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Produção de mandioca caiu mais de 53% em 6 anos e ameaça a maior economia do setor agrícola

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No dia 09/07/2022,  a Deutsche Welle (DW) (em português: Onda alemã), uma empresa pública de comunicação da Alemanha, com sedes em Bonn e Berlim, divulgou em seu site em português um artigo, assinado por Laís Modelli, sobre a importância do cultivo da mandioca na Amazônia e a ameaça que o desmatamento traz consigo para essa cultura milenar.

 Aproveito o brilhante artigo para que juntos possamos fazer uma reflexão acerca da problemática, trazendo alguns números da mandioca no Acre e a sua importância para a economia acreana.

No artigo citado, a autora destaca as palavras do engenheiro florestal Beto Mesquita, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura (uma iniciativa que reúne 300 entidades que atuam em prol do uso sustentável das florestas), que afirma que a mandioca é a cultura agrícola mais importante para os povos amazônicos há milhares de anos.  Destaca a existência de uma relação cultural e social da mandioca com essas populações associada a um fator importantíssimo, que é a segurança alimentar. Vários alimentos da população amazônida provem da mandioca, sendo que o principal, a farinha, é consumida diariamente com o peixe, pescado no ‘quintal’, fornecendo uma quantidade ideal de carboidrato e proteína, hábito que nós acreanos conhecemos muito bem.

Destaco agora os números deste produto para a economia acreana. O Ministério da Agricultura – MAPA, estimou que o Valor Bruto da Produção – VBP das lavouras no Acre, alcançou mais de R$ 982 milhões em 2021. O MAPA calcula o VBP de acordo com o faturamento bruto dentro do estabelecimento. Cinco produtos representam juntos, mais de 96% do VBP das lavouras acreanas no ano. A líder foi a mandioca (60% do VBP), lavoura largamente cultivada em todos os municípios acreanos, notadamente pelas pequenas propriedades rurais e foi a responsável por gerar um valor de R$ 587 milhões de valor bruto. Em seguida vieram: banana (15,3%), milho (13,8%), soja (6%) e café (3,4%).

Nos números da produção da mandioca e da produção da farinha, o Vale do Juruá é o principal responsável pela principal cadeia produtiva de produtos agrícolas do Acre, cuja Região possuí a maior produtividade por hectare no Brasil. O Juruá detém 62,2% da área colhida, 63,6% da quantidade produzida e apresenta o maior rendimento médio por hectare, registrando 23.901 kg/ha e superando em 59,4% o rendimento médio brasileiro (14.996 kg/ha).

O ac24horas do dia 18/07/2022, estampou em manchete a notícia, assinada por Raimari Cardoso, em que destaca que o Acre tem três municípios entre os mais de 50 que mais desmataram em 2021 (

. A Amazônia concentrou 59% da área desmatada em 2021. No artigo da DW, para o biólogo Alessandro Alves Pereira, a maior parte do desmatamento na Amazônia é destinada à criação de pastagens ou implantação de áreas de monocultivo, como a soja. Assim, o desmatamento está associado com o abandono da agricultura familiar pelos povos tradicionais, que passam a arrendar suas terras para outras finalidades. Isso ultimamente tem causado o abandono do cultivo de variedades tradicionais como a mandioca.

Voltando aos números da mandioca no Acre, pelos dados do último Censo Agropecuário feito pelo IBGE em 2017, cujos dados foram divulgados em 2020, o Acre tinha mais de 14.800 estabelecimentos agropecuários com agroindústria rural, destes 12.333 eram agroindústrias de farinha de mandioca (casas de farinha), mais de 83%. Esses dados, expressos no gráfico abaixo, demostra a grandeza dessa no Acre. Mais de 78% das 12.333 agroindústrias de farinha estavam localizadas na região do Juruá, onde foram produzidas 32.619 toneladas de farinha de mandioca, correspondendo a 90% de toda farinha produzida no Estado do Acre.

O artigo também cita a professora da Universidade Federal do Oeste do Pará, Patrícia Chaves de Oliveira, especialista em recursos naturais da Amazônia, que explica que a maneira como a mandioca é manejada pelas populações tradicionais também ajuda a preservar a floresta. Explica que as famílias produtoras ficam, no máximo, cinco anos no mesmo solo. Depois, elas migram para uma nova área de mata, derrubam a floresta primária, limpam o terreno com fogo, preparam a terra com a enxada e plantam a mandioca e retornam para a primeira roça somente depois que a floresta se regenera por completo, cerca de cinco anos depois. Ela diz que apesar de rústica, a técnica do pousio da terra, como é chamada pelos produtores, tem sido eficiente ao longo da história da Amazônia.

Porém no Acre, assim como a maioria dos produtos agrícolas, a mandioca lamentavelmente apresentou uma queda de mais 48% no período 2016-2020, provavelmente pela falta de maior assistência técnica e incorporação de nova tecnologias em todo o processo produtivo, conforme dados do IBGE mostrados no gráfico abaixo. E segundo os dados recentes do IBGE, através do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, a produção de 2021 foi de 528.810 toneladas, quase 10% a menos que 2020. O pior, o IBGE está estimando que a produção de 2022 será menor ainda, estimada em 521.230 toneladas. Com isso, estamos assistindo de forma passiva uma queda de mais da metade da produção (53%), em apenas 6 anos.

Existe um agronegócio do pobre no Acre. Os números mostram a força desse produto na geração de renda, principalmente para os mais humildes trabalhadores rurais. Por outro lado, a farinha de mandioca estabeleceu uma rede de negócios forte, onde não somente os pobres ganham, mas toda uma cadeia que envolve desde o produtor até o alto comerciante que exporta a nossa farinha, a melhor do Brasil.  

Nada contra o Agronegócio dos ricos. Os poucos produtores de soja, já que a atividade é, por característica, concentradora, exercida somente por grandes produtores. 

Mas existe um agronegócio do pobre no Acre, que envolve milhares de famílias que precisam ser olhados e festejadas como é feito ao agronegócio do rico. O agronegócio do pobre está padecendo e precisando de ajuda, urgentemente!

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Policial militar ajuda localizar idosa desaparecida em Rio Branco

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A véspera de Natal foi marcada por emoção e alívio para a Polícia Militar do Acre (PMAC) e para familiares de uma idosa de 77 anos que havia desaparecido em Rio Branco. Após quase dois dias de buscas ininterruptas, a mulher foi localizada com vida em uma área de mata, graças à atuação integrada das forças de segurança e ao empenho de policiais militares, inclusive fora do horário de serviço.

A idosa saiu de casa na manhã de quarta-feira, 24, para realizar uma caminhada, mas não retornou, o que levou familiares a comunicarem o desaparecimento. A partir disso, iniciou-se uma grande mobilização envolvendo parentes, voluntários e profissionais da segurança pública do Acre, com o objetivo de localizar a mulher o mais rápido possível.

Moradora do bairro João Eduardo I e mãe do sargento da reserva remunerada da PMAC, Evan Araújo, a senhora Clarice Amâncio acabou se perdendo durante o percurso. As buscas seguiram por horas sem sucesso inicial, até que o trabalho avançou com o auxílio do sistema de videomonitoramento. As imagens permitiram identificar o possível trajeto percorrido, direcionando as equipes a uma área de mata localizada no km 1 da rodovia Transacreana.

 

Na noite de quinta-feira, 25, o sargento da PMAC, Fernando Barreto, que havia atuado durante todo o plantão, permaneceu voluntariamente nas buscas e conseguiu localizar a idosa caída em meio à vegetação. O militar dedicou mais de 12 horas ao trabalho, demonstrando compromisso, empatia e espírito de solidariedade, mesmo após o término do serviço ordinário.

“Hoje a sensação é de dever cumprido. Quando soube que a mãe do meu irmão de farda havia desaparecido, iniciei as buscas ao assumir o serviço de rádio de patrulha na Sobral. Infelizmente não conseguimos achá-la. Após meu plantão, recebi umas imagens do monitoramento indicando onde ela havia entrado. Juntamos as equipes o fomos até o local, onde, graças a Deus a encontramos”, disse o militar.

Câmeras instaladas entre a Estrada da Floresta e a terceira ponte, especialmente na rotatória de acesso à Transacreana, registraram o momento em que a idosa entrou na área de mata, ao lado de um imóvel abandonado, informação decisiva para o desfecho positivo da ocorrência.

O filho de Clarice, o senhor Evan Araújo, relatou um pouco do drama vivido. Dia 24, eu, meu irmão e alguns familiares estávamos nos preparando para ceia de Natal. Meu irmão Éder havia comprado algumas roupas novas para ela estar conosco na Ceia. Por volta das 11h da manhã do dia 24 ela saiu para caminhar como de costume, e nessa caminhada ela se perdeu. Daí lembrei do Sgt F. Barreto e entrei em contato com ele que também estava de serviço, e com ajuda das imagens passadas pelo COPOM conseguimos localizá-la”, afirmou.

A retirada da idosa contou com o apoio de voluntários, incluindo pessoas com experiência em áreas de mata, além de uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo resgate até a rodovia. No local, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizou os primeiros atendimentos.

A equipe médica constatou pressão arterial elevada, desidratação, sinais iniciais de hipotermia e debilidade física, em razão do tempo prolongado sem alimentação e da exposição à chuva e ao frio. Após os cuidados iniciais, a idosa foi encaminhada ao Pronto-Socorro de Rio Branco para avaliação médica.

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Polícia Civil prende homem investigado por agredir violentamente companheira

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O preso se encontra à disposição da Justiça e o Inquérito Policial será concluído no prazo legal. Foto: cedida

Na última quinta-feira, 25, a Polícia Civil do Acre (PCAC) por meio da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), deu cumprimento a um mandado de prisão expedido em desfavor de H. G. da C., de 26 anos

O homem é investigado por ter agredido violentamente sua companheira na noite de 23 de dezembro de 2025, por meio de puxões de cabelo, empurrão, chutes e murros no braço e rosto, fatos ocorridos na frente do filho do casal, de apenas 03 (três) anos de idade.

Após o atendimento inicial e colheita das provas, a Delegada de Polícia Plantonista representou pela prisão preventiva do investigado, o que foi deferido pelo Poder Judiciário e cumprido na tarde de ontem, na Rodoviária de Rio Branco.

O preso se encontra à disposição da Justiça e o Inquérito Policial será concluído no prazo legal.

“A Polícia Civil teve conhecimento, na tarde de ontem, que o investigado estava fugindo para se esconder no Estado vizinho. A equipe se deslocou até a Rodoviária de Rio Branco e constatou que o investigado estava prestes a embarcar, momento em que lhe foi dada voz de prisão e conduzido à DEAM para os procedimentos de praxe.” Declarou a Delegada Michelle Boscaro.

 

Fonte: PCAC

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Enxurrada provoca queda de poste de energia no Geraldo Fleming

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Foto: André Kamai

A forte chuva que atinge Rio Branco desde a noite de quinta-feira, 25, e se estendeu durante toda a manhã desta sexta-feira, 26, provocou a queda de um poste de energia elétrica na rua Belo Jardim, no bairro Geraldo Fleming.

Com o grande volume de água, o solo cedeu, causando desbarrancamento e derrubando o poste, que ficou inclinado sobre a via, com fiação espalhada. A situação representa risco para moradores e para quem transita pelo local, além de afetar o fornecimento de energia na área.

Imagens registradas por moradores mostram que uma residência próxima também já apresenta sinais de desbarrancamento.

A ocorrência está relacionada às chuvas intensas que provocaram alagamentos em diversos bairros da capital e contribuíram para a rápida elevação do nível do Rio Acre.

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