Trabalhadores da Educação seguem com paralisação e ano letivo não inicia na maioria das escolas do Acre

Trabalhadores da Educação seguem com paralisação e ano letivo não inicia na maioria das escolas do AC – Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Por Iryá Rodrigues

O ano letivo 2021 ainda não iniciou na maioria das escolas públicas do Acre por conta da paralisação dos trabalhadores da Educação. A previsão era de que as aulas começassem na segunda-feira (10) para cerca de 148 mil alunos, mas, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), ao menos 90% das escolas aderiram ao movimento.

A categoria reivindica a reformulação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) e o reajuste no piso salarial.

Após uma assembleia geral feita na sexta-feira (7), a categoria decidiu decretar o estado de greve, que deve ser, de fato, iniciada, após 72 horas da notificação. Nesta quarta (12), os trabalhadores estão em mobilização para garantir maior adesão na greve.

“Estamos em advertência, não estamos trabalhando. Já são quase 90% de escolas que não iniciaram o ano letivo, pouquíssimas estão fazendo aulas remotas. Hoje, estamos nas redes sociais, dialogando e explicando porque entraremos de greve nesta quinta [13]”, informou a presidente do Sinteac, Rosana Nascimento.

A Secretaria Estadual de Educação (SEE), que informou a previsão era de que 80% da rede retornasse as aulas no dia 10 de maio, com aulas remotas. As exceções seriam as escolas rurais de difícil acesso e indígenas, uma vez que, além do calendário escolar ser diferenciado, estão no processo de completar lotação de professores.

Diferente do número informado pelo sindicato, a secretaria afirmou que cerca de 60% das escolas não aderiram à paralisação em todo o estado e, portanto, retomaram as aulas. Essas escolas que iniciaram o ano letivo estão concentradas em Rio Branco.

Ainda segundo a SEE, a secretária da pasta, Socorro Neri, conversou com representes dos três sindicatos relacionados à Educação, além do Conselho de Diretores das Escolas Públicas do Acre (Codep). Durante reunião na última quinta-feira (6), a secretária recebeu formalmente um documento contendo as principais pautas de reivindicação da categoria e elas estarão sendo tratadas com prioridade junto ao governador e membros da equipe de governo esta semana.

Categoria se recusa a iniciar ano letivo 2021 e ameaça greve geral – Foto: Ana Paula Xavier/Rede Amazônica Acre

Reinvindicações

Além da reposição salarial, a categoria ressalta que os professores estão endividados, porque tiveram que comprar celulares e computadores e pagar Internet para poderem trabalhar com as aulas remotas.

“O governo não está pagando nossos direitos garantidos no PCCR, que são as gratificações, complementações salariais e dobras. Também estamos lutando pela reposição inflacionária de 2017 até 2021 e mais a estruturação da tabela para 2022”, informou Rosana.

A sindicalista disse ainda que as negociações estão sendo feitas com o governo desde 2019. “Já ofereceram auxilio alimentação e não pagaram, ofereceram 12,99% e não pagaram e por último entregaram uma contraproposta oferecendo antecipação da VDP e não pagaram.”

Aulas são transmitidas pela TV e rádios para alunos da rede pública do Acre – Foto: Secom

Ano letivo 2021

Cerca de 148 mil alunos da rede pública de ensino do Acre iniciariam o ano letivo 2021 na segunda (10) com aulas de forma remota. A previsão inicial era de que as aulas começariam no dia 3 de maio, mas os professores passaram por treinamentos e planejamento das aulas e, por isso, o prazo foi adiado.

A maioria das escolas já encerrou as aulas do ano letivo de 2020, mas há ainda algumas instituições da zona rural e indígenas que não conseguiram concluir. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, essas escolas devem trabalhar os dois anos letivos de forma paralela.

As aulas presenciais foram suspensas no dia 17 de março, na semana em que o Acre confirmou os três primeiros casos de Covid-19. Desde então, os alunos têm acesso ao conteúdo escolar pela internet por videoaula, pelo rádio com audioaulas, pela televisão e também com o material impresso disponibilizado nas escolas.

Em 2020, em meio à pandemia, os alunos da rede pública estadual concluíram os bimestres, também por meio do ensino remoto. Em fevereiro, a SEE chegou a divulgar um calendário do retorno das aulas com sistema híbrido – aulas presenciais e remotas. A ideia era começar as aulas presenciais já em março deste ano.

Contudo, os casos de Covid-19 aumentaram e Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 colocou todo o estado na bandeira de emergência, e suspendeu as atividades não essenciais.

A previsão é que a conclusão do ano letivo de 2021 ocorra em dezembro, ainda com sistema de 800 horas/aula no lugar de 200 dias letivos, o que foi flexibilizado por conta da pandemia.

A Educação continua com o programa Escola em Casa, que trabalha com o material impresso, audioaulas transmitidas pela TV e também pela Rádio Difusora e Aldeia Acreana, e videoaulas transmitidas pela Amazon Sat, além de disponibilização do acervo escola na Plataforma Educ Acre.

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Publicado por
G1 Acre