Um mês após iniciar discussões da reforma administrativa, Dilma não procurou PMDB

O Estado de S. Paulo

O PMDB tem seis ministérios: Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Pesca, Portos e Aviação Civil; meta é cortar dez pastas

BRASÍLIA – Quase um mês após o governo ter iniciado as discussões sobre uma reforma administrativa com a redução de dez ministérios, a cúpula do PMDB ainda não foi procurada para tratar do assunto. Dirigentes do partido disseram ao Estado que até domingo o vice-presidente, Michel Temer (SP), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o líder do partido na Casa, Eunício Oliveira (CE), não haviam sido convidados a discutir a reforma.

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Renan já disse a colegas de partido que os atuais ministros do PMDB são seus amigos e, portanto, não irá entrar nessa discussão de redução de ministérios por essa razão e também porque não pretende mais fazer movimentos para ajudar o governo a sair da crise, uma vez que já os considera inúteis.

O PMDB tem seis ministérios: Kátia Abreu (Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Helder Barbalho (Pesca), Edinho Araújo (Portos) e Eliseu Padilha (Aviação Civil). A expectativa é de que as pastas de Aviação Civil e Portos sejam incorporadas ao Ministério dos Transportes. A pasta do Turismo deve ser fundida com outra pasta, o que significaria perda de espaço para o PMDB. “Não estamos sabendo absolutamente nada da reforma e da fusão de ministérios. A bancada do partido nem o líder no Senado foram consultados”, afirmou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).  O líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), também disse que não foi procurado para discutir esse assunto por ninguém do governo. “Só na especulação não nos cabe fazer  nenhum comentário. Vamos aguardar informações mais precisas.”

Outro foco de insatisfação no comando do PMDB é a presidente Dilma ter escalado a ministra Kátia Abreu como interlocutora do partido no governo em detrimento de Temer, que é presidente nacional da legenda. A peemedebista tem participado de todas as discussões sobre a reforma administrativa e é hoje uma das ministras mais próximas da presidente Dilma.

Dirigentes da sigla disseram ao Estado que Kátia Abreu ainda é “cristã nova” no PMDB, tem menos de dois anos no partido, e não seria a pessoa adequada para fazer essa negociação sobre os ministérios. “Se tiver que falar com alguém, que a presidente fale com o Renan ou com o Temer, que é vice-presidente da República e sucessor natural da Dilma”, disse um peemedebista. “Ela não conhece os senadores. Se colocar todo mundo numa sala ela não sabe quem é”, complementou.

Segundo esse peemedebista, o discurso da ministra em defesa do governo esta cada vez mais distante do entoado pelo partido que tem feito críticas severas ao governo que ajudou a eleger e do qual participa. “Ela chega nas reuniões, começa a rezar e pede pra gente defender a Dilma. Esta em outra sintonia. É ela quem vai dizer pro vice-presidente qual o espaço que o partido vai ter? “, disse.

Temer convidou lideranças do PMDB para uma conversa segunda à noite. O partido tem discutido internamente qual o melhor momento de deixar o governo. Pauta que ganha mais adeptos na legenda a cada dia.

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Publicado por
Alexandre Lima