fbpx
Conecte-se conosco

Brasil

Renovação do Senado tem escassez de candidatos da esquerda e excesso da direita

Publicado

em

próxima eleição para o Senado promete ter um peso ainda maior para Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2026, pois dois terços das 81 cadeiras da Casa serão renovados

Plenário do Senado: renovação em 2026 envolve excesso de candidatos da direita e escassez na esquerda. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Fustigada pelo desempenho abaixo das expectativas nas eleições municipais e com dificuldades flagrantes de renovação, a esquerda se movimenta para não amargar um novo fracasso na disputa pelo Senado em 2026. O campo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) carece de nomes competitivos para a disputa, enquanto a direita lida com um congestionamento de candidatos nos principais estados do país.

A próxima eleição para o Senado promete ter um peso ainda maior para Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2026, pois dois terços das 81 cadeiras da Casa serão renovados. Um aliado de Lula relatou ao Estadão ter ouvido do presidente que é preciso impedir os bolsonaristas de formarem uma superbancada no Senado, o que os ajudaria a impulsionar pedidos de impeachment contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), hoje travados na Casa. Para isso, diz, “Lula só vai investir em quem for ganhar”, seja da esquerda ou não.

No Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, Bolsonaro declarou que uma das indicações ao Senado ficará sob sua responsabilidade, enquanto a outra caberá ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A escolha do ex-presidente será pelo seu filho, o hoje deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Já o nome a ser indicado por Tarcísio permanece indefinido, mas aliados especulam que possa ser o ex-governador Rodrigo Garcia, que deixou o PSDB e atualmente está sem partido.

No campo bolsonarista, a lista de pretendentes tem ainda outros nomes. O deputado federal Ricardo Salles trocou o PL pelo Novo para garantir sua presença no páreo. Guilherme Derrite (PL), secretário de Segurança Pública de Tarcísio, também não esconde a intenção de se candidatar e negocia uma possível volta ao PP para pleitear a vaga.

Em São Paulo, a esquerda não dispõe da mesma abundância de candidatos, e, hoje, o nome mais competitivo é o do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a Prefeitura de São Paulo e foi derrotado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). No entanto, aliados de Boulos ponderam que a eleição para o Senado não é tão certa quanto sua reeleição para a Câmara, onde garantiria uma vitória com folga.

Um dos empecilhos para uma eventual candidatura de Boulos ao Senado, alertam aliados petistas, é a preocupação com a superação da cláusula de barreira por parte do PSOL. Em 2026, de acordo com a reforma eleitoral aprovada em 2017, os partidos precisarão eleger 13 deputados federais em pelo menos nove Estados, e somar 2,5% dos votos em nível nacional para continuar tendo acesso ao fundo partidário.

Eleito o deputado federal mais votado de São Paulo em 2022, com mais de 1 milhão de votos, Boulos pode se tornar peça-chave para que o PSOL mantenha acesso ao financiamento da estrutura partidária — o que inviabilizaria sua candidatura ao Senado.

Lideranças do PT dizem que o partido pode ser levado a apoiar nomes da direita moderada para o Senado a fim de barrar bolsonaristas radicais. Legendas como MDB, PSD e União Brasil, que se juntaram a Lula para a formação do governo, são vistas como peças importantes do xadrez para criar esse “cordão sanitário” contra o PL.

“Além de elegerem prefeitos em cidades importantes, eles (bolsonaristas) conseguiram projetar lideranças com resultados expressivos, caso de Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza. O jeito de enfrentar isso é a gente procurar produzir uma frente até mais ampla de partidos que elegeram o presidente Lula. E, a partir daí, organizar palanques que possam nos permitir fazer frente ao avanço da extrema direita”, diz Kiko Celeguim, presidente do PT de São Paulo.

Celeguim, no entanto, defende esperar “a poeira das eleições municipais baixar” antes de estreitar essas articulações. Isso porque a disputa eleitoral acirrou ânimos entre lideranças partidárias do círculo próximo ao PT, como o MDB de Baleia Rossi. Durante a disputa pela Prefeitura de São Paulo, a participação da primeira-dama Janja da Silva em um vídeo que relembrou o boletim de ocorrência registrado pela esposa de Ricardo Nunes contra o marido em 2011 irritou a cúpula emedebista.

“Isso está muito incipiente. A gente acabou de sair da eleição. Tem lugares em que partidos que compuseram essa frente do presidente Lula e outros que a gente gostaria que estivessem conosco acabaram de se enfrentar. Então é preciso que haja um período de acomodação”, diz Celeguim.

O senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, afirma que o partido vai atribuir uma prioridade especial à eleição para Câmara e para Senado, mas que a estratégia ainda será discutida.

“A eleição do Senado é de grande importância. Vamos ter 54 vagas em disputa. A extrema direita já tem um número razoável de senadores e está trabalhando para conquistar uma maioria que permita rejeitar indicação para o Supremo, votar leis para fragilizar a democracia e implantar a pauta conservadora. É muito importante que a gente possa ter uma maioria no Senado, mesmo que não seja de petistas”, afirma ele.

A disputa fora de São Paulo

No Rio de Janeiro, berço do clã Bolsonaro, Flávio Bolsonaro é dado como certo na disputa pela reeleição. Em entrevista ao portal Metrópoles, ele afirmou que o governador Cláudio Castro (PL) e o senador Carlos Portinho (PL-RJ) precisarão chegar a um acordo sobre quem ficará com a segunda vaga na chapa.

A disputa no Rio promete ser desafiadora para o PT. No entanto, ao contrário de São Paulo, há mais opções de candidatos. A expectativa é que o prefeito reeleito Eduardo Paes (PSD) concorra ao governo, enquanto o PT deve buscar a indicação para a sua vice ou para uma das vagas ao Senado. A deputada federal e ex-governadora Benedita da Silva (PT-RJ) tem dito a interlocutores sua intenção de disputar o Senado. Outra alternativa é o prefeito de Maricá (RJ), Fabiano Horta (PT), reeleito este ano.

O bolsonarismo e a direita contam com nomes fortes em boa parte do País. No Paraná, o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) e o governador Ratinho Junior (PSD), que está em seu último mandato, estão entre os cotados. Cristina Graeml (PMB), que disputou o segundo turno da eleição em Curitiba, também diz que pode entrar no páreo.

No Distrito Federal, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) já é presença certa na eleição para o Senado, enquanto a segunda vaga é disputada entre o governador Ibaneis Rocha (MDB) e a deputada federal Bia Kicis (PL-DF). Bolsonaristas também mencionam como possíveis candidaturas competitivas o ex-ministro Gilson Machado, em Pernambuco; o deputado federal Zucco (PL), no Rio Grande do Sul; e a deputada federal Julia Zanatta (PL), em Santa Catarina.

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, Romeu Zema (Novo) rejeita concorrer ao Senado e aposta suas fichas em uma composição para a Presidência. Segundo aliados, o candidato de seu grupo será Marcelo Aro, atual secretário da Casa Civil de Minas. O deputado federal Nikolas Ferreira e o deputado estadual Bruno Engler, ambos do PL, seriam nomes competitivos do bolsonarismo, mas não podem disputar o Senado por terem menos de 35 anos.

O senador Cleutinho Azevedo (Republicanos), outro expoente bolsonarista e cujo mandato vai até 2031, cogita concorrer ao governo de Minas, deixando o grupo, hoje, sem opções claras. Um dos nomes lembrados é o do deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG), que teria o apoio de Cleitinho.

Minas costuma ocupar centralidade nas eleições, por ser o segundo Estado mais populoso, com mais de 16 milhões de eleitores. O mau desempenho petista em Belo Horizonte, onde o candidato Rogério Correia terminou a disputa em sexto lugar, com 4,37 % dos votos, preocupa o partido para 2026.

Com a avaliação de que Correia saiu menor do que entrou, uma ala da sigla defende o nome do deputado federal Reginaldo Lopes para o Senado. O presidente estadual do PT, Cristiano Silveira, no entanto, lembra que em 2022 chegou a ser pré-candidato e teve de retirar a candidatura após uma articulação de Lula para apoiar Alexandre Silveira, do PSD. O cenário pode vir a se repetir.

“Na próxima eleição (ao Senado) são duas vagas, e creio que o PT indicará ao menos uma. Mas não descarto (apoiar um nome mais à direita). Veja que em BH, para derrotar a extrema direita e o PL, apoiamos Fuad Noman. Tudo dependerá dos diálogos e entendimentos em 2026″, afirma ele.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Pesquisa revela que rios do Acre passaram a ser alternativas do tráfico internacional de drogas

Publicado

em

Juruá e Acre, além de outros 12 rios da Amazônia, passaram a ser utilizados com mais frequência por causa da lei do abate de aeronaves. A ação do tráfico fez explodir a violência na Amazônia, incluindo o Acre

Rio Juruá banha a capital do Juruá, Cruzeiro do Sul. Foto: Reprodução

Tião Maia, ContilNet

O aumento na taxa de homicídios em Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, o segundo maior município do Estado do Acre, no período de 2005 a 2020, foi como uma explosão em termos de violência: 595% em 15 anos.

A taxa saiu de 4,3, de 1996 a 2004, para 30, no período de 2005 a 2020, o segundo maior índice da região Norte do país. O primeiro ficou com Eirunepé, município do Amazonas, que tem uma população estimada em 33 mil habitantes. Entre 1996 e 2004, a média da taxa de homicídios de pessoas acima de 1 ano era de 3,7 por 100 mil habitantes. Mas, entre 2005 e 2020, esse número explodiu: 34 homicídios a cada 100 mil habitantes – um aumento vertiginoso de 819%.

Além de terem em comum a situação geográfica, Cruzeiro do Sul e Eirunepé, embora estejam em estados diferentes, são banhadas pelo mesmo rio, o Juruá, um dos afluentes do Rio Amazonas. Assim como esses dois, existem outros quatorze rios identificados por pesquisadores brasileiros como os “rios de cocaína”, por servirem de rota para o tráfico que envolve Brasil, Peru, Colômbia e Bolívia. São eles: Abunã, Acre, Amazonas, Caquetá, Envira, Içá, Japurá, Javari, Juruá, Madeira, Mamoré, Negro, Purus, Tarauacá, Uaupés e Xié.

O resultado da pesquisa está publicado na revista Piauí deste mês, com base em estudos sobre Interdição Aérea, Tráfico de Drogas e Violência na Amazônia Brasileira, produzido por pesquisadores do Insper e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), com a participação do IZA (Institute of Labor Economics), da Alemanha.

Uma versão resumida em português foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano sustentável para a Amazônia.

Cerco ao transporte de droga pelo ar fez aumentar uso dos rios, mostra pesquisa

De acordo com a publicação, a hipótese para o aumento da violência que atinge pequenos municípios na região amazônica banhados por essas águas tem uma explicação: com o cerco aos aviões, intensificou-se o uso de barcos no escoamento da droga.

A mudança no transporte do entorpecente aconteceu depois de 2004, ano em que o governo brasileiro colocou em prática uma política de interdição aérea, aprovada ainda em 1998. Com a nova lei, a Força Aérea Brasileira (FAB) foi autorizada a abater aeronaves suspeitas de transportar drogas vindas dos países vizinhos. Assim, a migração para os rios foi uma estratégia dos criminosos para fugir da fiscalização policial.

O escoamento pela água, um meio de deslocamento mais demorado, exige uma dinâmica própria e influencia as comunidades atingidas, argumentam os estudiosos. Os longos trajetos, por exemplo, levam os criminosos a empregarem diferentes barqueiros, contratarem pessoas para fazer a segurança do carregamento, fornecer equipamentos, estocar a droga, entre outras funções. “Isso acaba trazendo a atividade ilegal para uma proximidade muito maior com a população local”, diz Rodrigo R. Soares, professor titular da cátedra Fundação Lemann no Insper e líder da pesquisa.

Uma versão resumida em português foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano sustentável para a Amazônia. Foto: Rio Acre/Assis Brasil

Mudanças na logística fizeram explodir a violência em cidades ribeirinhas

As estimativas do estudo indicam que a mudança na logística para movimentar a droga ocasionou, entre 2005 e 2020, 27% do total de 5.337 mortes em 67 cidades da região Oeste da Amazônia margeadas pelos dezesseis “rios de cocaína”. Elas têm menos de 100 mil habitantes, estão longe das grandes cidades e do cruzamento de rodovias, o que diminui as chances de as mortes estarem relacionadas a disputas fundiárias ou desmatamento ilegal. A prevalência de óbitos acontece entre homens de 20 a 49 anos, por uso de arma de fogo ou faca.

Os estudos mostram que o Brasil possui cerca de 8 mil km de fronteira com três países que concentram o plantio de coca na região, que está dividido da seguinte forma: Colômbia (61%), Peru (26%) e Bolívia (13%), segundo o relatório mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês). Até o começo dos anos 2000, as principais rotas de escoamento passavam pela América Central e Caribe ou iam diretamente para norte-americanos e europeus, onde estão os maiores compradores.

A Amazônia brasileira começou a aparecer nesse mapa em meados dos anos 2000. O Brasil, que até então figurava na décima posição em volume de cocaína apreendida, atualmente é o terceiro colocado, atrás de Estados Unidos e Colômbia, apontam dados da UNODC de 2021. Foi nessa mesma época que o governo brasileiro investiu para aumentar o controle das fronteiras e do espaço aéreo na Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do planeta e tem baixa densidade populacional: cerca de 5,6 habitantes por km².

Uma das medidas para inibir o tráfico veio em 2004 com a chamada Lei do Abate. A medida foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma longa discussão no Congresso e com as Forças Armadas. A lei sinalizava que o governo estava disposto a “combater, com as armas adequadas, a invasão de nossas fronteiras por quadrilhas internacionais de narcotraficantes”, afirmou o então ministro da Defesa, José Viegas Filho.

Àquela altura, o país montava uma infraestrutura própria para agir nesse campo – havia pouco controle sobre o espaço aéreo da Amazônia, o que facilitava voos carregados de drogas vindos de países andinos. Em 2002, o Sistema de Vigilância da Amazônia e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam) entraram em operação sob a justificativa de aumentar a vigilância e o controle do tráfego aéreo, das fronteiras, monitorar comunicações clandestinas, rotas de tráfico e contrabando, além de identificar pistas escondidas e garimpos ilegais. Anos mais tarde, em 2005, o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta IV) iniciava suas atividades em Manaus.

Assim que a Lei do Abate passou a valer, a FAB diz ter registrado uma redução imediata de 32% no número de voos irregulares. O primeiro relato de interceptação de avião suspeito veio a público em 2009, quando uma aeronave vinda da Bolívia foi alvo de disparos de advertência pelos militares brasileiros após o piloto se negar a obedecer. Depois dos tiros, o avião, que carregava 176 kg de pasta base de cocaína, pousou numa estrada de terra em Rondônia.

O estudo liga a interdição aérea ao volume da droga apreendida. Com a migração de parte do comércio ilegal para os rios e estradas, o Brasil dobrou a quantidade de cocaína detida por mar, terra e ar entre 2004 e 2005: foi de 7,7 toneladas para 15,7 toneladas, segundo estatísticas divulgadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) à época.

No entanto, a estratégia usada para dificultar o tráfico de drogas pelo ar pode ter estimulado um novo problema. Segundo o estudo dos pesquisadores brasileiros, a geografia da floresta favoreceu a rápida adaptação do narcotráfico. A análise indica que a violência nas cidades ao longo das vias acessadas mudou de padrão depois da Lei do Abate. O estudo também aponta o aumento de mortes por overdose, sinalizando maior presença de drogas em circulação. “Observamos que diversos municípios com zero casos de overdose antes de 2005 passaram a ter episódios esporádicos desde então”, afirmam os pesquisadores, alertando ainda para a provável subnotificação de casos.

Existem quatorze rios identificados por pesquisadores brasileiros como os “rios de cocaína”. Foto: Reprodução

Disputa pelo monopólio do tráfico na região entre facções criminosas

Os pesquisadores alertam que é praticamente impossível enfrentar o problema numa região do tamanho da Amazônia, maior que a União Europeia, apostando só na presença ostensiva da polícia ou das Forças Armadas. “Tem que pensar em algum uso de tecnologia que seja capaz de acompanhar isso e gerar alertas que acionem uma reação”, sugere a pesquisa, citando drones, radares móveis e melhor coordenação entre os órgãos de fiscalização e autoridades dos países vizinhos. Outra ação vital é oferecer às comunidades locais alternativas que gerem renda, preservem a floresta e o modo de vida tradicional, a fim de evitar o envolvimento dos moradores com o narcotráfico e impedir possível “entrincheiramento de algum grupo criminoso ali na região que consiga um monopólio”.

A disputa pelo monopólio do tráfico de drogas na Amazônia sugerida pela pesquisa foi diagnosticada pelo Fórum de Segurança Pública em um relatório de 2022, citado no estudo sobre os “rios de cocaína”. A análise do Fórum abordou o interesse de facções do Sudeste, como o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital, o PCC, de São Paulo, pelo controle da região entre 2015 e 2016. O relatório cita ainda que “algumas facções locais compreenderam melhor os mecanismos de funcionamento das redes ilegais através da Amazônia”.

Esse fenômeno suscitou o surgimento de organizações regionais, como a Família do Norte, no Amazonas. Cientes disso, os estudiosos do Insper e da USP compararam os homicídios ocorridos após 2015, tentando identificar algum aumento de óbitos a partir da interferência das facções. Os números mostram que a taxa de mortes se manteve similar durante todo o período a partir de 2004, quando a restrição aérea foi implementada.

Por fim, os pesquisadores ressaltam que, além dos esforços brasileiros para conter o crime organizado, é imprescindível uma cooperação internacional, “principalmente na região andina, para garantir uma abordagem coordenada ao tráfico de cocaína, com maior troca de informações e práticas de segurança transnacional”.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Com repasses de R$ 32,5 milhões, Acre chegou a 98% de execução de recursos da Lei Paulo Gustavo, diz governo federal

Publicado

em

Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais

Maior parte dos recursos foi destinada a projetos de audiovisual. Foto: Lucas Dutra/FEM

O Acre foi um dos estados que mais se destacou na execução dos recursos da Lei Paulo Gustavo, com mais de 98% do montante recebido sendo investido na cultura local. Ao todo, o estado e seus 22 municípios executaram R$ 32,5 milhões, sendo R$ 23,86 milhões direcionados ao setor audiovisual e R$ 8,68 milhões para diversas outras manifestações culturais, como música, dança, pintura e artes digitais.

Entre os municípios acreanos, Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais e R$ 1,27 milhão em outras áreas culturais. As cidades de Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá e Feijó também se destacaram na execução dos recursos, contribuindo para o fortalecimento da cultura no estado.

A Lei Paulo Gustavo, sancionada em 2022, foi criada para apoiar o setor cultural durante a pandemia de Covid-19. Inspirada no legado do humorista Paulo Gustavo, que faleceu em decorrência da doença, a lei destinou recursos a estados, municípios e ao Distrito Federal, com o objetivo de ajudar artistas e produtores culturais a manterem suas atividades durante a crise. Com uma execução recorde, a lei se consolidou como o maior investimento direto na cultura na história do Brasil, promovendo o fortalecimento da economia criativa e a valorização das expressões culturais locais.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez questão de ressaltar a importância da Lei Paulo Gustavo para o desenvolvimento cultural e social do Brasil. “A lei é responsável pelo desenvolvimento econômico, social e artístico ao injetar recursos financeiros nos municípios e estados, gerando emprego, renda e dignidade para o nosso povo. A cultura está diariamente na vida dos brasileiros, e por isso leis de incentivo, como a Paulo Gustavo, são fundamentais para fomentar e evidenciar a diversidade da nossa gente e as diferentes formas de se fazer cultura”, afirmou.

Em nível nacional, os recursos da Lei Paulo Gustavo somaram R$ 3,93 bilhões, o maior investimento na história do país para o setor cultural. Com uma execução recorde de 95% dos recursos, a lei se consolidou como um importante pilar de apoio à cultura, especialmente em um momento tão desafiador como a pandemia de Covid-19.

O Acre, ao lado de outros estados que também se destacaram, como o Espírito Santo e o Paraná, é exemplo de como a aplicação desses recursos tem gerado impacto positivo na economia e na vida das pessoas. A execução eficiente no estado mostra como é possível investir em cultura e fortalecer a identidade local, ao mesmo tempo em que se geram novas oportunidades para a população.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Governo Federal propõe expansão do crédito consignado para trabalhadores do setor privado

Publicado

em

Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional

Modalidade oferece juros mais baixos em comparação com outros tipos de crédito, sendo amplamente utilizada por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Foto: internet

O Governo Federal anunciou a criação de uma proposta legislativa que visa expandir o acesso ao crédito consignado para os cerca de 42 milhões de trabalhadores com carteira assinada (CLT) no Brasil, especialmente aqueles com dificuldades de acesso a este tipo de financiamento. A principal novidade da proposta é a criação de uma plataforma que permitirá aos bancos e instituições financeiras consultar diretamente o perfil de crédito dos trabalhadores por meio do eSocial, o sistema eletrônico obrigatório que reúne informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais dos empregados de todo o país.

O crédito consignado, uma das modalidades de empréstimo mais populares no Brasil, tem as parcelas descontadas diretamente da folha de pagamento do devedor. Essa modalidade oferece juros mais baixos em comparação com outros tipos de crédito, sendo amplamente utilizada por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Atualmente, a legislação permite que trabalhadores com carteira assinada acessem o crédito consignado, mas a exigência de convênios entre empresas e bancos dificulta a adesão de pequenas e médias empresas, limitando o acesso ao serviço.

O projeto foi discutido em uma reunião com o presidente Lula, os ministros Haddad e Luiz Marinho, além dos presidentes de cinco dos maiores bancos públicos e privados do país, incluindo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Durante o encontro, ficou claro que a proposta busca eliminar a necessidade de convênios entre as empresas e os bancos, facilitando a oferta de crédito para trabalhadores de diversos setores, independentemente do porte da empresa em que trabalham.

Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional, conforme indicou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

As regras sobre o limite do crédito consignado, como o teto de 30% da renda mensal do trabalhador comprometida com o empréstimo, deverão permanecer inalteradas. Além disso, os trabalhadores poderão utilizar até 10% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a multa por demissão sem justa causa para o pagamento das parcelas, caso se desliguem da empresa.

Comentários

Continue lendo