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Brasil não sabe distinguir terrorismo de outros crimes, diz jurista
Para especialista em crime organizado, propostas do País ‘põem no mesmo saco’ terroristas e movimentos sociais
A proximidade da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 deu início a uma corrida para o Congresso tipificar o crime de terrorismo, ameaça que ronda grandes eventos que reúnem atletas e representantes de todo o mundo. Apenas na Câmara, mais de 160 propostas tentam tipificar ou se apoiam na definição de terrorismo para embasar outras leis.
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A caracterização desse crime que parece tão distante da realidade brasileira pode servir de pretexto para criminalizar movimentos sociais reivindicatórios, o que já acontece em vários projetos de lei. Para Walter Maierovich, ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e jurista especializado em crime organizado, o Brasil não sabe distinguir os métodos terroristas utilizados por criminosos comuns de movimentos de ideologia terrorista.
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“Precisa saber é como definir, o Brasil não sabe, ele põe no mesmo saco com o nome de ‘terror’ entidades sociais e criminosos”, diz Maierovich. “Nessas propostas de legislação que estão tramitando agora, tudo é terrorismo, inclusive baderna.”
Com as recentes manifestações, a seguradora AIG divulgou já ter feito cotações para 12 empresas interessadas na primeira apólice brasileira contra terrorismo . A procura teria contecido depois de ficarem assustadas com as depredações que aconteceram nos recentes protestos no País. A nova apólice, que ainda depende da tipificação do crime, já foi aprovada pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) e também cobre eventuais danos causados pelos tumultos associados às manifestações.
Segundo Maierovich, o Brasil precisa de uma lei específica para enquadrar atos terroristas, mas sem ferir garantias legais. O Projeto de Lei (PL) 4674/2012, de autoria do deputado Walter Feldman (PSDB-SP), por exemplo, tipifica como terrorismo “distribuir, ou tornar disponível ao público, material que contenha mensagem com a intenção de incitar outrem a cometer ato terrorista”, o que poderia ferir o direito de liberdade de expressão, por exemplo. “Qualquer medida restritiva será inconstitucional”, alerta o jurista.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista.
iG: No Congresso, há diversas propostas para caracterizar o “terrorismo”, sendo que a mais antiga está em tramitação desde 1991. Por que o senhor acha que até hoje não há uma definição do que seja esse crime?
Walter Maierovich: O mundo não encontra uma definição para esse crime. Já foram realizadas várias assembleias e nem a Organização das Nações Unidas (ONU) consegue uma definição. Isso porque os EUA apresentam uma proposta muito ampla, que coloca muitos movimentos que seriam legais em outros países como terroristas, o que não interessa para muitos governos. Os países da Europa fazem essa distinção: uma coisa são métodos terroristas, como o quebra-quebra que aconteceu nessas últimas manifestações, que o Movimento dos Sem Teto (MST) usa, mas não significa que estamos diante de um fenômeno terrorista. Quando grupos agem com métodos terroristas, não necessariamente eles são terroristas. Os ataques do 11 de Setembro de 2001 causaram vítimas diretas que morreram e vítimas indiretas; eles queriam atingir o governo americano e a civilização ocidental.
iG:Existe o risco de a regulamentação do terrorismo criminalizar movimentos sociais como o MST, que ocupa fazendas, e, mais recentemente, o Movimento Passe Livre, que parou cidades?
Maierovich: Sim e por isso tem de saber distinguir. O PCC usa métodos terroristas, mas eles são uma organização delinquencial, criminosa, eles usam métodos terroristas para cometer crimes, eles não tem objetivos partidários. Um criminoso quando põe fogo em uma casa, o rapaz que deu um tiro na criança de 5 anos, isso tudo são métodos terroristas, mas não significa que estamos diante de um fenômeno terrorista, que é o que precisa de lei. Essa violência toda não é para busca de poder, para fins políticos partidários, para derrubar o Estado. O Brasil não sabe distinguir. Nessas propostas de legislação que estão tramitando agora, tudo é terrorismo, inclusive baderna.
iG: A Copa das Confederações ocorreu sem a caracterização desse crime. Pelo que houve durante esse evento, o senhor entende que seja mesmo necessário correr para regulamentá-lo para a Copa e as Olimpíadas?
Maierovich: Precisa ter. Todos os países têm uma legislação , o que precisa saber é como definir. O Brasil não sabe, põe no mesmo saco com o nome de “terror” entidades sociais e criminosos. Imagina se uma organização como a Al-Qaeda, por exemplo, ataca no Brasil durante a Olimpíada? É preciso ter legislação.
iG: Quais são as desvantagens de não ter os crimes definidos?
Maierovich: Se houve um ataque aqui, o princípio base do direito penal é o de territorialidade. A Justiça brasileira não pode processar no País um sujeito que cometeu um crime fora do Brasil. Os torcedores do Corinthians não podem ser processados aqui pela morte que aconteceu na Bolívia, nem outros países podem processar por fato fora do território. No caso de terrorismo cometido no Brasil, sei a lei específica: seria necessário encontrar outra classificação que é de quadrilha ou bando, que não quer praticamente dizer nada.
iG: Qual seria a melhor definição do crime de terrorismo?
Maierovich: O País poderia seguir os países europeus que caracterizam o terrorismo como um ato com objetivos políticos, como um fenômeno. Se o Brasil seguisse a legislação americana, qualquer movimento de Sem-Terra, de Sem-Teto seria enquadrado como terrorismo. Qualquer medida restritiva será inconstitucional.
iG: A falta de uma lei específica para isso é um reflexo da desatualização das leis brasileiras?
Maierovich: Não é um problema de legislação, isso é desconhecimento do fenômeno. É de um País que quer combater corrupção com aumento de pena, quando o que precisa ser feito é confiscar os bens do corrupto, do que ele se apropriou.
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Em Cruzeiro do Sul, mulher pede ajuda nas redes sociais após enfrentar sérias dificuldades; entenda
Maria Verônica vive temporariamente na casa de uma irmã. Em um vídeo emocionado, ela compartilhou que, após 19 anos de casamento, se separou do marido devido à violência, e em meio ao luto da perda de seu filho

Maria pediu apoio ao poder público para conseguir um aluguel social e apelou a terceiros que possam oferecer ajuda. Foto: captada
Com Juruá Online
Maria Verônica, mãe de João Victor, um jovem assassinado há pouco mais de um mês por uma organização criminosa, recorreu às redes sociais em busca de ajuda.
Atualmente, ela está sem local fixo para morar e se recuperando de uma cirurgia, sem condições de trabalhar. Maria Verônica vive temporariamente na casa de uma irmã. Em um vídeo emocionado, ela compartilhou que, após 19 anos de casamento, se separou do marido devido à violência, e em meio ao luto da perda de seu filho, enfrentou uma nova adversidade: o ex-marido mandou corar a energia da residência onde ela morava, intensificando sua situação de vulnerabilidade.
Diante desse cenário desolador, Maria pediu apoio ao poder público para conseguir um aluguel social e apelou a terceiros que possam oferecer ajuda. Para ajudar a custear despesas básicas, uma “vaquinha” foi criada nas redes sociais, na esperança de arrecadar fundos para sua sobrevivência.
A chave pix para quem quiser ajudar é: 68999307192
Link da Vaquinha:
Veja vídeo:
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Papa Francisco faz aparição na Praça de São Pedro durante Domingo de Ramos
O papa Francisco fez uma aparição surpresa neste domingo (13), durante as celebrações do Domingo de Ramos na Praça de São Pedro.
O pontífice, que deixou o hospital há três semanas, estava em uma cadeira de rodas e sem respiradores nasais de oxigênio. Francisco passou pelos fiéis reunidos e desejou um bom Domingo de Ramos e uma boa Semana Santa.
A Igreja Católica não havia confirmado a presença do papa nas comemorações. Médicos recomendaram repouso de dois meses para Francisco para permitir que seu corpo se recuperasse totalmente depois de passar mais de um mês internado com uma infecção respiratória.
A Semana Santa, a mais movimentada do ano para a Igreja Católica, marca o momento em que cristãos lembram o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
No sábado (12), o pontífice foi à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para prestar homenagem a Nossa Senhora antes das celebrações.
O pontífice também se reuniu como rei Charles III e a rainha Camilla, do Reino Unido, na quarta-feira (9). O Palácio de Buckingham disse que Charles e Camilla “estavam encantados que o papa estivesse bem o suficiente para recebê-los”.
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PF apreende armas em operação contra garimpo ilegal em terra indígena no Pará
Uma operação conjunta da Polícia Federal e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) resultou na apreensão de armamentos, munições e mercúrio em áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Kayapó, no município de Ourilândia do Norte, sudeste do Pará. A ação ocorreu na última sexta-feira (11), durante uma fiscalização nas margens e calha do rio Fresco, afluente do rio Xingu.
Durante a operação, garimpeiros fugiram de um dos acampamentos ao perceberem a aproximação dos agentes. No local, foram encontrados cerca de 200 cartuchos de diversos calibres, entre eles .556, 9mm, .38, .22, 20 e 28, além de seis armas de fogo, incluindo um fuzil calibre .556. Os agentes também apreenderam quatro quilos de mercúrio, embarcações, motores, peças de dragas de extração de ouro e uma antena de internet via satélite, evidenciando o uso de tecnologia avançada pelos criminosos.
Em outro ponto da operação, uma draga em processo de montagem foi localizada. Os responsáveis foram identificados, ouvidos e liberados. Aproximadamente dois mil litros de combustível, além de veículos e equipamentos usados na extração de ouro, foram inutilizados.
Segundo a Polícia Federal e a Funai, o garimpo ilegal tem causado danos significativos ao meio ambiente, especialmente pela contaminação do rio Fresco com sedimentos e mercúrio. A Terra Indígena Kayapó tem sido alvo constante de atividades ilícitas, que ameaçam tanto o equilíbrio ambiental quanto a saúde e o modo de vida das comunidades indígenas da região.
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