Um turbilhão de emoções em Itaquera.
Com muito sofrimento, o Corinthians está na semifinal da Copa do Brasil.
Depois de cinco gols no segundo tempo, o placar mostrava vitória do time de Luxemburgo por 3 a 2, depois de ter aberto duas vezes vantagem que classificava o clube diretamente, 2 a 0 e 3 a 1.
Vieram os pênaltis.
E o melhor goleiro da história do Corinthians mais uma vez se impôs.
Intimidou Marcinho, que chutou a bola por cima. Paulinho Boia, que apenas recuou a bola para o arqueiro. E Cássio brilhou ao defender cobrança de segurança de Benítez, no meio do gol, com o pé esquerdo, depois de ter caído para o lado direito.
Foi a 31ª defesa de penalidades, desde que pisou no Parque São Jorge.
Recorde absoluto entre os arqueiros corintianos.
Depois, mais atrás, Ronaldo, com 27.
Vitória por 3 a 1.
Depois de eliminar o Remo, o Atlético, desta vez é o América que deixa a disputa da Copa do Brasil.
Classificação na marra.
Pela frente, o favorito São Paulo na semifinal.
“Baixamos um pouco a guarda, tomamos o gol que levou para os pênaltis.
“Mas conseguimos concentrar e fomos felizes.
“Tive a felicidade de defender as cobranças.
“O mais importante é que o Corinthians passou de fase”, comemorava Cássio.
Yuri Alberto marcou um gol nos 90 minutos e ainda cobrou o pênalti que fechou a chegada à semifinal da Copa do Brasil, chorou muito. Tem esperança de estar acabando a péssima fase que vive.
“Tomara que não precise de pênaltis nas próximas. A gente estava preparado psicologicamente (para a decisão da vaga nos pênaltis.)
“Com todo o respeito ao América no conjunto dos dois jogos criamos muito mais. Merecíamos um resultado melhor no primeiro jogo (o Corinthians perdeu por 1 a 0, em Belo Horizonte). Mas o que vale é a classificação. Estamos muito felizes”, confirmava, emocionado, o atacante.
O jogo foi absolutamente emocionante.
Com o América de Vagner Mancini surpreendendo, marcando forte o Corinthians na saída de bola, para abalar psicologicamente o time adversário.
O treinador, no entanto, não contava, porque não conhecia a fundo o paraguaio Matías Rojas, que fez uma ótima estreia. O habilidoso meia canhoto abriu espaço na intermediária para que Renato Augusto tivesse mais espaço.
Fausto Vera e Moscardo tiveram de se desdobrar na marcação, mas Yuri Alberto e, principalmente, Róger Guedes sabiam que a bola chegaria. E chegou.
Sem jogadores com tanto talento, o América respondia melhor como time, no coletivo. Com enorme compactação nas intermediárias, recomposição e contragolpes em bloco.
O primeiro tempo terminou em 0 a 0, com muita injustiça.
Os times criaram bastante, com falta de capricho nas finalizações.
Mas veio o segundo tempo alucinante.
As 45.004 pessoas que pagaram para ver a partida não têm do que se arrepender.
Róger Guedes justificou, mais uma vez, os rumores de que Fernando Diniz dará uma chance ao atacante na seleção brasileira.
Com a cumplicidade importantíssima de Matías Rojas e Renato Augusto, o atacante desequilibrou.
Vivendo a melhor fase na carreira, o jogador de 26 anos se impôs participando de todos os gols que garantiram a vitória corintiana.
Logo a um minuto, Róger Guedes descobriu Fagner livre na direita. Dele, o cruzamento fatal para a cabeçada de Renato Augusto. 1 a 0, Corinthians.
O gol foi uma falha coletiva de todo o sistema defensivo do América. O deslocamento de Róger Guedes abriu o miolo da zaga.
O Corinthians seguiu mais confiante. E o América mais aberto. Foi assim que Róger Guedes descobriu Ruan Oliveira livre. Ele invadiu a área e cruzou para Yuri Alberto marcar 2 a 0, aos 19 minutos.
Luxemburgo acreditava que a vaga já estava garantida. E recuou o Corinthians. Resultado: atraiu o América para a sua grande área.
Bastaram quatro minutos para o time mineiro ter espaço para articular. E Martínez descobriu Benítez livre na entrada da área. O argentino acertou uma virada lindíssima. 2 a 1, aos 23 minutos.
Outra vez, a torcida corintiana ficou apreensiva, não queria os pênaltis.
E o time voltou a atacar.
Dois minutos depois, Matías Rojas cobrou escanteio, Gil ajeitou e, ele, Róger Guedes, marcou 3 a 1, resultado que, outra vez, garantia a classificação, sem pênaltis.
Outra vez, Luxemburgo mandou seu time recuar.
De novo, o Corinthians pagou pela covardia tática.
Mesmo assim, aos 37 minutos, Benítez teve espaço para passar por três jogadores e servir Martinelli para marcar 3 a 2.
E levar a decisão para os pênaltis.
Aí, Cassio mostrou toda a competência que Luxemburgo não teve.
Aos trancos e barrancos, classificação para a semifinal contra o São Paulo.
Com todo o favoritismo do lado tricolor.
O que pode ser o grande combustível corintiano…