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Bolivianos no Brasil não conseguem votar e denunciam fraude: “Foi planejado”
Eleitores bolivianos que vivem no Brasil acusam as autoridades eleitorais de seu país de desrespeitar o direito ao voto. O país andino foi às urnas neste domingo (18) para decidir presidente, vice-presidente, senadores e deputados do Estado Plurinacional, quase um ano após o golpe contra Evo Morales, do partido Movimento ao Socialismo (MAS).
O então presidente fez 71% dos votos entre a comunidade boliviana no Brasil na última eleição, e hoje o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) é comandado por seus opositores.
Cinco locais de votação foram alterados na semana da eleição. O aplicativo Yo Participo, canal de comunicação do Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) com os eleitores, levou mais de três dias para atualizar a informação. Problemas semelhantes foram registrados em países como Chile e Argentina, que possui a maior comunidade boliviana no exterior.
Yolanda Marlene Cortez, delegada do MAS em São Paulo, afirma que “muita gente está se deparando com as portas fechadas” quando se dirige ao local de votação.
“Eu sei que isso foi planejado para confundir a nossa gente. Não liberaram cinco locais de votação, mudaram de endereço, e as pessoas não sabem onde ir para votar”.
Cerca de 4,5 mil eleitores bolivianos no Brasil foram inabilitados em 2020. O motivo informado pelo OEP é genérico e igual para todos: “Cidadão não votante”. No entanto, o Brasil de Fato demonstrou esta semana que a lista também inclui pessoas que votaram nas eleições de 2019.
É o caso de Victor Limache Flores, costureiro, que está há dez anos no Brasil e só na última quinta-feira (18) recebeu a informação via aplicativo de que não ia conseguir exercer seu direito este ano.
“Ano passado eu consegui votar normal, agora não sei o que está acontecendo. Tem muitos compatriotas que estão com a mesma dificuldade. Eu tentei ligar no Consulado, mas ninguém respondeu. Com a organização de última hora não dá para correr atrás. 01:32 Me sinto mal por não exercer meu direito”, relata ele, que ainda tentou comparecer ao local de votação para obter informações e garantir o direito de votar, mas não obteve nenhuma resposta.

Julian Mamani Quispe foi sorteado para ser jurado, mas só foi informado na manhã da votação e não pode exercer a função no IFSP, no bairro Pari. / Marina Duarte de Souza/Brasil de Fato
O costureiro Julian Mamani Quispe, que está há quatro anos no Brasil, diz que este foi o pleito mais desorganizado do qual participou. “Hoje de manhã, entrei no aplicativo Yo Participo, do órgão eleitoral, e vi que estava [convocado] como jurado eleitoral [mesário]. Mas ninguém tinha me avisado, então não consegui participar porque a ata já tinha sido aberta”, relata. “Essa desorganização é proposital. Aqui fora a fila não anda, e lá dentro está vazio. Falta informação na porta”.
Quispe interpreta as ocorrências desta manhã como fraude eleitoral. “Não sei se você viu, mas tem de dois a três jurados [mesários] em cada mesa. Segundo a lei, teria que ter seis pessoas”, acrescenta.
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Para Jobana Moya, integrante do Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano que vem acompanhando o processo eleitoral desde o início, este cenário de desinformação e desorganização faz parte do interesse do governo boliviano, aliado com ao TSE, de que os residentes bolivianos no exterior não votem.
“Porque a maioria, que vive no exterior, votou no Mas. Você vê um interesse claro, inclusive, acho que não queriam que tivesse eleições aqui. Eles conseguiram no Chile, o governo [Sebastian] Piñera disse que não podiam votar, somente em Santiago, mas nós responsabilizamos os representantes consulares e a OEP que não fez seu trabalho a tempo. Aqui mesmo em São Paulo, a OEP só contratou o pessoal 27 de setembro e eleições são hoje 18 de outubro é um milagre que estamos aqui hoje para as eleições. Aconteceu graças à luta das organizações bolivianas”, expressa.

Mesária exibe cédula de votação para conferência dos demais jurados e do eleitor antes de cada voto. / Marina Duarte de Souza/Brasil de Fato
Moya afirma que deve acompanhar a votação até o final para conferir junto aos demais delegados e jurados a ata das mesas do ITSP e convoca a comunidade. “Queremos garantir a transparência das eleições, sabemos que não tem o sistema de contagem rápido, o que é muito preocupante, mas é importante que a população possa acompanhar para depois fiscalizar os resultados”, pontua.
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A costureira Claudia Canque, que está a 11 anos no Brasil, teve que se deslocar para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (ITSP), localizado no bairro Pari da capital paulista, que acabou englobando os eleitores da Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, onde ela votou anteriormente, o que causou aglomeração e confundiu os eleitores.
“Ano passado era mais rápido, agora que juntaram várias escolas está mais cheio e desorganizado”, conta. Ela conseguiu votar porque pôde conferir a mudança a poucos dias após ser informada por uma das rádios da comunidade sobre a necessidade de conferir o aplicativo.
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Segundo ela, muitos eleitores que não tiveram acesso a essa informação e foram impedidos de exercer o direito ao voto.
“As vezes você está inscrito de um local, mas mora em outro. Não tem muita informação e na última hora que se sabe onde vota. É nosso direito votar e eleger nosso presidente”, defende.
No ITSP, as filas começaram às 6h da manhã. Mas algumas mesas de votação só abriram às 9h. “As portas fecham às cinco da tarde, e muita gente não vai conseguir votar”, lamenta Cortez.

Falhas de comunicação provocaram filas nas zonas eleitorais em São Paulo neste domingo (18) / Marina Duarte de Souza
O Brasil de Fato não conseguiu contato com as autoridades permanentes do OEP no Brasil. A reportagem também procurou representantes do Consulado da Bolívia em São Paulo no local da votação e não encontrou nenhum representante presente.
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Dois jovens são sequestrados, agredidos e esfaqueados em suposta disputa de facções no Segundo Distrito de Rio Branco
Vítimas buscaram recuperar bicicleta roubada e foram levadas a uma mata, onde sofreram tentativa de homicídio; estado de saúde é estável

As vítimas relataram que foram confundidos com membros de facção rival, e por esse motivo quase perderam a vida. Foto: captada
Dois jovens, Paulo Henrique Silva Batista, 20 anos, e Alisson Pereira da Silva, 23, foram sequestrados, agredidos e vítimas de uma tentativa de homicídio na tarde desta terça-feira (16) no Residencial Rosa Linda, no Segundo Distrito de Rio Branco. Eles foram levados para uma área de mata, onde Paulo Henrique levou sete facadas nas costas e Alisson também foi agredido. Ambos conseguiram fugir e foram socorridos por moradores.
Segundo a polícia, o crime ocorreu após Paulo Henrique ter sua bicicleta roubada por integrantes do Comando Vermelho pela manhã. À tarde, os dois voltaram ao local na tentativa de recuperar o bem, mas foram rendidos por ao menos cinco homens, que roubaram a motocicleta em que estavam e os sequestraram.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), foi chamado, duas ambulâncias incluindo a de suporte avançado foram enviadas para socorrer as vítimas. Foto: captada
As vítimas, que moram no bairro Belo Jardim – área de influência do Bonde dos 13 – foram atacadas em região dominada pelo CV. A investigação avalia se o crime tem ligação com a disputa entre facções, ainda que não haja indícios de envolvimento dos jovens com o crime organizado. Eles passam bem e o caso será investigado pela Delegacia de Homicídios.


Paulo Henrique teria chamado um amigo identificado por, Alisson Pereira da Silva, de 23 anos, para tentar recuperar a bicicleta. Foto: captada
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Polícia Civil prende homem por violência doméstica em Xapuri
A mulher procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência relatando ter sido interceptada pelo agressor, que a teria agredido fisicamente com socos e tentado estrangulá-la, além de proferir ameaças de morte

Crime ocorreu em Rio Branco, mas o agressor fugiu para Xapuri para tentar escapar da Justiça. Foto: cedida
A Polícia Civil do Acre (PCAC), por meio da equipe de oficiais investigadores da Delegacia-Geral de Xapuri, prendeu na tarde desta terça-feira, 16, R.P.J. em cumprimento de mandado de prisão preventiva pelo crime de violência doméstica praticado contra sua ex-companheira.
A prisão ocorreu em via pública, nas proximidades da delegacia, quando o acusado transitava pela região. De acordo com a Polícia Civil, os investigadores estavam há cerca de dois dias realizando diligências contínuas para localizar o homem, que havia se escondido no município de Xapuri após cometer o crime em Rio Branco.
Conforme apurado, a vítima havia solicitado medidas protetivas de urgência contra R.P.J., que foram deferidas pela Justiça no dia 8 de dezembro de 2025. No entanto, mesmo ciente da decisão judicial, o acusado voltou a se aproximar da ex-companheira.
No dia 11 de dezembro, a mulher procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência relatando ter sido interceptada pelo agressor, que a teria agredido fisicamente com socos e tentado estrangulá-la, além de proferir ameaças de morte.
Diante da gravidade dos fatos e do descumprimento das medidas protetivas, a Justiça decretou a prisão preventiva do acusado, que foi prontamente cumprida pela equipe da Polícia Civil de Xapuri.
Após a prisão, R.P.J. foi encaminhado à unidade policial para os procedimentos legais e, em seguida, ficará à disposição do Poder Judiciário. A Polícia Civil do Acre reforça seu compromisso no enfrentamento à violência doméstica e destaca a importância de que vítimas denunciem agressões, garantindo a rápida atuação das forças de segurança.
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MP investiga suposto loteamento irregular em Sena Madureira

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) instaurou Procedimento Preparatório para apurar a existência de um loteamento irregular no bairro Eugênio Augusto Areal, em Sena Madureira. A medida foi formalizada por meio da Portaria nº 0018/2025/PJCv/SENA/PJCível, assinada pelo promotor de Justiça Júlio César de Medeiros Silva.
De acordo com o MPAC, o procedimento tem como objetivo acompanhar a situação de um loteamento onde residem cerca de 10 famílias, que atualmente vivem sem pavimentação, iluminação pública e saneamento básico. A iniciativa busca coletar subsídios para eventual adoção de medidas judiciais ou extrajudiciais voltadas à regularização fundiária da área.
Na portaria, o Ministério Público destaca que a regularização fundiária é essencial para garantir o direito social à moradia e a dignidade da pessoa humana, além de assegurar o respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme previsto no artigo 225 da Constituição Federal. O órgão também cita os avanços trazidos pela Lei nº 13.465/2017, que aprimorou os instrumentos jurídicos e urbanísticos voltados à regularização de áreas ocupadas de forma irregular.
O promotor ressalta ainda que ofícios anteriores encaminhados para obtenção de informações sobre a situação do loteamento, bem como sobre a manutenção da rua, iluminação pública e saneamento, não foram respondidos, mesmo após reiteradas tentativas. Diante disso, o MPAC determinou a reiteração do ofício nº 253/2025, alertando que a omissão ou o atraso injustificado no atendimento das requisições pode resultar em sanções previstas na Lei da Ação Civil Pública, ou no crime de desobediência.
Como parte das diligências, o proprietário do loteamento, identificado como Sr. Bebé, será notificado a comparecer à Promotoria de Justiça Cível de Sena Madureira para prestar esclarecimentos sobre a regularização do empreendimento localizado na Estrada Xiburema, no bairro Eugênio Augusto Areal.


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