Policial penal que matou mulher com tiro na cabeça tem pedido de liberdade negado pela Justiça

Defesa de Quenisson Silva afirmou que vai entrar com um segundo pedido na Câmara Criminal. Policial está preso por ter matado a companheira, Erlane Cristina de Matos.

Erlane morreu na última quarta-feira (11) em Rio Branco — Foto: Arquivo pessoal

Por Aline Nascimento

A Justiça do Acre negou um pedido de liberdade feito pela defesa do policial penal Quenisson Silva de Souza, preso por matar a companheira, Erlane Cristina de Matos, de 35 anos, com um tiro na cabeça em março deste ano.

O casal brigou depois de chegar da casa de um amigo. O sobrinho de Erlane, de 13 anos, que estava passando uma temporada com o casal, ouviu a briga e é testemunha no processo.

O acusado foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) à Justiça pelo crime de feminicídio. O pedido de soltura de Silva foi negado pela 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco.

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O advogado do policial, Maxsuel Maia, disse que vai entrar com um novo pedido de soltura para o cliente na próxima semana na Câmara Criminal. Segundo ele, o cliente atende os requisitos necessários para aguardar a conclusão do processo em liberdade.

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“Tivemos o pedido de revogação negado pela juíza de primeiro grau. Nos próximos dias impetraremos um Habeas Corpus junto à Câmara Criminal, por entender que não estão presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva. Meu cliente não representa risco algum à ordem pública, nem à instrução do processo, além de ser primário, servidor público há mais de dez anos, e possuir residência fixa”, argumentou.

O policial está preso no Complexo Prisional Francisco d’Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco, desde o dia do crime. Ele chegou a ser internado no Hospital de Saúde Mental (Hosmac), mas a Justiça determinou que ele voltasse ao presídio.

Decisão

Outro argumento levantado pela defesa de Silva para a soltura foi a pandemia de Covid-19. O Acre já registrou uma morte de preso dentro de uma unidade prisional e tem mais de 40 em monitoramento com sintomas da doença.

Porém, na decisão, a juíza Luana Campos frisou que o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) tem tomado todas as medidas para evitar a proliferação do novo coronavírus nas unidades.

“Desta forma, convicta de que o processo está tramitando em prazo razoável, que não há elementos novos suficientes para afastar a necessidade da medida cautelar, bem como não verifico qualquer ilegalidade na prisão cautelar, indefiro a pretensão da revogação da prisão preventiva de Quenisson Silva de Souza”, pontuou a magistrada.

Crime

O policial penal Quenison Silva de Souza foi preso e indiciado por feminicídio por matar a companheira, Erlane Cristina de Matos, de 35 anos, com um tiro na cabeça. O crime ocorreu na noite de 11 de março na casa do casal no bairro Estação Experimental, na capital acreana.

À polícia, Souza afirmou que o tiro foi acidental. Dois dias após o crime, ele deu entrada no Hosmac. Em ofício destinado à Justiça, o Iapen justificava a internação do policial apenas por “necessidades psicológicas”, sem detalhar. Mas, a Justiça determinou que ele fosse recolhido novamente no presídio.

A reportagem teve acesso a um relatório psicossocial feito por uma psicóloga do Tribunal de Justiça, que aponta que:

“Seus sentimentos são de intensa dor e arrependimento no que diz respeito ao ocorrido. Se sente culpado e em extrema vergonha perante sua família e seus amigos. Não consegue aceitar que uma tragédia como essa teve sua pessoa como responsável, pois sempre foi muito responsável com sua arma e com suas obrigações de esposa e pai de família.”

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Publicado por
G1 Acre