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PF analisa agora quais os candidatos beneficiados com o desvio de quase R$ 160 mil do PSOL
Testemunhas já relataram após a operação que realmente não trabalharam para as supostas candidatas.
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A Polícia Federal concedeu entrevista coletiva, após deflagrar a Operação Citricultor, que investiga desde 2018 o desvio de verbas provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo Eleitoral) do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) nas cidades de Rio Branco e Rodrigues Alves.
O coordenador da operação, delegado Pedro Ivo, garantiu que por meio da análise da prestação de contas do partido, foi possível suspeitar do desvio de pelo menos R$ 160 mil. Agora, a investigação caminha para saber se esse valor foi subtraído por membros do diretório ou dividido entre as mulheres com candidaturas “laranjas”.
De acordo com a investigação da PF, as mulheres, que por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), têm direito a 30% de Fundo Eleitoral a serem empregados na campanha, teriam sido aliciadas por membro do partido em troca de receberem uma contrapartida em dinheiro ou apenas para ajudar no esquema. “Automóveis alugados, materiais pedidos em gráficas, cujo valor pago produziu material para outro candidato”, explico o delegado. Segundo ele, esta descobrir agora se todo o dinheiro foi embolsado ou se foi enviado para contas privadas dos investigados.
O partido em questão recebeu de fundo eleitoral cerca de R$ 545 mil reais. Desse valor, só uma candidata recebeu mais de R$ 120 mil e outras duas receberam, cada uma, quase R$ 14 mil. São cerca de R$ 160 mil que a PF está investigando de desvio. Delegados da PF garantem que o uso de candidatas femininas é comum para a prática do crime de desvio da verba eleitoral. Elas são inscritas para preencher a porcentagem mínima exigida e, assim, financiam campanha de outros candidatos, prioritariamente do sexo masculino. “Várias provas obtidas estão confirmando as suspeitas. Depoimentos estão confirmando o que vem investigado desde 2018”, alerta Ivo.
Testemunhas já relataram após a operação que realmente não trabalharam para as supostas candidatas. A fase da operação agora investiga quem são os candidatos beneficiados com o desvio da verba ou se a verba foi, realmente, apropriada por algum membro. “Membros do diretório do partido estão sendo investigados para ver se houve participação deles. Nenhum investigado está com mandato em curso, são candidatos não eleitos que estamos investigando”, destacou o delegado Pedro Ivo, salientando não poder divulgar os nomes por conta do andamento da investigação que ainda está em curso.
Denúncia
Conforme relatado pela também delegada da PF, Diana Calazans Mann, as denúncias partiram de militantes do próprio partido, outras mulheres que estavam insatisfeitas com o uso de “laranjas” na sigla. Só no Acre, a Polícia Federal já realizou três operações neste sentido. “Por isso alertamos as candidatas para que elas, mulheres, não se submetam a isso e denunciem”, afirmou.
A partir desta operação, agentes da PF passam a fazer análise de todo o material apreendido para confirmar tudo que já vinha sendo apurado. “Faremos análise de contas, documentos, prestação de contas no TER, celular, fazer um apanhado e elaborar um relatório. Hoje ainda já dá para saber se alguém vai ser indiciado e encaminhado para a Justiça Eleitoral”, disse Pedro Ivo. A Polícia Federal garante que estas investigações em curso não têm vínculo com o partido investigado na operação passada.
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Facções criminosas no Acre: como o equilíbrio frágil é mantido entre PCC, CV e Bonde dos 13
Especialistas apontam que tríplice fronteira e rotas do narcotráfico mantêm frágil pacto tácito entre facções; ausência de guerras abertas não significa paz

Apreensões na BR-364 e BR-317 são pontuais e visam o mercado local, com raras toneladas de cocaína. Foto: captada
O Acre, com sua vasta malha de rios e florestas, continua sendo um ponto estratégico no mapa do narcotráfico internacional. Autoridades policiais revelam que o Estado não é o destino final das drogas, mas uma mera passagem para rotas maiores, com foco no Vale do Juruá como epicentro de operações. Lá, o Comando Vermelho (CV) investe a maior e melhor parte de seu poderio bélico, como fuzis, protegendo da “concorrência” as margens de rios e caminhos em meio à densa floresta. Neste cenário, a Polícia Civil avança em investigações integradas e descapitalização de bens, na intenção de enfraquecer o topo da pirâmide das facções.
Segundo Pedro Paulo Buzolin, coordenador da Divisão Especializada de Investigações Criminais Especiais (DEIC) da Polícia Civil do Acre, o interesse das facções não está nas cidades de baixa renda e população reduzida do estado, mas nas “rotas do tráfico que estão na mata, no rio”. O Vale do Juruá emerge como o principal corredor: drogas produzidas no Peru, especialmente na região de Pucallpa – onde a população é escassa e o controle é frouxo -, entram pelo Rio Solimões e seguem para o Amazonas, abastecendo portos no Suriname e Guiana para exportação à Europa. “É muito melhor trafegar pela Bolívia do que pelo Brasil”, explica Buzolin.
No Alto Acre, fronteira com a Bolívia e o Peru, o fluxo é menor para o centro do país, com grandes apreensões em Costa Marques (RO), mas sem o volume do Juruá. Apreensões na BR-364 e BR-317 são pontuais e visam o mercado local, com raras toneladas de cocaína. Maconha, outrora importada do Mato Grosso, agora é cultivada no Peru com tecnologia avançada, invertendo o fluxo para o sul. Em terras peruanas, por exemplo, se implantaram tecnologias para cultivo de coca e maconha em espaços cada vez mais confinados, maximizando os lucros como no Brasil, no mercado legal, é ensinado por cursos e visitas técnicas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

O Acre mantém um pacto tácito de não agressão entre as organizações, sustentado por interesses logísticos comuns no cenário internacional. Foto: captada
O delegado-geral da Polícia Civil, José Henrique Maciel, complementa que essas rotas demandam proteção armada. “Eles investem em armamento de maior poderio na região do Vale do Juruá, em razão do avanço do transporte da droga”, diz. Os homicídios no Estado, em grande parte, resultam de disputas territoriais: “Quem estiver mais bem armado se defende ou avança no território do outro. Um revólver contra um fuzil, a chance é maior para quem tem o fuzil”. Vídeos divulgados pelas próprias facções, como um amplamente circulante na internet, mostram o uso de armamentos de grosso calibre nas margens do Rio Juruá. “Eles estão com armamento pesado fazendo a proteção das rotas do tráfego”, afirma Buzolin. Diferente de São Paulo, onde fuzis são ostentados nas ruas urbanas, no Acre o foco é estratégico em blindar carregamentos contra rivais ou forças de segurança. No Juruá, o CV lidera essa escalada.
Maciel reforça: “Eles estão cada vez mais com poderio de arma, tanto para o enfrentamento com as forças quanto entre eles”. Essa dinâmica explica o “boom de homicídios” entre 2016 e 2017, com mais de 948 casos no Estado – um pico impulsionado por mudanças no Paraguai, onde a morte de Jorge Rafaat abriu espaço para o PCC, forçando o CV a migrar para o norte, enfraquecendo a atuação do grupo criminoso Família do Norte (FDN) no Amazonas.
As três facções
O Acre abriga três facções principais, cada uma com origens e estratégias distintas, moldadas pelo interesse financeiro nas rotas.
Comando Vermelho (CV): De origem carioca, domina o Vale do Juruá e o Alto Acre. Controla a entrada de drogas pelo Peru e Paraguai, com domínio no fluxo fluvial para o Amazonas.
Primeiro Comando da Capital (PCC): Paulista e mais hierárquico, tem presença fraca no Acre. Prefere rotas inferiores via Mato Grosso do Sul para abastecer o Sudeste, evitando o “ar” acreano. “O PCC não demonstra tanto interesse aqui pelo ar. Tem uma quantidade pequena na região do Alto Acre”, diz Buzolin. Há influência no Baixo Acre, mas sem domínio territorial expressivo.
Bonde dos 13 (B13): Facção regional, nascida no Acre, é a mais enfraquecida. Seu último reduto é a Cidade do Povo, com “resistência” pontual em Sena Madureira. “O Bonde ainda tem uma resistência na Cidade do Povo”, relata Buzolin. O B13 surgiu em meio a migrações de facções em Porto Velho (RO), mas perdeu força após o racha interno da FDN.
Ainda de acordo com as autoridades, os grupos operam como “empresas” financeiras, priorizando rotas sobre domínios urbanos, mas hoje, há relativa tranquilidade. “Eles estão relativamente tranquilos porque o interesse financeiro foi alcançado”, observa Buzolin.
Fracasso da aliança Bonde dos 13 (B13) e Terceiro Comando Puro
Em 2023, o B13 tentou se aliar ao Terceiro Comando Puro (TCP), do Rio de Janeiro, para contrabalançar o CV e o PCC. A união, divulgada nacionalmente, chegou ao Acre com pichações e movimentações. Um acreano ligado ao B13 foi preso na Maré (RJ) em incursão policial, sinalizando a ambição. No entanto, a aliança ruiu rapidamente. “Foi uma junção que se espalhou pelo país, mas a tendência foi retornar o afastamento”, afirma Maciel.
Avanços no combate: integração e descapitalização
Apesar dos desafios, as autoridades destacam progressos no enfrentamento. A Polícia Civil investe em qualificação de pessoal, aquisição de equipamentos e integração de forças. “Avançamos com capacitação, valorizando o pessoal, e cooperações como entre o Grupo Especial de Operações em Fronteiras do Acre (GEFRON), Polícia Militar, Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), através do Sistema Integrado de Segurança Pública do Acre (SISP)”, enumera Maciel. Outras parcerias com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), uma estrutura de cooperação criada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), tem rendido apreensões significativas com a atuação da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal.
Buzolin enfatiza a mudança cultural na atuação policial, “não só prender, mas descapitalizar”, através do foco em identificação patrimonial que inclui apreensões expressivas de valores, casas, propriedades rurais e gado. “São investigações mais trabalhosas, demandando aporte tecnológico”, diz, citando laboratórios de informática em desenvolvimento.

As facções evitam conflitos que atraiam atenção indesejada das autoridades, prejudiquem o transporte de cargas ilícitas ou interrompam o fluxo financeiro. Foto: captada
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Homem é preso com escopeta em residência no bairro Cidade do Povo, em Rio Branco
Suspeito, que já tem passagem por roubo, alegou que usava arma para se proteger de facções; equipe do 2º Batalhão realizava patrulhamento quando foi acionada

Os policiais perguntaram o porquê do homem está em posse de uma arma de fogo. Renan respondeu que mora em um bairro perigoso, e a escopeta seria para defender sua vida. Foto: captada
Um homem foi preso em flagrante na manhã desta quinta-feira (18) após ser encontrado portando uma escopeta de cano duplo municiada dentro de uma residência no bairro Cidade do Povo, em Rio Branco. A ação foi realizada por militares do 2º Batalhão durante patrulhamento de rotina, após receberem denúncia anônima sobre um homem armado.
Identificado como Renan Andrade Woutier, o suspeito confessou às autoridades que já tinha passagem pelo sistema prisional por roubo em 2019. Questionado sobre a posse da arma, ele alegou que a utilizava para “defender sua vida de possível ataque de facção” por morar em uma área considerada perigosa.
A guarnição visualizou a arma pela janela da casa antes de realizar a abordagem. O homem foi conduzido à Delegacia Central de Flagrantes e responderá por posse ilegal de arma de fogo. A escopeta foi apreendida e será periciada.

Os policiais observaram pela janela de uma residência, e visualizaram um homem identificado como, Renan Andrade Woutier, com uma arma de fogo do tipo escopeta de cano duplo municiada. Foto: captada
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Corrida Setembro Verde e Amarelo une esporte, solidariedade e saúde em Epitaciolândia
Por: Willamis Franca
No próximo dia 27 de setembro (sábado), Epitaciolândia será palco da Corrida Setembro Verde e Amarelo, um evento que vai muito além da competição esportiva. Com largada marcada para as 18h, no Bairro Aeroporto, a corrida promete unir saúde, solidariedade e espírito comunitário em um só movimento.
Um percurso para todos
A prova será disputada em duas distâncias, 6 km e 12 km, nas categorias Master e Geral, tanto no masculino quanto no feminino. Mais do que a busca por medalhas, o evento pretende incentivar hábitos saudáveis e aproximar a população da prática esportiva.
Inscrições solidárias
As inscrições acontecem de 15 a 24 de setembro, podendo ser realizadas online, via QR Code, ou presencialmente na Secretaria de Planejamento, de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h.
O diferencial está no caráter social: cada atleta deve contribuir com 1 kg de alimento não perecível, que será destinado a famílias em situação de vulnerabilidade. Dessa forma, cada passo dado na corrida também representa um gesto de solidariedade.
Incentivos e premiação
A organização preparou uma motivação a mais para os participantes: os 100 primeiros inscritos receberão camisetas exclusivas do evento. Além disso, serão distribuídos R$ 5 mil em premiações, reconhecendo o esforço e a dedicação dos atletas.
A força do grupo Elite Alto Acre
Um dos destaques da corrida é a participação do grupo Elite Alto Acre, criado por Luciane em 26 de novembro de 2024. O que começou como uma simples iniciativa para estimular colegas de trabalho a praticar atividades físicas rapidamente se transformou em um movimento regional de incentivo à saúde.
Com o crescimento da proposta, surgiu o nome Elite Alto Acre e, em seguida, um perfil no Instagram para divulgar conquistas e motivar novos adeptos. Para que todos pudessem acompanhar sua evolução, o grupo passou a utilizar o Strava, aplicativo mais popular entre corredores e ciclistas do mundo.
Graças ao empenho coletivo e ao trabalho em equipe, o grupo conquistou reconhecimento e hoje se tornou referência em incentivo ao esporte no Alto Acre.
Organização
O evento é realizado pela Prefeitura de Epitaciolândia, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), reforçando o compromisso da gestão municipal com o bem-estar da população.
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