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Professora que dava aula e cozinhava em escola sem paredes celebra nova fase no Acre: ‘Hoje tenho ajuda’

Célia Amorim, que ficou conhecida por fazer de tudo em uma escola precária no Bujari, agora leciona em um novo prédio. Apesar das dificuldades que ainda enfrenta e da incerteza da renovação do contrato de trabalho, ela disse que os alunos estão mais motivados para estudar

Célia Amorim segue como professora na Escola Estadual Rural Limoeiro Anexo, mas vive incerteza da renovação do contrato. Foto: Victor Lebre

A professora Graciele Amorim, também conhecida por Célia, da Escola Limoeiro Anexo, no município de Bujari, interior do Acre, descreve com carinho a trajetória que enfrentou para concluir os estudos e se tornar professora.

Nesta quarta-feira (15), celebra-se o Dia dos Professores, e o g1 conta, nesta reportagem, o que mudou na vida dela e dos alunos desde que o caso veio à tona.

Ela esteve no centro de uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, que mostrou as dificuldades e a dedicação dela e dos alunos que estudavam em uma estrutura sem paredes.

Célia era responsável não só pelas aulas, mas também por servir merenda e limpar as salas, tudo para que os alunos não ficassem sem estudar.

Três meses após a inauguração da nova escola, no dia 10 de julho, Célia comemora as melhorias e fala com orgulho da nova fase. Segundo ela, a rotina na nova escola é mais leve, confortante e digna, e que os alunos demonstram ainda mais interesse pelas aulas.

A nova escola foi construída em madeira, com paredes, piso e conta com banheiro feito em alvenaria, algo distante da antiga realidade dos estudantes.

Escola Limoeiro Anexo contou com festa de dia das crianças para os alunos no último dia 13 de outubro; à direita, está a professora Célia Amorim. Foto: Arquivo pessoal

Por Renato Menezes, Jhenyfer de Souza, g1 AC — Rio Branco
“Hoje tenho ajuda. Teve mais melhorias, tenho quem cuida da limpeza, da merenda dos alunos. Eles gostam muito, tem transporte para levar eles até a escola. Tem banheiros, coisa que não tinha. Eles se empenham mais para estudar e tirar notas acima da média. Só reclamam mesmo quando tá muito quente, devido o calor que faz dentro de sala, às vezes quando falta energia eles estudam fora”, complementou.
Algumas dificuldades ainda persistem

Apesar das melhorias, tendo em vista as condições enfrentadas por eles antes, a professora ainda enfrenta dificuldades para preparar as atividades.

“Ainda não tem internet na escola, nem notebook, nem impressora, então se torna mais difícil imprimir atividades para os alunos”, disse.

Célia também vive a incerteza sobre a renovação do contrato de trabalho. “Ainda não sei se vão renovar. A gente sempre torce para continuar, mas nem sempre é do jeito que queremos”, falou.

Veja antes e depois da cozinha da Escola Limoeiro Anexo, no Bujari. Foto: cedidas

‘Dias melhores virão’

Mesmo com as limitações, Célia segue encontrando motivos para celebrar. Recentemente, a professora organizou um momento especial para as crianças por meio de doações.

“A gente fez o dia das crianças deles no dia 13. Foi dado cachorro-quente, pipoca, bolo, refrigerante, fizemos brincadeiras, foi bem bacana. O professor da prefeitura conseguiu as doações e fizemos essa pequena comemoração, mas que foi de grande importância pra eles”, comemorou.

Veja antes e depois da cozinha da Escola Limoeiro Anexo, no Bujari. Foto: cedidas

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G1 Acre