Conecte-se conosco

Brasil

Amazonas exportou R$ 1,7 bilhão em ouro para a Alemanha nos últimos três anos

Publicado

em

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)

Entre 2022 e fevereiro de 2025, o Amazonas exportou mais de US$ 306,35 milhões em ouro para a Alemanha, o equivalente a R$ 1,7 bilhão em moeda nacional. O dado foi atualizado nesta semana, após a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Amazonas (Sedecti) divulgar que, apenas em fevereiro, o estado enviou US$ 11 milhões em ouro para o país alemão.

Conforme informações da balança comercial do Amazonas, do total exportado em um período de três anos e dois meses (US$ 306,35 milhões), quase metade (US$ 146,5 milhões) foi enviado somente em 2024. Em todas as transações, a origem foi Manaus e o destino de 100% das exportações, a Alemanha.

A cifra alcançada no ano passado foi recorde para a exportação do produto no Amazonas, considerando os dados disponíveis pela Sedecti até 2010. Além disso, os US$ 146,5 milhões exportados em 2024 representaram um crescimento de 87% em comparação às exportações de 2023, quando foram US$ 78,19 milhões em ouro.

Na balança comercial, o produto é descrito como ‘ouro (incluído o ouro platinado), em formas brutas ou semimanufaturadas, ou em pó’. Para a reportagem, o titular da Sedecti, Serafim Corrêa, afirmou que tem havido maior procura do metal precioso e que a expectativa é de permanência da tendência nos próximos anos.

“É um ouro que não sai bruto. Sai semimanufaturado. A minha leitura é que há uma tendência de crescimento nos próximos anos, por isso os dados mostram isso em relação a 2024. Maiores detalhes sobre a cadeia, por exemplo, o nome das empresas, nós não temos como informar, porque a Lei Geral de Proteção de Dados protege essas informações”, disse Serafim.

Secretário da Sedecti, Serafim Correa, avalia que a tendência é de alta da exportação de ouro para a Europa

Um produto bruto é aquele extraído diretamente da natureza sem qualquer processamento, como minérios e grãos. Já um produto semimanufaturado passa por um processo inicial de transformação, mas ainda não está pronto para o consumo final, como barras de aço ou couro curtido. É diferente dos manufaturados, que já estão totalmente processados, como carros ou roupas.

A exportação de ouro acontece a partir de Manaus, conforme a balança comercial. Segundo Serafim Corrêa, a atividade está assistida pela Zona Franca. No caso do modelo econômico, é preciso que o material – o ouro – passe por um Processo Produtivo Básico (PPB) para ter direito às isenções e benefícios fiscais da ZFM.

Em fevereiro, o Amazonas registrou exportações de US$ 59,92 milhões, enquanto as importações totalizaram US$ 1,27 bilhão.

Embora não haja essa informação na balança comercial, o secretário afirmou que os números de exportação do ouro podem estar associados a empresas da Zona Franca de Manaus que atuem no semimanufaturamento e na exportação dos produtos.

Em um cenário mundial, o ouro também tem ganhado maior valor desde a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nesta sexta-feira, a cotação do ouro superou o valor de 3 mil dólares (cerca de R$ 17,3 mil) por onça (31,1 gramas) pela primeira vez na história.

O impulso ao novo valor é a preocupação geopolítica envolvendo a guerra comercial iniciada pelo presidente estadunidense. Trump ameçou taxar em até 200% bebidas alcoólicas europeias, caso Bruxelas não desista das tarifas alfandegárias de 50% anunciadas para o uísque americano.

“A equação para o ouro continua sendo simples. Quanto mais elevadas as tarifas, maior será a incerteza e mais forte será a demanda”, resumiu Stephen Innes, analista da SPI AM, para a agência de notícias AFP.

Risco

Um estudo divulgado em agosto do ano passado pelo Instituto Escolhas apontou que 94% do ouro brasileiro importado pela Europa vem de áreas de risco. A entidade atua na produção e divulgação de pesquisas sobre temas considerados fundamentais para o desenvolvimento sustentável.

“O estudo Europe’s Risky Gold, direcionado ao público internacional, revela que o ouro comprado pela União Europeia tem origem nos estados do Pará e do Amazonas, onde predomina a produção de ouro a partir de lavras garimpeiras, e do estado de São Paulo, que não produz ouro, mas escoa o metal tirado das áreas de garimpo. Nessas regiões, há graves indícios de ilegalidade na extração e no comércio de ouro e é difícil atestar a origem lícita do metal”, afirma a publicação.

Com impacto

A economista Denise Kassama afirmou que a mineração é um setor que gera emprego e faturamento, mas ainda é marcado por casos de ilegalidade e pelo teor predatório.

“Não existe mineração que não tenha forte impacto ambiental. A grosso modo, gera emprego, mas não chega a ser uma alternativa, mas um modelo complementar. Ainda assim, tem um custo ambiental muito alto em um ano de COP 30 no Brasil, de se falar sobre sustentabilidade”, disse a economista.

Embora seja associado a danos socioambientais a médio e longo prazo, o setor de mineração tem sido apresentado pelo governo do Amazonas como uma nova atividade complementar à Zona Franca. Foi neste contexto em que o governador Wilson Lima (União) criou, em 2023, a Secretaria de Estado de Energia, Mineração e Gás (Semig), acreditando na possibilidade de uma ‘mineração sustentável’.

Titular da Semig, Rooney Peixoto disse que o Amazonas tem buscado recursos para finalizar seu plano de mineração

Desde então, a pasta tem trabalhado em um plano de mineração estadual e acompanhado de perto atividades que são vistas como parte desse novo cenário, como a exploração de gás natural em Silves e Itapiranga, e de potássio em Autazes. Ambos os projetos estão judicializados por questões socioambientais.
Titular da Semig, Rooney Peixoto disse que o Amazonas tem buscado recursos para finalizar seu plano de mineração e, além disso, regularizar o chamado extrativismo mineral.

“Estamos buscando regularização disso, formando cooperativas, porque o Amazonas tem um potencial grande no segmento, mas ainda há muita irregularidade. Nós estamos estruturando essas cooperativas para que elas possam ter uma atividade legalizada, amparada, dentro dos conceitos de sustentabilidade”, comentou Rooney Peixoto.

Sinal do maior interesse pelo Amazonas na mineração, o estado recebe nos dias 18, 19 e 20 de março, a 2ª edição da conferência Amazonas, Óleo, Gás & Energia. O evento é organizado pelo governo estadual e Sebrae, e tem o apoio de diversas empresas do setor.

Também na próxima semana Manaus sediará, pela primeira vez, uma reunião do Fórum Nacional de Secretários de Minas e Energia, que está sendo presidido, também de maneira inédita, pelo Amazonas.

“O Amazonas tem se posicionado como protagonista na questão de energia no Brasil. E não só a questão da energia como um insumo, mas também como um indutor de desenvolvimento econômico”, disse o secretário.

Comentários

Continue lendo
Publicidade

Brasil

Dono do Banco Master e ex-presidente do BRB depõem à PF nesta terça

Publicado

em

• Imagem gerada por IA

A investigação sobre fraude bilionária envolvendo o Banco Master colhe, nesta terça-feira (30), os depoimentos do dono do Master, o banqueiro Daniel Vorcaro, do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino.

Os depoimentos à Polícia Federal (PF) serão tomados no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), a partir das 14h.

As oitivas são parte de inquérito, no STF, que apura as negociações sobre a venda do Banco Master ao BRB, banco público do Distrito Federal (DF).

O BRB tentou comprar o Master pouco antes do Banco Central (BC) decretar a falência extrajudicial da instituição, e apesar de suspeitas sobre a sustentabilidade do negócio.

Paulo Henrique Costa foi afastado da presidência da instituição por decisão judicial.

Em novembro, o ex-presidente do BRB e Daniel Vorcaro foram alvos da Operação Compliance Zero, que investiga a concessão de créditos falsos. As fraudes podem chegar a R$ 17 bilhões em títulos forjados.  

As oitivas dos investigados foram determinadas pelo ministro Dias Toffoli e serão realizadas individualmente. Inicialmente, o ministro do STF queria uma acareação entre os envolvidos. Porém, Toffoli definiu, dias depois, que a acareação só deve ocorrer caso a PF ache necessária. Acareação é quando os envolvidos ficam frente a frente para confrontar versões contraditórias.

Apesar do diretor do Banco Central não ser investigado, seu depoimento foi considerado pelo ministro Toffoli de “especial relevância” para esclarecer os fatos, uma vez que o BC é a instituição que fiscaliza a integridade das operações do mercado financeiro.

A defesa do banqueiro Vorcaro informou à Agência Brasil que não vai se manifestar sobre o depoimento porque o processo corre em sigilo.

A defesa do ex-chefe do BRB, Paulo Henrique Costa, por sua vez, informou que não se manifesta antes do depoimento.

O Banco Central também não se manifestou em relação ao depoimento do diretor de fiscalização da instituição.

BRB quis comprar Master

Em março deste ano, o BRB anunciou a intenção de comprar o Master por R$ 2 bilhões – valor que, segundo o banco, equivaleria a 75% do patrimônio consolidado do Master.

A negociação chamou a atenção de todo o mercado, da imprensa e do meio político, pois, já na época a atuação do banco de Daniel Vorcaro causava desconfiança entre analistas do setor financeiro.

No início de setembro, o Banco Central (BC) rejeitou a compra do Master pelo BRB. Em novembro, foi decretada falência da instituição financeira.

Compliance Zero

A Operação Compliance Zero é fruto das investigações que a PF iniciou em 2024, para apurar e combater a emissão de títulos de créditos falsos.

As instituições investigadas são suspeitas de criar falsas operações de créditos, simulando empréstimos e outros valores a receber. Estas mesmas instituições negociavam estas carteiras de crédito com outros bancos.

Após o Banco Central aprovar a contabilidade, as instituições substituíam estes créditos fraudulentos e títulos de dívida por outros ativos, sem a avaliação técnica adequada.

O Banco Master é o principal alvo da investigação instaurada a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

Na nota, o BRB afirmou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando, regularmente, informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas [às negociações de compra do] Banco Master”.

Fonte: Conteúdo republicado de AGENCIA BRASIL - NOTÍCIAS

Comentários

Continue lendo

Brasil

Acre terá R$ 5,7 bilhões em obras e 3 mil casas pelo Minha Casa, Minha Vida até 2027

Publicado

em

Investimentos do Novo PAC vão da nova Maternidade de Rio Branco ao linhão elétrico entre Feijó e Cruzeiro do Sul; transferências federais ao estado cresceram 29% em relação a 2022

Serão investidos R$5,7 bilhões para acelerar a saúde, a educação, a cultura, a sustentabilidade, o transporte e a infraestrutura do Acre, segundo publicação. Foto: captada 

O Acre terá R$ 5,7 bilhões em investimentos até 2030 por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), abrangendo setores como saúde, educação, cultura, sustentabilidade, transporte e infraestrutura. Além disso, até 2027, a expectativa é de que 3 mil acreanos recebam a chave da casa própria por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal.

Entre as principais obras previstas estão a construção da nova Maternidade de Rio Branco, no Segundo Distrito; o linhão de transmissão de energia entre Feijó e Cruzeiro do Sul, com 277 quilômetros de extensão; e a restauração da BR-364. Até 2030, serão 250 empreendimentos em todo o estado.

Em 2024, o governo federal transferiu R$ 9,9 bilhões para complementar o orçamento do estado e das prefeituras acreanas, valor 29% maior que o repassado em 2022, último ano do governo Bolsonaro.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Acre cria sistema e centro integrado para monitoramento ambiental e combate ao desmatamento

Publicado

em

Lei sancionada pela governadora em exercício Mailza Assis formaliza estruturas já existentes na Secretaria de Meio Ambiente; governo garante que não gerará aumento de despesas

A publicação, assinada pela governadora em exercício Mailza Assis (PP) foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). Foto: captada 

Foi sancionada nesta terça-feira (30) a lei que cria o Sistema Integrado de Meio Ambiente e Mudança do Clima (SIMAMC) e o Centro Integrado de Inteligência, Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (CIGMA) no Acre. A publicação, assinada pela governadora em exercício Mailza Assis (PP), também institui o Grupo Operacional de Comando, Controle e Gestão Territorial, com foco no fortalecimento do combate ao desmatamento e às queimadas.

Segundo o governo, a medida não implica aumento de despesas, uma vez que o CIGMA já está em funcionamento dentro da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), carecendo apenas de institucionalização legal. A lei visa integrar e otimizar ações de monitoramento, inteligência e gestão territorial no estado, ampliando a capacidade de resposta a crimes ambientais.

A publicação ocorreu no Diário Oficial do Estado (DOE) e representa mais um passo na estruturação da política ambiental acreana, em meio a discussões nacionais sobre clima e preservação.

Comentários

Continue lendo