Prefeito de Senador Guiomard que assumiu cargo após prisão de André Maia renuncia

Judson Costa tinha assumido a prefeitura de Senador Guiomard no lugar de André Maia, preso em operação da Polícia Federal. Presidente da Câmara assumiu cargo nesta segunda (7).

André Maia (PSD), e seu vice Judson Silva Costa (PPS)

Com Iryá Rodrigues, G1 AC e  Marcos Venicios Ac24horas 

O prefeito de Senador Guiomard em exercício, Judson Silva Costa (PPS), que tomou posse do cargo de gestor titular da cidade após a prisão do prefeito André Maia (PSD) em dezembro durante os desdobramentos da Operação Sarcófago, da Polícia Federal, renunciou ao cargo neste final de semana.

Em carta assinada e endereçada ao presidente da Câmara de Senador Guiomard, Gilson da Funerária, Costa  diz que “após refletir sobre a permanência na vida pública”, apresenta “de maneira irrecorrível e irretratável”, renuncia ao cargo de vice-prefeito e prefeito da “Terra do Amendoim”.

O prefeito de Senador Guiomard, Judson Costa (PPS), renunciou ao cargo no último sábado (5).

De acordo Judson, a decisão é baseada em questões pessoais. “A presente decisão está ancorada, única e exclusivamente, em questões de foro pessoal, que a vários meses já vinham sendo pensadas e maturadas em família, notadamente no que tange a abdicar da vida pública, retomando outros projetos de vida pessoal e profissional”, disse o gestor de 46 anos que é advogado e capitão aposentado da Polícia Militar do Acre.

Ainda em seu comunicado, o prefeito enfatiza que trata-se de uma difícil decisão, porém necessária para sua vida pessoal e familiar. “Haja vista a dificuldade de adaptação aos processos que regem a vida política, o que gera desgastes físicos e emocionais e não está atrelada a quaisquer fatos ou circunstâncias relacionadas a administração pública ou a pessoas”, enfatizou.

Judson tomou posse do cargo de prefeito de Senador Guiomard no dia 18 de dezembro, cinco dias após a prisão de Maia pela Polícia Federal, que é acusado de chefiar uma organização criminosa acusada de desviar mais R$ 5 milhões dos cofres da prefeitura.

“Foi uma decisão que tive em família, decidi abdicar da vida política mesmo. Não tem nenhum motivo específico, agora vou cuidar de outras coisas, da vida pessoal e da família”, disse Costa.

Na carta de renúncia, enviada à Câmara de Vereadores, o prefeito em exercício disse que há vários meses já vinha pensando e maturando com a família em abdicar da vida pública.

“Trata-se de uma decisão difícil, porém necessária para minha vida pessoal e familiar, haja vista a dificuldade de adaptação aos processos que regem a vida política, o que gera desgastes físicos e emocionais e não está atrelada a quaisquer fatos ou circunstâncias relacionadas a administração pública ou a pessoas”, afirmou Costa na carta.

Em entrevista, Judson Costa afirmou que faria uma auditoria em todos os atos de André Maia. Na época da posse, Judson afirmou que apesar de ser vice de Maia, já está rompido politicamente com o gestor que foi preso desde o início de 2018.

Presidente da Câmara de Vereadores, Gilson da Funerária, assume prefeitura de Senador Guiomard — Foto: Arquivo pessoal

Com a renúncia de Judson, quem deve assumir o cargo é o presidente da Câmara, Gilson da Funerária, que foi o principal testemunha da Operação que culminou na prisão de André Maia.

A primeira-secretária da Câmara, Vereadora Claúdia Lima (PT), informou por meio de um comunicado que recebeu o pedido de renuncia de Judson Costa por volta das 19h deste domingo, 7.

“Tendo em vista o prescrito na Constituição Federal, Lei Orgânica Municipal e no Regimento Interno, bem como considerando a linha sucessória municipal informa à população que procederá a transmissão de cargo de Presidente da Câmara Municipal à Prefeito Municipal ao vereador Gilson da Funerária (Progressistas)”, salientou.

A vereadora enfatizou que a preocupação deste poder é pela continuidade dos serviços públicos, bem como o cuidado com o erário municipal e sua sanidade administrativa.

Apesar de preso de maneira preventiva, André Maia não foi afastado do cargo. Ele está apenas impedido de exercer a função. Na última quinta-feira, 3, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Felix Fischer, da Coordenadoria da Quinta Turma do STJ, não concedeu medida liminar ingressada pela defesa de Maia. O magistrado solicitou informações ao Ministério Público do Acre para que se manifeste também sobre o assunto.

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Prefeito preso

O prefeito de Senador Guiomard, no interior do Acre, André Maia, foi preso no dia 13 de dezembro do ano passado suspeito de desviar verbas públicas. Intitulada Operação Sarcófago, a ação da Polícia Federal é um desdobramento da Operação Ícaro, que ocorreu em Capixaba em agosto de 2018.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, da Coordenadoria da Quinta Turma do STJ, negou habeas corpus ao prefeito na última quinta-feira (3). Além de Maia, o secretário de Finanças Deusdete Cruz, o pregoeiro Estácio Parente dos Santos, o Controlador Geral do município Welington Marciel e o advogado Wellington Silva também foram presos.

O prefeito foi preso suspeito de desviar verbas públicas e fraudar licitações com superfaturamentos de cerca de R$ 5 milhões. Durante a operação, a Polícia Federal cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e cinco de prisões preventivas.

Conforme a polícia, há indícios de que Maia pagava um “mensalinho” no valor de R$ 3 mil para seis vereadores da base aliada dele.

Um vídeo divulgado pela polícia, mostra o advogado Wellington Silva entregando dinheiro para o funcionário de um vereador da cidade de Senador Guiomard. De acordo com a polícia, o advogado seria o operador do “mensalinho”.

Uma ligação telefônica, gravada com autorização da Justiça, revela o prefeito de Senador Guiomard, André Maia, acertando a entrega de dinheiro a um vereador da cidade. Na conversa, o vereador reclama que o dinheiro não foi pago completamente, já que o acertado era R$ 5 mil e recebeu R$ 4,7 mil.

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Publicado por
Da Redação