Produtores rurais fecham Transacreana em protesto contra Ibama e ICMBio no Acre

Manifestantes acusam órgãos ambientais de perseguição e embargos ilegais; estrada foi bloqueada durante a manhã em Rio Branco

O ato é uma resposta direta à Operação Suçuarana, que está em andamento na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes. Foto: captada

Na manhã desta quarta-feira (11), produtores rurais interditaram a estrada Transacreana, em Rio Branco, em mais um ato de revolta contra as operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O bloqueio ocorre em frente à balança de pesagem, próximo à Sobral, paralisando o tráfego e intensificando o embate entre agricultores e agentes federais.

Perseguição ou legalidade?

Segundo os manifestantes, as autuações e apreensões de gado pelos órgãos ambientais têm caráter abusivo. “Estão perseguindo produtores, embargando terras e confiscando animais sem direito à defesa”, denunciou um dos organizadores do protesto. A alegação de “excesso de fiscalização” esbarra, porém, em dados oficiais que apontam avanço do desmatamento no estado – o Acre perdeu significativas  hectares de floresta em 2024, segundo o Imazon.

O bloqueio afetou o tráfego de veículos em uma das principais vias de acesso à zona rural da capital acreana. Os manifestantes utilizaram pneus, objetos de madeira, carros para interromper a passagem e chamar a atenção das autoridades.

O outro lado da crise

Enquanto os ruralistas afirmam que as ações inviabilizam a produção, ambientalistas rebatem: “As operações visam coibir crimes, não prejudicar quem age dentro da lei”, destacou uma fonte do ICMBio, sob anonimato. A reportagem apurou que parte dos embargos recentes está ligada a propriedades com sobreposição em áreas protegidas.

Os moradores do setor de bloqueio afirmam que a operação desconsidera a realidade das famílias extrativistas, que vivem há décadas na região e têm na criação de gado uma das principais fontes de subsistência. Eles reivindicam diálogo com o órgão federal e a suspensão imediata das autuações.

Os manifestantes utilizaram pneus, objetos de madeira, carros para interromper a passagem e chamar a atenção das autoridades. Foto: captada

O Ministério do Meio Ambiente foi acionado, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição. Enquanto isso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) monitora o protesto, que segue sem previsão de encerramento. Até o momento, nenhuma equipe do governo estadual ou federal compareceu ao local para mediar o conflito. O ICMBio ainda não divulgou novo posicionamento sobre a manifestação.

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Marcus José