A Fenaj virou um nada

Por Freud Antunes*

A direção da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se esquece do jornalista, aquela pessoa que enfrenta sol, chuva, lama, poeira, ameaças, condições precárias de trabalho, atraso de salários. Essa amnésia sindical traz a atrofia da base pela falta da representação nacional de verdade.

Esse paciente-institucional parece estar em uma nefasta e irreversível inversão de valores que debulham todo o caráter do jornalismo. Assim, a expressão da luta por valorização trabalhista passou a ser uma míope radicalização, quase ditatorial, em que a noção de golpe é subvertida em defesa de um governo em pleno estágio de penúria de tanto ser sangrado.

O desvio irracional chega a tal ponto que o mundo de Alice vira a única defesa promovida pelos dirigentes da federação, desconstituindo a simbologia de reivindicações trabalhistas e defesa do mais oprimido, o jornalista que sofre com o assédio moral, os ataques gratuitos ofertados por pessoas denunciadas e atentados promovidos por outros supostos donos do poder, além das agressões verbais e físicas que acabam vitimando tantos profissionais da base, os abandonados da Fenaj.

O que deveria ser defesa sindical passa a ser defesa governamental, aparentando o mais óbvio: A derrocada do sentido da luta trabalhista, uma simbologia conquistada no século XVIII passa a ser reduzida ao nada, transformando os dirigentes dessa federação em piada sem graça, um grupo de que passou a ser ignorado até mesmo pela mídia e pelos que trabalham na mídia, os jornalistas.

O único problema que ignorar não basta, pois todos os meses nossa contribuição alimenta esses mudos. Assim, não é possível ver uma democracia, porque nada se administra, nada é a bandeira de luta e nada é a base de sustentação custeada pelos jornalistas.

Agora, a carteira da Fenaj, com a atual administração, virou piada, pois um grupo que nada faz apenas emite documento e piada sem-graça, aplicando todo o esforço ao completo vazio de atitudes desajeitadas, resultando em um abismo, provocando mais demissões, mais atrasos de salários e mais apoio partidário para que o poder do nada seja administrado.

Agora, a campanha precisa ser séria, ou o jornalista elimina a atual gestão, ou uma nova entidade deve ser criada, eliminando esse vácuo de poder e falta de apoio à base dos jornalistas que todos os dias enfrentam o sol, a chuva, a lama, a poeira, o tiroteio, as ameaças, a morte.

*Jornalista, historiador, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Acre, membro da Academia Acreana de Jornalismo e Letras.

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Publicado por
Alexandre Lima