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Presidente do Sindmed fala de polêmica com secretário,diz que Saúde está um caos e anuncia greve

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“A Saúde do Acre está na UTI”, afirma Ribamar, presidente do Sindicato dos Médicos

“A Maternidade Bárbara Heliodora é de alto risco”, disse o sindicalista em entrevista à ContilNet/Foto: Charlton Lopes/ContilNet

“A Maternidade Bárbara Heliodora é de alto risco”, disse o sindicalista em entrevista à ContilNet/Foto: Charlton Lopes/ContilNet

Em sua gênese, o discurso petista apregoava a “inversão de prioridades” nas administrações públicas. Mas o que realmente significa isso? É um fragmento da teoria do pensador italiano Antônio Gramsci, segundo o qual um partido, na luta por hegemonia política, ou na construção da contra-hegemonia, deve ocupar espaços institucionais como parte de sua estratégia para chegar ao poder.

Calcado nisso e em outros postulados, em meados da década de 80 e durante toda a década de 90, petistas ocuparam algumas prefeituras e colocaram o discurso em prática, tornando as cidades de Porto Alegre (RS), Santos (SP) e Icapui (CE), referências nas áreas de saúde, educação, saneamento básico, participação população e transparência.

Apesar de a Constituição afirmar que a Saúde é direito de todos e um dever do Estado, o Sistema Único de Saúde (SUS) vem gradativamente sendo desmontado. Alguns avanços aqui, outros acolá e até o reconhecimento internacional, não o garantem como eficiente, mesmo porque necessita, fundamentalmente, de financiamento.

A calamidade da Saúde no Brasil se agrava nos chamados rincões. No Acre, a situação é caótica por causa da precariedade e/ou ausência de saneamento básico. Aliás, os dados desse setor são uma verdadeira ‘caixa-preta’, uma forma dos administradores ocultarem o não serviço prestado à população.

A relação saúde e saneamento básico é tão próxima que a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, para cada um dólar investido em saneamento básico, economiza-se cinco5 em saúde. As unidades acreanas estão lotadas de pessoas à procura de cura para doenças como hepatites, verminoses, dengue, malária, entre outras. Todas relacionadas à ausência do serviço.

Nas unidades, as filas são os propalados “acolhimentos”. Tem para consultas, retornos, exames e cirurgias. Esta última, apelidada de “fila da morte”, são as cirurgias de alta complexidade, que chegam a demorar três anos. Além disso, faltam profissionais, equipamentos, remédios, humanização, etc, etc, etc.

Em meio a isso, o presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed), o obstetra Ribamar Costa, tal qual Dom Quixote, o Cavaleiro Errante, obra-prima do escritor espanhol Miguel de Cervantes, luta contra os dragões da incompetência, do descaso, do apadrinhamento, da irregularidade e corrupção no setor que deveria estar no topo da lista das prioridades “Tanto não é que o orçamento é mínimo”, critica o sindicalista.

Acreano de Rio Branco, o Dr. Ribamar, 63, como é mais conhecido na sociedade acreana, já participou de cerca de 30 mil partos. Pela quarta vez à frente da entidade, ele confessa que nunca vivenciou uma situação tão adversa. “Reivindicamos muita coisas, inclusive reposição de perdas salariais, mas as condições de trabalho e precariedades dos serviços estão dando a tônica da nossa luta”, destacou o médico.

Ribamar volta a afirmar que foi, sim, ofendido pelo secretário-adjunto da Sesacre/Foto: ContilNet

Ribamar volta a afirmar que foi, sim, ofendido pelo secretário-adjunto da Sesacre/Foto: ContilNet

Acompanhado de seu fiel escudeiro, o jornalista Freud Antunes, Ribamar Costa veio à redação da ContilNet para falar da polêmica que recentemente esteve envolvido, de financiamento da Saúde e da greve por tempo indeterminado, que está marcada para o próximo mês. Vejam os principais trechos da entrevista:

ContilNet – Por que o senhor afirma que a Saúde do Acre está no UTI?

Dr. Ribamar – Não só do Acre, mas de todo o Brasil. Gradativamente, o SUS vem sendo desmontado, notadamente por causa dos escassos recursos para seu financiamento, embora existam outros problemas graves. Por isso, apoiamos medidas que possam melhorar esse quadro adverso, principalmente a proposta de uma destinação maior do PIB para o setor. Com o agravamento de uma série de problemas e irregularidades encontradas nas unidades do Acre, os médicos vêm exigindo uma ação mais radical para punir os gestores e garantir a melhoria da qualidade do atendimento. Vamos ao Ministério Público do Estado (MPE) mostrar a necessidade urgente de adoção de medidas que possam resguardar a saúde da população e do profissional.

E foi com esse objetivo que o senhor, acompanhado de alguns jornalistas, esteve na Maternidade Bárbara Heliodora, onde teria sido impedido de ter acesso às dependências, além de ser hostilizado pelo secretário-adjunto, Irailton Lima?

Fomos àquela unidade por dois motivos: primeiro para mobilizar a categoria para a iminente greve. E o segundo era mostrar para a sociedade as condições de trabalho dos médicos, devido, principalmente, às irregularidades existentes ali. Progressivamente, o SUS vem sendo desmontado. Todavia, de 2015 para 2016, principalmente por causa da crise econômica, esse processo se acelerou e uma das consequências é a falta de estrutura nas unidades de saúde. Não podemos deixar que aparelhos com defeitos sejam utilizados para exames. Podemos adiar outras reivindicações, inclusive as salariais, mas essa não. Na maternidade faltam plantonistas, ou seja, médicos obstetras. Daí a necessidade de se convocar novos concursados. Além disse, precisamos de leitos, salas especializadas, estrutura física adequada e UTI´s neonatais. Isso faz com a unidade seja de alto risco.

O senhor acusa os gestores da Sesacre de práticas antissindicais. Eles acusam o senhor de querer “espetacularizar” uma situação, inclusive adentrando locais críticos, expondo a imagem dos pacientes, com o intuito de “tirar proveito político”. Comente sobre isso.

Tenho 35 anos de atuação como médico, ou seja, conheço todos os procedimentos e o código de ética da profissão. Represento uma categoria e posso, respeitando as recomendações, entrar em qualquer dependência da unidade. Uma reforma que já perdura três anos precisa ser de conhecimento público, mesmo porque eu estaria prevaricando das minhas funções, que é de defender a classe médica, lutar pelo cumprimento das normas e, principalmente, exigir a prestação de um serviço de qualidade. O meu mister é trabalhar com a saúde. Quero agradecer o trabalho da imprensa, que conhece a nossa atuação, sendo uma aliada dos interesses da população.

“A Maternidade Bárbara Heliodora é de alto risco”/Foto: ContilNet

“A Maternidade Bárbara Heliodora é de alto risco”/Foto: ContilNet

Deputados teriam comentado que o senhor estaria protegendo alguns de seus colegas, que estariam ganhando sem trabalhar. E aquela história da “Máfia de Branco”?

Sobre essa proteção isso é uma ilação. Agora, veio-me uma indagação: não é o governo estadual, uma vez que é o ente que paga, o responsável por essas supostas irregularidades? Quanta à segunda pergunta trata-se de uma fantasia. Coisa que não tem sentido no estado democrático de direito. Participamos da campanha Saúde Mais 10 justamente para conseguirmos contratar mais médicos e oferecermos melhores condições de trabalho para eles. Queremos e lutamos por saúde resolutiva. Somos contra a corrupção porque ela desvia recursos, que poderiam ser aplicados na Saúde.

Qual é o diagnóstico que o senhor faz da Saúde no Acre?

O hospital da Xapuri, que era dotado de toda uma infraestrutura e funcionava bem, está desativado. Isso é regressão. O hospital de Brasileia, centro de referência para região do Alto Acre, está abandonado. Aquilo é um espelho do desmonte do SUS. Faltam ortopedistas, obstetras e pediatras. E essas pessoas não são atendidas nesses locais, elas vêm para a capital engrossar as filhas. Existem problemas gravíssimos no Huerb e na maternidade de Cruzeiro do Sul. Aliás, naquele município o Centro de Oncologia foi inaugurado e ainda não funcionou. A destinação de recursos do orçamento estadual é pequena. Faltam recursos, mas existem também problemas de gestão.

E quanto à greve? O que o Sindmed está reivindicando?

Apresentamos, em janeiro de 2015, 21 itens e a equipe de assessores do governo pediu para que pudéssemos eleger as propostas que seriam prioritárias. Mesmo atendendo ao pedido deles, com o objetivo de agilizar toda a negociação, existe uma falta de vontade por parte da Sesacre em fechar um acordo. Em cinco anos, acumulamos 25% de perdas salariais.

Então a greve é inevitável?

Os médicos estão cansados, estressados, vivem atendendo o paciente em uma estrutura precária que prejudica a sociedade. Houve aumento dos casos de mortes de bebês na maternidade por falta de estrutura e pela falta de especialistas em neonatologia. A situação já está se tornando humanitária, por isso a classe acredita ser urgente uma mobilização para dar um basta nesse desgoverno.

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Acre registra mais de 4,5 mil casos de sífilis entre 2023 e 2025, diz Sesacre

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Dados oficiais revelam que Rio Branco responde por metade dos casos; especialistas alertam para subnotificação e riscos da sífilis congênita, enquanto diagnóstico e tratamento gratuitos são subutilizados

A tabela divulgada pela Sesacre também mostra que, entre os infectados, os homens aparecem em maior quantidade. A população mais atingida é formada por jovens com idade entre 15 e 25 anos. Foto: captada 

O Acre registrou 4.546 casos de sífilis entre 2023 e 2025, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Deste total, mais de dois mil foram contabilizados apenas na capital Rio Branco. A doença atinge principalmente homens jovens, com idade entre 15 e 25 anos — público considerado prioritário para ações de prevenção.

Os números acompanham uma tendência mundial de crescimento da infecção, acendendo alerta para os serviços de saúde pública. Apesar de ser uma IST de diagnóstico simples e com tratamento eficaz, os registros permanecem elevados. Em 2024, o Brasil somou 35,4 mil diagnósticos da doença.

No estado, a preocupação maior é com a sífilis congênita, transmitida da gestante para o bebê. Josadaque Bezerra, coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre, reconhece uma leve melhora no cenário local, mas ressalta que o problema ainda demanda atenção.

“Precisamos melhorar bastante em relação ao nível nacional”, afirmou a coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre.

A Sesacre reforça a importância da população buscar atendimento médico aos primeiros sinais. Testes rápidos estão disponíveis em todas as unidades básicas de saúde, e o tratamento é gratuito. “A população é o principal ator desse processo”, destacou Bezerra.

Dados alarmantes:
  • Total de casos (2023–2025): 4.546
  • Rio Branco: mais de 2 mil notificações
  • Faixa etária mais vulnerável: 15 a 25 anos
  • Gênero mais afetado: Homens
  • Casos de sífilis congênita (2024): 65 no estado
Tendência nacional e local:

O crescimento acompanha uma tendência mundial de aumento da sífilis, infecção sexualmente transmissível (IST) com diagnóstico simples e tratamento gratuito no SUS. Em 2024, o Brasil registrou 35,4 mil casos.

Fala da autoridade:

“O Acre teve uma leve melhora em relação a outros anos, mas, comparado ao nível nacional, precisamos avançar”, afirmou Josadaque Bezerra, coordenador do Núcleo de ISTs da Sesacre.

Orientação à população:
  • Procure uma UBS ao notar sintomas
  • Testes rápidos estão disponíveis em todas as unidades
  • Tratamento é gratuito e deve ser feito até o fim
  • Uso de preservativos é a principal forma de prevenção

A Sesacre planeja intensificar campanhas educativas nas escolas e unidades de saúde, com foco nos jovens e gestantes – grupo crítico para prevenir a sífilis congênita.

Dado importante: A sífilis não tratada pode causar complicações graves, como cegueira, paralisia e danos neurológicos. A transmissão vertical (mãe-bebê) é a mais preocupante.

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Headscon Acre projeta games da Amazônia Legal para a Gamescom Alemanha e a Gamescom LATAM

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Realizada no Acre desde 2023, a Headscon Acre se consolida como uma das principais plataformas de visibilidade e acesso ao mercado para criadores de games da Amazônia Legal. Em sua edição de 2025, o evento sediou a segunda edição da Mostra Competitiva de Games da Amazônia Legal com premiação de aproximadamente R$ 60 mil. Essa é uma iniciativa do Instituto Gamecon que conecta estúdios da região a grandes vitrines internacionais, como a Gamescom Alemanha e a Gamescom LATAM.

A Mostra teve sua primeira edição em 2024 e, em 2025, ampliou o alcance da proposta ao reunir 10 jogos finalistas da região Norte, com produções do Acre, Amazonas, Pará e Amapá. Os vencedores garantiram vagas em delegações oficiais para a Gamescom Alemanha e para a Gamescom LATAM, com apoio para participação nos eventos e acesso direto a publishers e agentes do mercado global.

Na edição de 2025, o prêmio de Melhor Jogo (Júri Técnico) ficou com Catventure: The Curse of the Dark Tower, do Retrocat Studios (PA). Já o Melhor Jogo pelo voto do Júri Popular foi conquistado por Carbon-0, desenvolvido pelo estúdio Moonlight Games, do Acre.

O projeto acreano também recebeu reconhecimento pela força narrativa e pelo diálogo com temas ambientais e sociais. Para o desenvolvedor André Lucas Lima Siqueira, o jogo é uma forma de dar visibilidade à região por meio da linguagem dos games.

“Temos algumas empresas que estão causando mal ao mundo, com poluição, desperdício de recursos. Nosso jogo acompanha Ícaro e sua irmã Maria na busca pelo pai desaparecido, enquanto descobrem o que estava acontecendo. O objetivo é mostrar um pouco da nossa região na gameplay e evoluir o jogo até termos locais daqui jogáveis. A gente quer mostrar o nosso estado e a nossa região nesse jogo”, afirma André Siqueira.

Porta de entrada para o mercado internacional

Além dos vencedores, todos os finalistas da Mostra recebem material oficial de apresentação e participam de ações voltadas ao networking e à circulação profissional. A participação na Gamescom Alemanha e na Gamescom LATAM representa, para muitos estúdios amazônicos, o primeiro contato direto com o mercado internacional.

Ao longo de três edições realizadas no Acre, em 2023, 2024 e 2025, a Headscon tem fortalecido o ecossistema de games da Amazônia Legal. Após a primeira edição da Mostra Competitiva, Ciro Facundo, representante do estúdio acreano K Games, foi um dos selecionados para apresentar seu trabalho na Gamescom, na Alemanha, destacando que a região produz jogos com qualidade técnica, identidade cultural e potencial competitivo no cenário global.

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Rio Acre registra 8,70 metros e situação é de “tranquilidade” na fronteira, cidades de Brasiléia, Epitaciolândia e Cobija

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Coordenador da Defesa Civil de Brasiléia afirma que vazante nas cabeceiras é significativa e equipe monitora nível diariamente

De acordo com o major, as águas que elevaram o nível na região de fronteira com Cobija (Bolívia)já eram esperadas, e a situação está dentro da normalidade para o período. Foto: captada 

O Rio Acre registrou 8,70 metros na manhã desta sexta-feira (19) na ponte metálica que liga Brasiléia a Epitaciolândia, na régua linimetrica, segundo medição realizada pelo coordenador da Defesa Civil de Brasiléia, major Sandro. Ele classificou o momento como de “tranquilidade”, devido à significativa vazante nas cabeceiras do rio.

De acordo com o major, as águas que elevaram o nível na região de fronteira com Cobija (Bolívia)já eram esperadas, e a situação está dentro da normalidade para o período. Ele destacou que a equipe da Defesa Civil acompanha diariamente as medições e que a tendência é de estabilidadenas próximas horas.

— O nível do rio nas cabeceiras, como acima, nas aldeias do Patos e também em Assis Brasil, está com uma vazante bastante significativa — informou o coordenador.

O monitoramento contínuo busca antecipar possíveis elevações que possam afetar áreas ribeirinhas, especialmente com a previsão de chuvas para os próximos dias na região. A Defesa Civil mantém alerta, mas sem indicação de risco iminente para as comunidades urbanas na fronteira.

Vídeo assessoria:

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