Psicóloga que teve coronavírus escreve carta após ser liberada de isolamento: ‘Hora de refletir e resgatar’

Nayana Oliveira foi uma das primeiras pessoas a ter o diagnóstico de Covid-19 em Goiás. Ela se surpreendeu ao saber que estava com a doença após voltar dos EUA.

Por Vanessa Martins, G1 GO

A psicóloga e escritora Nayana Oliveira, uma das primeiras pessoas em Goiás a ter o diagnóstico de Covid-19, enfrentou o período de isolamento e escreveu uma carta para contar um pouco de como lidou com a situação. Ela falou sobre o momento que o mundo vive e como é “hora de refletir e resgatar” (leia a carta na íntegra ao fim da reportagem).

No texto, ela observa como a chegada da pandemia do coronavírus desacelerou o mundo em que vivemos. Nayana traz uma ótica um pouco mais otimista no enfrentamento da doença.

“Interessante pensar que o Coronavírus (COVID-19 ), um vírus que ocasionou um surto de doença respiratória, desacelerou o mundo e trouxe de volta para casa a família. Não só isso, mas que exige o isolamento como tratamento proporcionando ao indivíduo a oportunidade de ficar próximo de si mesmo”.

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“Quanta novidade pra quem sai de manhã com os filhos dormindo e volta pra casa com eles já na cama”, ponderou.

Nessa reflexão, ela convida as pessoas a reavaliarem sem hábitos e rotinas. Procurar usar o período difícil como uma oportunidade.

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“Vamos olhar para a cara e não apenas para o corona vamos nos acalmar, aproveitar essa desaceleração global, esse retorno para dentro de casa , essa aproximação de você com si mesmo para praticar o amar. “Não falta amor falta amar””, escreveu.

Experiência

Nayana disse que teve o diagnóstico no dia 12 de março, após ter voltado dos Estados Unidos. Segundo ela, foi um susto no começo e gerou preocupações principalmente com as pessoas de quem ela tinha estado perto.

A psicóloga ficou assintomática durante todo o período de isolamento e disse que ninguém a sua volta foi diagnosticado com a infecção. “Foi menos sofrido do que a maioria das pessoas tem passado”, disse.

De toda forma, ela procurou olhar de forma diferente para essa experiência. “Quando eu me deparei com a notícia, eu soube que teria que passar esse tempo e tentar usá-lo de forma produtiva. Ou eu passava por esse momento reclamando, ou trabalhava para desenvolver a minha gratidão”, comentou.

A prática de ver com outros olhos o que o mundo tem temido e resistido pode não ser natural para a maioria. No entanto, algumas práticas podem ajudar a enfrentar o momento.

“Eu pratico meditação há três anos. Isso me ajudou demais a usar o tempo de forma positiva. Amo escrever, ler, então também fui colocando as palavras no papel, os meus sentimentos. Tudo depende da lente que a gente coloca. O olhar de cada um faz diferença”, afirmou.

Psicóloga que teve um dos primeiros diagnósticos de coronavírus em Goiás escreve carta após fim do isolamento — Foto: Reprodução/Instagram

A psicóloga contou que, durante o isolamento, estabeleceu uma rotina de exercícios para ajudar na liberação de neurotransmissor que auxilia, quimicamente, a passar por períodos como esse. O mesmo para as práticas de meditação, para manter uma perspectiva otimista que ajuda a lidar com o período de isolamento.

Também nessa situação, Nayana decidiu ajudar quem estivesse passando pelo mesmo ou parecido, compartilhando os conhecimentos que foram benéficos para ela.

“Abri meu Instagram para promover psico educação porque que esses conhecimentos me auxiliaram e acredito que podem ajudar outras pessoas também a passarem por esse momento de forma mais branda e com um pouco mais de conhecimento do ponto de vista psicológico, biológico e social”, disse

Também com essa intenção, a psicóloga escreveu uma carta nas redes sociais para compartilhar uma reflexão sobre o momento. Leia abaixo a carta completa.

Psicóloga de escola estava entre os infectados pelo coronavírus em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

La Cara y La Corona

Os profissionais da área da saúde há tempos discutem os impactos e prejuízos para saúde física e mental da agitação da vida moderna. Potencializando o estresse com a falta de tempo e corroborando para o aumento da ansiedade exacerbada, bem como do desequilíbrio do ponto de vista biológico, psicológico e social.

Interessante pensar que o Coronavírus (COVID-19 ), um vírus que ocasionou um surto de doença respiratória, desacelerou o mundo e trouxe de volta para casa a família. Não só isso, mas que exige o isolamento como tratamento proporcionando ao indivíduo a oportunidade de ficar próximo de si mesmo. Quanta novidade pra quem sai de manhã com os filhos dormindo e volta pra casa com eles já na cama. Agora com todo esse tempo livre nas mãos.

Venho por meio dessa carta despertar a importância de saber fazer uma limonada quando a vida lhe traz um limão. Use seu tempo de forma positiva, amorosa e com gratidão. Vamos olhar para a cara e não apenas para o corona vamos nos acalmar, aproveitar essa desaceleração global, esse retorno para dentro de casa , essa aproximação de você com si mesmo para praticar o amar. “Não falta amor falta amar”.

Converse olhando nos olhos, veja o por do sol, conte histórias, dê risadas, verbalize seu sentimentos, cante, dance, brinque as prevenções como higienização e distanciamento de 1 ou 2 metros entre as pessoas não precisam ser maiores do que sua conexão entre elas. Hora de refletir e resgatar. Vamos manter nossas mentes limpas, com zelo, cuidado e prevenções para que possamos não apenas combater essa pandemia mas também evoluir como seres humanos mais amorosos, cautelosos e colaborativos. (Nayana Oliveira)

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Publicado por
G1