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Artigo: “Os efeitos do uso de crack na saúde mental”

Nas últimas três décadas, o Brasil tem enfrentado um desafio muito grande em relação ao consumo de drogas, com destaque para a cocaína, crack e maconha. Essas substâncias se tornaram não apenas um problema de saúde pública, mas também social, com a proliferação das chamadas zonas livres para o uso de crack, especialmente em grandes metrópoles.
Conhecidas como estimulantes de ação muito rápida que causam desejo de querer usar mais, tanto a cocaína quanto o crack exercem um impacto devastador no sistema nervoso central, levando à dependência e a uma série de consequências adversas para a saúde física e mental dos usuários. O uso crônico dessas substâncias pode resultar em maior sensibilidade ou tolerância a seus efeitos, com a tolerância sendo mais comumente associada ao uso frequente e prolongado, muitas vezes em doses elevadas.
Os efeitos psiquiátricos do uso crônico dessas drogas são variados e graves. Os usuários frequentes podem desenvolver sintomas como humor irritável, crises de pânico, distúrbios do sono e alterações psicomotoras. Sintomas psicóticos podem estar presentes em até 80% dos usuários, principalmente delírios persecutórios/paranoias e alucinações. Além disso, há evidências de alterações neurocognitivas, incluindo prejuízos na função executiva, atenção e memória, que podem persistir mesmo após a interrupção do uso.
Percebemos nos últimos anos que os usuários dessas drogas estão iniciando o consumo cada vez mais cedo e o seu uso pode estar associado a outras substâncias como o álcool e maconha. O uso dessas substâncias pode levar a quadros psiquiátricos graves, como ansiedade, depressão, psicose e até mesmo suicídio.
Os efeitos do uso de crack, por exemplo, em mulheres pode ser diferente fisiologicamente, por conta da fase em que ela se encontra no ciclo menstrual, em alguns momentos o uso da droga pode causar sensação de prazer mais acentuada. E a sensação de prazer aumenta o desejo de usar ainda mais essa droga, causando dependência.
Muitas mulheres relatam enfrentar diversos problemas em ambientes como a cracolândia, incluindo agressão física, abuso sexual, gravidez indesejada, etc. As mulheres que engravidaram nessas condições, nem sempre conseguem chegar até o final da gestação, por falta de pré-natal adequado ou porque sofreram aborto espontâneo.
Isso porque o uso, principalmente, de crack durante a gravidez apresenta uma série de riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. O consumo da droga pode aumentar o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e baixo peso ao nascer. Além disso, o crack pode causar danos ao desenvolvimento fetal, resultando em problemas cognitivos e comportamentais para a criança. A médio e longo prazo, pode comprometer o processo de aprendizagem da criança quando ela estiver em idade escolar.
Vemos casos de pessoas que somem e acabam se isolando e perdendo o suporte familiar. Além disso, os filhos de mulheres que usam crack estão em maior risco de negligência, abuso sexual e vivem em uma constante instabilidade familiar. Em muitos casos, a mãe acaba perdendo a guarda do bebê para um familiar ou precisa entregar para adoção.
A dependência química é uma doença complexa que afeta não apenas o indivíduo que a vive, mas também aqueles que estão ao seu redor. As consequências dessa condição vão muito além dos danos físicos, estendendo-se para o âmbito da saúde mental e impactando significativamente as relações familiares e sociais.
A perda de controle sobre o uso da droga leva a um ciclo vicioso de culpa, vergonha e desespero, perpetuando ainda mais o problema e agravando os sintomas de saúde mental. A falta de suporte adequado e o duplo estigma associado ao próprio auto estigma e à dependência química muitas vezes impedem que o dependente busque ajuda, prolongando o sofrimento e aumentando o risco de complicações.
Os efeitos da dependência química se estendem além do indivíduo afetado, impactando também seus familiares e pessoas próximas. O convívio com um dependente pode ser extremamente estressante e desgastante emocionalmente. Familiares muitas vezes se sentem impotentes e culpados, questionando o que poderiam ter feito para evitar a situação.
A dinâmica familiar é profundamente afetada, com relações marcadas por conflitos e quebra de confiança. Muitas vezes, familiares acabam se isolando socialmente e negligenciando sua própria saúde mental em função da preocupação constante com o dependente. O medo de perder o ente querido para as drogas é uma fonte constante de angústia e ansiedade, vivendo um estresse eterno.
Outro aspecto pouco falado é que as pessoas próximas podem também acabar sendo levadas a experimentar drogas por terem um exemplo na família. Seja por curiosidade, porque lhe foi oferecido por um terceiro ou até mesmo pelo próprio familiar.
Apesar dos esforços para abordar o problema do uso de drogas, os desafios persistem, com a necessidade urgente de políticas públicas abrangentes que repensem a oferta e a demanda dessas substâncias. Por isso é importante dificultar o acesso e não facilitar a proliferação de pontos de venda de drogas. Não existe quantidade segura de droga para consumo. Qualquer quantidade de droga pode se tornar um vício e causar dependência.
É importante que seja oferecido suporte adequado para a promoção de saúde, prevenção de doenças, tratamento e reintegração psicossocial dos usuários e pacientes. Também é importante pensarmos em campanhas que mostrem os riscos e os impactos negativos que as drogas possuem. Precisamos educar nossas crianças a não usarem drogas e não incentivá-las a experimentar. Por isso, brincadeiras como oferecer bebida para uma criança provar não é adequado e pode causar prejuízos a longo prazo.
É fundamental que a sociedade como um todo esteja engajada nesse processo, reconhecendo a complexidade do problema e trabalhando em conjunto para encontrar soluções que tenham eficiência e efetividade. É fundamental combater o duplo estigma associado à dependência química e promover o acesso a serviços de saúde, com assistência multiprofissional com psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, etc e tratamento especializado, que é de altíssima complexidade. A ciência aliada a humanidade e a família darão melhores resultados.
*Dr. Antônio Geraldo da Silva é médico psiquiatra, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo. É Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia.
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Fonte: Nacional
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Ex-deputado Daniel Silveira pede ‘saidinha’ de Páscoa a Alexandre de Moraes
Daniel Silveira foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por defender pautas antidemocráticas, como a destituição de ministros do tribunal e a ditadura militar

Ex-deputado Daniel Silveira pediu para deixar a prisão na Páscoa. Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara
O ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) pediu autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para deixar temporariamente o regime semiaberto e passar a Páscoa com a família. Cabe ao ministro Alexandre de Moraes decidir se autoriza ou não a “saidinha”.
A defesa argumenta que ele já cumpriu mais de um sexto da pena – um dos requisitos previstos na Lei de Execuções Penais para a concessão do benefício. O outro é o bom comportamento, que segundo seus advogados ele também já comprovou ao se dedicar ao trabalho e a atividades acadêmicas.
“Durante o período de reclusão, o reeducando dedicou-se de maneira constante ao trabalho e aos estudos conforme se atesta no (e-doc 603/604), desenvolvendo atividades produtivas que contribuíram significativamente para a sua ressocialização”, diz o pedido.
Daniel Silveira foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por defender pautas antidemocráticas, como a destituição de ministros do tribunal e a ditadura militar.
O ex-deputado chegou a ser colocado em liberdade condicional, mas voltou a ser preso na véspera do Natal por descumprir o horário de recolhimento domiciliar noturno (de 22h às 6h) estabelecido como contrapartida para a flexibilização do regime de prisão.
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Projeto de lei torna crime a perturbação da paz com pena de até 2 anos de prisão
O autor da proposta, deputado Kim Kataguiri (União-SP), afirma que a atualização da norma é necessária para as autoridades agirem de forma eficaz contra eventos que causam transtornos à população

Deputado Kim Kataguiri alega que projeto torna mais claro identificar perturbação da paz. Foto: Pablo Valadare/Agência Câmara
Da Agência Câmara
O Projeto de Lei 4315/24 transforma em crime a perturbação da paz, que hoje é uma contravenção penal. A proposta define o crime da seguinte forma: organizar, promover ou executar evento não autorizado pelo poder público, em via pública ou em prédio particular, que cause transtorno à vizinhança pelo uso de som elevado ou aglomeração que impeça ou dificulte o trânsito de pessoas ou veículos.
A pena prevista é detenção de 6 meses a 2 anos, podendo aumentar em 1/3 até a metade se:
– o evento for realizado à noite;
– o evento for realizado em sábado, domingo ou feriado;
– houver a presença de crianças ou adolescentes no evento;
– o evento for organizado por associação criminosa ou milícia privada;
– o evento atrapalhar as atividades de escola ou hospital e outras consideradas essenciais.
Conforme a proposta, incorre nas mesmas penas:
– o artista de qualquer espécie que se apresenta no evento;
– a pessoa que cede, a título gratuito ou oneroso, equipamento sonoro para a realização do evento;
– a pessoa que participa, de qualquer modo, desse tipo de evento.
Contravenção penal
Atualmente, a Lei das Contravenções Penais pune com 15 dias a três meses de prisão e multa quem perturbar o trabalho ou o sossego alheios:
– com gritaria ou algazarra;
– exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com a lei;
– abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
– provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda.
Atualização necessária
O autor da proposta, deputado Kim Kataguiri (União-SP), afirma que a atualização da norma é necessária para as autoridades agirem de forma eficaz contra eventos que causam transtornos à população.
“Ao estabelecer penalidades claras e proporcionais, o projeto visa a reprimir a realização de eventos irregulares, promovendo um ambiente urbano mais seguro e harmonioso”, argumenta. A proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votada pelo Plenário da Câmara. Para virar lei, a medida precisa ser aprovada pelos deputados e pelos senadores.
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Governo lança ações para enfrentar temperaturas extremas no Brasil
Para enfrentar as altas temperaturas, uma das ações é o Programa Cidades Verdes Resilientes, que tem o objetivo de aumentar a qualidade ambiental e preparar os municípios para lidar com a mudança do clima

Ministério do Meio Ambiente adota medidas para reduzir impacto das altas temperaturas. Imagem: YouTube
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima articula com os ministérios da Educação e da Saúde o enfrentamento das ondas de calor que atingem o país. O objetivo é alertar a população sobre os cuidados necessários para lidar com a elevação das temperaturas e viabilizar ações para minimizar seus impactos, principalmente nas escolas.
Em janeiro, a média de temperatura global esteve 1,75ºC acima dos níveis pré-industriais (1850-1900), de acordo com o Copernicus, observatório climático da União Europeia.
O Brasil sofre os efeitos do aquecimento global, entre eles, o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor severas. Há previsão de temperaturas intensas para as próximas semanas, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em especial para o Sul do país. Em alguns municípios, os termômetros devem registrar mais de 40°C.
Para enfrentar as altas temperaturas, uma das ações é o Programa Cidades Verdes Resilientes, que tem o objetivo de aumentar a qualidade ambiental e preparar os municípios para lidar com a mudança do clima.
O programa é implementado a partir de ações baseadas em seis eixos temáticos: áreas verdes e arborização urbana; uso e ocupação sustentável do solo; infraestrutura verde e azul e soluções baseadas na natureza; tecnologias de baixo carbono; mobilidade urbana sustentável e gestão de resíduos urbanos.
No guarda-chuva do programa, está a iniciativa AdaptaCidades, que fornecerá apoio técnico para que estados e municípios desenvolvam planos locais e regionais de adaptação. Ao aderir ao projeto, os governos estaduais devem indicar dez municípios com alto índice de risco climático para receber a capacitação. Também podem ser beneficiados consórcios intermunicipais e associações de municípios em caráter excepcional. A aprovação das indicações será feita pelo MMA com base em critérios técnicos, considerando o risco climático e o número de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Até o momento, 21 estados já participam da iniciativa.
Cidades Verdes Resilientes e AdaptaCidades estão alinhados ao Plano Clima, que será o guia das ações de enfrentamento à mudança do clima no Brasil até 2035. Em elaboração por 23 ministérios, sob a presidência da Casa Civil e a coordenação do MMA, o plano tem um dos eixos voltados à adaptação dos sistemas naturais e humanos aos impactos da mudança do clima. O segundo pilar é dedicado às reduções de emissões de gases de efeito estufa (mitigação), cujas altas concentrações na atmosfera causam o aquecimento do planeta.
Além das Estratégias Nacionais de Mitigação e Adaptação, o Plano Clima será composto por planos setoriais: são sete para mitigação e 16 para adaptação. Traz ainda Estratégias Transversais para a Ação Climática, que definirão meios de implementação (como financiamento, governança e capacitação) e medidas para a transição justa, entre outros pontos.
O MEC tem retomado as atas de registro de preços do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que oferecem ganhos de escala, produtos padronizados e de qualidade aos entes federados, que ficam desobrigados a realizar processos licitatórios próprios (podendo aderir a ata da Autarquia). Já está disponível ata de registro de preços para compra de ventiladores escolares e está prevista ata para aparelhos de ar-condicionado ainda no primeiro semestre de 2025.
Além das ações coordenadas pelo governo federal, planos de contingência para período de extremo calor devem ser desenvolvidos por cada rede de ensino, considerando o princípio constitucional da autonomia federativa e as realidades locais.
Cuidados e dicas
As ondas de calor são caracterizados por temperaturas extremamente altas, que superam os níveis esperados para uma determinada região e época do ano. Esses períodos de calor intenso podem durar dias ou semanas e são exacerbados pelo aquecimento global, que tem aumentado tanto a frequência quanto a intensidade do calor em várias partes do mundo.
Esses episódios são potencializados em áreas urbanas devido ao efeito das ilhas de calor, fenômeno em que a concentração de edifícios, concreto e asfalto retém mais calor e aumenta ainda mais as temperaturas.
A saúde de toda a população pode ser afetada nessas situações, em especial os mais vulneráveis — como idosos; crianças; pessoas com problemas renais, cardíacos, respiratórios ou de circulação; diabéticos; gestantes; e população em situação de rua. O calor excessivo pode causar tontura; fraqueza; dor de cabeça; náuseas; suor excessivo; e alterações na pele. Ao notar esses sintomas, é essencial buscar ajuda médica.
Entre os cuidados para se proteger, é recomendável beber água regularmente, ainda que sem estar com sede; evitar exposição ao sol das 10h às 16h; usar roupas leves, chapéu e óculos escuros; refrescar-se com banhos frios e utilizar toalhas úmidas; e nunca deixar pessoas ou animais em veículos fechados.
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