Preocupados com impactos de estrada entre Acre e Peru, indígenas fazem caminhada em protesto contra a obra

Protesto ocorreu nessa quinta-feira (26), em Cruzeiro do Sul e reuniu indígenas de pelo menos seis cidades.

Preocupados com impactos na natureza, espiritual e até mesmo aumento do tráfico de drogas, indígenas de pelo menos seis municípios do Acre fizeram uma caminhada, no centro de Cruzeiro do Sul, nessa quinta-feira (26), contra a construção da estrada que liga o Acre a Peru. Com cartazes, eles mostraram que são resistência se opondo à estrada.

A estrada vai cortar o Parque Nacional Serra do Divisor e várias terras indígenas para ligar o Acre a Pucallpa. Em novembro de 2019, foi dado início ao trabalho com a abertura de uma trilha de cerca de 90 quilômetros até o município peruano de Puccalpa. Desde então, foram desencadeadas várias discussões. Um estudo, inclusive apontou que a estrada deve gerar um prejuízo social de R$ 960 milhões.

O projeto também afetaria negativamente as comunidades indígenas, incluindo indígenas em isolamento voluntário, e áreas importantes em termos de significância ecológica, como o Parque Nacional da Serra do Divisor.

E foi justamente por estas preocupações que os indígenas de várias etnias de municípios da região do Juruá, e Tarauacá/Envira se reuniram no protesto, segundo informou a líder indígena Varinake Nukini, do povo Inū Kuī ni.

“A gente reuniu com o objetivo de conversar, ter essa troca, de falar dos impactos que já estão chegando, como o espiritual que já criou um clima pesado. O que vai ficar para nós é que vai destruir grande parte da floresta onde estão as nossas medicinas tradicionais, o fortalecimento da nossa espiritualidade. Além disso, favorece o tráfico de drogas, que já é grande na fronteira e a estrada vai facilitar. A nossa preocupação é que aconteça também prostituição nas aldeias, então tudo isso são impactos”, disse.

O objetivo é chamar a atenção das autoridades para estes malefícios e pedir que eles olhem para os riscos que a construção oferece. “Essa estrada vai servir mais para empresários, grandes empresas que vão atuar. Nosso grito de guerra é a proteção da floresta e da vida, então queremos chamar atenção para proteção da vida”, concluiu.

Grupo usou cartazes para mostra objeção a obra — Foto: Arquivo pessoal

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Publicado por
G1 Acre