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Artigo: “Os efeitos do uso de crack na saúde mental”

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Artigo: “Os efeitos do uso de crack na saúde mental”
Dr. Antônio Geraldo da Silva

Artigo: “Os efeitos do uso de crack na saúde mental”

Nas últimas três décadas, o Brasil tem enfrentado um desafio muito grande em relação ao consumo de drogas, com destaque para a cocaína, crack e maconha. Essas substâncias se tornaram não apenas um problema de saúde pública, mas também social, com a proliferação das chamadas zonas livres para o uso de crack, especialmente em grandes metrópoles.

Conhecidas como estimulantes de ação muito rápida que causam desejo de querer usar mais, tanto a cocaína quanto o crack exercem um impacto devastador no sistema nervoso central, levando à dependência e a uma série de consequências adversas para a saúde física e mental dos usuários. O uso crônico dessas substâncias pode resultar em maior sensibilidade ou tolerância a seus efeitos, com a tolerância sendo mais comumente associada ao uso frequente e prolongado, muitas vezes em doses elevadas.

Os efeitos psiquiátricos do uso crônico dessas drogas são variados e graves. Os usuários frequentes podem desenvolver sintomas como humor irritável, crises de pânico, distúrbios do sono e alterações psicomotoras. Sintomas psicóticos podem estar presentes em até 80% dos usuários, principalmente delírios persecutórios/paranoias e alucinações. Além disso, há evidências de alterações neurocognitivas, incluindo prejuízos na função executiva, atenção e memória, que podem persistir mesmo após a interrupção do uso.

Percebemos nos últimos anos que os usuários dessas drogas estão iniciando o consumo cada vez mais cedo e o seu uso pode estar associado a outras substâncias como o álcool e maconha. O uso dessas substâncias pode levar a quadros psiquiátricos graves, como ansiedade, depressão, psicose e até mesmo suicídio.

Os efeitos do uso de crack, por exemplo, em mulheres pode ser diferente fisiologicamente, por conta da fase em que ela se encontra no ciclo menstrual, em alguns momentos o uso da droga pode causar sensação de prazer mais acentuada. E a sensação de prazer aumenta o desejo de usar ainda mais essa droga, causando dependência.

Muitas mulheres relatam enfrentar diversos problemas em ambientes como a cracolândia, incluindo agressão física, abuso sexual, gravidez indesejada, etc. As mulheres que engravidaram nessas condições, nem sempre conseguem chegar até o final da gestação, por falta de pré-natal adequado ou porque sofreram aborto espontâneo.

Isso porque o uso, principalmente, de crack durante a gravidez apresenta uma série de riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. O consumo da droga pode aumentar o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e baixo peso ao nascer. Além disso, o crack pode causar danos ao desenvolvimento fetal, resultando em problemas cognitivos e comportamentais para a criança. A médio e longo prazo, pode comprometer o processo de aprendizagem da criança quando ela estiver em idade escolar.

Vemos casos de pessoas que somem e acabam se isolando e perdendo o suporte familiar. Além disso, os filhos de mulheres que usam crack estão em maior risco de negligência, abuso sexual e vivem em uma constante instabilidade familiar. Em muitos casos, a mãe acaba perdendo a guarda do bebê para um familiar ou precisa entregar para adoção.

A dependência química é uma doença complexa que afeta não apenas o indivíduo que a vive, mas também aqueles que estão ao seu redor. As consequências dessa condição vão muito além dos danos físicos, estendendo-se para o âmbito da saúde mental e impactando significativamente as relações familiares e sociais.

A perda de controle sobre o uso da droga leva a um ciclo vicioso de culpa, vergonha e desespero, perpetuando ainda mais o problema e agravando os sintomas de saúde mental. A falta de suporte adequado e o duplo estigma associado ao próprio auto estigma e à dependência química muitas vezes impedem que o dependente busque ajuda, prolongando o sofrimento e aumentando o risco de complicações.

Os efeitos da dependência química se estendem além do indivíduo afetado, impactando também seus familiares e pessoas próximas. O convívio com um dependente pode ser extremamente estressante e desgastante emocionalmente. Familiares muitas vezes se sentem impotentes e culpados, questionando o que poderiam ter feito para evitar a situação.

A dinâmica familiar é profundamente afetada, com relações marcadas por conflitos e quebra de confiança. Muitas vezes, familiares acabam se isolando socialmente e negligenciando sua própria saúde mental em função da preocupação constante com o dependente. O medo de perder o ente querido para as drogas é uma fonte constante de angústia e ansiedade, vivendo um estresse eterno.

Outro aspecto pouco falado é que as pessoas próximas podem também acabar sendo levadas a experimentar drogas por terem um exemplo na família. Seja por curiosidade, porque lhe foi oferecido por um terceiro ou até mesmo pelo próprio familiar.

Apesar dos esforços para abordar o problema do uso de drogas, os desafios persistem, com a necessidade urgente de políticas públicas abrangentes que repensem a oferta e a demanda dessas substâncias. Por isso é importante dificultar o acesso e não facilitar a proliferação de pontos de venda de drogas. Não existe quantidade segura de droga para consumo. Qualquer quantidade de droga pode se tornar um vício e causar dependência.

É importante que seja oferecido suporte adequado para a promoção de saúde, prevenção de doenças, tratamento e reintegração psicossocial dos usuários e pacientes. Também é importante pensarmos em campanhas que mostrem os riscos e os impactos negativos que as drogas possuem. Precisamos educar nossas crianças a não usarem drogas e não incentivá-las a experimentar. Por isso, brincadeiras como oferecer bebida para uma criança provar não é adequado e pode causar prejuízos a longo prazo.

É fundamental que a sociedade como um todo esteja engajada nesse processo, reconhecendo a complexidade do problema e trabalhando em conjunto para encontrar soluções que tenham eficiência e efetividade. É fundamental combater o duplo estigma associado à dependência química e promover o acesso a serviços de saúde, com assistência multiprofissional com psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, etc e tratamento especializado, que é de altíssima complexidade. A ciência aliada a humanidade e a família darão melhores resultados.

*Dr. Antônio Geraldo da Silva é médico psiquiatra, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo. É Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia.

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Fonte: Nacional

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Netflix compra Warner e HBO Max; confira o que pode mudar no serviço de streaming

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REUTERS/Francis Mascarenhas

A Netflix anunciou, nesta sexta-feira (5), a compra da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões.

A empresa afirma que a aquisição é uma estratégia valiosa para ampliar o domínio global e reforçar o catálogo com algumas das franquias mais valiosas do entretenimento.

Entre elas, estão as aclamadas sagas de Game Of Thrones (2011), Harry Potter (1998) e The Last Of Us (2023).

Essa operação promete mudar o mercado do streaming e a HBO Max pode passar por uma fusão ou ser incorporado a plataforma, isso pode afetar o preço dos planos no futuro ao integrar as plataformas Netflix e HBO.

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Homem de 79 anos procura noiva e divulga lista de requisitos absurdos

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Aristocrata abre campanha para encontrar noiva, oferecendo salário e benefícios. As exigências vão do signo até a nacionalidade

Para as pessoas que estão buscando um par romântico, umas das maneiras de se conectar com alguém é usar aplicativos de namoro. No caso deste aristocrata britânico, de 79 anos, essa foi uma das opções, mas não a última. Sir Benjamin Slade lançou uma campanha anunciando que está em busca de uma noiva e que possui certas exigências — até demais.

O homem falou sobre o assunto no programa “Millionaire Age Gap Love” do Channel 5 — rede de televisão britânica — e comentou que procura por uma noiva que seja uma “boa reprodutora” para lhe dar um herdeiro. Mas não para por aí: os requisitos se estendem até a idade e ao signo do zodíaco da “sortuda”.

Será que é fácil cumprir os requisitos?

As condições do barão descendente de Carlos II envolvem que a nova namorada seja, pelo menos, 20 anos mais jovem. Além disso, é preciso saber dançar dança de salão, jogar bridge e gamão e ainda fazer palavras cruzadas.

A lista possui 11 requisitos

De acordo com informações do jornal Daily Star, Benjamin mencionou algumas outras coisas que restringem ainda mais a lista. As mulheres não podem ser escorpianas e nem ter qualquer tipo de dependência química, seja em substâncias psicoativas ou álcool.

Ele também exige fatores relacionados à nacionalidade. Sua companheira não pode ser de países que comecem com a letra “I” ou que tenham a cor verdenas bandeiras. Escocesas também estão proibidas de se candidatarem a essa “oportunidade imperdível”.

“Não me importo com canadenses, americanas, alemãs e pessoas do norte da Europa, como gosto de chamar pessoas semelhantes. Acho que casar com uma esquimó não é para mim. O que eu preciso é de uma moça simples e simpática do interior, que saiba e entenda as coisas”, disse.

Há recompensas

Com esses inúmeros requisitos, é de se esperar que o aristocrata teria que oferecer algo. Segundo ele, a pretendente escolhida será recompensada com 50 mil libras esterlinas por ano, o que corresponde a mais de R$ 270 mil. O objetivo é que com o dinheiro a mulher administre sua propriedade em Somerset, na Inglaterra.

Essa é uma das propriedades da família Slade

Além disso, a namorada também terá direito a carro, casa, despesas pagas, alimentação e até férias. Não é como se fosse incomum que homens procurem por mulheres bem mais jovens para ter relacionamentos, mas Benjamin quis explicar o motivo.

“O imposto sobre herança é de 40% e a única maneira de eu transferir ela e a coleção de arte é deixá-la para minha esposa, livre de impostos, para que distribua aos meus parentes distantes. Ela também precisaria estar segurada, por isso precisamos de uma senhora pelo menos 20 anos mais jovem do que eu, pois não posso segurar uma esposa mais velha, então quanto mais jovem, melhor. Esta é a única maneira que resta para contornar o imposto sobre herança”, comentou.

O homem já colocou anúncios em jornais, criou perfis em aplicativos de relacionamento e até congelou seu esperma, mantendo a esperança de ter um filho homem

Aos 79 anos, o homem não está a procura somente do amor. Apesar de já ter uma filha com sua ex-esposa, Sahara Sunday Spain, o aristocrata britânico deixou claro que ainda quer ter um herdeiro do sexo masculino. Nesse caso, a exigência é que “tenha semelhança genética com um de seus ancestrais paternos”.

Confira a lista completa

  • Deve ser uma “boa reprodutora”
  • Pelo menos 20 anos mais jovem
  • Nenhuma mulher escocesa
  • Deve ser capaz de ter filhos homens (ele quer dois, “um herdeiro e um reserva”)
  • Nada de comunistas ou lésbicas
  • Nada de mulheres com dependência química
  • Nada de mulheres do signo de escorpião
  • Precisa ter licença para usar espingarda e para dirigir; licença de helicóptero é um bônus
  • Capaz de administrar uma propriedade de 1.300 acres (cerca de 5,2 milhões de m²) e 2 castelos
  • Mais de 1,68 m de altura
  • Nenhuma mulher de países que começam com a letra I ou que tenham verde na bandeira

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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

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Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli

Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.

A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.

O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.

O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.

“Um cônjuge é suficiente”

No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.

Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.

“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.

“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.

 

Fonte: CNN

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