fbpx
Conecte-se conosco

Brasil

Reconhecimento facial agora também identifica gado e ursos

Publicado

em

“Acho que conseguiremos desenvolver esse tipo de reconhecimento facial também para qualquer espécie que gere bons dados de treinamento”

BearID identifica ursos em imagens – Foto: Melanie Clapham

Rachel Metz, do CNN Business

É difícil para uma pessoa comum distinguir Dani, Lenore e Bella: todas elas exibem uma capa marrom peluda e elegante e gostam de muitas das mesmas atividades, como brincar na água gelada e, ocasionalmente, rasgar um peixe recém-pescado ao meio.

Melanie Clapham não é uma pessoa comum. Como bióloga de ursos, ela passou mais de uma década estudando ursos pardos que vivem em Knight Inlet, na Colúmbia Britânica, Canadá, e desenvolveu um senso de quem é quem prestando atenção às pequenas coisas que os tornam diferentes.

“Eu uso características individuais – digamos, um urso tem um corte na orelha ou uma cicatriz no nariz”, contou.

Mas a bióloga sabe que a maioria das pessoas não tem olho para os detalhes, e a aparência dos ursos muda drasticamente ao longo de um ano (como quando eles ganham pelagem de inverno e engordam antes de hibernar) o que torna ainda mais difícil distinguir entre, digamos, Toffee e Blonde Teddy.

Segundo ela, rastrear ursos individualmente é importante porque isso pode ajudar na pesquisa e conservação da espécie; saber qual é o urso também pode ajudar em problemas como descobrir se um certo urso pardo está atacando latas de lixo ou vitimando o gado de uma propriedade rural.

Vários anos atrás, Clapham começou a se perguntar se uma tecnologia normalmente usada para identificar humanos poderia ajudar. A ideia era aproveitar o software de reconhecimento facial, que compara medidas entre diferentes características faciais em uma imagem e em outra.

Clapham se juntou a dois técnicos do Vale do Silício e, juntos, eles criaram a BearID, que usa software de reconhecimento facial para monitorar ursos pardos. Até agora, o projeto usou IA para reconhecer 132 dos animais individualmente.

Embora a tecnologia de reconhecimento facial seja famosa como uma ferramenta para identificar humanos (e traga uma dose de polêmica devido a questões bem conhecidas em relação à privacidade, precisão e preconceito), a BearID é um dos vários esforços para adaptá-lo para animais selvagens e em fazendas. Os defensores da tecnologia, como Clapham, dizem que é uma maneira mais barata, mais duradoura e menos invasiva (e com animais como os ursos, menos perigosa) de rastrear animais do que, digamos, colocar uma coleira ou furar a orelha para colocar uma etiqueta para leitura do tipo RFID.

Construindo dados de ursos

Para Clapham, que também tem pós-doutorado pela Universidade de Victoria, esse interesse em combinar ursos e IA está em desenvolvimento há anos. Em 2017 ela entrou Wildlabs.net, que conecta conservacionistas com a comunidade de tecnologia. Lá, ela conheceu o casal Ed Miller e Mary Nguyen, dois técnicos em San Jose, Califórnia, que estavam interessado em aprendizado de máquina e em assistir a ursos pardos pela webcam ao vivo em outro ponto popular de encontro de ursos, Brooks Falls no Parque Nacional de Katmai, no Alasca.

Desde então, o casal e a bióloga reuniram ilhares de fotos de ursos de Knight Inlet e Brooks River para criar conjuntos de dados. O trio adaptou um software de inteligência artificial existente chamado Dog Hipsterizer (ou Hipsterizador de Cachorro, usado, naturalmente, para adicionar bigodes e chapéus bobos a fotos de cachorros) para identificar rostos de urso em suas imagens. Uma vez que os rostos são detectados, eles também podem usar IA para reconhecer ursos específicos.

“Ele faz isso melhor que a gente”, disse Miller.

Até agora, a BearID coletou 4.674 imagens de ursos pardos: 80% das imagens foram usadas para treinar o sistema de reconhecimento facial, disse Clapham, e os 20% restantes para testá-lo. De acordo com pesquisa dela e de seus colaboradores publicada recentemente, o sistema é 84% preciso. O urso que alguém está tentando reconhecer já deve estar no conjunto de dados relativamente pequeno do grupo.

Reconhecimento facial no campo

Enquanto a BearID está atribuindo nomes a rostos na natureza selvagem, Joe Hoagland está tentando fazer o mesmo em criações de gado. Pecuarista em Leavenworth, Kansas, Hoagland está montando um aplicativo chamado CattleTracs que, segundo ele, permitirá que qualquer pessoa tire fotos de gado que serão armazenadas junto com as coordenadas do GPS e a data da foto em um banco de dados online. As fotos seguintes do mesmo animal serão capazes de corresponder às fotos anteriores, ajudando a rastreá-lo ao longo do tempo.

O aplicativo CattleTracs monitora o gado – Foto: Divulgação/Cattletracs

Segundo Hoagland, o gado de corte passa por muitas pessoas e lugares diferentes ao longo de suas vidas, de produtores a pastagens para lotes de alimentação e, em seguida, a frigoríficos. Não há muito rastreamento entre eles, o que torna difícil investigar problemas como doenças de origem animal que podem afetar o gado e prejudicar as pessoas. Hoagland espera que o aplicativo esteja disponível até o final do ano.

“Ser capaz de rastrear aquele animal doente, encontrar sua origem, colocá-lo em quarentena, fazer rastreamento de contato, tudo que estamos falando agora com o coronavírus, é algo que podemos fazer com os animais também”, disse ele.

Hoagland procurou o professor KC Olson, da Universidade Kansas State, que reuniu um grupo de especialistas em áreas como veterinária e ciência da computação para reunir imagens de gado e criar um banco de dados para treinamento e teste de um sistema de IA. O grupo montou um sistema de prova de conceito em março com mais de 135 mil imagens de 1.000 bovinos jovens. Olson disse que o aplicativo foi 94% preciso na identificação de animais, independentemente de tê-los visto antes ou não.

Segundo o desenvolvedor e pecuarista, a técnica é muito melhor do que o que ele viu com etiquetas e leitores RFID, que podem funcionar mal quando o gado está densamente amontoado.

“É um grande salto em precisão”, afirmou.

Ouro para caçadores

Embora o reconhecimento facial para animais não seja cercado de questões de privacidade, preconceito e vigilância como é para os humanos, há tópicos únicos a serem considerados.

Por exemplo, embora a tecnologia de vigilância possa ajudar a proteger os animais, ela também pode ser usada contra eles. Tanya Berger-Wolf, cofundadora e diretora da Wildbook.org, que é uma plataforma de IA para projetos de pesquisa de vida selvagem, enfatizou a importância de controlar o acesso a dados de animais para aqueles que foram examinados.

“O que é ótimo para cientistas e gestores de conservação também é ouro para caçadores de vida selvagem”, contou.

Isso porque um caçador pode usar imagens de animais, juntamente com dados como coordenadas de GPS que podem estar anexadas às fotos, para localizá-los.

Há também a dificuldade de coletar uma grande coleção de imagens de animais individuais – de vários pontos de vista, em diferentes condições de iluminação, sem obstruções como plantas, tomadas repetidamente ao longo do tempo – para treinar redes de IA.

Anil Jain, professor de ciência da computação na Universidade Michigan State, sabe disso melhor do que a maioria: ele e seus colegas estudaram como o software de reconhecimento facial poderia ser usado para identificar lêmures, macacos dourados e chimpanzés, com a esperança de ajudar a rastrear animais em extinção e deter o tráfico de animais. Eles lançaram um aplicativo para smartphone Android em 2018 chamado PrimID que permite aos usuários comparar suas próprias fotos de primatas com as de seu banco de dados.

Jain, que não está mais trabalhando nesse projeto, disse que coletar fotos suficientes de animais foi particularmente complicado – especialmente com lêmures, que podem se agrupar em um grande grupo em uma árvore. Segundo ele, redes de reconhecimento facial para humanos podem ser treinadas com milhões de fotos de centenas de milhares de pessoas; a BearID contou com apenas uma fração de tantos até agora, como fez a pesquisa de Jain.

A bióloga Clapham disse que tem mais imagens de alguns ursos do que de outros, então sua equipe está tentando obter mais dos ursos que estão menos representados no conjunto de dados. Os pesquisadores também querem começar a treinar seu sistema de IA com imagens de armadilhas fotográficas, que são câmeras equipadas com um sensor e luzes e colocadas em áreas selvagens onde os animais podem vagar e disparar gravações de vídeo. Eles estão considerando como a BearID poderia ir além dos ursos para outros animais também.

“Acho que conseguiremos desenvolver esse tipo de reconhecimento facial também para qualquer espécie que gere bons dados de treinamento”, disse Clapham.

Comentários

Continue lendo

Brasil

INSS poupa entidades ligadas a irmão de Lula e ministro de Bolsonaro

Publicado

em

Prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Brasília • Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A ofensiva do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre 12 associações envolvidas no esquema bilionário de fraudes contra aposentados em todo o país não incluiu entidades com vínculos políticos que também são alvo de investigação porque foram as que mais arrecadaram com descontos de mensalidade sobre aposentadorias e ampliaram de forma expressiva — e suspeita — seus faturamentos nos últimos anos.

Uma delas é o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como vice-presidente. Ela foi a terceira que mais arrecadou com descontos, entre 2019 e 2024, e teve salto de faturamento de R$ 100 milhões em três anos, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

A outra é a Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), que aumentou o valor descontado de aposentados em 57.000%, entre 2019 e 2023, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU). A entidade tem ligação com o ex-ministro da Previdência de Jair Bolsonaro (PL), José Carlos Oliveira (PSD), e é a segunda no ranking geral de faturamento.

No topo da lista está a Contag, que acumulou R$ 2 bilhões, entre 2019 e 2024, com descontos de aposentadorias, segundo a CGU. A entidade é presidida por Aristides Veras Santos, irmão do deputado federal Carlos Veras (PT-PE).

Todas elas ficaram fora da lista de 12 entidades contra as quais o INSS abriu, na segunda-feira (5/5), processos administrativos de responsabilização por indícios de fraude nas filiações de aposentados que tiveram mensalidades descontadas de seus benefícios. Nessa terça-feira (6/5), a CGU avocou a condução dos procedimentos, dizendo que é preciso “garantir a uniformidade, harmonia e coesão” das apurações.

O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.

As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela PF e abasteceram as apurações da CGU. Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

A reportagem entrou em contato com o INSS para saber qual o critério usado para abertura dos processos de responsabilização e por que as três entidades citadas não foram incluídas na apuração, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.

Entidades poupadas

O Sindnapi, associação que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Lula, acumulou R$ 259,2 milhões com descontos de aposentados entre 2019 e 2024, sendo a terceira entidade com maior arrecadação nesse período.

A associação ampliou sua receita com mensalidades em 78% durante a pandemia, e a CGU apontou “possível conflito de interesses na atuação empresarial do responsável” pela entidade.

Já a Conafer recebeu, entre 2019 e 2024, R$ 484,8 milhões de descontos de aposentados e é a segunda entidade que mais arrecadou no período. A CGU destaca que ela foi a que mais cresceu durante a pandemia, “com todas as restrições impostas, especialmente o isolamento dos idosos”. Em quatro anos, incluindo o período da Covid, ela ampliou os descontos em 57.000%.

A entidade, que não entrou na lista de processos do INSS, também tem um elo político. O ex-ministro da Previdência de Jair Bolsonaro, José Carlos Oliveira (PSD), é citado nas investigações da PF por causa de transferências suspeitas relacionadas a empresas ligadas à associação e à campanha dele a vereador de São Paulo no ano passado – Oliveira ficou como suplente.

Antes de assumir o ministério no governo Bolsonaro, Oliveira foi presidente do INSS, entre 2021 e 2022.

A Contag, por sua vez, é líder em arrecadação, segundo relatório da CGU, com R$ 2 bilhões de receita com descontos entre 2019 e 2024, e também ficou de fora dos processos de responsabilização do INSS que acabaram sendo assumidos pela CGU.
Logo após a Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF no dia 23/4, as três entidades emitiram nota negando quaisquer irregularidades nos processos de filiação de aposentados, com os quais arrecadam mensalidades descontadas direto da folha de pagamento dos segurados.

Veja quais são as 12 entidades alvos de processo no INSS/CGU

Associação de Suporte Assistencial e Beneficente para Aposentados Servidores e Pensionistas do Brasil (Asabasp)

Appn Benefícios (Aapen, ex-Absp)

Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo)

Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB)

Associação Brasileira dos Aposentados Pensionistas e Idosos (Asbrapi)

Centro de Estudos dos Benfícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap)

União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub)

Associação no Brasil de Aposentados e Pensionistas da Previdência Social (Apbrasil)

Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambec)

Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA)

Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (Caap)

Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (Apdap Prev/Acolher)

 

Fonte: Metrópoles

Comentários

Continue lendo

Brasil

Médico suspeito de matar namorada de 15 anos se entrega à polícia no Pará

Publicado

em

Bruno Tomiello era procurado desde sábado (3) após a morte de Kethlyn Vitória em Guarantã do Norte; ele alega disparo acidental sob efeito de álcool.

O médico Bruno Felisberto do Nascimento Tomiello, de 29 anos, se entregou à Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (5), na Base Aérea da Serra do Cachimbo, no Pará. Ele era procurado desde sábado (3), após ser apontado como o principal suspeito de matar a namorada Kethlyn Vitória de Souza, de 15 anos, em Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá.

A Justiça converteu o flagrante em prisão preventiva. Segundo a defesa, o disparo teria sido acidental e ocorrido enquanto o médico estava sob efeito de álcool.

Após se apresentar às autoridades, Bruno foi escoltado até a delegacia de Guarantã do Norte, onde o caso segue sob investigação. Além do homicídio, a Polícia Civil também apura o relacionamento do médico com a adolescente, que completou 15 anos em 31 de março. Caso seja comprovado que a relação começou antes dos 14 anos, ele poderá responder por estupro de vulnerável.

Kethlyn foi atingida com um tiro na cabeça e chegou a ser levada pelo próprio suspeito a uma unidade de saúde local, onde a equipe médica tentou reanimá-la por cerca de 40 minutos, sem sucesso. Testemunhas relataram que Bruno estava visivelmente abalado e chegou a tentar quebrar portas e janelas do hospital ao saber da morte da jovem.

A polícia também analisa um vídeo que circula nas redes sociais, no qual o médico aparece ao lado da vítima dentro de um carro, portando uma arma de fogo — possivelmente a utilizada no crime.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Polícia Federal investiga desvio de encomendas por funcionários dos Correios em Roraima

Publicado

em

Operação Extravio cumpre mandados de busca em Boa Vista; suspeitos teriam se apropriado de eletrônicos para uso pessoal ou revenda.

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (6) a operação Extravio, com o objetivo de investigar o desvio de encomendas por funcionários dos Correios em Roraima. A apuração aponta que servidores e contratados estariam se apropriando de objetos, principalmente eletrônicos, durante o processo de entrega.

Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Boa Vista, capital do estado. Os alvos da operação são empregados da empresa pública cujas funções envolviam o manuseio e a distribuição de mercadorias.

De acordo com a Polícia Federal, os investigados teriam desviado produtos para uso pessoal ou para revenda, o que configura crimes como peculato, receptação e associação criminosa. Os suspeitos seguem à disposição da Justiça enquanto as investigações continuam.

Comentários

Continue lendo