Acre

Casos de hanseníase quase dobraram no Acre em menos de um ano, aponta Saúde

Até dezembro do ano passado 124 pacientes estavam em tratamento contra doença no estado e atualmente, são 264 pessoas.

Há 41 anos, Francisco Figueira foi diagnosticado com a hanseníase e se emociona ao falar de abandono — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

 

Os casos de hanseníase quase dobraram no Acre em menos de um ano, segundo dados do Núcleo de Vigilância de Doenças Transmissíveis, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre).

Nesta sexta-feira (22), ações para a conscientização e diagnóstico da doença foram realizadas pelo Departamento Estadual de Vigilância em Saúde da Sesacre, em parceria com a Secretaria de Saúde de Rio Branco e o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) no Centro da capital.

Manchas brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas com alteração da sensibilidade ao calor e frio, sensação de formigamento ou fisgadas, principalmente nas mãos e pés e diminuição ou ausência da sensibilidade nessas regiões, são alguns sintomas da doença.

Conforme os dados, até dezembro do ano passado 124 pacientes estavam em tratamento contra doença no estado do Acre. Este ano, até setembro, o número subiu para 264 pessoas diagnosticadas com hanseníase.

Nesta sexta-feira (22), ações para a conscientização e diagnóstico da doença foram realizadas em Rio Branco — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

A capital acreana é a cidade com maior número de casos, passou de 40, em dezembro de 2022, para 86 em setembro. De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, Fátima dos Santos, o aumento de casos da doença está associado ao período de pandemia, uma vez que os atendimentos de saúde ficaram mais voltados para o combate da Covid-19.

“Tivemos um recuo durante a pandemia, porque os pacientes tiveram aquele cuidado de não procurar as unidades de saúde se não fosse por uma causa muito séria. Então, os casos de hanseníase foram deixando para depois. Mas, agora foram retomadas as ações de controle e, consequentemente, o aumento nos casos. Isso significa que nós estamos buscando quem está precisando ser tratado, nós pedimos aos municípios que façam o trabalho de busca ativa e também o exame dos contatos intradomiciliares, é muito importante”, afirmou Fátima.

Há 41 anos, Francisco Figueira foi diagnosticado com a hanseníase. A doença infecciosa, atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais e danos irreversíveis. Além da exclusão social. E foi exatamente isso que ele enfrentou: foi abandonado à própria sorte pela esposa e filhos. Da doença ele está curado, mas além das sequelas físicas, as feridas emocionais ainda doem e ele se emociona ao falar.

“Machuca mais, porque de qualquer maneira é minha família. Eu digo para eles que no dia que estiverem em um canto conversando com alguém, eu passar e a pessoa perguntar quem é, se não quiser dizer que é seu pai, tudo bem. Eu sei que eu não tenho culpa disso [de ter tido a doença]”, disse entre lágrimas.

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Publicado por
G1 Acre