A pesquisa analisou a vulnerabilidade da economia ligada a quantidade de empregos formais e a quantidade de beneficiários do Programa Bolsa Família. Foto: Lyon Santos/MDS
Por Hellen Monteiro, g1 AC — Rio Branco
O Vale do Juruá se consolidou como a região com maior índice de desigualdade e vulnerabilidade econômica do Acre entre 2022 e 2024, segundo estudo do Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre em parceria com o Sebrae. A pesquisa, conduzida pelo economista Dr. Rubicleis Gomes da Silva, analisou a vulnerabilidade da economia a partir do número de empregos formais e beneficiários do Bolsa Família.
O estudo revela uma realidade alarmante: com exceção de Rio Branco, em todo o resto do estado há mais beneficiários do programa social do que trabalhadores com carteira assinada.
“Isso significa que, na maioria dos municípios acreanos, o Bolsa Família tem um impacto gigantesco dentro da economia”, explicou o professor, citando que supermercados chegam a criar promoções específicas para as datas de pagamento do benefício. A pesquisa alerta para a dependência econômica de programas sociais no interior acreano.
O estudo mostrou que há municípios acreanos em que a desigualdade atinge proporções preocupantes com áreas registrando mais de 40 beneficiários do Bolsa Família para cada empregado formal, mostrando que a economia local depende dos recursos do governo e tem pouca capacidade de gerar sua própria produção.
O índice de vulnerabilidade municipal (IVM), utilizado pelo economista, é calculado anualmente e ‘mensura a relação entre a dependência de programas de transferência de renda e a disponibilidade de empregos formais’.
O estudo revela uma trajetória positiva de redução da vulnerabilidade social nesse período no Acre, na maioria das regiões acreanas. Contudo, os índices ainda continuaram altos.
A classificação da vulnerabilidade municipal foi estabelecida em cinco categorias, sendo estas: muito baixa, baixa, média, alta e muito alta, sendo esta última caracterizada por territórios onde a escassez de empregos formais resulta na elevada dependência de programas sociais, com mais de 30 beneficiários do Bolsa Família para cada trabalhador formal.
Para compreender melhor essa dinâmica, em 2022 o estado registrava 127 beneficiários do Programa Bolsa Família para cada 100 trabalhadores com carteira assinada, relação que melhorou para 115 beneficiários por 100 empregados formais em 2024.
Esta melhoria indica que a relação entre beneficiários do Programa Bolsa Família e empregos formais (CLT) vem se tornando mais equilibrada, sugerindo, segundo o estudo, um fortalecimento do mercado de trabalho formal ou uma redução da dependência de programas assistenciais.
Tabela demonstra como é medida a vulnerabilidade municipal . Foto: Reprodução/Dr. Rubicleis G. Silva
No Vale do Juruá, a dinâmica das microrregiões revela cenários contrastantes, com base na tabela acima. Entenda mais abaixo:
Estes três últimos municípios, também por estarem em condições de isolamento via terrestre, caracterizam-se por economias pouco diversificadas e limitadas oportunidades de emprego formal.
A pesquisa finaliza afirmando que embora o estado apresente uma trajetória geral de melhoria no índice, persistem disparidades regionais significativas.
“Quando o número de pessoas que recebem o benefício é muito maior do que o de trabalhadores com carteira assinada em uma região, isso pode mostrar que a economia local tem dificuldades para gerar empregos e oferecer oportunidades de trabalho
Pesquisa é assinada pelo professor de economia Dr. Rubicleis Gomes da Silva. Foto: Arquivo pessoal