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Com 100 anos, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial é considerado morador mais velho de Assis Brasil

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 Joatan Conegundes completou 100 anos em fevereiro e é mais velho do que a cidade onde mora  — Foto: Arquivo pessoal

Joatan Conegundes completou 100 anos em fevereiro e é mais velho do que a cidade onde mora — Foto: Arquivo pessoal

Por Tácita Muniz, g1 AC

Testemunha ocular do maior conflito da humanidade, Joatan Conegundes de Araújo, de 100 anos, hoje vive na cidade de Assis Brasil, no interior do Acre, ao lado da família e, claro, é o morador mais ilustre da cidade da fronteira, que tem pouco mais de 7,6 mil habitantes.

O morador centenário é ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu de 1939 a 1945, em diferentes locais da Oceania, Ásia, África e Europa. Esse conflito foi travado entre Aliados (Reino Unido, França, EUA, URSS) e Eixo (Itália, Alemanha, Japão etc.) e teve como consequências a morte de, aproximadamente, 60 milhões de pessoas e uma destruição material significativa.

Lúcido, ele conta que não chegou a lutar na linha de frente, mas esteve em um navio na Itália junto com mais de 5 mil soldados que podiam ser chamados a qualquer hora para o combate direto.

Este ano, ao comemorar seus 100 anos, no dia 22 de fevereiro, a prefeitura da cidade fez um vídeo em homenagem a ele, já que, registrado, é o morador mais velho da cidade.

No vídeo, ele conta que servia ao Exército no Rio Grande do Norte e no dia do seu aniversário foi convocado para ir para a Itália.

“Fui escalado para ir para a Itália, no quarto escalão, fomos no navio, cerca de 5 mil soldados. Foram 14 dias, 14 noites sem o navio parar. Fomos para a Itália, só não fomos para a linha de frente. Muitos tinham deixado mulher e as noivas”, conta no vídeo.

Em 2019, na portaria 1.713 publicada no Diário Oficial pelo Ministério da Defesa, concedeu medalha da vitória para os ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial e o nome do idoso consta nela.

Ao completar 100 anos, ele  recebeu diversas homenagens na cidade — Foto: Arquivo pessoal

Ao completar 100 anos, ele recebeu diversas homenagens na cidade — Foto: Arquivo pessoal

Mais velho que a cidade onde mora

 

No fim de semana, a cidade de Assis Brasil comemorou 45 anos desde sua emancipação política e administrativa e virou cidade. Localizada em um dos pontos extremos do país, situada no ponto exato de encontro das fronteiras do Brasil, Peru e Bolívia, Assis Brasil foi fundada por três irmãos maranhenses, em 1908, e se chamava Seringal Paraguaçu.

Só em 1958 passou a se chamar Vila Assis Brasil. Com a constituição Acreana em 1963, teve o território desmembrado do município de Brasileia, mas só teve um governo municipal em 14 de maio de 1976, data em que se comemora o aniversário da cidade.

Marilene Lourdes de Araújo, de 53 anos, é filha do ex-combatente e mora com ele no município. Ela conta que meses após terminar a Segunda Guerra Mundial, o pai retornou para o estado dele, que era o Rio Grande do Norte, quando conheceu sua mulher.

“Casou, teve filhos e aí tinha um primo da gente, que trazia pessoas para o Acre para trabalhar no Seringal. Esse nosso primo chamava-se Benedito Batista e, como meu pai tinha muito medo da seca no Nordeste, veio pensando que era muito bom, porque na época, alguns serviam ao Exército e outros eram soldados da borracha. E esse seringalista ia até o nordeste e trazia navios cheios de seus familiares”, disse.

Ele chegou ao Acre em 1952, casado e com três filhos e deu continuidade à família até a mulher dele morrer aos 46 anos vítima de câncer. Ele então optou por nunca mais casar. Ao todo, ele teve, junto com sua companheira nove filhos, seis estão vivos, 15 netos e sete bisnetos.

Ex-combatente tem 15 netos e sete bisnetos  — Foto: Arquivo pessoal

Ex-combatente tem 15 netos e sete bisnetos — Foto: Arquivo pessoal

‘A melhor coisa foi conhecer minha mulher’

 

Durante entrevista, ao ser perguntado de tudo que já viveu o que mais marcou sua vida, ele disse que a melhor coisa foi conhecer sua mulher. Emocionado, ele lembra com carinho de Maria Lourdes de Araújo, a única companheira que escolheu ter na vida.

“De tudo, o que nunca vou esquecer é minha mulher. A melhor coisa da minha foi conhecer ela e formar minha família”, diz com a voz embargada.

Ao ouvir o pai emocionado, Marilene diz que ele nunca quis ter outra esposa e cuidou sozinho dos filhos. “Minha mãe morreu aos 46 anos vítima de câncer no útero e ele ficou viúvo muito novo. Quando ela morreu eu tinha 4 anos e oito meses e ele não casou nunca mais. E ele sempre diz que a coisa mais importante na vida dele foi conhecer e se casar com ela. Com a ajuda dos mais velhos, ele criou a gente sozinho, trabalhava no roçado, mas ele resolvia coisas como matrícula da escola, vacinas, tudo isso”, conta a filha.

Só depois, ele conseguiu um emprego na delegacia da cidade, onde trabalhou como servente e porteiro.

Mesmo depois da morte da esposa, ele cuidou dos filhos sozinho — Foto: Arquivo pessoal

Mesmo depois da morte da esposa, ele cuidou dos filhos sozinho — Foto: Arquivo pessoal

‘A volta da Asa Branca’

 

Passados 100 anos com uma memória impecável que o faz lembrar dos horrores da guerra e a perda de um grande amor, a música é o alento para os dias e durante a entrevista, ele pede para cantar um trecho da música preferida; “A volta da asa branca”, de Luiz Gonzaga.

Ele começa cantarolando a canção que se confunde até que com sua vida, no trecho que diz:

“Seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva pra esse sertão sofredor
Sertão das muié’ séria, dos home’ trabalhador
De mandar chuva pra esse sertão sofredor
Sertão das muié’ séria, dos homens trabalhador”

O que o faz lembrar a fuga do Nordeste, por medo da seca, em busca de uma vida melhor no Acre – onde criou os filhos e hoje recebe inúmeras homenagens, já que é o morador mais velho que se tem registro na cidade.

Ele diz que adora viver, comer de tudo e ama cantar. “Sou bom de prato, como de tudo. Só não gosto muito de mingau, mas como mesmo assim. Mas, adoro um pirão, uma carne, feijão. Como de tudo e adoro cantar”, finaliza.

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Sebrae e Funtac promovem 3º Encontro da Rede de Sementes do Acre

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Evento acontece nos dias 8 e 9 de dezembro, no Sesc Cruzeiro do Sul

Nos dias 8 e 9 de dezembro, o Sebrae e a Funtac realizam o 3º Encontro da Rede de Sementes do Acre, em Cruzeiro do Sul. O evento objetiva a promoção do conhecimento, inovações, tecnologias e mercado, voltados para a bioeconomia de sementes florestais no Acre.

O evento acontecerá no Hotel Sesc de Cruzeiro do Sul e a programação inclui palestras e minicursos, com temas como: Restauração florestal no Acre; Coleta e comercialização de sementes nativas; e Armazenamento de sementes florestais da Amazônia.

“Este encontro é um espaço estratégico para fortalecer a bioeconomia no Acre, promover a troca de conhecimentos e ampliar as oportunidades de mercado para o público que atua neste segmento”, destacou o gestor de bioeconomia do Sebrae, Francinei Santos, ministrará a palestra “Estratégias de mercado na Rede de Sementes”, no dia 8.

Criada em 2023, a Rede de Sementes do Acre atua na estruturação da cadeia produtiva de sementes florestais nativas, com foco na restauração de ecossistemas, na conservação de espécies ameaçadas e no fortalecimento da comercialização sustentável, em parceria com instituições públicas, privadas e a sociedade civil.

A edição do Encontro em Rio Branco acontecerá nos dias 11 e 12 de dezembro. O evento conta com apoio do Ministério do Meio Ambiente, por meio do projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia, Banco Mundial, GEF, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), Conservação Internacional Brasil, FGV Europe e Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

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Justiça determina que governo do Acre nomeie 20 policiais penais em Sena Madureira

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De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP)

Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784). Foto: captada 

Saimo Martins 

A Vara Cível da Comarca de Sena Madureira determinou que o Governo do Acre convoque e nomeie, em até 30 dias, pelo menos 20 aprovados no concurso da Polícia Penal (Edital 001/2023 – SEAD/IAPEN) para atuarem na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). A decisão, assinada pelo juiz Caique Cirano de Paula, atende a pedido de tutela de urgência ajuizado pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) em Ação Civil Pública.

A medida foi tomada após uma série de inspeções do Ministério Público, através do promotor Júlio César Medeiros, da Defensoria Pública e do próprio Judiciário apontarem um cenário crítico na unidade prisional, marcado por déficit de servidores, violações de direitos básicos e risco iminente à segurança.

Déficit de servidores e violações de direitos básicos

De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP). Entre as violações identificadas estão a irregularidade no banho de sol — que chega a ocorrer apenas uma vez por mês — precariedade no fornecimento de água, problemas na qualidade da alimentação, ausência de equipe de saúde adequada e inexistência de Grupo de Intervenção, único caso no Estado.

Relatórios da Defensoria Pública e do Juízo da Execução Penal reforçaram a grave situação, caracterizada pelo Ministério Público como expressão local do Estado de Coisas Inconstitucional reconhecido pelo STF no sistema prisional brasileiro.

Concurso com vagas abertas e aprovados sem nomeação

O concurso da Polícia Penal previa 261 vagas, e 308 candidatos concluíram o curso de formação. No entanto, apenas 170 foram convocados até agora. Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784).

O diretor da unidade informou que seriam necessários, no mínimo, 30 novos servidores, sendo 16 para formação do Grupo de Intervenção e 12 para reforçar a equipe educacional.

Decisão determina ações imediatas

Na decisão, o juiz afirma que não há violação ao princípio da separação dos poderes, uma vez que o Judiciário apenas determina o cumprimento de obrigações legais já previstas. O magistrado destacou a urgência diante do risco à integridade física de internos e servidores, além das violações massivas de direitos fundamentais.

Segundo ele, o Ofício nº 7.499/SMCRI00, expedido pelo Juízo da Execução Penal e que estabeleceu prazos curtos para regularização do banho de sol, atendimento em saúde e fornecimento de água potável, evidencia a gravidade da situação. O juiz ressaltou que a normalização dessas atividades depende diretamente de efetivo de segurança suficiente para garantir a movimentação dos presos e a ordem interna. Ele apontou que a privação crônica de banho de sol, a ausência de assistência à saúde e as falhas no fornecimento de água elevam o risco de instabilidade interna a níveis perigosos. A falta de um Grupo de Intervenção, conforme observou o Ministério Público, transforma a UPEM em uma “bomba-relógio”, ameaçando a segurança de servidores, internos e da população. O magistrado concluiu que, diante do histórico de violência, rebeliões e evasões no sistema prisional acreano, o Poder Judiciário, provocado pelo Ministério Público e apoiado em recente atuação da Defensoria Pública, não pode se omitir frente à evidente falha do Poder Executivo na implementação das políticas penitenciárias necessárias.

O Estado deverá adotar uma série de medidas no prazo de 30 dias, conforme determinação judicial. Entre elas está a nomeação de pelo menos 20 policiais penais aprovados e formados no concurso, para atuação imediata na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). Também deverá ser criado e capacitado um Grupo de Intervenção, composto por no mínimo 16 policiais penais.

A decisão determina ainda que as vagas de estudo oferecidas aos internos sejam ampliadas de 40 para 80, além da obrigatoriedade de garantir banho de sol diário com duração mínima de duas horas, conforme prevê a Lei de Execução Penal (LEP). Outro ponto imposto é a regularização do fornecimento de água potável, que deverá ocorrer pelo menos três vezes ao dia, com horários fixos divulgados em todos os blocos da unidade.

O magistrado ainda determinou que o Estado realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, assegurando uma reserva técnica para situações emergenciais. Em caso de descumprimento das medidas, foi fixada multa diária de R$ 10 mil, limitada a 30 dias.

“Realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, a fim de garantir o fornecimento de água potável, no mínimo, três vezes ao dia aos internos, em horários fixos, com fixação do cronograma de liberação de água sendo afixado em todos os blocos, com manutenção de reserva técnica de água para situações emergenciais. Fixo, a título de astreintes, multa diária no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), limitada a 30 (trinta) dias”, diz a decisão.

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Acre tem 152 obras federais paradas, com R$ 1,2 bilhão paralisados durante governo Lula, aponta TCU

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Dados atualizados até abril de 2025 mostram que saúde e educação concentram maior número de obras interrompidas; causas das paralisações não são detalhadas no painel do tribunal

O Ministério das Cidades reúne 31 obras suspensas, impactando projetos de habitação e urbanização. O DNIT contabiliza 12 interrupções em frentes relacionadas à malha viária e logística estadual. Foto: captada 

O Acre convive com 152 obras federais paralisadas, que somam cerca de R$ 1,2 bilhão em investimentos represados, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU) atualizados até abril de 2025. As áreas de saúde e educação são as mais afetadas, com 50 e 32 obras interrompidas, respectivamente.

O levantamento, foi consultado na última quarta-feira (3), não detalha os motivos das paralisações, mas revela um cenário crítico para a infraestrutura e os serviços públicos no estado. No Ministério da Saúde, as obras paradas incluem unidades básicas, estruturas intermediárias e equipamentos que, se concluídos, ajudariam a desafogar o sistema hospitalar e ampliar o acesso à população.

Já o Ministério da Educação tem paralisadas 32 obras, como escolas, creches e outros equipamentos essenciais para regiões com carência de vagas e infraestrutura limitada.

Outros órgãos também aparecem com números expressivos: o Ministério das Cidades tem 31 obras suspensas (habitação e urbanização), e o DNIT contabiliza 12 paralisias que afetam a malha viária e a logística estadual. Completam a lista o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (11 obras), Ministério do Esporte (9), Funasa (3), Ministério da Agricultura e Pecuária (2), além do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e o Ministério do Turismo, com 1 obra cada.

A falta de detalhamento sobre as causas — que podem incluir entraves administrativos, questões jurídicas, falhas de execução ou falta de repasse de recursos — dificulta a análise e a busca por soluções para retomar investimentos essenciais ao desenvolvimento do estado.

A leitura das informações revela que os setores de saúde e educação, pilares essenciais do atendimento direto à população, concentram o maior número de obras interrompidas no estado. Foto: captada 

O Ministério da Educação, com 32 obras que incluem escolas, creches e outros equipamentos educacionais. A interrupção desses projetos impacta diretamente a expansão da oferta de ensino e o atendimento a crianças e jovens em regiões onde a carência por infraestrutura permanece elevada.

O levantamento do TCU também aponta paralisações em outras pastas relevantes. O Ministério das Cidades acumula 31 obras interrompidas, incluindo projetos de urbanização e habitação. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) aparece com 12 obras, afetando frentes ligadas à malha viária e logística do estado.

Distribuição por pasta ministerial
  • Saúde: 50 obras paralisadas (unidades básicas, estruturas intermediárias)
  • Educação: 32 obras (escolas, creches, equipamentos de suporte)
  • Cidades: 31 obras (habitação e urbanização)
  • DNIT: 12 obras (malha viária e logística)
  • Integração Regional: 11 obras
  • Esporte: 9 obras
Impactos diretos
  • Saúde: Sistema hospitalar não é desafogado
  • Educação: Déficit de vagas e infraestrutura permanece
  • Logística: Transporte de insumos e atendimento a municípios isolados comprometido
Falta de transparência
  • Causas: Painel não detalha motivos das paralisações
  • Entraves: Dificuldade em identificar problemas administrativos, jurídicos ou financeiros

Apesar do impacto econômico e social gerado pela interrupção dos investimentos, o painel do TCU não detalha os motivos que levaram cada projeto à condição de paralisação, deixando abertas questões sobre problemas contratuais, falhas de execução, falta de repasses ou entraves administrativos.

As paralisações refletem um problema crônico na execução de obras públicas no Acre, estado historicamente dependente de investimentos federais. A falta de explicações oficiais sobre as causas das interrupções dificulta a busca por soluções e prolonga o sofrimento da população que aguarda por serviços essenciais.

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