Primeira égua diagnosticada com mormo no AC está isolada e dona entra com ação para evitar sacrifício do animal

Esse foi o 1º caso de mormo no Acre diagnosticado oficialmente pelo Ministério da Agricultura. Idaf diz que aguarda decisão judicial para saber se animal será sacrificado, como é recomendado, por falta de tratamento eficaz.

A dona da égua que foi diagnosticada com mormo em uma propriedade de Sena Madureira, no interior do Acre, entrou na Justiça para impedir que o animal seja sacrificado. Esse foi o primeiro caso da doença no estado, confirmado oficialmente pelo Ministério da Agricultura.

Como não existe tratamento eficaz para a doença, a recomendação do Ministério é o sacrifício do animal. Mas, segundo o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) no Acre, José Francisco Thum, agora o órgão aguarda decisão judicial para saber qual procedimento será adotado.

O caso de mormo foi confirmado em fevereiro pelo Idaf. A égua que testou positivo para a doença tinha sido levada para fora do estado junto com outros 12 animais para participar de uma prova, no Mato Grosso.

Quando voltou, o animal apresentou sintomas respiratórios e, a princípio, os proprietários da área estavam tratando como se fosse uma outra doença, conhecida como garrotilho.

O animal passou por exames, que indicaram que se tratava de mormo e uma amostra foi encaminhada ao laboratório de Pernambuco, que atestou se tratar de mormo. Mesmo com a confirmação e recomendação para que o animal fosse sacrificado, a dona decidiu entrar na Justiça e pedir um novo laudo.

“A proprietária judicializou a questão, pediu para fazer um novo exame e a Justiça deferiu. Estamos aguardando o resultado para tomar as medidas cabíveis. O animal está isolado na propriedade dela e a propriedade está embargada, ou seja, não pode entrar ou sair nenhum animal suscetível”, disse o presidente do Idaf.

Cerca de 200 animais na região passaram por exames desde o diagnóstico de mormo na égua, mas nenhum outro caso foi confirmado. O g1 não conseguiu contato com a proprietária do animal.

Idaf orienta que cuidadores de cavalos mantenham os exames dos animais em dia — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Doença pode ser transmitida ao homem

 

O mormo é uma doença infectocontagiosa dos equídeos (muares, asininos, equinos), causada pela bactéria Burkholderia mallei, que pode ser transmitida ao homem e eventualmente a outros animais. Os animais mais suscetíveis são cavalos.

Conforme nota técnica do Idaf, os equídeos podem apresentar, dentre outros sintomas clínicos, febre, descargas nasais mucopurulentas (catarro), presença de tumores/nódulos subcutâneos e ainda apresentar pneumonia. A infecção humana pode ser adquirida através do contato direto com secreções e úlceras cutâneas de animais doentes, bem como por meio de objetos contaminados ou após exposição acidental em laboratórios.

Esta é uma doença de notificação obrigatória ao serviço veterinário oficial do Ministério da Agricultura. Em fevereiro, o presidente do Idaf disse que assim que foram acionados, enviaram equipe a Sena Madureira para verificar a situação e tomar as devidas medidas.

Além de sacrificar o animal, a recomendação era fazer exames em todos os outros para saber se mais algum cavalo iria testar positivo para a doença. Segundo ele, não é possível confirmar a orientação da contaminação, mas até então o Acre era único estado do Brasil considerado livre desta doença.

“É uma doença que não existia no Acre até então, este é o primeiro caso que foi diagnosticado oficialmente pelo Ministério da Agricultura, com provas, contraprovas, tudo oficializado, então estamos tendo oficialmente o primeiro caso de mormo no estado”, disse o presidente.

Thum destaca ainda que os cuidados devem ser redobrados, já que a doença é altamente contagiosa entre animais e considerada uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida ao homem. O controle de exames nos animais é a maneira mais eficaz de combater a doença. A expansão da doença pode gerar, além de prejuízos aos cuidadores dos cavalos, risco à saúde pública.

“Por ser uma doença, que é zoonose, que pode ser transmitida dos animais para os seres humanos, exige cuidados, fiscalização mais apurada e detalhada, se preservando assim a vida dos animais e seres humanos, uma vez que quando contaminado causa uma síndrome respiratória, podendo levar à morte.”

Comentários

Compartilhar
Publicado por
G1 Acre