-los da exposição ao vírus, que pode causar câncer. No estado, segundo dados da Sesacre, há 34.970 adolescentes com a vacinação contra o HPV pendente nos últimos seis anos.

A maior cobertura vacinal tem sido na faixa etária de 14 anos, com 37,21% do público vacinado. No começo de abril, o MS mudou o esquema vacinal contra a doença e a imunização passou a ser em dose única e não mais em duas, como era realizado antes.

Também são vacinas voltadas para o público adolescente as doses contra hepatite B; meningo ACWY; covid-19 e dengue. Porém, a resistência maior, inclusive dos pais, é com relação a de HPV. A coordenadora estadual de Imunizações, Renata Quiles, destacou que a resistência muitas vezes está ligada ao fato de os pais não quererem falar sobre o assunto.

“A vacina contra o HPV tem como objetivo prevenir a infecção por um vírus perigoso, que é o papilomavírus, microorganismo que está intimamente relacionado aos casos de câncer de colo de útero, pênis, vagina, vulva e orofaringe. Justamente por falarmos tanto sobre as questões íntimas, relacionadas a órgãos genitais, existe uma resistência em aderir a essa vacina”, explica.

O público-alvo dessa imunização não foi escolhido à toa. A dose deve ser dada na infância e adolescência para que, quando o jovem iniciar a vida sexual, já tenha se prevenido, dando chances de o organismo produzir os anticorpos necessários para sua proteção.

“A vacina HPV, justamente por questões religiosas, tradições e desinformações divulgadas sobre ela, é uma vacina muito estudada, avaliada e monitorada, tendo sua qualidade e segurança reforçadas todos os anos. É segura, necessária e todos nós devemos ter a oportunidade de ter acesso a ela. Para os adolescentes, o SUS garante de forma gratuita, e para os adultos pode se encontrar nas clínicas privadas de vacinação e, em alguns casos especiais, no Crie [Centro de Referências para Imunobiológicos Especiais]”, reforça a coordenadora.

Estado tem realizado ações em todos os municípios, levando informações e capacitações sobre saúde do adolescente. Foto: Marcos Vicentti/Secom

O grupo prioritário também inclui pessoas com imunocomprometimento, vítimas de violência sexual e outras condições específicas, conforme disposição do Programa Nacional de Imunizações (PNI), podendo receber a vacina pessoas com até 45 anos.

A ginecologista e obstetra Samara Messias analisa com preocupação a baixa cobertura vacinal, resultado dos pontos já listados pela gestora do PNI no Acre. E corrobora a importância da vacinação, dizendo que a desinformação faz com que muitos pais tenham medo da vacina.

“O câncer de colo de útero é considerado, em última análise, uma doença sexualmente transmissível, porque 99% dos cânceres de colo mais comuns, que são os escamosos, são causados pelo vírus HPV e podem ser prevenidos pelo uso de preservativo, pelo preventivo [PCCU] e principalmente pela vacina, que tem se mostrado um dos métodos mais eficazes de prevenção do HPV; mas, infelizmente, a cobertura vacinal no Brasil tem sido muito baixa, principalmente aqui nos estados da Região Norte”, diz Samara.

O medo dos efeitos colaterais e algumas reações à vacina são o principal argumento, segundo a médica, que os pais usam para não imunizar o adolescente com a vacina disponibilizada no SUS.

“Já foi mais do que comprovado que apenas 0,001% podem ter vermelhidão local e inchaço. Em outros casos, considerados moderados, mulheres podem ter enjoos, náuseas e vômitos apenas nos primeiros quinze minutos; passando isso, nenhum efeito colateral foi detectado. Alguns efeitos descritos na literatura foram relacionados a características próprias das mulheres, causados por predisposição e não considerados um efeito da vacina”, esclarece.

Naomi diz que gosta do formato da caderneta e que ela mesma cuida das informações pessoais contidas nela. Foto: Marcos Vicentti/Secom

‘É importante e prática’

A estudante Naomi Pedrosa tem 17 anos e adquiriu sua caderneta do adolescente há um ano, assim que chegou ao Acre para morar com o pai e a madrasta, que é enfermeira em uma unidade de saúde municipal. Para ela, a caderneta serve como um diário das fases da sua vida e a ajuda a controlar pessoalmente o esquema vacinal.

“Acho extremamente importante seguirmos o calendário da caderneta de vacinação, para nos ajudar a prevenir doenças que são facilmente evitáveis ou até mesmo aquelas mais graves e que podem levar à morte. Acho importante também a caderneta de vacinação do adolescente, que nos possibilita conhecer nosso próprio corpo, trazendo várias informações sobre o desenvolvimento do adolescente, coisas que podemos evitar, mas que são até naturais na adolescência”, observa.

Com a ajuda da madrasta, ela mantém todas as informações atualizadas. A caderneta ainda possui espaço para completar dados pessoais, foto e anotações do jovem, para auxiliar o acompanhamento.

“Eu mesma cuido da minha caderneta, porque a vacinação é extremamente importante para todas as idades, crianças, adolescentes e adultos, enfim. E eu acho que deveriam ser ainda mais fortes os incentivos à vacinação, porque realmente hoje há muitos pais que são contra, há adolescentes que têm medo de se vacinar por medo de fake news e lá na frente podemos nos deparar com uma doença que pode nos levar à morte”, reflete.

Vacinação deve ser ampliada no Acre. Foto: Divulgação

A adolescente diz ainda que o formato pensado para documentar todas essas informações foi uma boa iniciativa, já que usa uma linguagem que aproxima o jovem de assuntos e informações importantes.

“Eu acho muito bonito, inclusive. A carteira de vacinação do adolescente é prática, ágil e fácil de a gente identificar onde fica cada coisa, as vacinações e várias informações sobre coisas que acontecem naturalmente na vida de todo adolescente e de toda criança, o que é extremamente importante. Hoje em dia há muitos pais que não passam essas informações para os jovens e, na caderneta de vacinação, você pode ter acesso a essas informações e se informar”, completa.

A carteira de vacinação é enviada às secretarias estaduais, que distribuem para os municípios. A substituição da caderneta da criança pela do adolescente é feita durante o atendimento, quando o jovem também pode esclarecer dúvidas e ser incentivado a cuidar da saúde.

Vacinação será ampliada no Acre

Em nota técnica, divulgado no começo deste mês, o Ministério da Saúde incluiu pessoas de 15 a 45 anos que tomam Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) no público-alvo da vacina contra o HPV – papilomavírus humano. Com a ampliação, será possível ajudar ainda mais na prevenção e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e cânceres causados pela doença. No estado do Acre, a ampliação da vacina vai beneficiar 157 usuários da PrEP.

No Brasil, a prevalência de papilomavírus humano foi avaliada pelo Estudo Epidemiológico sobre Prevalência Nacional HPV (POP- Brasil), que incluiu homens e mulheres entre 16 e 25 anos sexualmente ativos. O quantitativo geral de HPV foi de 53,6%, sendo 35,2% com, no mínimo, um dos genótipos de alto risco. Dos entrevistados, 50,7% afirmou usar preservativos rotineiramente e 12,7% relataram a presença de uma IST prévia.

O diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Draurio Barreira, explica que oportunizar o acesso à vacina HPV4 para usuários da PrEP é uma ação com impacto na prevenção das neoplasias relacionadas ao HPV para populações de maior vulnerabilidade às ISTs.

“Até março de 2024, 82% das pessoas que estavam em uso de PrEP eram homens que fazem sexo com homens e 3,2% mulheres trans e travestis. Sabemos que diversas barreiras relacionadas aos determinantes sociais, em especial ao estigma, tornam esses segmentos populacionais mais vulneráveis ao HIV, às ISTs e aos cânceres causados por HPV”, detalhou no portal do Ministério.

A PrEP é uma das formas de prevenir a infecção pelo HIV, caso ocorra exposição ao vírus. Para isso, é necessário tomar diariamente uma pílula que contém dois medicamentos: tenofovir e entricitabina. No entanto, é importante ressaltar que a profilaxia pré-exposição não impede a infecção por outras ISTs.

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Rio Tarauacá apresenta leve diminuição, mas município mantém estado de alerta

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O nível do Rio Tarauacá apresentou uma leve diminuição na manhã deste domingo (28), após atingir 9,91 metros à meia-noite. Às 6h, o rio marcou 9,87 metros, indicando uma pequena baixa no volume de água. Apesar disso, o município segue em estado de alerta devido à elevação dos igarapés, que continuam desaguando no rio. De […]

Fonte: Conteúdo republicado de AC24HORAS

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Em Sena Madureira, ribeirinha encontra motor preso a estacas após repiquete

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Moradora da zona ribeirinha do Rio Macauã, em Sena Madureira (AC), encontrou neste domingo (28) um motor que teria sido arrastado pela correnteza e acabou ficando apoiado sobre estacas cravadas no leito do rio. O achado chamou a atenção para os efeitos da elevação do nível das águas na região. Segundo o relato, o objeto […]

Fonte: Conteúdo republicado de AC24HORAS

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Rio Acre ultrapassa 15 metros e mantém Rio Branco em estado de atenção máxima

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Nível do rio segue em elevação, famílias estão desabrigadas e chuvas de dezembro quase dobram média histórica

O nível do Rio Acre continua em elevação e atingiu 15,04 metros ao meio-dia deste domingo (28), conforme boletim divulgado pela Defesa Civil Municipal de Rio Branco. O volume já supera a cota de transbordo, fixada em 14 metros, e mantém a capital acreana em estado de atenção máxima.

De acordo com as medições oficiais, o rio marcava 14,86 metros às 5h21, subiu para 14,94 metros às 9h e alcançou 15,04 metros ao meio-dia, confirmando a tendência de alta ao longo do dia. Apesar da elevação, não houve registro de chuva nas últimas 24 horas em Rio Branco.

A cota de alerta do Rio Acre é de 13,50 metros e a de transbordo, 14 metros — ambas ultrapassadas desde o sábado (27).

Situação dos rios e afluentes
Além do Rio Acre em Rio Branco, outros municípios e afluentes também apresentam níveis elevados neste domingo (28). Na Aldeia dos Patos, o rio marca 3,27 metros, em elevação. Em Assis Brasil, o nível é de 4,50 metros, em declínio. Em Brasiléia, o rio registra 8,63 metros, com tendência de subida.

Em Xapuri, o Rio Córrego Dolores apresenta 9,48 metros, em estabilização, enquanto o Rio Xapuri atinge 10,67 metros, em elevação. Em Capixaba, o nível chegou a 10,26 metros, também em alta. No Espalha, o rio marca 10 metros, com tendência de subida. O Riozinho do Rola atingiu 14,36 metros e, em Porto Acre, o Rio Acre registra 9,99 metros, ambos em elevação.

Famílias desabrigadas
Em Rio Branco, até a manhã deste domingo (28), a Defesa Civil contabiliza 34 famílias desabrigadas, totalizando 115 pessoas acolhidas em abrigos municipais. Além disso, seis famílias indígenas, somando ao menos 47 pessoas, estão abrigadas na Escola Estadual Leôncio de Carvalho.

As equipes da Defesa Civil Municipal, em conjunto com outras secretarias e o Corpo de Bombeiros, seguem atuando no monitoramento das áreas de risco, na retirada preventiva de famílias e na oferta de acolhimento emergencial.

O volume de chuvas registrado em Rio Branco em dezembro é significativamente superior à média histórica. Até este domingo (28), o acumulado chegou a 483 milímetros, enquanto o esperado para o mês é de aproximadamente 265 milímetros — um volume 97% acima da média. Somente nos últimos quatro dias, foram registrados 246 milímetros de chuva, índice que, isoladamente, já supera a média prevista para todo o mês de dezembro.

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