A situação em Cruzeiro do Sul é particularmente única, uma vez que muitos pacientes foram isolados em suas residências e não em hospitais. Foto: internet/ilustrativa
Com assessoria
O auditório da escola Craveiro Costa em Cruzeiro do Sul recebeu um importante encontro promovido pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Acometidas pela Hanseníase (Mohan). O objetivo da reunião foi esclarecer os direitos de indenização das vítimas de hanseníase, incluindo os pais que foram separados de seus filhos durante a internação compulsória.
O evento contou com a presença de Elson Dias, coordenador estadual do Mohan, e de Artur Custódio, representante do Ministério da Saúde e membro da comissão avaliadora do processo de indenização vitalícia. O encontro foi uma oportunidade essencial para que os participantes pudessem buscar informações sobre seus direitos, além de discutir a documentação necessária para solicitar a indenização.
Durante a reunião, foi destacado que muitos filhos de pais acometidos pela hanseníase enfrentam dificuldades para comprovar sua situação. “É fundamental ter a documentação que comprove a internação do pai ou da mãe no antigo leprosário, assim como a separação familiar”, explicou Elson Dias. Caso contrário, a solicitação dos direitos pode ser prejudicada.
O movimento também abordou a questão da desinformação que tem circulado, principalmente nas redes sociais. Há relatos de pessoas que estão sendo exploradas financeiramente, pagando valores altos por informações que deveriam ser acessíveis. “Estamos aqui para garantir que ninguém seja prejudicado e que todos tenham acesso ao que é de direito”, afirmou Artur Custódio.
O encontro foi mais um passo em direção à reparação e ao reconhecimento dos direitos das pessoas que viveram nas sombras de um estigma injusto. Foto: cedida
A situação em Cruzeiro do Sul é particularmente única, uma vez que muitos pacientes foram isolados em suas residências e não em hospitais, um fato que levantou a bandeira para que a lei fosse corrigida pelo governo federal. Desde 2023, com mudanças na legislação, já foram protocolados 123 processos de indenização em Brasília, representando um avanço significativo na busca por justiça.
O recurso destinado a essas indenizações é de R$ 42 milhões por ano, totalizando quase um bilhão ao longo do tempo. Esse valor não é considerado renda, o que significa que os beneficiários não perderão outros tipos de assistência social, como Bolsa Família ou aposentadorias.
Maria Evanete, uma das participantes da reunião, compartilhou sua experiência dolorosa de separação da mãe aos 8 anos devido à hanseníase. Ela contou sobre o sofrimento emocional que viveu, ressaltando a importância de reconhecermos esse passado e garantir os direitos das pessoas afetadas por essa doença.
O encontro foi mais um passo em direção à reparação e ao reconhecimento dos direitos das pessoas que viveram nas sombras de um estigma injusto, promovendo um diálogo aberto sobre as questões ainda pendentes que precisam ser enfrentadas.
O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo, entre os países que registram casos novos. Em razão da elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no País.
A hanseníase, conhecida também como lepra, é uma doença infecto-contagiosa caracterizada por manchas na pele, sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades. É causada por uma bactéria denominada Mycobacterium leprae, que costuma evoluir lentamente e pode levar até 20 anos para surgirem sinais da infecção.
A doença atinge pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional e de investigação obrigatória.
Apenas entre os anos de 2014 e 2018 o Brasil diagnosticou oficialmente 140.578 novos casos de hanseníase, segundo dados oficiais do SINAN. Em média, temos cerca de 30 mil novos casos da doença anualmente. O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo, entre os países que registram casos novos. Em razão da elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no País.
Apenas no ano passado, foram registrados 33 mil novos casos da doença. Entretanto, em relação aos últimos 10 anos, houve uma queda de 65% na taxa de prevalência. A redução foi resultado de ações de combate à doença, intensificadas nos últimos anos.
Paucibacilar: menos de cinco lesões na pele sem detecção de bactéria nas amostras destas áreas
Multibacilar: mais de seis lesões na pele, detecção de bactéria nas amostras das lesões da pele, ou ambos.
Os sintomas de hanseníase geralmente só aparecem1 ano após a infecção (em média 5 a 7 anos). Assim que os sintomas aparecem, progridem lentamente.
Sensação de formigamento;
Fisgadas ou dormência nas extremidades;
Manchas brancas ou avermelhadas na pele;
Perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato;
Áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor;
Nódulos e placas em qualquer local do corpo
Se não for tratada, os sinais da hanseníase avançada podem incluir:
Diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos);
Paralisia das mãos e pés;
Encurtamento dos dedos devido à lesão dos nervos que controlam os músculos;
Úlceras crônicas na sola dos pés;
Cegueira;
Perda de sobrancelhas;
Edema do nariz e orelhas (inchaço)
Os principais fatores de risco da hanseníase são: